Amor nos Tempos da HYDRA escrita por DrixySB


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Jemma relembra e questiona a natureza de suas ações na tentativa de resgatar Fitz daquele 'falsa realidade'.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/735478/chapter/1

O barulho da torrente de água despejando-se do chuveiro no cômodo ao lado penetrou seus ouvidos no mesmo momento em que uma série de dúvidas assaltou a sua mente. Jemma apertou os olhos pensando em suas últimas ações. Quem poderia julgar se seus atos eram certos ou errados? Pareciam errados quando analisados sob uma perspectiva moral. Em contrapartida, aquele mundo não era real. Era apenas um amontoado de códigos, um simulacro da realidade, um mundo artificial... Ela relanceou o olhar para a parede ao lado da cama. Por trás daquele maciço de alvenaria, um homem apreciava seu banho. Ele se parecia muito com o homem que ela amava no mundo real... No entanto, era tão diferente dele em diversos aspectos...

Dentre todas os cursos possíveis que Jemma considerara que aquele recorte de sua história com Fitz pudesse seguir naquela pseudo-realidade, este jamais lhe passou pela cabeça

*

Você é um tolo apaixonado tentando fazer um grande gesto.

Esta frase ecoava constantemente em sua cabeça e quase fazia Jemma vacilar em sua decisão. Ela mesma tinha dito isso há mais de um ano a Lincoln quando ele estava disposto a arriscar a vida por Daisy, na época, possuída por Hive.

Daisy... Ela quase conseguia ver a amiga diante de si, sacudindo a cabeça, com ares de reprovação e criticando sua tenacidade e imprudência.

Agora era Jemma quem estava se arriscando para salvar Fitz. Sendo uma tola apaixonada disposta a fazer um grande gesto para salvar aquele que amava. Tinha apenas uma ICER e uma arma consigo, acaso precisasse. Estava sozinha, sem auxílio, sem reforços.

Jemma e Daisy tinham de correr contra o tempo para libertar seus amigos daquela prisão mental apelidada de Framework, desenvolvida pela mente insana de Radcliff e aperfeiçoada por Aida. Elas já haviam conseguido reunir Coulson, May e Mack na base subterrânea que abrigava a resistência da SHIELD. E, exceto pelo primeiro, a única preocupação concernente aos outros dois era tentar convencê-los de que aquela não era a sua realidade; que eles estavam em um mundo fake. O que não seria nada fácil.

Mas Fitz... Tratava-se de um tópico mais delicado...

No Framework ele era simplesmente uma das cabeças da Hydra, algo impensável no mundo real. Era leal à ideologia sórdida, sádica e cruel daquela organização nazista. Era capaz de matar a sangue frio e extremamente íntimo de Aida... Madame Hydra, qualquer que fosse seu nome naquela realidade virtual. As lágrimas ameaçavam turvar sua vista sempre que ela pensava nisso, no que o Doctor Fitz deste mundo era capaz. Ele não era nada como o brilhante, desajeitado e heroico Fitz que ela amava... Fitz jamais mataria uma mulher inocente com um tiro no peito como o Doctor foi capaz de matar Agnes bem diante de seus olhos.

Jemma espantou esse pensamento de sua cabeça. Aquele não era seu Fitz. Ele estava sendo manipulado, mentalmente controlado por Aida. E ela precisava salvá-lo, tirá-lo dali, devolvê-lo ao mundo real. Jemma não queria nem pensar em como ele lidaria com as cruéis atitudes que tomara quando, enfim, despertasse para a realidade e confrontasse as duas linhas de sua vida, os distintos caminhos que tomara nos dois universos.

Uma coisa de cada vez...

Portanto, lá estava ela, a uma distância considerável do Triskelion, observando com binóculos, escondendo-se atrás de muretas e veículos estacionados por perto, disposta a tentar uma abordagem.

