Amor nos Tempos da HYDRA escrita por DrixySB


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

O Doctor tem um momento a sós com Jemma.



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— Saia do carro – a ordem foi clara e expressa com a autoridade e rispidez que lhe eram inatas. Mas Jemma permanecia tão confusa e assustada após a cena que acabara de se desenrolar dentro do veículo, que mal compreendeu as palavras ditas por Fitz.

Ele revirou os olhos, impaciente.

— Eu não tenho o dia todo, senhorita Simmons.

Jemma tornou o rosto em sua direção, bruscamente. Era a primeira vez que ele se dirigia a ela com tamanha cortesia. Consequentemente, seus olhares se cruzaram e ambos se viram surpreendidos pelo arroubo que aquela simples mirada lhes causou. Foi como se algo tão forte e intenso que eles nem conseguiriam mensurar, os envolvesse por completo. Exatamente como naquele dia em que Fitz matara Agnes...

A lembrança daquele momento traumático trouxe Simmons de volta à realidade e ela desviou o olhar. Fitz engoliu em seco antes de falar novamente.

— Você poderia, por favor, sair do carro?

A cada instante que passava, ela ficava mais e mais tensa e atordoada. Não era do feitio do Doctor falar com tamanha gentileza. Ele mandava, ordenava, exigia... No entanto, estava sendo extremamente polido com ela. Não lhe restava outra alternativa, a não ser abandonar o veículo.

O motorista permanecia segurando a porta para que ela descesse. E seu semblante denunciava que estava tão admirado quanto ela.

Uma vez fora do carro, Fitz proferiu uma nova ordem ao condutor.

— Vá e não retorne até que eu o solicite.

— Sim, senhor... – ele fez uma pausa e então indagou – e quanto a eles?

Fitz lançou um olhar de desprezo aos seguranças, ainda desacordados.

— Leve-os de volta – respondeu de maneira despreocupada – eu me entendo com eles depois – completou, dando as costas ao motorista e caminhando rumo à entrada do edifício. Ele posicionou a mão direita entre as omoplatas de Jemma, guiando-a para dentro do prédio. O toque fez com que ela se retesasse, mas não discutiu, nem apresentou resistência. Apenas moveu-se na direção em que ele a conduzia.

*

Ele cerrou a porta assim que adentraram o ambiente. O ruído soou como um estrondo aos ouvidos de Jemma, a alarmando. Mas era apenas porque estava assustada e zonza com tudo o que havia acontecido desde que os seguranças de Fitz a surpreenderam bisbilhotando pelos arredores do Triskelion.

Fitz jogou a chave sobre a superfície de vidro de uma mesa de canto. Novamente, o estalido fez com que Jemma se sobressaltasse. Ele a avaliou por um instante, curioso. Um sorriso debochado curvou um dos cantos de seus lábios.

— Você parece um gato arredio e arisco – zombou, dando passos determinados na direção dela, tencionando se aproximar, mas Jemma caminhou para trás, esquivando-se. A reação não surpreendeu Fitz – eu não vou te machucar – ele assegurou, espalmando as mãos para frente, indicando que não oferecia ameaça ou perigo.

Simmons olhou ao seu redor, ainda buscando explicações. Não conseguia compreender as razões de Fitz a ter levado para um... Apartamento, situado no centro da cidade, mas a uma distância razoável do Triskellion. Era altamente sofisticado, elegante, opulento.

— Sente-se – ele falou.

— É uma ordem? – perguntou ela, surpreendendo-se ao ouvir sua própria voz. Ela havia permanecido calada até então, travando uma luta consigo mesma. Uma voz em seu interior dizia para reagir, mas a inércia a dominava.

— Não. Não é uma ordem. Encare como uma sugestão.

— Estou bem assim, obrigada – ela cruzou os braços em frente ao corpo, o semblante austero.

Fitz fez pouco caso da expressão no rosto dela e virou-se, caminhando até um bar no canto da sala, despejando o líquido de uma garrafa de aspecto caríssimo dentro de um copo de cristal.

— Aceita? – Ele ergueu o copo de modo a adentrar o campo de visão da bioquímica.

— Não, obrigada! – a resposta foi seca. Estava claro em seu olhar e seu tom de voz que ela já estava perdendo a paciência – Por que me trouxe para cá? – inquiriu com uma entonação grave e enérgica.

— Eu precisava conversar com você – respondeu, indiferente e sem olhar para ela – a sós.

— Sobre...?

