Minha vida em pequenas Escalas escrita por Iset


Capítulo 15
Pais, filhos e confusões


Notas iniciais do capítulo

Gentemmmm mais um cap pro feriado! Espero que curtam bastante e não deixem de comentar!



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Pais, filhos e confusões.

Dois dias se passaram desde o incidente na festa, e meu primeiro aparecimento na sociedade de Roma foi em revistas de fofocas arrancando uma grávida enfurecida de cima de outra mulher. Eu nem preciso dizer que foi o maior fiasco, por sorte, ninguém na minha empresa se importava em ler revistas sobre a alta sociedade italiana, mas Derek não gostou nada do incidente e ao que tudo indica, sua sociedade com Alicia estava prestes a acabar.

Chego em casa e há um jardineiro novo cuidando do jardim, aceno com a cabeça e entro em casa, coloco Emma no tapete na frente da tv, vou até a cozinha, preparo um sanduíche, pego uma cerveja e quando retorno a sala, o tapete felpudo de Derek está vazio.

— Emma? - Olho pros lados sem entender, afinal, ela ainda não anda, nem gatinha..

Vou até o quarto do Derek, na esperança que ele tenha chegado e pego minha filha, mas ainda está vazio.

Volto para sala correndo dou mais uma olhada rápida sentindo meu peito acelerar.

— Emma? Emma cadê você? - Vejo a porta de entrada aberta e saio correndo pro quintal e para frente da casa, não há ninguém na rua. Volto para dentro varrendo o ambiente com o olhar e nada.

— Meu Deus, cadê a Emma? - Volto a olhar pela casa, já desesperado e lembro do jardineiro, saiu no quintal e vejo o cortador de grama e uma caixa de ferramentas, mas nem sinal dele.

Começo a caminhar pelo jardim e nos fundos avisto o jardineiro caminhando com Emma dos braços, próximo a um carrinho de mão repleto de materiais de jardinagem.  O sangue me sobe a cabeça e na minha mente, tudo que paira são os casos mais escabrosos envolvendo crianças retratados nas páginas dos jornais.

— Emma! - Grito e corro na direção deles, e já chego arrancando Emma dos braços dele, ele resiste lhe acerto um soco no queixo, Emma berra desesperada enquanto o cara cambaleia e quase cai com a força do impacto, e eu a aconchego em meu peito.  Acerto mais um chute, o afastando de nós. Coloco Emma em segurança sentada atrás de mim, no chão e pego uma pá e me ponho em posição de defesa.

O homem levanta com o rosto sangrando devido a um corte no supercílio e avança na minha direção, gritando algo que não entendo, estou pronto para acertar - lhe com a pá quando ouço um grito, que me faz parar o ataque e sou derrubado no chão pelo jardineiro  que me acerta, fazendo - me perder as forças. A última coisa que vejo é a imagem embaçada de Emma chorando.

Quando desperto, estou no meu quarto e aos poucos vejo a imagem de Derek, sentado na poltrona ao lado da cama.

— E ai cara? - Diz ele com cara de cansado.

— Cadê a Emma? - Levanto já em desespero sentindo meu peito palpitar.

— Calma, ela está com a Vick. Aconteceu um mal entendido. - Ele diz levantando as sobrancelhas.

— Mal entendido? Aquele cara tava tentando sequestrar a minha filha! - Esbravejo irritado.

— Não Noah, ele é sobrinho do jardineiro, tem problemas mentais. Clay foi buscar adubo pras plantas e se distraiu dele, ele pegou a Emma, ele gosta de bebês é inofensivo, não ia machucar ela. Você chegou batendo nele, ele se defendeu. Eu sei que você deve ter ficado apavorado, mas precisa deixar de ser tão impulsivo, podia ter matado o cara com aquela pá.

— Derek quando um estranho, tirar sua filha de dentro de casa, e se recusar a entregá-la você pode vir me falar sobre impulsividade. - Digo me levantando, com uma dor de cabeça terrível. Me olho no espelho e tenho um hematoma próximo a tempora, esfrego os olhos e vou até a sala. Emma está brincando com seus bichinhos enquanto Vick prepara alguma coisa na cozinha. Pego minha filha e a abraço forte, como sempre ela protesta. Beijo sua testa e só de me lembrar do desespero que senti me rendo às lágrimas.

