Sacrifício Perfeito escrita por Lena Souza


Capítulo 2
A Aposta




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Primeiro Capítulo

A Aposta

“As escolhas podem ser boas ou ruins, mas sempre serão simples escolhas, o que importa são as consequências.”

Agosto de 1972

Mansão Potter

Eu não podia acreditar que já estava chegando o dia de ir para o meu segundo ano em Hogwarts. Parece que foi ontem que havia recebido minha primeira carta para ingressar na maior escola de magia e bruxaria que existe.

Falta só uma semana, pensei enquanto terminava de arrumar meu malão. Seria muito cedo para arruma-lo se eu não tivesse que passar o resto das minhas férias na casa dos meus padrinhos, já que meus pais terão de fazer uma viajem pelo Ministério da Magia.

Dei mais uma olhada em torno do meu quarto para ver se não havia esquecido nada de importante. Com as paredes em tom de vermelho e dourado, posso dizer que é o quarto de uma verdadeira grifinória. A imagem de um enorme leão enfeitava a parede ao lado de minha cama, e vários desenhos de fogos de artifício enfeitavam as outras três.

Demorei um tempo até conseguir desenhar todos eles, mas valeu a pena pelo resultado que ficou.

Uma penteadeira branca estava ao lado da janela e nela estava minha pulseira da sorte, uma correntinha fina de prata com um pingente de gota com a letra P no centro. Ganhei ela assim que nasci e nunca mais deixei de usar. Fui até ela e a coloquei em meu pulso esquerdo antes que acabasse a esquecendo pela primeira vez.

Depois de tudo pronto, peguei Caramelo no colo, meu gatinho de pelo dourado como o próprio caramelo e de grandes olhos negros, e desci às escadas da mansão Potter arrastado meu malão logo atrás. Quase rolei escada abaixo quando alguém passou correndo por mim, me dando um empurrão para o lado.

— James! - gritei furiosa quando consegui me equilibrar sem derrubar o malão e, principalmente, Caramelo.

Meu irmão gêmeo só alargou o sorriso que estava estampado em seu rosto e seguiu em direção à cozinha sem dizer nada.

Soltando um suspiro de frustração e murmurando maldições para até a décima sétima geração de James, deixei o malão ao lado da lareira e também rumei para a cozinha. Lá, encontrava-se sentado a cabeceira da mesa, Fleamond Potter, auror aposentado que agora dava palestras para futuros novos aurores. Mesmo com a idade se sessenta e poucos anos, meu pai ainda era um homem muito bonito. Com os cabelos negros já quase todos grisalhos e os olhos castanho-esverdeados brilhantes, era a cópia mais velha do meu irmão. É um bom homem e um bom pai.

Mamãe se encontrava em frente ao fogão preparando nosso café da manhã. Mesmo que tivéssemos um elfo doméstico, Euphemia Potter sempre adorou preparar o nosso último café em casa, como era o caso de hoje. Com os cabelos castanhos escuros com algumas mechas já brancas presos em um coque, os olhos de um lindo tom de azul celeste e um sorriso calmo nos lábios finos, não a faziam aparentar ter a idade que tinha que era sessenta e poucos anos também.

Ela era uma verdadeira guerreira. Sempre tivera o sonho de engravidar, mas por algum motivo nunca havia conseguido e, mais de doze anos atrás, com a idade já avançada para uma gravidez, conseguiu realizar seu maior sonho. E vieram dois ainda por cima.

— Bom dia, pai! - disse dando-lhe um beijo estalado na bochecha, e caminhando até minha mãe fiz o mesmo - Bom dia, mãe!

— Bom dia, querida! - responderam os dois ao mesmo tempo.

Sentei-me a frente de James e comecei a tomar meu desjejum, que consistia em duas torradas com geleia e um copo de suco de abóbora.

— Bom dia, Jay!

