Atro Cataclisma escrita por EvellySouza, NatyKatarynna


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Hey, comentem e digam o que estão achando.



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  A dor latejante rompe o leve sono que consegui manter por alguns minutos. Não muitos mesmo.

  Desde a luta com o ressuscitado no dia anterior, que me concedeu um ombro extremamente dolorido, eu mal tinha conseguido dormir por 15 minutos ininterruptos. Meu corpo pedia desesperadamente por descanso, mas a dor era muita. Eu estava enjoada, com falta de ar e muito preocupada com Joseph. Há mais de 9hrs ele estava dormia ao meu lado, transpirando mais do que qualquer um no jipe, a tosse apesar de pouca tinha ganhado uns olhares mais diferentes dos outros militares.

̶ Capitã, eu disse que faria guarda. Não precisa ficar preocupada. – a sargento Lauren disse e me lança um olhar desconfiado. – Devo me preocupar com essa faixa no seu ombro?

  Fico surpresa por ela ter percebido o faixa por debaixo da minha farda. E isso deixa mais claro que devo manter a mim e Joseph o mais longe possível dela.

̶ Foi apenas um pequeno machucado que tive ao lidar com um ressuscitado sargento Lauren, se caso houver necessidade de cuidados maiores não deixarei suas habilidades de enfermagem passarem longe. – sorrio, torcendo internamente para que tivesse saído o mais convincente possível.

̶ Sim, senhora. – ela respondeu voltando seu olhar para a minúscula trilha que ia ficando para atrás conforme a jipe seguia matagal adentro.

  Eu queria pedir que ela visse aquilo, com certeza estava infeccionado, estava me tirando a paz. Mas eu não podia. Na verdade, eu não queria. Lauren era astuta e muito inteligente, facilmente podia ser considerada médica sem qualquer diploma, apenas com seu conhecimento em enfermagem e sua inteligência na área. Não podia deixar ela chegar perto de mim, do meu filho. Eu aguentaria.

  Eram aproximadamente 03h00m da manhã, aceitei que o sono estava bem longe de mim já, mandei que o tenente Bomer deixasse Lauren assumir o volante e descansasse. Uma maneira rápida e prática de tirar seus olhares de cima de mim. Além do mais, montar guarda em seu lugar me faria espairecer as ideias.

  Gelado e barulhento o vento soprava para todos os lados, fazendo com que as copas das árvores balançassem quase em uma dança devota, já o som sacolejar do jipe era diacronia do espaço, mas combinava perfeitamente com o interior da minha mente, turbilhão de ideias, lembranças, medos, desejos, sendo processados em milésimos de segundos. Pela primeira vez na minha vida, eu estava com medo, mais medo de verdade, agora eu tinha muita coisa a perder, eu tinha muito com que me preocupar. Entretanto, o egoísmo estava em muitos dos planos rascunhados no profundo da minha mente, mas aquilo não era certo, aquele mundo não me levaria a tais escolhas.

  O sol raia ainda introvertido ao leste, todos já estavam acordados, inclusive Joseph, o que me tirou um pequeno peso das costas.

̶ Sargento Lauren, estou vendo um local com uma vegetação mais baixa à uns 200 metros à frente. Pare lá, por favor. Precisamos de um descanso. – peço, ainda com o binóculo centrados no lugar indicado.

̶ Entendido, capitã.

  Depois de uma ronda nos arredores não foi encontrado nenhum rio, riacho ou qualquer fonte de água nos arredores. Então ficou combinado um descanso de 2h30m para eu todos pudessem espairecer um pouco.

  Joseph me acompanhou para longe dos outros o máximo que conseguiu ir. Estava orgulhosa dele, apesar das tosses involuntárias e sua fraqueza, ele tentava ao máximo manter a firmeza no olhar, a postura a mais ereta possível, estar a par da missão, conversar com os outros para se certificar que ninguém estava percebendo nada. No entanto, eu imaginava o quanto aquilo devia ser cansativo para ele.

̶ Amor, vamos ficar por aqui. Acho que se eu der mais um passo você ficará viúva. – ele sorri, se esforçando para sentar em uma rocha próxima.

̶ É bom estar só com você. – digo beijando-o. Mas ele desvia antes que meus lábios se aproximem.

̶ Não podemos correr o risco Camilly. – ele diz, sério. – Essa missão depende de você, basicamente.

̶ Essa missão se conduzirá, com ou sem mim. E a promessa que fiz ao general foi que o cara estaria, e sei exatamente como fazer isso.

  Me aproximo dele novamente, ficando cara-a-cara com ele, a milímetros de distância.

  Suas mãos tocam cuidadosamente em meu rosto.

̶ Eu te amo tanto. – ele diz olhando nos fundos dos meus olhos, e eu sinto a sinceridade daquelas palavras. – Eu tenho sido forte por nós três. — as últimas palavras saem quase num sussurro. – Não torne isso mais difícil, amor. Não sabemos nada sobre isso, sobre essa merda toda. – seus olhos estão marejados – Não sei quanto tempo tenho, e não suportaria viver meus últimos dias com a culpa de ter estragado seu futuro, o futuro da nossa filha.

̶ Joseph, por favor. Não fale assim, parece que já estamos no seu funeral. – coloco minhas mãos por cima das dele que tocam meu rosto. – Eu não me importo, e quando digo isso, falo sério. Se esse é o preço pra ter um beijo e uma abraço seu nesse mundo de merda, eu realmente não me importo.

  E antes que ele diga qualquer coisa, selo meus lábios ao dele. De início, por receio ele, não corresponde ao beijo, mas ele precisava daquilo tanto quanto eu.

  Ficamos ali, abraçados, sentados naquela rocha por longos minutos, apenas aproveitando a presença um do outro, sem olhares, sem palavras. Apenas presença.

̶ O que você acha de Ian?

  Eu estava despreparada para essa pergunta, mas respondo sorrindo:

̶ Ian seria um ótimo nome, e seu irmão ficaria bem bestão com a homenagem.

̶ Uma fez prometemos um ao outro que nossos filhos teriam o nome do outro. A não ser que a mulher do outro fosse super chatona para não querer, aí ele seria obrigado a colocar o nome nos próximos 5 cachorros que ele tivesse. – ele sorri ao lembrar. – Por sorte, Taís era um amor de pessoa, e a acabou deixando a adaptação rolar, então a Josephine foi registrada. – ele diz, olhando fixamente para umas centenas de folhas caídas a nossa frente, com se ali estivesse sendo reproduzido as lembranças que contava. – Lembro que até fui no dia que ele a registrou, parecia até que era minha filha, de tão orgulhoso que fiquei.

̶ Você verá o seu, amor. – digo, e ele volta seu olhar para mim. – Você tem sido mais forte que muitos que vimos desde o início. Só aguente mais um pouco. Mantenha ligado. Continuarei tentando te poupar de tudo que conseguir, infelizmente terá outras que para manter o disfarce não conseguirei, mas sei que você é capaz.

Seus olhos deambulam para a direita vagarosamente, seguindo a raiz alta de uma das árvores. E então com uma expressão diferente, e faz a pergunta que, aparentemente, tanto tinha medo:

̶ E se algum deles descobrir, amor?

̶ Então terei que matar o indivíduo


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