— Eu sempre vou te proteger, eu prometo. - Falo baixinho fungando no ouvido dela, junto seus brinquedos e me tranco no quarto com ela.

Naquele instante compreendi o desespero dos meus pais, nas tantas vezes que eu saia sem avisar. Okay que em uma dessas vezes, eu fiquei mais de uma semana fora e eles não perceberam minha ausência, pois estavam ocupados demais com o trabalho, mas mesmo assim crio empatia pelas outras tantas que desliguei o celular, para não atender as ligações desesperadas da minha mãe. Era a pior situação de impotência, não saber onde o filho estava, ou o que estaria acontecendo com ele.

Naquele dia mais tarde, karen me liga para saber o porquê de não ter ido trabalhar e a tardezinha, ela passa em casa para ver se estou bem. Tinha decido que manteria nossa relação estritamente profissional e depois do beijo, não havia rolado mais nada além de conversas bobas de escritório.

— Nossa, deve ter sido assustador. - Ela diz fazendo um carinho sobre o hematoma.

— Foi mesmo, mas Derek acha que eu exagerei. Que o cara tem problemas mentais e eu não devia tê- lo agredido.

— Também exagerava se estivesse no seu lugar. - Ela concorda.

— Bom de qualquer forma, não me sinto confortável com aquele cara cuidado do jardim depois dele ter pego a Emma de dentro de casa, sem avisar ninguém, mesmo ele sendo “inofensivo”, como meu irmão pensa.

— Porque seu irmão não os demite?

— Eu não pediria isso, não seria justo. Mas, acho que ta na hora de procurar um lugarzinho para mim e para Emma. Meu apartamento no Canadá, está sendo negociado e logo vou ter dinheiro para comprar um cantinho pra gente.

— Acho boa ideia, mas porque não pede ajuda de seus pais? Eles sao donos de imobiliárias não é, talvez tenham contatos por aqui, podem te ajudar a achar um lugar bacana.

— Minha relação com meus pais não é das melhores. - Explico.

— Hum entendi. Que pena, eu posso te ajudar então, vai ser divertido.

Nos dias que se seguiram karen e eu ficamos mais próximos, enquanto eu via uma certa tensão entre Derek e Vick por conta das investidas de Thomas. Mas mesmo assim eu não conseguia tirar a maluquinha da Lacey da cabeça.

Quanto a Samuel, cada dia parecia mais exausto, e no meu cotidiano café de sábado no Branch, ele estava a ponto de abandonar Miguel na primeira porta que encontrasse. Então mais tarde, decidi passar na casa dele e tentar ajudá - lo de alguma forma.

Quando ele abre a porta, o apartamento não lembrava nenhum pouco o ambiente agradável e organizado de antes do Miguel. Havia brinquedos por todos os lados, rabiscos nas paredes, restos de comida e muitos plásticos em cima dos móveis.

— O que aconteceu aqui? - Pergunto assim que dou os primeiros passos.

— Você tinha razão, botei o nome do anjo errado nele, devia se chamar Lúcifer. - Ele diz, eu me seguro para não rir, pois a cara dele não era de alguém que fazia uma piada.

Samuel me contou que durante aqueles dias, Miguel havia transformado sua vida em uma amostra grátis do inferno, a ponto de Lucca sair de casa, pois acreditou que talvez a revolta do menino fosse causada por o relacionamento do pai.

— Eu não sei mais o que fazer, eu bati nele ontem, eu bati nele Noah! Que droga eu não sou um cara que bate em crianças, mas eu não sei mais o que fazer, ele ta me enlouquecendo e para completar, a mãe dele, não atende meus telefonemas e a empresa que ela ia trabalhar, disse que não há nenhuma Jessica lá. Eu acho que ela…  - Ele para sendo incapaz de relatar o óbvio.

— Okay, tá achando que ela deu no pé? - Concluo.

— É o que parece, como ela pode fazer isso? Ela é mãe dele! - Diz irritado.

