The Long Road escrita por Bella P


Capítulo 9
Capítulo 8




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- O senhor Zeus realmente não vai gostar de saber que o senhor está deixando as suas responsabilidades de lado para ficar passeando por aí. - foi a primeira coisa que saiu da boca da jovem quando ela viu o adolescente surgir ao seu lado, na primeira hora da manhã, enquanto tomava o seu café com leite e mordiscava a sua rosquinha. Certo que deveria guardar a verba que recebera de Ártemis para emergências, mas aquilo era uma emergência. Fazia bastante tempo que não comia um desjejum daquele tipo.

- Bom dia pra você também. - Apolo parou em frente ao carrinho de café, pedindo um copo de cappuccino expresso para o vendedor e sendo prontamente servido. Laurel arqueou uma sobrancelha escura ao ver a cena.

- O senhor não deveria estar guiando...

- O carro do sol por aí. - completou o deus com um rolar de olhos. - O que eu lhe disse sobre o meu adorado Maserati?

- Que ele tem piloto automático. Mas mesmo assim...

- Você se preocupa mais com as minhas funções do que eu mesmo. Relaxa garota. Vamos dar uma volta. - Laurel não moveu um músculo. Apolo olhou por cima do ombro para a jovem que permanecia imóvel, tomando o seu café e fingindo que ele não estava ali. - Agora Laurel! - ordenou e ela soltou um suspiro, rolando os olhos e o acompanhando pela calçada.

- Nossa... Falando assim o senhor pareceu com Ártemis. - resmungou baixinho e Apolo tropeçou nos próprios pés, o que fez a garota arregalar os olhos e soltar uma risada. O deus ofegou, virando-se abruptamente para encarar a jovem como se fosse a primeira vez que a via. As bochechas dela estavam coradas por causa da gargalhada e os olhos verdes brilhavam de divertimento, o que fez o coração do olimpiano dar um pulo dentro do peito.

- Minha irmã? - conseguiu dizer depois de recobrar um pouco de sua compostura. Laurel mordeu o último pedaço de sua rosquinha e a engoliu com um gole de sua bebida, jogando os restos de seu café da manhã na lixeira mais próxima.

- Todo pomposo e cheio de tons de ordem. - Apolo fez uma careta que ocasionou outra risada de Laurel.

- O que tinha naquele seu café? - disse em tom jocoso. A jovem estava animada demais para o normal dela. Para o normal de qualquer Caçadora. Rapidamente o sorriso que iluminava o rosto da escocesa se desfez.

- Então, para onde nós vamos dessa vez? Tenho a sensação esquisita de que o senhor é o meu guia...

- Você. - o deus a interrompeu.

- Como?

- Não precisa ficar me chamando de senhor o tempo todo. Pode me chamar de você. Eu deixo. - deu uma piscadela para ela que fez a menina corar.

- Mas senhor Apolo...

- Vai querer me contrariar Caçadora? - novamente o tom cheio de ordens e ela fez uma negativa com a cabeça. - Bom.

- Nós vamos para o alto e avante. - apontou para o horizonte em uma pose dramática e a Caçadora quase tropeçou nos saltos ao ouvir isto.

- O quê? - piscou incrédula e Apolo riu.

- Brincadeira. Vamos só andar. - e começaram a caminhar em silêncio, lado a lado, pelas ruas de Edimburgo que aos poucos ganhavam o usual movimento matinal.

- Por que o senh... Você está aqui? - perguntou depois de minutos de caminhada e silêncio. O primeiro encontro prolongado deles deu-se por ordens de Ártemis que pediu para o irmão guardar a Caçadora ferida enquanto as companheiras perseguiam alguns monstros foragidos. Mas os outros foram extremamente suspeitos. Apolo aparecera para ela como se fosse um velho conhecido lhe fazendo uma visita social e na noite anterior lhe oferecera carona com a expressão mais lavada em seu rosto divino.

- Culpado... Sou um deus curioso.

- Curioso e esquisito. - murmurou para si mesma.

- Então, para onde vamos Caçadora?

- Você não sabe? Não consegue predizer? - o provocou e o loiro deu um meio sorriso escarninho, parando abruptamente em frente a ela e não prevendo isto a garota chocou-se contra o peito largo do olimpiano, sua respiração prendendo na garganta ao perceber que ele era mais quente de perto e ao mesmo tempo sólido e macio.