Não era, nem de longe, das mais fáceis missões. Fitz estava sempre cercado de guarda-costas. Entrava e saía do prédio a passos largos, rodeado de capangas que o acompanhavam de dentro da sede da HYDRA para sua limousine.

Jemma suspirava, pensando que talvez Daisy estivesse certa. Talvez fosse melhor levar Coulson, May e Mack em segurança de volta ao mundo real e depois retornar para buscar Fitz. Mas ela temia o que podia acontecer nesse meio tempo. Eles já haviam perdido Mace. Não podiam arriscar perder mais ninguém da equipe...

Daisy estivera sob o domínio da HYDRA, torturada por ordens do próprio Fitz. Era algo inconcebível... A inumana conseguiu escapar devido a e improvável ajuda de Melinda May que, inesperadamente, se voltou contra a subversiva organização da qual fazia parte, trazendo esperanças à Jemma de que o mesmo pudesse acontecer com Fitz. Entretanto, até onde ela sabia, ao fugirem, Daisy utilizou seus poderes contra Madame Hydra, a arremessando pela janela do prédio ao emitir suas poderosas ondas de vibração e, provavelmente, fraturando sua espinha dorsal.

E era por isso que Fitz parecia tão nervoso, indo e vindo diversas vezes nas últimas duas horas.

Wow! Jemma pensou consigo. Já fazia duas horas que ela o espionava, tentando encontrar uma brecha na segurança de Fitz para abordá-lo. Ela ainda não havia pensado direito em como faria isso... Se usaria sua ICER contra ele, ou tentaria uma abordagem mais sutil. Talvez se ela chegasse perto o suficiente e ele olhasse dentro de seus olhos, ele poderia se lembrar...

Foi quando ela avistou Alistair, o pai de Fitz. Ele acabara de saltar de um imponente carro e marchava, determinado, ladeado por dois guarda-costas em direção à entrada do Triskelion. Jemma pensou em ir atrás dele e usá-lo como isca para atrair Fitz. Não parecia uma má ideia... Então, o barulho do gatilho sendo destravado logo atrás de sua cabeça a fez congelar.

— Vire-se com as mãos para cima!

Jemma engoliu em seco, largando o binóculo em um lugar qualquer e virando-se gradativamente, com os braços para o alto, até se ver diante de um revólver que apontava em sua direção.

O homem, com um sorriso cínico e um olhar ácido a encarou por um momento, antes de falar.

— Parece que a capturamos, Doctor.

Ela sentiu como se o ar lhe fosse roubado dos pulmões.

Junto de outro segurança, Fitz caminhou com passos lentos e determinados em sua direção. Jemma, ligeiramente agachada, o observou se aproximar. Com um semblante que denunciava sua frieza, ele cruzou os braços em frente ao corpo, baixando o olhar para encará-la. Em contrapartida, Jemma ergueu a cabeça, observando a silhueta de Fitz recortada contra a poderosa luz do sol que irradiava logo atrás dele. Ela mal podia distinguir os traços de cinismo em seu rosto.

— Uma caçada de dias... E a presa se entrega assim tão facilmente – ele disse, apático – não é surpreendente que a subversiva que tanto transtorno causou nos últimos dias esteja aqui, agora... Sozinha. Sem reforços de outros traidores?

Jemma nada falou. Limitou-se a fitá-lo, sem reação.

— Levante-se – ele ordenou.

A bioquímica, no entanto, parecia ter perdido momentaneamente o domínio sobre seus próprios movimentos, de modo que permaneceu exatamente onde e como estava, sem conseguir se mexer.

Fitz deu um meio sorriso cáustico antes de verbalizar uma nova ordem.

— Coloquem-na no carro.

— Senhor... Não seria melhor levá-la diretamente para dentro do prédio para que seja presa...?

— Faça o que estou mandando! – exclamou, elevando o tom de voz, o timbre seco e ríspido diante do guarda-costas que se atrevera a questionar suas ordens.

