Atro Cataclisma escrita por EvellySouza, NatyKatarynna


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, espero que gostem.



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  Itacoatiara fica cerca de 270 quilômetros de Manaus. Nas condições que estávamos, 12 horas de viagem no máximo. E precisávamos de apenas 15 km para chegar nela.

  Isso era o que sabíamos antes de subirmos apressadamente no jipe e fugirmos a toda velocidade em busca de refúgio.

A folhagem que cobria a pequena trilha pela qual passamos fazia parecer que estávamos flutuando. Os gritos e gemidos dos transformados ficavam cada vez mais audíveis, indicação de que a cidade se aproximava.

Uma estrada a uns 200 metros foi avistada, todos se colocam a postos dentro do jipe. Dei uma última inspecionada no meu fiel companheiro – um rifle M4A1 – e me coloquei a postos com o dedo no gatilho, preparada para o tiroteio eminente.

50 metros, mais gritos.

10 metros, já era possível ver os primeiros.

— AGORA!

E os tiros começaram.

A ordem era acertar o alvo, não estávamos em posição de perder balas por erros desnecessários.

O jipe não para, a velocidade aumenta assim que entramos de fato na cidade.

Gritos e urros se misturavam com os sons dos tiros e das balas destruindo os alvos, me deixando em um estado de êxtase.

— Capitã, tem aquela escola mais na frente, acho que dá para gente parar lá. – tenente Dylan grita.

Analiso rapidamente o local do qual ele falava. 10 metros até chegar lá muitos transformados se acumulavam à volta do portão que provavelmente daria para os estacionamentos.

— Tenente Dylan é possível arrombar o portão com o jipe? – perguntei ainda mantendo o dedo no gatinho e atirando em alguns transformados que estão à nossa frente.

Em resposta, apenas um solavanco, estávamos dentro.

Saltei do jipe atirando compulsivamente nos que tentavam entrar pelos portões agora abertos. O jipe apenas amassou parte do portão e quebrou a corrente.

Me aproximei para certificar que dava de fechá-lo, e por sorte sim. Não vai iria segurar por muito tempo, mais vai ser o suficiente para poder conversar com calma sobre o nosso estado.

Nos reagrupamos após alguns minutos.

̶ Esta cidade não tem estrutura de saneamento básico. – dou um tempo para que todos possam digerir a informação. – Alguns meses antes disso tudo começar, ela havia entrado para o plano estadual de inclusão, porém, obviamente não deu de concluir o projeto. Então não já esgoto. Teremos que seguir adiante. Hoje mesmo.

— Não acho nem que devíamos estar parados aqui. – Dylan comenta dando de ombros e se afastando um pouco do grupo.

Desvio o olhar por alguns segundos para encarar o olhar azulado de Joseph.

Ele estava esgotado, silenciosamente, seus olhos pediam-me ajuda. E se não fosse por esses olhos, eu também concordaria com Tenente Dylan.

— Descansem! Vocês têm apenas algumas horas até sairmos. – todos saem, exceto Dylan.

— Capitã, trabalhamos por várias vezes juntos em missões, inclusive diversas delas lideradas pela senhora. Nunca questionei sua liderança, e jamais pensei que um dia faria isso, até por que cultivo uma grande admiração pela militar que a senhora é. Porém desde que saímos, suas atitudes não têm tido solidez. – ele dá uma pausa, provavelmente esperando um retaliação, mas estou imóvel. – Em todas as vezes que trabalhamos a senhora sempre pegou no nosso pé, dizendo que nós militares éramos ‘sobre-humanos’. E já perdi as contas de quantas vezes já paramos para descansar. Sei que estamos dentro do prazo, mas pessoas no acampamento estão morrendo! – sua voz aumenta levemente, mas ainda estou sem palavras. – Desculpa, mas não consigo descansar enquanto pessoas morrem. Tenho plena certeza de que teremos muito tempo para depois que chegarmos dessa missão e estivermos com nossas famílias.