- Engraçadinha. - gracejou e ela abriu a boca para retrucar mas a ponta de um dedo manicurado repousou sobre os seus lábios. O coração de Laurel veio a boca diante de um toque tão íntimo, mas Apolo parecia não ter noção de seus atos. - Deixe-me ver. - ele se afastou, fazendo uma expressão pensativa. - Não, eu não consigo ver nada. Como sempre. - a mirou seriamente.

- Que surpresa.

- Isto me frustra. Seu futuro está encoberto por uma neblina densa a qual eu não consigo transpassar e eu não entendo por que. - o deus passou a mão pelos cabelos claros, os despenteando.

- Enquanto você tenta descobrir, eu sigo o meu caminho. - deu a volta por ele na intenção de prosseguir.

- Espera! Eu disse que iríamos dar uma volta...

- Sinceramente Apolo! - Laurel virou-se sobre os pés e o fuzilou com o olhar, o que fez o olimpiano fechar a boca em um estalo e retesar-se todo. - Eu não estou aqui a passeio. Estou em uma missão importante. Se você acha engraçado, divertido, me atormentar, eu não acho. É da minha vida que estamos falando aqui. Onde estão aquelas malditas regras sobre “pouca interferência direta”? Eu tenho um trabalho a fazer e ao que me consta... - nisto ela mirou o céu e o sol que agora subia mais e mais na imensidão azul. - o senhor também. - bufou contrariada. Apolo já estava começando a lhe dar nos nervos, além de deixá-la completamente confusa com a sua presença. - Tenha um bom dia! - desejou e deu as costas para ele, seguindo apressada rua abaixo e segurando-se para não olhar por cima do ombro para ver se ele a seguia ou não.

Tinha acabado de dar um fora em um deus e seria muita sorte se o mesmo não a amaldiçoasse pelo resto de sua vida. Muita sorte mesmo.

 

oOo

 

A casa de sua avó continuava a mesma. Dois andares, coloração branco marfim, cerca viva a rodeando, um campo enorme servindo como terreno. Uma baia onde ficavam os cavalos. O celeiro e um pomar de maçãs. Uma típica casa de fazenda. Uma porteira de madeira de lei dava as boas vindas aos visitantes e na mesma havia uma placa de bronze onde entalhado estava o brasão da família Graham. Soltou o trinco que prendia um portão ao outro e o abriu, adentrando as terras da fazenda. Ao longe peões domavam éguas selvagens dentro de um enorme cercado e funcionários perambulavam pelo terreno cumprindo com as suas funções diárias.

Inspirou profundamente, sentindo o aroma doce das macieiras que preenchia o ar e era carregado pelo vento. Rodou seus olhos pelo local e sorriu ao reconhecer uma figura familiar que saía do meio da plantação acompanhada de dois trabalhadores, conversando e gesticulando largamente para eles. Sentiu as suas mãos suarem frio e tremerem e seu corpo todo congelou quando a mulher pareceu perceber que era observada e calou-se, virando o rosto em sua direção e fixando seus olhos claros sobre a sua pessoa.

- Por todos os deuses! - soltou em alto e bom som, subindo a pequena colina que separava o local onde ficava a casa da fazenda e o pomar e indo na direção da jovem, chegando a ela em poucos passos e a envolvendo em um abraço apertado. - Zeus ouviu as minhas preces. Você voltou criança! Você voltou. - Lily piscou, mais confusa do que nunca. Ou sua avó estava caducando ou não andou lhe contando algumas coisas durante os anos.

- Sra. Graham... - afastou-se dela, a mirando com desconfiança. - A senhora sabe quem eu sou?

- Lily! Estou ficando velha mas ainda não estou gagá! - a repreendeu com um olhar severo. - Dez anos mocinha! E nem ao menos um telefonema para dizer a sua pobre avó que estava bem.

- Vovó... - essa, realmente, não era a reação que ela esperava. - a senhora realmente não notou nada estranho na minha pessoa? - afastou-se mais dela para permitir que a mulher mais velha a observasse melhor.

- O quê? Fala do fato que em uma década você não envelheceu um minuto? É... Eu reparei. - gargalhou, envolvendo os ombros da garota com um braço e a guiando na direção da casa. - Vamos, vamos tomar algo e conversar. A senhorita tem muito o que me explicar jovenzinha. - surpresa a jovem deixou-se levar, logo encontrando-se na ampla sala de estilo rústico e sendo prontamente servida de um suco por uma das empregadas da casa. - Sente-se! - ordenou Laura com um gesto de mão.

- A senhora não parece surpresa com a minha aparência. Ou com o meu aparecimento aqui. Ou até mesmo com o meu sumiço. - Laurel bebericou de seu suco e franziu as sobrancelhas, ainda confusa.