Ele respirou fundo, olhando ao seu redor como se buscasse uma resposta na requintada arquitetura ou na ostentosa decoração de seu apartamento.

— Não sei bem por onde começar.

— Então tente pelo começo – tornou, ríspida.

Um novo sorriso crispou os lábios dele, o olhar fixo no dela. Jemma sentiu-se novamente intimidada.

— Código 4? – sua voz falhou ao perguntar e ela odiou a si mesma por manifestar seu temor. Fitz, no entanto, não pareceu notar. Ou simplesmente não se importou.

— Eu tenho... Alguns apartamentos. Para evitar dizer o endereço completo, arrumei uma forma abreviada de me referir a eles – explicou antes de tomar um gole de sua bebida.

Ela sacudiu a cabeça, indignada. Ao ouvi-lo mencionar código 4 com tanta autoridade e frieza dentro do carro,  poderia jurar que se tratava de algum lugar aterrador no qual ela seria vítima de uma série de instrumentos e técnicas de tortura medieval. Não de um simples capricho de um rico esnobe que não se cansava de encher os bolsos de gigantes do mercado imobiliário. Cerrou os olhos pensando no ponto a que haviam chegado...

— Portanto, seus seguranças sabem que está aqui.

— Sim – disse, casualmente – eu venho pra cá quando quero relaxar.

Simmons franziu a testa, ainda sem conseguir compreender aonde ele queria chegar.

— E eles sabem que me trouxe aqui.

Ele meneou a cabeça, assentindo.

— Isso significa que eles podem contar para alguém...

— Se está preocupada com Ophelia, não há motivos. Tranquilize-se. Meus seguranças têm ordens expressas de jamais comentar com ninguém o que falam comigo, a não ser que eu os autorize. Tudo o que conversamos, por mais trivial que seja, é confidencial. Do contrário...

— Você os mata...

— Não. Não sou eu quem os mata – ele suspirou, fazendo uma breve pausa antes de prosseguir – alguém é encarregado de cortar suas gargantas.

O rosto de Jemma empalideceu e suas pupilas se dilataram mediante aquela informação. Não se tratava de uma surpresa, contudo, não pode evitar a perplexidade diante da forma natural como ele colocava.

— Por ordens suas – não foi uma pergunta. Fitz apenas assentiu, sem dizer uma palavra. Ela levou uma mão ao rosto, horrorizada.

— Você desaprova...

Uma risada, desprovida de humor, desprendeu-se da garganta de Jemma ante aquela brilhante constatação a que Fitz havia chegado.

— Eu não posso acreditar – ela tornou a falar, mais consigo mesmo do que com ele – lhe parece correto fazer isso? Tirar a vida das pessoas? É normal para você, matar? – seu tom de voz se elevou consideravelmente.

— Sempre pareceu – respondeu, sem pudores ou constrangimento. Jemma fechou novamente os olhos ao sentir que lágrimas traiçoeiras ameaçavam inundar suas pálpebras e despejarem-se pelo seu rosto – até você aparecer – Fitz completou em uma voz baixa, quase um sussurro.

Ela tornou a abrir os olhos e o encarou fixamente, um ligeiro ar de assombro tomando conta de seu semblante. Havia confusão estampada no rosto do homem diante de si. Ele a sondava compenetrado, como se a estudasse, como se procurasse respostas para todas as suas dúvidas nos olhos dela.

— Eu não entendo... – ela disse, enfim, após um longo instante de silêncio em que as palavras simplesmente lhe fugiram.

Fitz depositou seu copo já quase vazio sobre um aparador e caminhou na direção dela. Jemma não se esquivou desta vez. Não deu um passo sequer para trás. Nem sentiu medo de que ele a machucasse. Agora ele estava bem próximo. Havia pouca distância entre seus rostos. Seus olhares repletos de dúvidas e questionamentos.

— Eu também não – ele murmurou – eu espero que você me ajude a entender.

— Eu estou tão confusa – rebateu ela, erguendo os ombros – não sei se poderia...

— Jemma...

Ela se espantou ao ouvir seu nome escapar dos lábios dele daquela maneira, como se Fitz soubesse exatamente de quem ela se tratava. O ar pareceu tornar-se rarefeito de repente.

— Eu estou tão confuso quanto você. Mas acho que isso pode acabar aqui e agora.

Ainda em choque, Jemma nada disse, esperando que ele elucidasse a situação para ela.

— Creio que você tem respostas para as minhas perguntas. E eu para as suas.


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Notas finais do capítulo

Mais esclarecimentos no próximo.



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