— E você o pai, e pelo que me disse já faz uma semana que tá procurando os parentes dela para ver se alguém fica com ele. - Falo.

— Sim, mas eu não estou abandonando ele, só acho que ele ficaria melhor com a avó ou uma das tias. Já que a vadia da mãe dele parece que esqueceu das responsabilidades que tem.

— Eu tenho a séria impressão que ela não é a única. Olha Sam eu gosto muito de você, mas você é um imbecil quando o assunto é o Miguel, e não venha com a desculpa de que isso é porque você é o pai do mini lorde das trevas, porque por mais terrível que ele seja. Ele  só tem três anos, você é o adulto e eu sinto informar, mas tem um filho agora, e ele não é um brinquedo que você e o Lucca podem usar enquanto está sendo agradável e despachar para mãe, assim que começa a dar problema.  Eu sei que cansa, eu amo a Emma e nem por isso não me pego pensando em como tudo seria mais fácil, se eu simplesmente entregasse ela para minha mãe criar.  Eu poderia sair, teria mais grana, seria muito mais divertido, e é bem tentador as vezes, mas depois que  a gente tem um filho, nada mais é sobre nós Sam. É sobre eles. - Discurso e ele me olha e abaixa a cabeça.

— Eu só queria saber porque ele me odeia tanto. Ele era um bebê incrível, me adorava, mas de um tempo pra cá, tudo que ele faz é para me deixar irritado. Talvez ele não gosta de ter um pai que é, como ele diz “meio gay”.

— É o que você pensa? Se for, acho que você ta inventando coisa, porque tudo que ele faz é para chamar a sua atenção, é para você estar perto dele, olhando para ele. Eu não tenho uma relação muito boa com meu pai e apesar de eu ter sido criado por babas, até os seis, sete anos, as coisas eram, até boas sabe. A gente era uma família, aí ele abriu outra firma e eu quase nunca via ele, com o tempo eu percebi que sempre que aprontava uma coisa, mesmo que fosse para uma bronca, ele ficava comigo. O Miguel é esperto e você consegue ser menos imbecil que o meu pai. Só precisa parar de achar que ele odeia por ser “meio gay” e se não der certo, o Vaticano é aqui pertinho, não vai ser tão difícil achar um padre. - Falo, tentando aliviar o tom da conversa.

— Você tem razão. Eu não posso continuar sendo pai de fim de semana. Me ajuda a arrumar essa bagunça?

— Nem pensar, se quiser eu levo o Miguel dar uma volta, enquanto você arruma e tenta encontrar sua sanidade.

— Faria isso?

— Duas horas, só isso e se um dia eu precisar de um rim, já sabe.

— Nossa um rim, não seria mais justo eu ficar com Emma por duas horas qualquer dia?

— Sério? Que quer comparar esses oito quilos de fofura com o Miguel? - Digo o encarando.

— Okay, meu sangue é o+, tem chances de sermos compatíveis. - Ele fala. _ Obrigado.

Coloco Emma num canguru, preso ao meu peito e por recomendação do Sam, ele me dá uma “ mochila de contenção” para levar o miguel. Para quem não sabe, essas mochilas, são praticamente coleiras para crianças, iguais àquelas que sao presas ao peitoral de cães. Decidi levar Miguel ao playground do shopping, afinal, ele teria muitos brinquedos para se distrair e assim sobraria pouco tempo para me infernizar.

Como eu previa ele chegou super empolgado nos brinquedos e correu para a cama elástica, me sentei num banco e coloquei Emma sobre um tapete colorido onde ela começou a brincar com brinquedos barulhentos.  Peguei meu celular e decidi abrir a conta da Carolina no facebook, com o tempo as mensagens de descanse em paz foram diminuindo e agora tudo que havia na sua timeline eram marcações  de eventos. Escolho uma foto onde Emma morde meu queixo irritada na galeria e decidi postar.

Na legenda escrevo:

“Estamos indo bem mamãe, estou mantendo papai na linha”

E posto.

Segundos depois vejo a primeira curtida seguida de um comentário

Alec Mcalister: Ela é linda, se parece com a mãe. Tudo de bom para vocês.