— Dia! - falou ele sem ao menos levantar a cabeça para me olhar. Não pude deixar de me entristecer com isso.

Já faz um tempo que minha relação com James não é mais a mesma.

Às vezes parece que nem somos mais irmãos.

Desde que entramos em Hogwarts nós nos afastamos. Era sempre só nós dois e às vezes nosso primo, e as novas amizades que a escola nos proporcionou fez com que fizéssemos escolhas diferentes.

E o fato de que minhas amigas não se dão bem com os amigos dele também ajudou.

Eu não queria que isso tivesse acontecido, e cada vez mais sinto falta do meu irmão gêmeo.

Pensei que em casa as coisas seriam melhores, mas me enganei. A lealdade dele está com os amigos agora.

Se eles não pegassem tanto no meu pé e não me pregassem tantas pegadinhas, talvez até tivéssemos nos tornados amigos.

— Seu malão já está arrumado, Kim? - perguntou minha mãe me tirando dos meus pensamentos e, só assim, percebi que encarava o Jay. Somente assenti e terminei de tomar meu suco. - E você, James?

— Sim, mãe. - disse ele.

— Ótimo então. Vamos indo logo que daqui a pouco tenho que ir ao ministério terminar de organizar alguns papéis. - falou papai se levantando e indo em direção à lareira. - Não preciso repetir que não é para irritar sua tia, sim? Ela não está muito bem de saúde, e só os deixaremos lá porque essa viagem é realmente importante e sua mãe precisa vir comigo.

— Tudo bem, papai. - respondemos juntos.

Fui a primeira a entrar na lareira com Caramelo e com um pouco de pó de flú nas mãos gritei:

— Mansão Black-Potter!

Mansão Black-Potter

A sala da mansão de Charlus Potter é bem diferente da nossa, pois Tia Dórea também era uma Black e os Black tinham um gosto mais rústicos para decoração. Enquanto em casa as cores predominantes eram às claras como o branco e o bege, aqui era o contrario. O marrom e o verde escuro mostravam claramente o gosto forte que minha madrinha tinha e, mesmo assim, era um dos lugares mais aconchegantes que já conheci.

Assim que sai toda cheia de fuligem da lareira, fui recebida por um forte abraço do meu primo que, mesmo sendo um ano maia novo, era alguns bons centímetros mais alto que eu.

— Prima! - gritou ele em meu ouvido.

Nathan Charlus Potter não aparentava ter feito onze anos a pouco tempo. Com seus cabelos negro feito o breu, os olhos castanho-esverdeados e um sorriso gigante no rosto, poderia se passar facilmente como irmão gêmeo de James em meu lugar. O que não é nenhuma novidade já que todos os homens Potter são a cara um do outro, somente as mulheres que não se parecem em nada.

— Animado pelo primeiro ano em Hogwarts, Nat? – perguntei mesmo já sabendo a resposta. Nathan não fala de outra coisa desde que recebeu sua carta há algumas semanas.

— Muito! – exclamou ele mais feliz que o normal, me arrastando para meu cômodo favorito da casa – Vem, mamãe está lá na biblioteca.

Deixei meu gatinho na sala mesmo e o segui.

Sem esperar pelos outros, ele me levou até uma mesa no canto da não tão pequena biblioteca da casa. Lá, uma mulher de no máximo quarenta anos se encontrava com um livro em uma mão e uma pena na outro, com a qual escrevia rapidamente em um pedaço de pergaminho. Longos cabelos castanhos escuros e olhos de um azul-acinzentado, não deixavam duvidas de que Tia Dórea era uma Black. Ao menos na aparência, pois na personalidade ela era uma completa Potter.

Por ser jornalista no Profeta Diário, minha madrinha vive sempre sob pressão e agora que descobriu estar gravida novamente acabou por ter sua saúde afetada. Teve de se afastar do trabalho, mas mesmo assim não deixa de escrever sempre que tem uma oportunidade.