- O seu sumiço me chocou, me magoou, me preocupou. - Laura a mirou intensamente e a jovem sentiu-se culpada mais uma vez. Quando juntou-se as Caçadoras, a única pessoa com quem se preocupou em deixar para trás sem dizer adeus fora a sua avó. - Mas eu rezei aos deuses...

- Aos deuses? Espere um momento! Quando eu cheguei a senhora disse: “Zeus ouviu as minhas preces”. Como assim o senhor Zeus ouviu as suas preces?

- O senhor Zeus? Chama o rei dos olimpianos de senhor... Isto quer dizer que está servindo a um. Eternamente jovem e as suas roupas... - mirou os jeans, a parca de esqui e as botas claras que ela usava. - Tornou-se uma Caçadora de Ártemis! - acusou.

- Como a senhora sabe sobre as Caçadoras? - Laurel rebateu alarmada. Como a sua avó sabia sobre os deuses gregos? Sobre o Olimpo? Sobre tudo?

- Sei mais do que imagina. - Lily mirou intensamente a mulher sentada na sua frente.

Os cabelos que um dia foram escuros na juventude agora era grisalhos, com apenas algumas mechas castanhas perdidas entre os fios brancos. A pele antes alva agora era curtida pelo sol por causa do trabalho no pomar. A sua avó adorava a natureza, viver cercada pelo verde e pela terra e por isso que quando se casaram seu avô lhe dera aquela fazenda de presente e quando ele morreu ela viera morar na mesma. O rosto estava marcado pela idade mas com certeza na juventude fora extremamente belo. O corpo continuava esguio e os olhos verde escuros ainda eram brilhantes e cheios de vida. Se pensasse bem, apesar de não possuir semelhança alguma com o seu pai, Laurel sempre se orgulhou em saber que era parecida com a sua avó. Isso provava que ela era uma Graham.

- Laura... - ofegou. - Por Zeus no Olimpo! A senhora é uma ninfa! - acusou, erguendo-se do sofá em um pulo como se tivesse levado um raio do próprio deus que invocara há pouco. Laura riu.

- Bem... Faz alguns anos que deixei de ser. - disse, prendendo uma mecha do cabelo grisalho atrás da orelha.

- O quê?

- Quando conheci o seu avô e me apaixonei por ele... Pedi aos deuses que me tornasse mortal para assim viver com ele e o meu pedido foi atendido pela senhora Hera. Como deusa do casamento ela achou que tal sacrifício pelo matrimônio era mais do que válido. A senhora Ártemis achou estúpido, óbvio, mas Afrodite achou extremamente romântico e me apoiou. Minhas irmãs ninfas também me apoiaram e com isto cá estou.

- E... - Laurel engoliu em seco. - O vovô sabia? Sabia sobre a sua origem? - a mulher mais velha riu novamente.

- Sabia. Porque acha que ele me deu esta fazenda de presente de casamento? Você pode tirar a ninfa da floresta, mas não a floresta da ninfa. Sempre estaremos conectadas a natureza, sendo ou não imortais.

- Ninfa... - a jovem deixou-se cair novamente sobre a cadeira em que estava. - uma ninfa do Acampamento Meio-Sangue me disse que me reconhecera como uma de suas irmãs. Eu achei estranho... Porque tecnicamente eu sou apenas metade ninfa...

- Na verdade você é 2/3 ninfa. O que a torna quase uma ninfa completa. Por isso que não herdou nenhum traço de seu pai Noah. Meus genes combinados com os de sua mãe a fizeram ser mais especial do que eu jamais pude imaginar.

- Então eu estava certa... A senhora é uma Daphne. - Laura sorriu mais uma vez e Laurel pôde ver o seu próprio sorriso refletido no rosto da avó. A mortalidade tinha tirado alguns traços divinos da mulher, como a beleza estonteante e a semelhança com as ninfas provenientes da mesma árvore que ela, mas alguns traços ainda estavam lá. A cor dos olhos sendo o maior deles.

- Bem... Achei uma grande ironia quando Noah retornou da Grécia e me confessou ter se apaixonado por uma jovem chamada Daphne. Sempre achei que o casamento dele com Meredith havia sido precipitado. Eles foram namorados na faculdade e ela apenas via o meu filho mais como um grande prêmio conquistado do que um namorado. Mas sempre foi uma mulher bonita e Noah estava deslumbrado por isso. Mas sabia que o destinos deles não estavam cruzados, algo me dizia isto. Então ele retorna desta viagem e me confidencia sobre o caso que teve com esta jovem grega...