— Está bem, senhor – o outro respondeu com submissão e, sem nenhum cuidado ou paciência, agarrou o braço de Simmons com tanta força que a fez gemer de dor, guiando-lhe em direção à luxuosa limousine. Auxiliado por outro dos capangas de Fitz, ele a jogou dentro do veículo, e Jemma colidiu contra a superfície estofada do banco. Quase sem forças, ela ajeitou sua postura, sentando-se e tentando dar um jeito de organizar seus pensamentos, sabendo que era inútil resistir. Estava encurralada, não havia chances de escapar.

Fitz colocou a cabeça para dentro do carro, ainda sustentando aquele ar de sadismo e petulância  no rosto ao olhar para ela.

— Era mesmo necessário dois homens para colocar algo tão frágil e insignificante dentro do carro? – falou de maneira desdenhosa enquanto entrava e se sentava diante dela – entrem vocês dois!

Jemma engoliu sua mágoa e a dor lancinante que percorreu todo o seu ser ao ouvir as palavras que ele utilizara para se dirigir a ela. A bioquímica abaixou a cabeça. Doía demais olhar para Fitz. Para aquele Fitz...

Um dos guarda-costas fechou a porta do veículo.

— Para onde, senhor?

— Código 4 – respondeu, despreocupadamente.

O segurança pareceu ligeiramente confuso.

— Senhor...?

Fitz desviou o olhar de Jemma, girando a cabeça devagar na direção de seu guarda-costas, dirigindo-se a ele com sua habitual aspereza.

— É a segunda vez que não faz imediatamente o que eu mando e parece ter a intenção de questionar minhas ordens. Não vai haver uma próxima, entendido? – tornou, categórico e ameaçador.

O semblante do subalterno transformou-se devido à aflição e o temor. Através de um comunicador, informou ao motorista para onde eles deveriam seguir.

— Não acharia melhor que a amarrássemos, Doctor? – perguntou o outro segurança, sentado ao lado de Jemma.

— Ela não fará nada. Apenas tirem a arma e a ICER dela – ordenou, os braços cruzados em frente ao corpo em uma postura arrogante e autoritária.

Ele a perscrutou por um momento, fazendo a bioquímica se sentir intimidada.

— Pelo visto ela perdeu a capacidade de se mobilizar – ele tornou, com sarcasmo.

Jemma levantou a cabeça para encará-lo, enfim, encontrando em seu rosto um sorriso cruel e vil.

O guarda-costas tirou a arma e a ICER do cinto de Jemma, levantando seu casaco para tal. Ela não protestou, não mostrando sequer um traço de resistência.

Fitz estendeu a mão.

— Me dê!

Ele fez tal qual Fitz pediu, lhe entregando os dois itens. Fitz os examinou ligeiramente.

— Uma ICER roubada, logicamente, de homens incompetentes que não sabem fazer seu trabalho direito.

Então apontou a ICER na direção de Jemma. Ela estava pronta para perder a consciência, sem a menor ideia de para onde estava sendo levada, quando Fitz desviou a mira e, com uma agilidade impressionante, disparou contra seus guarda-costas, atingindo-os em sequência, um após o outro, em um intervalo mínimo de segundos.

Simmons suspendeu a respiração ao encarou os homens desacordados. Ela sentia as mãos úmidas, os músculos rijos, a nuca doía, uma tensão absoluta e opressiva parecia envolvê-la por inteiro. A voz de Fitz adentrou seus ouvidos, a sobressaltando, fazendo com que seus batimentos cardíacos se acelerassem ainda mais. Foi como um solavanco dentro do peito.

— Muito bem, Jemma Simmons – seu tom de voz era baixo, porém, resoluto – agora somos só nós dois.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É um desafio escrever esse Fitz tão diferente daquele pelo qual a Jemma e eu nos apaixonamos...

Espero que gostem de mais essa ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amor nos Tempos da HYDRA" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.