— Kimberly, minha querida! Pensei que viriam só mais tarde. – disse minha tia quando percebeu minha presença ao seu lado, se levantando e me espremendo em um abraço.

— Oi, madrinha. Meu pai tem que ir ao Ministério, então achou melhor vir mais cedo.

Um barulho vindo da sala nos informou que todos já deviam ter chegado, e nos encaminhamos para lá. Tio Charlus também estava ali, apetando a mão de meu pai em cumprimento.

Uma cópia do meu pai melhor do que James era Tio Charlus. O mesmo cabelo negro, os mesmos olhos e o mesmo sorriso brincalhão que estava estampado em seus lábios. A única diferença é a idade, pois meu padrinho era mais novo.

— Oi, padrinho. – falei assim que me aproximei deles, logo o envolvendo em um abraço.

— Com esta, minha princesa? – perguntou ele me dando um beijo no topo da minha cabeça.

— Estou bem.

Enquanto os adultos se sentavam para conversar, meu primo, meu irmão e eu subimos para guardar nossas coisas nos quartos de hospedes. Entrei no que eu sempre ficava quando dormia ali, deixei meu malão ao pé da cama e estava prestes a sair quando Jay entrou em meu caminho.

— Vai aceitar ou não? – perguntou impaciente.

Gemi frustrada com a situação em que ele estava me colocando.

A mais ou menos duas semanas, James me propôs uma aposta. Eu deveria descer ao porão da casa dos nossos tios, lugar terminantemente proibido para nós, e ver o que tem lá em baixo e sair sem ser vista. Se eu conseguir, ele me prometeu que eles e seus amigos iriam parar com as pegadinhas que fazem comigo e me deixariam em paz. E ele nunca descumpriria uma promessa.

Não queria ter que desobedecer a uma ordem dos meus tios, e sei que irei me dar muito mal se aceitar participar dessa aposta. É um erro fazer isso.

Mas poderia ter ao menos um ano tranquilo dessa vez.

— Aceita. – disse Nathan aparecendo ao lado de James na porta.

Ele mais do que ninguém deveria não querer entrar lá e, talvez, se ele esteja tão calmo com relação a isso, eu posso sim conseguir.

— Ok. – respondi depois de um tempo em silêncio.

Descemos silenciosamente para não atrair a atenção dos quatro na sala e seguimos para um pequeno armário debaixo da escada. Ali havia um alçapão que levava ao porão e uma lamparina que meu primo logo tratou de acender.

Ainda temerosa pelo que estava para fazer, peguei a lamparina das mãos de Nathan e desci a escadinha hesitante em direção à escuridão do porão.

Assim que cheguei ao chão iluminei o máximo que pude com a luz e comecei a caminhar por entre as pilhas de objetos que tinham espalhadas pelo lugar, desde caixas com papeis até moveis antigos.

Estava para voltar quando algo chamou minha atenção. Uma pequena caixinha antiga que parecia ser feita de metal com varias pedras coloridas ao seu redor, brilhava sob a pouca luz daquele lugar.

Segurei-a em minhas mãos e a examinei. Desenhos em espirais enfeitavam toda a caixinha e  não possuía fechadura.

Quando a abri vi que tinha somente um objeto dentro dela. Uma espécie de colar que nunca havia visto antes. Na parte de dentro da tampa havia uma frase escrita: “O Tempo Te Levara Aonde Necessita Estar”.

Foi no momento em que o tirei da caixinha para examina-lo melhor que aconteceu.

Uma forte luz apareceu em frente meus olhos, fazendo com que eu os fechasse o melhor possível e uma imensa dor se alastrou pelo meu braço que se espalhou rapidamente por todo meu corpo.

Não sabia o que fazer e na tentativa de sair dali o mais rápido possível, tropecei em algo atrás de mim e cai com tudo, batendo a cabeça no chão duro e fazendo eu me entrega a completa escuridão.


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