- E a senhora de pronto soube quem ela era?

- Não. Daphne é um nome comum tanto na Grécia quanto no mundo. Ostentá-lo não faz de você uma ninfa, mas tive alguma desconfiança por causa de alguns detalhes da história de Noah. A moça era cheia de mistérios e eu fiz uma investigação por minha parte e nunca descobri o paradeiro desta jovem. Então você apareceu em nossa casa e todas as minhas dúvidas foram esclarecidas.

- Se a senhora sabia o que eu era... - a adolescente estreitou os olhos na direção da avó, aborrecida. - por que me deixou lá? Me deixou viver naquela casa com aquela família que fazia questão de fingir que eu não existia? - acusou e Laura suspirou longamente.

- Acha mesmo, minha querida, que eu não considerei te tirar de lá? Trazê-la para viver comigo?

- Então por que a senhora...

- Noah me disse que se eu ousasse fazer isso que ele sumiria com você das minhas vistas. Te enfurnaria em um internato em algum buraco da Europa e eu perderia todo e qualquer contato com você. E antes vê-la poucas vezes do que nunca mais.

- O quê?

- Você era a vergonha de Meredith e o fracasso dela de oferecer herdeiros ao seu pai a gracejando dia após dia diante de seus olhos. Para Noah você era a única lembrança de Daphne, ainda mais que a cada dia que crescia ficava mais parecida com a mulher por quem ele se apaixonou e...

- Isto é ridículo! Noah Graham nunca foi um propenso candidato a pai do ano e a senhora está querendo me dizer que ele queria me manter por perto porque eu era a única coisa que o ligava a minha mãe? Se fosse assim ele deveria ter me tratado um pouquinho melhor. - comentou amarga.

- Era uma contradição Lily. Daphne partiu o coração de Noah e creio que ele descontava na única pessoa que podia suas frustrações por essa perda.

- Ou seja... Eu. - completou com zombaria, erguendo-se da cadeira em um pulo. - Que hipocrisia. Talvez tenha sido por isso que a minha mãe o largou. Afinal... Quem iria querer aquele cubo de gelo mesmo.

- Não diga isso. - Laura ralhou em um tom severo. - Não sabe pelo que seu pai passou depois que você sumiu sem deixar rastros.

- Vai querer me dizer que ele sentiu a minha falta. - a mirou com descrença.

- Sentiu-se culpado. - explicou e Laurel soltou um resmungo de escárnio. - E sim, arrisco a dizer que sentiu a sua falta. Por acaso esteve na Mansão Graham depois de todos esses anos? - a jovem assentiu positivamente com a cabeça. - Esteve em seu quarto? - outro aceno.

- Parece um mausoléu. Está exatamente como o deixei.

- Noah proibiu a todos de alterar qualquer peça que fosse do quarto na esperança que você voltasse.

- Eu não vou... - calou-se. O objetivo desta viagem não era esse? Descobrir, afinal, o que queria dali em diante em sua vida? Soltou um longo suspiro, passando uma mão por entre as mechas castanhas do cabelo. - Eu preciso pensar. - declarou, cruzando a sala sem dizer mais nada e saindo da casa da fazenda, ganhando os terrenos e descendo a colina que levava até a plantação de macieiras.

Embrenhou-se entre o pomar, escolhendo uma árvore cujos galhos estavam carregados do fruto que em pouco tempo estaria pronto para ser recolhido e sentando-se entre as suas raízes. Pegou um graveto e começou a brincar com ele, fazendo desenhos na terra enquanto deixava os seus pensamentos vagaram a procura de respostas.

- Ah! O ar puro do campo. Sempre gostei desse aroma de frutas. - a jovem rolou os olhos e depois os mirou no adolescente que sentava-se ao seu lado. O jeans, a t-shirt, o casaco de moletom e o tênis não faziam o estilo usual despojado chique dele, mas não tiravam nem um pouco o charme do loiro. Na verdade só tendiam a acrescentar.

- Aquiles foi mergulhado no Estige, eu fui mergulhada no mel quando nasci. - zombou e Apolo gargalhou. - Senhor Apolo... Anda cumprindo funções alheias? - desviou o olhar para entre os troncos onde podia ver alguns funcionários ao longe trabalharem.

- Como?

- A não ser que esteja aqui para me dar alguma mensagem no lugar do senhor Hermes, não consigo atinar o motivo de sua visita.

- Já disse... Você é interessante.

