10 anos depois escrita por LightHunter


Capítulo 12
Capítulo 12 - BB




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12 anos atrás

Estava sentado na cantina do colégio, um prato vazio na minha frente, recém comido, enquanto do meu lado Gus e Maya terminavam de comer seus almoços. Estávamos esperando dar o horário da aula de teatro. Nós três fazíamos esse curso extra curricular há três anos, simplesmente éramos apaixonados por isso. O teatro fazia eu me sentir como se pudesse fazer qualquer coisa, ser quem quiser, aonde eu quiser… Era uma sensação incrível. Ouço a conversa animada entre Gus e Maya desinteressado, então tiro meu celular do bolso e abro a conversa com Letícia. Tinha que mandar algo profundo e complexo. Penso alguns minutos antes de escrever a mensagem:

Oi. Tudo bem?

Aperto o Enter e não demora para que ela visualiza e responda:

Oiiii. Tudo sim, e com você?

Hesito antes de mandar a próxima mensagem:

Enfim… Quer conversar sobre o que aconteceu na festa? Já faz um mês e meio, e eu queria saber se sei lá...

Ela visualiza e demora um pouco para mandar a resposta:

Eu já te falei, BB. Eu estava bêbada e estava mal. Não estava pensando direito. Pra falar a verdade, eu não me lembro de muitas coisas da festa. Mas, se te deixar melhor, eu lembro do seu beijo. E foi bom.

Sorrio com o comentário e logo mando outra mensagem:

Então será que nós poderíamos…

Vejo a barra de Digitando… abaixo do nome dela, e torço para a resposta ser positiva.

… Escute, tenho que estudar agora. Depois conversamos, OK?

Ela fica offline e desligo o celular, colocando-o no bolso.

— Vamos para a aula? – Maya pergunta, se levantando e arrumando o uniforme. Eu e Gus a imitamos, e levamos nossos pratos até a bancada da cantina, seguindo para o teatro logo em seguida.

Assim que chegamos lá, percebemos uma nova garota na turma de teatro, e sinto do meu lado o revirar de olhos de Maya.

— Só pode ser brincadeira… - Ouço Gus resmungar atrás de mim.

Gabrielle se vira e sorri para nós, caminhando na nossa direção. Seu cabelo loiro estava preso em um rabo de cavalo, e ela usava um top preto.

Ainda me lembrava da briga dela com Letícia e Lena no pátio depois da aula, apesar de já terem se passado três semanas. Ela havia ameaçado todos nós, mas ainda não tinha feito nada. Por falar nisso, agora eu havia me tocado que depois disso ela não havia mexido com qualquer um de nós, nem mesmo na sala. Estranho.

— Gus! Maya! BB! – Ela nos abraça, e me sinto desconfortável, como se sentisse o veneno exalando de seu corpo. – Quanto tempo!

— Nós nos vimos faz duas horas… - Digo confuso. Por que ela estava sendo gentil?

— OK, agora que estão todos aqui, vamos começar com a aula. – O professor nos chama, e formamos uma roda em volta dele.

Depois da aula, nos despedimos e começo a andar de volta para casa. Gus e Maya costumavam voltar comigo a pé, mas hoje ele iria ao shopping com a mãe comprar roupas, e ela iria resolver alguma coisa na escola, provavelmente tentar mudar a data de algum trabalho escolar. O sol já estava se pondo, e o céu ficando escuro. Começo a andar mais rápido, e logo depois que viro a esquina, ouço uma voz atrás de mim seguida de passos apressados.

— BB, me espere! – A voz de Gabrielle me alcança, e me forço a diminuir o ritmo.

— … O que você quer?

— Achei que poderia voltar com você a pé hoje. Minha mãe falou que não podia me buscar, e vou ter que ir caminhando para casa.

Olho para ela por alguns segundos, piscando os olhos.

— Mas você não mora para cima?

— Eu? Pffff, não seja bobo, claro que não. Enfim, posso?

— Fazer o que né? Vamos.

Voltamos a andar e ela puxa conversa comigo. Começamos a conversar sobre várias coisas, até que ela toca no assunto da briga no pátio.

— …é que todo mundo já me acha uma vaca, e esse vídeo sujou ainda mais minha reputação, aí eu me descontrolei e deu nisso.

— …

— Mas eu mudei agora. Juro. Cansei de ser uma cretina. Eu até pensei em me desculpar com a Lara e a Lena, por tudo o que fiz com elas.

— Se você diz…

— Ai, ainda bem que acredita em mim! – Ela me abraça e para de andar, olhando para mim e mordendo o lábio. – Posso te contar uma coisa?

— Pode? – Olho para ela, parando também, e ela me encara.

— Eu… Sempre tive meio que uma crush em você e… Sei lá, de todos eles você sempre foi o mais legal comigo e eu me sinto sozinha, sabe? Então pensei que você… Nós… - Ela dá um passo para a frente, e sinto um arrepio percorrer meu corpo.

Penso em recuar. A rua está deserta, e o sol estava perto de se pôr completamente. Penso nas mensagens de Letícia, desviando o assunto da festa, e abro a boca pra falar.

— Eu…

Antes que possa completar, ela avança em mim, me beijando. Fico parado, de olhos arregalados, até que penso: “Foda-se. Ninguém vai saber mesmo.” Fecho os olhos e retribuo, colocando-a contra a parede de uma casa vazia.


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