Não resisto e stalkeio o perfil dele, a maioria das fotos são dos trabalhos dele, algumas com uma asiática quarentona muito bonita, namorada talvez? E entre as postagens mais antigas uma foto de uma foto, na selfie estavam ele e Carolina, ela linda no auge dos dezessete anos, quando nos conhecemos, ela tinha um sorriso lindo e um brilho nos olhos. Lembro de ter visto aquela foto entre os cadernos dela uma vez e ter me mordido de ciúmes. Eu era um idiota naquela época.

Solto um suspiro e olho para cama elástica, nenhum sinal do Miguel. Corro o olhar pelos brinquedos e o vejo escalando a grade lateral que impedia as crianças de fugirem, quando eu grito ele já alcançou o topo, faz uma careta e desce pelo outro lado. Pego Emma no colo e contorno a grade atrás dele que dispara no meio da multidão.

— Segura ele! Grito pras pessoas, algumas até tentam segurar o menino que corre empurrando ou cruzando por entre as pernas das pessoas. Depois de cinco minutos o perseguindo estou quase sem fôlego.

— Miguel Para! - Grito exausto com Emma em pranto e incrivelmente ele para e vem na minha direção.

— Estou com fome titio Noah, podemos comer alguma coisa? - Ele fala com um italiano perfeito.

— Porque fugiu?

— Estávamos brincando de pega, pega. Eu to com fome titio.  - Diz ele com cara de inocente.

— Okay, não faz mais isso. - Digo puxando ele e prendendo a guia na mochila.

Vamos até a praça de alimentação e eu compro um mc lanche para ele, um combo com anéis de cebola para mim e alguns chicletes. Nos sentamos numa mesa e ele realmente parecia faminto.

— Tio Noah? Você gosta do meu papai? - Ele me questiona com a boca cheia.

— Sim seu pai é um cara legal. - Respondo.

— Meu tio Giovanni diz que ele é pervertido. O que é pervertido?

— É uma coisa que seu pai não é… Agora come. - Respondo tentando cortar o assunto.

— Você vai casar com o meu pai agora que o tio Lucca foi embora? -  Ele fala e eu quase me engasgo com uma batata.

— Não, claro que não. Olha só eu eu seu pai somos amigos okay, apenas amigos certo?

— Certo? Mas meu tio Giovanni, disse que não era para mim ser amigos dos amigos do meu pai porque são pervertidos e se casam com outros meninos. - Diz o garotinho meio triste.

— Olha só, seu tio é um imbecil. Se seu pai gosta do Lucca e é feliz com ele, é só isso que importa.

— Não. Ele devia casar com uma garota igual ao meu tio. - Ele fala impondo a voz.

Eu pego seu pacotinho de batata frita e troco pelos meus anéis de cebola.

— Eu não gosto de cebola! - Ele protesta.

— Cebola é mais saudável que batata, eu gosto de cebola e você vai comer cebola, porque eu ficarei feliz se você comer essa cebola. - Falo impondo a voz.

— Mas eu sou feliz com batata frita, não com cebola. E você é bobão! - Retruca o garoto.

— Seu pai também é feliz com o Lucca. Sou um bobão igual ao seu tio. - Falo e ele arregalou os olhos.

— Podemos ver os jet skis? - Ele pergunta mostrando uma placa sobre a apresentação aquática na praça de eventos.

“Meu Deus que moleque inteligente” - Penso pecebendo sua tática pra mudar de assunto.

— Seu tio é um imbecil. Não vamos ver nada. Agora come. - Falo destrocando os lanches e dando outra batata para Emma. Que não tem dentes mas já consegue devorá - las rapidamente.

— Tio Noah? Como você teve um bebê sem uma mamãe? - Ele volta a me questionar.

— Emma tinha uma mamãe, mas ela foi pro céu. E agora somos nós dois apenas.

— Oh meu peixe foi pro céu e meu hamster, ai mamãe botou eles na privada. - Fala o garoto.  _ Mamãe disse que eu não devia ter pisado neles.

— Éh você não devia. - Digo meio chocado.