- E você não é normal. - virou-se para encará-lo com os olhos estreitos. - Eu não entendo, realmente. Sou apenas uma simples Caçadora. Estou há dez anos servindo a sua irmã e de repente, sem mais nem menos, o senhor resolveu reparar que eu existo?

- Não foi sem mais nem menos. Ártemis é tão possessiva com suas Caçadoras quanto um cachorro com um osso. Zöe era a única, antes de Thalia, com quem eu tinha algum contato mais prolongado. Confesso que se me perguntar não sei o nome de metade de vocês, mas cuidei de você quando esteve doente depois do ataque da Quimera e isso, gostando ou não, criou uma ligação entre nós.

- Isso é loucura. - bufou, nada convencida.

- Além do mais, para uma Caçadora você é bem fora dos padrões. - Apolo riu.

- Exemplifique. Embora sei que vou me arrepender de ter pedido isso.

- Agora, por exemplo, - o deus fez um gesto com a mão indicando a si próprio e a garota sentada ao seu lado. - estamos conversando normalmente e você não está tendo um choque anafilático por causa da minha presença.

- Sim, o fato de eu não ser alérgica a homens te impressiona. Mas Thalia também é assim... Ela conversa com você...

- É diferente. Thalia é minha meia-irmã.

- E isso não o impede de flertar com ela. - acusou, franzindo as sobrancelhas escuras ao lembrar-se das atitudes do olimpiano cada vez que encontrava com a tenente das Caçadoras. Apolo gargalhou.

- Flertar é natural da minha pessoa. Faço isso com todas...

- Me senti especial. - zombou.

- Está com ciúmes? - provocou.

- Está sendo ridículo. - se defendeu, cruzando os braços sobre o peito.

- Outros deuses já teriam te punido por tamanha ousadia e linguajar afiado.

- Você também é bem fora dos padrões para um deus. - Apolo piscou os olhos azuis e soltou outra risada. Ela tinha respostas rápidas e ainda a coragem de voltar as suas próprias palavras contra ele. Era fascinante.

Laurel sacudiu a cabeça em uma negativa diante das atitudes do olimpiano e ergueu-se do chão, batendo as mãos na calça para retirar terra, gravetos e folhas que tinham se prendido no tecido e Apolo a acompanhou.

- Aonde vai?

- Voltar para a casa da fazenda.

- Já está dispensando a minha companhia?

- Senhor Apolo... Sinceramente, não acho certo o senhor ficar me visitando desta maneira e... - assustou-se quando sentiu as pontas dos dedos mornas segurarem em seu queixo e virarem o seu rosto para fazê-la encarar o deus nos olhos.

- Você sempre repete a mesma coisa. Sempre me lembrando das minhas obrigações e responsabilidades. Por que se importa tanto? - perguntou em um tom firme e ela engoliu em seco, sentindo-se aprisionada por aquele olhar tão próximo do seu.

- Me preocupo. - disse com uma voz mínima. - Apenas isso. - confessou e suavemente Apolo soltou o rosto dela, surpreso com a declaração. Ela se preocupava e podia ver nos olhos verdes que tal preocupação se relacionava com o que Zeus poderia fazer com o deus se percebesse que ele estava deixando muito as suas funções de lado apenas para satisfazer suas curiosidades e fazer companhia a uma mera humana.

- Você é realmente... Interessante. - sussurrou, aproximando-se mais dela e a jovem ofegou ao perceber que podia sentir o calor que emanava do corpo de Apolo atravessar o tecido de suas vestimentas de Caçadora e tocar a sua pele. Todo os seus membros paralisaram ao perceber que o rosto dele aproximava-se de maneira perigosa do seu e ela sabia, algo no fundo de sua mente lhe dizia que devia pará-lo, mas não conseguia.

O hálito morno tocou os seus lábios entreabertos e logo sentiu os lábios úmidos do deus roçarem em uma carícia tão leve sobre os seus que era praticamente imperceptível.

- LAUREL! - o chamado de sua avó ao longe a fez acordar do transe e recuar um passo, encerrando qualquer propenso beijo. - Laurel... Graças a Zeus... - a mulher piscou quando um clarão a fiz fechar os olhos em um reflexo e depois abri-los largamente.

- Vovó? - a jovem ofegou praticamente sem voz ao ver a mulher quieta e mirando o ponto vazio ao seu lado.

- Aquele que acabou de partir... Era o deus Apolo? - perguntou confusa e Laurel suspirou. O que menos precisava agora era mais essa complicação em sua vida.


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