Sacrifício Perfeito escrita por Lena Souza


Capítulo 3
Confusa




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Segundo Capítulo

Confusa

Porão da Mansão Potter

O cheiro de mofo e poeira foram às primeiras coisas que senti assim que abri meus olhos. Não conseguia ver nada por causa da escuridão que estava aquele lugar. Espirrei algumas vezes enquanto me levantava e sentia o pó subir coçando meu nariz.  Não havia percebido que o porão estava tão sujo quando entrei o que é estranho, pois Tia Dorea odeia sujeira. 

Caminhei com passos incertos e tateando os objetos que tinham ali para chegar ao alçapão que ia ao andar de cima, mas era quase que uma tarefa impossível fazer isso sem enxergar um palmo a minha frente. Vez ou outra tropeçava em alguma coisa e quase ia ao chão novamente.

Pensei em usar a varinha, que mesmo eu sendo menor de idade tinha adultos por perto o que confundiria na detecção de quem está usando magia, mas lembrei de tê-la deixada guardada em meu malão. 

Estava assustada pelo que havia acontecido, não conseguia achar uma explicação para aquilo. Ainda sentia meus olhos sensíveis por causa da forte luz e minha cabeça latejava por conta do tombo. Sabia que em algum momento iria me arrepender de ter descido, só não pensei que fosse ser tão cedo.

E não podia acreditar que nem James ou Nathan desceram para me ajudar. Eu sabia que havia feito um grande barulho, e ninguém ter descido é estranho. 

Pareceu que se passaram horas até finalmente encontrar o início da escada a qual me apressei a subir. As tábuas rangiam por conta do meu peso e, para meu espanto, uma delas quebrou afundando meu pé no vão abaixo. 

Isso não estava certo. A escada estava em perfeito estado quando desci, não poderia ter apodrecido em questão de minutos. 

Depois de muito esforço consegui retirar meu pé do buraco e terminei de subir com cuidado, empurrando com toda a minha força a portinha do alçapão que parecia estar sendo bloqueada. 

James e Nathan não estavam ali me esperando como prometeram, só havia ali a escuridão. 

Respirando com dificuldade o ar abafado daquele quartinho, corri em direção à porta e a abri já inventando uma boa desculpa para dar aos meus pais e tios. 

Mas não foi preciso explicar nada. 

Pois não havia ninguém ali. 

O que vi fez com que grossas lágrimas rolassem sem controle pelo meu rosto, e soluços irromperam pelos meus lábios de forma desesperada. 

A casa estava completamente destruída. Mesmo no escuro pude ver através das frestas de luz que vinham das janelas, os móveis todos revirados e quebrados, às paredes antes de um verde escuro, que pareciam terem sido pintadas em tons mais claros, agora estavam negros de fuligem. 

Sem acreditar no que meus olhos viam, subi desesperada às escadas em direção ao andar superior, somente para me deparar com mais destruição. Uma parte do teto havia vindo a baixo deixando um grande buraco que mostrava a imagem de um lindo amanhecer que não combinava em nada com a cena que estava presenciando. 

Meu peito estava apertado, não entendia o que poderia ter acontecido no pouco tempo em que estive lá em baixo. Então me lembrei da forte luz. 

— Será que é minha culpa? - perguntei para mim mesma em voz alta, que ecoou por toda a casa, só comprovando que estava sozinha ali. 

Abafei com a mão um grito de dor por pensar que isso era culpa minha e fiz o que toda garota assustada e amedrontada faria: eu corri. Corri em direção à porta da frente sem para olhar mais nada e a atravessei o mais rápido que pude, só para me espantar ainda mais com a visão do lado de fora. 

O quintal que era sempre bem cuidado estava com a grama a mais de um metro de altura, e a casa que sempre fora considerada a mais bela de Godric's Hollow, estava tomada por uma camada densa e escura de hera, que envolvia toda a estrutura da casa e só deixava de fora o grande buraco de destruição na parte superior direita do lugar. 

Dizer que estava horrorizada seria pouco, eu estava ainda mais destruída do que a residência a minha frente. 

Quando coloquei às mãos no portão de entrada, palavras em dourado apareceram gravadas em uma plaquinha de madeira ao seu lado, que somente me confundiu e aterrorizou mais. 

Neste lugar, na noite de 31 de Outubro de 1981, 
Lily e James Potter perderam suas vidas. 
O seu filho, Harry, continua sendo o único bruxo 
que sobreviveu à maldição da morte. 
Esta casa, invisível para os trouxas, foi deixada
em ruínas como monumento aos Potters 
lembrando também da violência 
que assolou esta família.

Lily e James Potter?

Mortos?

Filho?

O que estava acontecendo? Nada disso faz sentido.

Antes que eu entrasse em estado de choque pela situação em que me encontrava, uma mão calorosa segurou meu ombro esquerdo, me fazendo virar e encarar os olhos azuis cobertos por um óculos meia-lua. A enorme barba branca estava, por incrível que pareça maior do que antes.

— Professor Dumbledore! – murmurei em meio a minha confusão interna.