— Tio Noah? Posso comer um chiclete agora?

— Pode sim. - Respondo.

Ele abre a casca e coloca o chiclete na boca, pede para jogar a embalagem na lixeira eu concordo e solto a guia. Ele vai caminhando devagar até a lixeira e eu olho com um certo orgulho.

“Até que o moleque não é tão ruim.” -  Penso

Miguel me olha e sorri, eu aceno com a mão e ele bota o papel na lixeira e em seguida se pendura na lateral, puxando - a e lançando - a ao chão fazendo o lixo se espalhar enquanto corre em disparada.

— Miguel! - Grito pegando Emma e correndo atrás dele esquecendo da minha bolsa com as coisas  da bebê na mesa.

Salto sobre a lixeira gritando e Emma se agarra no meu pescoço. O filhotinho das trevas, adentra uma loja de departamentos e devido as prateleiras eu o perco de vista.

— Droga! - Exclamo subindo numa ilha, onde havia dezenas de sabonetes e de cima o avisto. Desço rápido, fazendo com que alguns sabonetes caiam e corpo até o corredor de higiene.

— Te peguei! - Falo e ele se aproxima de uma pirâmide enorme de papel higiênico.

— Não ouse. - Digo e ele sorri com uma cara de satanás. Com toda a força, ele empurra a base da pirâmide, fazendo com que todos os sacos de papel higiênico caiam sobre Emma e eu. Tento protegê - la me curvando sobre ela e quando a avalanche acaba, vejo apenas a  sombra veloz de Miguel, no fim do corredor.

— Eu vou te matar! Sua peste! - Grito ouvindo a Emma chorar assustada.

Continuo correndo, agora sob o protesto dos funcionários da loja.

— Miguel, volta aqui! - Grito e ele corre entre as prateleiras lançando tudo que alcança no chão e soltando gargalhadas. As pessoas olham apavoradas para ele e o gerente da loja surge na frente dele ordenando que pare. O garotinho congela na frente do homem e eu respiro aliviado, quando estou a pouco menos de um metro, Miguel faz um “iah” com a boca e acerta um soco nas partes baixas do gerente que se curvou de dor. Miguel se abaixa e passa por entre suas pernas e sai em disparada mais uma vez saindo da loja.

Eu o persigo novamente tentando não esbarrar nos transeuntes e quando me dou conta estou na entrada da praça de eventos, onde há um imenso tanque de água e alguns caras fazem manobras com pequenos jet skis. Olho para todos os lados e avisto Miguel no alto da plataforma esperando na fila.  Para poder subir nas escadas, entrego Emma sob os cuidados da moça que controla o acesso,  subo atrás do garoto e quando chego, apenas uma moça está a frente dele, subindo na garupa do jet ski. Com medo que ele pule na água, que para altura dele era perigosa, vejo a alça da mochila no chão eu me aproximo devagar, enquanto ele parecia distraído com a manobra dos jet skis e pego a guia.

— Hahah o mestre sempre vence. -  Digo vendo a cara de assustado, que quando ouve o ronco do motor, se transforma em sorriso. Num solavanco sou puxado para dentro da água pela guia da mochila, que estava presa ao jet ski.

Depois de engolir um pouco de água, me levanto no meio da piscina e ouço a risada intensa de Miguel, acompanhada de todos os outros que estava na fila.

Saio da piscina e tenho que usar todo o meu autocontrole, para não afogar aquele mini psicopata. Pego o garoto, coloco sobre o ombro e levo te lá embaixo onde o seguro pelos ombros e o sacudo

— Que tipo de monstrinho você é? - Grito chamando a atenção de todos que me olham como se eu fosse o próprio diabo. Miguel mira assustado e começa a chorar. Vejo as pessoas em volta balançando a cabeça em reprovação.

— Me perdoa tio Noah eu só queria brincar! - Ele grita enquanto chora.

— Chega de choro, chega Miguel. - Falo já me sentindo incomodado por ter gritado com ele.

Me abaixo da altura dele e o fito nos olhos.

— Não me odeie igual o papai. - Ele fala choroso e sinto meu coração se quebrar.

