10 anos depois escrita por LightHunter


Capítulo 20
Capítulo 20 - Nina




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12 anos atrás

— Onde você pensa que está indo? – Ouço a voz de minha mãe assim que piso para fora de casa, e suspiro, virando-me lentamente.

— Eu… tô indo pra casa da Lena. – Falo depressa, tentando chegar ao elevador, mas ela continua com seu olhar desconfiado.

— Hm. E o que vocês vão fazer lá?

— Eu e ela vamos… Estudar. Isso. Ela precisa de ajuda em Matemática e eu em Geografia. – O elevador chega e entro, torcendo para que ela não faça mais perguntas.

— E você volta que horas? – A voz dela aumenta, para que eu consiga escutá-la.

— Antes das dez, OK? Não precisa se preocupar. – As portas se fecham e suspiro aliviada.

Quando chego ao térreo, o Uber está me esperando, e corro até ele, torcendo para não ter deixá-lo esperando por muito tempo. Entro no carro e ele começa a dirigir. A viagem ocorre em silêncio, e quando chegamos ao shopping, pago pela carona e entro no edifício. Respiro fundo e vou encontrar com Padre.

Assim que vejo sua figura alta e barbada, pulo em cima dele, que me segura em seus braços.

— E aí? – Pergunto, beijando-o.

— E aí? Você está atrasada. – Ele retribui o beijo e sorri, colocando-me no chão. Fico séria com o comentário e olho para ele.

— Sabe como é minha mãe. Se ela imaginar que estamos saindo, ou pior, ficando… Não sei o que faria. É capaz que ela me coloque em uma torre e comece a me chamar de Rapunzel.

— Hm, entendo. Bom, ela nunca vai descobrir, não é? – Ele pega na minha mão e saímos andando. Olho para as outras pessoas caminhando tranquilamente no shopping, e sorrio. Pelo menos aqui eu poderia me distrair. – E como vai a escola?

— Ah, a mesma coisa de sempre. Uma merda.

— Ah, não é tão ruim assim. Eu sinto falta as vezes de lá.

Paro e começo a encará-lo, e sua boca se abre em um sorriso.

— Tô brincando, quanto mais longe daquele lugar, melhor. – Ele ri e dou um tapa na cabeça dele. Recomeçamos a andar em direção ao cinema. – Os trailers já devem ter começado; vamos logo.

Assim que o filme acaba, decido ir na livraria do shopping. Padre se despede de mim, e seguimos caminhos diferentes, com ele tendo que ir para sua própria casa descansar para tentar um novo emprego no dia seguinte.

Entro na livraria assobiando e acabo presenciando uma cena ótima. Gabrielle e Letícia pareciam ter uma discussão pesada, com gritos e gestos exagerados. Quase todo mundo estava olhando para as duas, inclusive eu. Me escondo na prateleira de livros eróticos e começo a observá-las.

— …EU NÃO ME SINTO LIVRE PERTO DE VOCÊ, GABRIELLE! VOCÊ QUER CONTROLAR TUDO O QUE EU FAÇO, PRA ONDE EU VOU, COM QUEM EU CONVERSO…

— VOCÊ TÁ IMAGINANDO COISAS! PODE PERGUNTAR PRA QUALQUER UM…

— EU JÁ PERGUNTEI! E EU ACHO QUE ISSO É INSEGURANÇA! VOCÊ NÃO É NADA SEM NINGUÉM, SEMPRE PRECISOU QUE ALGUÉM FIZESSE O TRABALHO SUJO PRA VOCÊ PORQUE É INCOMPETENTE E INÚT…

Gabrielle dá um tapa na cara da garota antes que ela termine de falar, e tapo a boca com as mãos para impedir que um grito saia. Bom, a vaca mereceu. Letícia começa a chorar e sai correndo, provavelmente para o banheiro, e Gabrielle começa a mexer no celular. Ela percebe que todos ainda a encaram, e fala bem alto:

— E então, o que estão olhando?

Todos se voltam para o que estavam fazendo antes da discussão, como se nada tivesse acontecido, e a loira vai embora. Viro-me para a estante de livros, sorrindo. O passeio tinha rendido muito mais que o esperado, mas por outro lado, uma centelha de pena por Letícia crescia dentro de mim. Ignoro pensando no que ela tinha dito para todos os meus amigos antes das férias, e pego qualquer livro, distraída.

Começo a andar, e um grupo de senhoras começa a me encarar, rindo. Olho para baixo e percebo que tinha pego.

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Fico vermelha de vergonha e coloco o livro em cima de uma bancada. Saio da livraria embaraçada e peço um Uber para casa. Já na minha cama, pego o celular e começo a escrever no grupo de Whatsapp que nós sete possuíamos (Letícia havia saído logo após a discussão em Junho).

Vocês não vão acreditar no que eu acabei de ver.

GUS: O quê???

VIC: ?

Começo a contar a história enquanto um dos meus três gatos sobe na cama, pedindo carinho. Começo a afagar a cabeça dele, que ronrona. Na sala, ouço a TV ligada. Minha mãe provavelmente estava corrigindo as provas enquanto assistia novela.

Meu celular vibra quando uma mensagem de Padre chega.

Hoje foi ótimo. Quando vamos nos encontrar de novo?

Respondo que não sei e excluo a mensagem, eliminando vestígios de nossa aproximação para que minha mãe não descubra nada. Desligo a tela e olho para o gato, sorrindo e continuando a fazer carinho entre suas orelhas.


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