— Devo confessar que estou realmente surpreso com sua aparição, Srtª Poter. – comentou calmamente o senhor a minha frente, que me olhava com grande curiosidade – Creio que teremos então muito que conversar.

— O que esta acontecendo, Professor? Por que a casa esta daquele jeito?  Cadê minha família? – perguntei desesperada por uma resposta que acabasse com a dor que estava sentindo em meu peito.

— Irei responder a todas as suas perguntas, minha cara. Mas primeiro temos que sair daqui, não é um bom lugar para esse tipo de conversa. – respondeu me arrastando pelo braço para longe dali.

Lagrimas ainda escorriam pelo meu rosto quando viramos a esquina em um beco e sem que eu pudesse olhar mais uma vez o estado da casa de meus tios, senti uma fisgada em meu estomago e tudo se tornou um borrão.

Hogsmead

Tudo entrou em foco novamente e por pouco não coloco pra fora o meu café da manha, tamanho o enjoo que sentia.

Eu não conhecia o lugar em que estávamos, mas tinha uma ideia de onde era. A loja de logros Zonko’s, a Dedosdemel, o Três Vassouras. Com toda certeza era Hogsmead. Nunca havia vindo aqui e entendo porque os alunos adoram esse lugar. Ele é incrível. 

Começamos a andar e somente minutos depois que fui reparar que estávamos indo em direção a Hogwarts. 

Quando chegamos aos portões da escola, encontramos o zelador Filch e sua gata estranha nos esperando, e para me deixar ainda mais nervosa, os dois estavam velhos. 

Esta tudo tão confuso. 

Hogwarts

O castelo estava vazio naquele momento, o que é compreensível já que as aulas ainda não haviam começado, mas com tudo que tem acontecido não estranharia se visse alunos espalhados pelo terreno. 

— Diretor? - chamou uma voz grossa de um dos corredores do enorme castelo. 

Assim que nos viramos pude reparar em quem era e não sei quem ficou mais chocado, eu ou Severo Snape. 

Cabelos negros oleosos, olhos escuros como a noite e de pele clara, Severo não estava tão diferente da última vez que o vi. 

Tirando o fato que ele deveria ter uns vinte anos a mais do que antes. 

— Mas o que..? - murmurou incrédulo. Ele me olhava como se estivesse vendo um fantasma - Isso é impossível! 

— Pelo o que vemos não é, Severo. - anunciou Dumbledore tranquilo. 

— E como isso aconteceu? - perguntou apontando o dedo ossudo para mim. 

— É o que vamos descobri. Gostaria de se juntar a nós? Ótimo! Poderia chamar Minerva para mim? Obrigado. - o diretor nem ao menos esperou que Snape respondesse qualquer uma das suas perguntas e continuou a me arrastar até seu escritório no sétimo andar.

Essa é a primeira vez em que vou à sala do diretor, então quando atravessamos as portas do escritório, depois te termos passado pela gárgula e o guarda, não deixei de me surpreender com o lugar. Ou melhor, com a fênix que ali se encontrava. Nunca havia visto uma e fiquei maravilhada, mesmo com toda a estranha situação em que estava.

— Sente-se, Srtª Potter. – disse o Professor indicando uma das cadeiras em frente sua mesa e logo tratei de sentar. Sentia minhas pernas moles e sabia que a qualquer momento iria ao chão – Só iremos esperar por Minerva e Severo e lhe explicarei o que for possível. - mal terminou de falar e a porta foi aberta, e por ela entraram os dois professores mencionados.

Assim que a Professora McGonagall olhou para mim, seu olhar foi de total perplexo.  Estava atônica e maravilhada ao mesmo tempo.

— Esta viva! – exclamou ela mais branca que leite. Nunca havia visto ela assim, ninguém eu acho.

— Como? – perguntei confusa, olhando de um para o outro.

— Antes de tudo, poderia nos dizer como foi para naquela casa em Godric’s Hollow? – indagou o diretor.

— É a casa dos meus tios, ia passar o resto das férias lá. – expliquei me lembrando de horas atrás. As lagrimas voltaram junto das cenas que vi momentos antes – Mas algo aconteceu.

— O que aconteceu? – perguntou McGonagall sentando ao meu lado e segurando minhas mãos.

— Eu estava no porão, por causa de uma aposta com meu irmão. – confessei sem me importar com o que iam dizer sobre isso, eu só queria respostas – Eu encontrei uma caixinha e a abri. Dentro tinha um colar estranho e quando encostei nele uma luz forte apareceu e senti muita dor. Acabei caindo e desmaiando, quando acordei já estava tudo daquele jeito. Foi minha culpa o que aconteceu com a casa dos meus tios? – nesse momento já estava tremendo de medo da resposta.

Vi em meio às lágrimas os três trocarem um olhar que não compreendi.
— Não foi sua culpa, querida. - começou a dizer a mulher a minha frente - Isso aconteceu a muito tempo atrás, mas não foi por sua causa.

— Muito tempo atrás? - perdida era como estava me sentindo naquele momento, não entendia o que ela queria dizer - Como assim?

— Kimberly. - chamou-me Dumbledore em tom sério - Nós estamos em 1992.


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