Atro Cataclisma escrita por EvellySouza, NatyKatarynna


Capítulo 14
Capítulo 14




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O sol apontava à leste, calmamente começava a clarear o mundo como um grande telespectador da desgraça que vivíamos, sem nenhuma piedade, quase senti ódio do seu escárnio, mas no final percebi que o que sentia era apenas inveja de ele estar remoto a tudo aquilo.

  Com a claridade vinha a necessidade obrigatória de levantar para iniciar mais um dia. Hoje teria que despachar um pessoal de volta para o acampamento e teria que escolher quem ficaria e quem voltaria visto que minha equipe havia diminuído.

  Levanto-me da beirada do riacho depois de um bom tempo com a cabeça submersa na água, normalmente isso me ajuda a acalmar meus pensamentos, não hoje não estava funcionando, ainda estava atordoada por tudo que havia ocorrido ontem, a perda de um dos meus acaba pesando sobre meus ombros, a família dele e meus superiores haviam depositado sua vida sob minha responsabilidade, mais eu o perdi e isso me atormenta muito mais do que eu gostaria de admitir. Olho meu reflexo pairando sobre a água e reforço para mim mesma: Um dia por vez, um dia por vez.

Retorno à escola em que estávamos acampados, cumprimento Marcus e Lauren que faziam a vigia, dou uma olhada geral e a maioria deles já estavam acordados, aproveito para informar que em minutos decidirei quem regressará para o acampamento e quem seguirá para Manaus. Entro para a cabana para saber como Joseph estava já que a noite foi bem agitada para ele depois de ontem ele teve muita febre e posse com sangue, conseguiu dormir quase ao clarear.

─ Joseph – chamo-o descobrindo seu rosto.

─ Ainda estou vivo, amor. – ele responde com a voz fraca e abre um sorriso. – Bom dia.

─ Bom dia, amor – deito ao seu lado para conseguir olhá-lo no olho. – Como você está se sentindo?

─ Cada dia melhor. Ontem quase vi uma luz me chamando, mais cá estou, venci mais um dia. – ele ri e eu acabo acompanhando. – E você? Sei que ontem também não foi fácil para você. E eu não cooperei essa noite com a crise de tosse. Desculpe.

─ Ei, não se desculpe por isso, Joseph! Jamais! – repreendo-o. – Eu estou bem.

─ Não me desculpo se você parar... de mentir. Me diga como você está se sentindo... se quiser explodir, chorar... faça isso aqui, comigo. Ainda estou aqui por você. – ele mal consegue completar as frases por causa do cansaço, mas sinto a sinceridade nas suas palavras, e reconheço que é isso que me faz amá-lo cada vez mais, eu posso sempre contar com ele para ser eu mesma.

─ Eu não estou bem, amor. Nem um pouco. Mais tem muita gente dependendo de mim para eu desabar agora, então quero enterrar tudo aqui dentro por enquanto. – falo com a voz embargada tentando conter um choro com todas as minhas forças.

─ Vem cá, ainda consigo te abraçar. – ele diz estendendo os braços, me aproximo se aconchegando em seu peito e apenas sentindo a conforto do qual eu precisava. E assim ficamos por longos 10 minutos, quando Marcus me chama ao lado de fora.

─ Capitã, precisamos levantar acampamento o quanto antes avistamos os mortos que estavam nos arredores do prédio vindo para cá. Os portões não aguentarão por muito tempo.

─ Certo, reúna todos. Já estou indo. – digo, e ele sai. Retorno à barraca e Joseph já está sentado, ajudo-o a se levantar. – Vamos lá. – seguimos para onde todos estavam.

Hoje quando escapei da escola para ir até ir até o riacho que havia visto quando passamos, no caminho fui pensando no que fazer, quem iria, quem ficaria, tinha medo que mandasse um dos meus homens e no meio do caminho os caras se rebelassem e se vigassem pelo general matando-os, tinha medo dos meus homens chegarem lá e contassem sobre a situação de Joseph e meus superiores me tirassem da operação. Então decidir que mandaria dois da minha equipe e escolheria os 3 homens mais fortes que restaram do outro grupo para seguirem comigo, assim diminuiria a possibilidade de uma rebelião.

Todos se encontravam já acordados e me aguardando. Olho em meio ao grupo escolhendo os que ficariam. Se destaca o cara que acredito que era braço direito do general, esse com certeza ficaria.

─ Você, como se chama? – aponto para ele, e ele ignora completamente as minhas palavras. – Eu perguntei o seu nome! – altero o tom de voz.

─ Pra que você quer saber? – ele pergunta em desdém.

Dou alguns passos à frente me aproximando do grupo em que ele estava, alguns se afastam dele e dão passos para trás.

─ A vida de pessoas como você não vale nada para mim, então não teria problema nenhum em finalizá-la como fiz com a do seu generalzinho. Então pela última vez, como você se chama?

Ele fixa os olhos em mim e então responde.

Alexsandro.

─ Ótimo que nos entendemos Alexsandro por que você ficará conosco, então é bom você ir quebrando essa marra.

Ele murmura diversos palavrões totalmente contrariado pela minha decisão, mas não se opõe diretamente.

─ E você? – aponto para um que haviam recuado quando me aproximei, mas lembro dele ter sido um dos que apontou a arma na hora da confusão.

Vinícius, senhora. – ele responde um pouco receoso.

─ Também ficará Vinícius! Assim como você. – aponto para um que estava do outro lado do grupo, alto e bem forte, será bem útil. – Seu nome...?

Ismael.

─ Certo, então está decido. Ismael, Vinícius e Alexsandro ficarão. O restante, arrumem suas coisas para partirem.

Todos se afastam exceto uma das mulheres, que se aproxima de mim meio receoso. Aceno com a cabeça para que ela se aproxime mais.

─ Senhora, gostaria de ficar também, ontem percebi que seu marido parece não estar bem, sou enfermeira, posso ser de grande auxílio.

Aquilo me abre uma curiosidade, e ao mesmo tempo uma esperança de poder tirar um pouco o peso de cuidar sozinha de Joseph.

─ Isso é curioso, porque você está recusando ir para um lugar em que ficará segura?

─ Não sairemos vivos dessa senhora, todos nós cedo ou tarde viraremos um deles, quero pelo menos morrer com a sensação que fui útil, e não uma covarde que se escondeu enquanto outros morriam. E se for pra arriscar minha vida atrás de uma cura como vocês estão dizendo que estão indo atrás, eu estou disposta.

Aquilo em pareceu sincero, e até reconfortante. Confirmei com a cabeça e ela agradeceu.

Agora do meus estava em dúvida sobre quem iria, chamei-os em uma roda.

─ Capitã, quem de nós irá voltar? – Marcus pergunta um pouco apreensivo.

─ Desde ontem estive calculando quem seria apropriado para essa segunda missão e cheguei a duas pessoas. Soldado Milena e tenente Dylan vocês retornarão. Tenente você estará no comando dessa missão.

Os dois confirmam com a cabeça e despeço o restante e repasso todas as recomendações para eles. Soldado Milena parece meio receosa, mas já vi sua capacidade de controle em situações decisivas, será um pé no chão para o tenente Dylan que é mais impulsivo.

Algumas horas depois todos estão prontos, eles partem rumo ao acampamento. E no fundo do meu coração desejo que todos cheguem sãos e salvos. Mas no fundo também sei que isso é quase utópico. Mas sendo egoísta ou não, torço para que não seja nenhum dos meus.


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