Ele parece ter terminado, mas continuo o encarando. Um turbilhão de coisas está implodindo dentro da minha mente agora.

— Eu confio em sua liderança, senhora. – ele diz com a voz um pouco carregada de... tristeza..? – E quero continuar lhe admirando. Então... só peço que avalie melhor suas ações. Muitas vidas dependem de nós agora. Tenho um sobrinho e uma irmã que dependem inteiramente de mim.— ele diz essas últimas palavras quase em um sussurro.

“Levarei em conta suas preocupações, Tenente Dylan.” – é a única coisa que consigo dizer antes de dá as costas e sair.

Há dias vinha tendo crises de consciência, para ser sincera, desde que cogitei toda essa farsa.

E cada vez isso me fazia se sentir pior.

A real é que eu estava sendo egoísta. Jogando toda minha carreira marcada por ações íntegras e pensada em pró do coletivo por água a abaixo junto com meu caráter.

Não devia ser minha felicidade a estar em jogo, e sim aqueles milhares de pessoas no meu acampamento necessitando de ajuda. E naquele exato momento só essa equipe, minha equipe, poderia proporcionar.

Joseph concordaria com qualquer que fosse minha decisão, eu sei disso. Mas só de pensar nele, e no que aconteceria se fosse descoberto que ele estava infectado, já arrancava parte da minha coragem de acabar com tudo isso.

Cheguei próximo ao local onde ele estava deitado, o sorriso aberto e sofrido me esperava.

̶  Mas uma barra aí com Dylan?

̶ Nem imagina. ­ digo ao me jogar no chão ao seu lado. ­ Não sei quando perdi o controle de tudo. ̶ Não é sempre... que a gente consegue... controlar tudo, amor ­ ele diz em meio a uma crise tosse.

­ — E quanto a você? Como está se sentindo?

­ — Camilly, não mude de assunto. ­ ele pega na minha mão com certo receio. ­ Não faça isso, eu sei que você está enfrentando uma barra com toda essa situação, não precisa tentar aliviar as coisas para mim, amor. Eu dou conta. Vá lá, me fale. O que tem te atormentado tanto? ­ seu olhar é tão sincero e estou tão cansada disso tudo tumultuando minha mente que acabo por falar.

­ — Amor, não suporto mas questionar meu caráter e minha liderança. Eu te ao muito e vou continuar te protegendo sempre. Mas acredito que eu deveria contar para eles pelo menos parte do que está acontecendo e tentar convencê­los a ajudar. Aos invés de perder a confiança deles quando tudo vier a tona. ­ eu digo, e parece que o peso sai das minhas costas.

Ele não responde de imediato, apenas me analisa. Provavelmente foram apenas alguns poucos segundos, mas para mim pareceram longos minutos.

­ — Você está preparada para qualquer tipo de reação deles? ­ ele pergunta. Era uma pergunta básica de sim ou não, mas por incrível que pareça, eu não tinha nenhuma das duas.

­ — Amor, independentemente do que você escolher, estou com você. Saiba que irei te apoiar e estarei contigo seja qual for nosso calvário depois disso. Mas quero que essa seja uma escolha unicamente sua. É sua equipe, é sua missão. Você é a capitã, então seja qual for sua decisão, estou dentro. ­ ele sorri, e posso sentir o quão verdadeiras aquelas palavras são.

Joseph tinha o dom de clarear minhas ideias, muitas vezes com um olhar, com as palavras certas, com um sorriso. Ele sempre sabia o que me dizer, para que conseguisse extrair o melhor de mim. E naquele momento a certeza que eu tinha é que precisava passar a real para minha equipe. Buscar a confiança deles, e isso seria feito antes de sairmos daqui. Reunirei to...

­ — CAPITAAAÃ? — Gabriel corre ao meu encontro. Me levanto imediatamente já andando eu sua direção. ­ Escutamos o choro de uma criança vindo da residência atrás dos muros da escola.        


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