— Tá tudo bem, eu acho que eu precisava de um banho mesmo, depois de toda aquela corrida. E vou te levar para casa. - Digo e ele me abraça e sinto a mãozinha dele acariciando meus cabelos.

— Tudo bem. - Digo o abraçando forte.

Pego a Emma e quando voltamos a praça de alimentação, descubro que fomos roubados, como a chave do carro  e o celular estavam na bolsa temos de voltar de táxi. Por sorte minha carteira estava no meu bolso e pro meu azar as fraldas da Emma na bolsa, quase morremos intoxicados com o  odor do presente dela na fralda, até o apartamento do Samuel. Quando chegamos ele cumprimeta o pai e entra feliz, Samuel olha para mim e para Emma, destruídos, molhados, fedendo e começa a rir.

— Eu nem quero saber o que ele fez. - Ele diz me dando passagem.

— Acho que eu mudei de ideia, eu não quero um rim, quero os dois. - Digo.

— Vamos, vou te arranjar uma roupa seca.  - Ele me chama. Dou um banho na Emma e coloco uma das fraldas que Samuel tinha guardado, também visto ela com umas roupas que já estavam pequenas pro Miguel.

— Pode dizer, chamo o exorcista? - Samuel fala desanimado e eu solto o ar dos pulmões.

— Ele é um bom garoto, ele acha que você odeia ele.

— Sério? - Ele fala assustado._ Nossa eu nunca pensei que ele achasse isso.

— Você ainda tem tempo de concertar isso, sabe depois de todo o inferno e raiva, ele me abraçou e disse que não queria que eu o odiasse como você, nossa cara me cortou o coração. - Relato.

— Miguel te abraçou? Sem pedir nada? - Ele questiona desconfiado.

— Olha, meus pais sempre esperam o pior de mim, e isso doí. Não faz isso com ele. Ele é muito inteligente, até mais do que deveria pela idade,  acho que eu o conquistei. Devia tentar fazer o mesmo. Falo orgulhoso. - Agora cuida da Emma que preciso de um banho.

—  Tá eu vou achar umas roupas. - Ele fala saindo ainda confuso.

Entro no box, me lavo e pego o shampoo,  espalho sobre meu cabelo e sinto algo grudento atrás da minha cabeça. Tento puxar aquilo e acabou arrancando alguns fios enredados em chiclete cor de rosa.

— Sua peste! - Exclamo irritado.

Me visto e volto para sala, Miguel me olha com uma risadinha sacana e eu tenho vontade de fincar aquela carinha na parede.

Emma adormece e Miguel se interte com o videogame, Sam tenta me ajudar a me livrar do chiclete com dicas do google, mas acabou mesmo tendo que cortar um pouco do cabelo. Pelo menos me livrei das partes oxigenadas que ainda ostentava desde a aposta com a Carolina.

— Não ficou tão ruim. - Ele diz ainda com ares de riso.

— Está me devendo um celular novo. Ah e seu carro está no estacionamento do shopping, espero que tenha uma chave extra. Vou para casa. Tente não deixar ele te matar. - Falo rindo.

— Noah, obrigado. Acho que você é a primeira pessoa que se arriscou a levar ele a um shopping, depois que aprendeu a andar. E desculpa pelo seu cabelo - Ele fala.

— Tudo bem, vai crescer. Se cuida viu.

Vou para casa e no dia seguinte estou no trabalho quando recebo uma ligaçao de Derek.

— Noah precisa vir aqui na firma. - Ele diz num tom ansioso.

— Agora? Estou trabalhando. - Falo enquanto remexo nos desenhos do protótipo.

— Tem um cara aqui, ele tá dizendo que é nosso pai.  - Ele fala e eu sinto meu corpo arrepiar.


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Notas finais do capítulo

Bom pessoinhas, espero que tenham gostado deste capítulo gigante hehehe.
Então Noah sobreviveu ao MigueI!
E o que será que aguarda para esses gêmeos?
Não esqueçam de conferir A escolha perfeita! E no proximo capítulo que é um Cross cap! Uhuuu teremos um Pov Derek vindo especialmente se Aep! Bjus e até lá!