10 anos depois escrita por LightHunter


Capítulo 19
Capítulo 19 - Nina




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/735903/chapter/19

Presente

Espero no Hospital alguma notícia de BB, apesar de não me importar muito com seu estado. Na verdade só estava aqui porque não tinha nenhum lugar melhor para estar, essa era a verdade. Olho para a tela do celular com papel de parede dos meus gatos, e vejo a hora. Ainda faltavam duas horas para meu trabalho, e eu já estava pronta para ir direto para o Jornal. Deito no braço duro da cadeira, ajeitando minhas pernas, e descanso um pouco.

Acordo desnorteada com o som de saltos batendo no piso de mármore. Abro os olhos e vejo Lara vindo na direção do saguão, uma prancheta em mãos. Olho em volta e vejo Gus e Ju olhando também para ela.

— Bom… - Ela para na nossa frente e me ajeito na cadeira, escondendo um bocejo. – Ele está estável, mas ainda vai ficar em observação por um tempo, até termos total certeza que está saudável. Um de cada vez, podem ir ao quarto para vê-lo.

Ju se levanta depressa e vai correndo em direção ao quarto de BB, tornando-se inaudível ao virar na esquina do corredor. Lara fecha os olhos e respira por um momento, tomando um ar de cansada.

— Acho que já vou então. – Pego meus sapatos com uma mão e me levanto, arrumando o cabelo bagunçado com a mão livre. – Tenho que trabalhar daqui a pouco, e quero passar em casa para pegar um relatório para entregar semana que vem. Só espero não encontrar de novo a vaca loira no trânsito.

— …Vaca loira? – Lara pergunta, curiosa.

— Uma moça na rua de casa havia parado completamente o trânsito porque tava se maquiando. Vê se pode. Não resisti e passei do lado dela gritando, e ela ainda tem a audácia de me mostrar o dedo do meio. Ah, mas se eu encontro ela na rua…

Lara pisca algumas vezes antes de falar.

— Nina, eu era a vaca loira. E qual a necessidade de sair gritando por aí? Ainda estamos na época das cavernas por acaso?

— Ah, bem que você pareceu familiar, e não foi por causa de dez anos atrás. – Olho para ela e uma faísca de raiva toma conta do meu peito. – Eu não teria necessidade de sair gritando se você soubesse como dirigir.

— Escuta aqui, sua…

— Bom, acho que já vou. – Gus fala mais alto que nós duas, tentando impedir a discussão, e se levanta, olhando na tela do celular. – Já são 13:52 e eu ainda não almoc…

— 13:52? MERDA! EU TÔ ATRASADA! – Saio correndo com os sapatos ainda na mão e entro no carro, acelerando ao entrar na rua meio movimentada. Ao chegar no jornal, vejo que faltam dois minutos para o horário.

Entro na padaria ao lado e vejo que está sem fila. Suspiro aliviada e vou ao balcão, pedindo um café extraquente. Pouco tempo depois, a garçonete me entrega o copo de viagem, e sorrio para ela, até perceber quem é.

— Maya? Mas você não trabalha no bar!? – Pergunto, parando por um momento.

— É um trabalho de meio período. Também sou garçonete daq…

— Depois conversamos, estou atrasada. Até mais. – Saio correndo e chego cinco minutos atrasada na minha sala graças ao elevador que se encontrava no último andar quando havia chamado por ele.

Meu chefe me olha com um ódio mortal, e fico parada, o café começando a queimar meus dedos. Suspiro baixo e me preparo para a bronca que estava por vir.

No fim da tarde, vou para o bar tentar esquecer assuntos do trabalho e minha quase demissão. Ainda bem que era sexta-feira, então eu poderia encher a cara. Peço uma batida dupla e começo a olhar para as pessoas que se encontram no mesmo ambiente que eu.

Começo a fitar um homem que me agrada, esperando enquanto a bebida fica pronta. Vejo Maya chegando atrasada para o expediente, e sorrio sentindo-me no lugar dela. Quantos empregos mais ela teria? A batida chega e agradeço o bartender, deixando o pagamento no balcão e indo até o homem sentado na mesa. Ele está lendo um livro sobre nazismo, e tem aparência de alguém inteligente.

— Hey, posso me sentar aqui? – Pergunto, puxando uma cadeira e me sentando antes que ele possa responder.

Papo vai, papo vem, e logo ele está me levando para minha casa. Assim que chegamos, jogo a chave na mesinha de centro e vou para o sofá para perto dele. Começamos a nos beijar, e ele tira minha blusa. Ignoro o frio e começo a beijar seu pescoço enquanto ele tenta tirar meu sutiã, quando vejo uma tatuagem em suas costas:

BOLSONARO PARA PRESIDENTE

Paro por um momento e tento desviar os olhos, quando vejo outra tatuagem em seu braço:

CÃES > GATOS

Saio de cima dele, e ele me olha confuso. Coloco a blusa e abro a porta de casa.

— Sai.

— Mas… O que tá acontecendo? – Ele pergunta, abotoando a calça e se levantando, confuso.

— SAAAAAI! – Pego o controle e jogo nele. Acerto seu peito e ele solta um grito de surpresa, saindo correndo. Fecho a porta assim que ele sai e suspiro.

Pego um copo de água e faço um pouco de pipoca, ligando a Netflix na TV. Alguns minutos depois, estou sentada com um balde de pipoca no colo, com um cobertor me protegendo do frio e três gatos deitados à minha volta.

— Pelo jeito somos apenas eu e vocês de novo. – Suspiro e aperto o play.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "10 anos depois" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.