Obscuro escrita por Helena Lourenço


Capítulo 7
Capitulo VI - Bruxas


Notas iniciais do capítulo

;)



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Capitulo VI
     Bruxas

 

**Alec**

 

  Por fora, meu rosto não demonstrava nada – a presença dela não me afeta, lembrei a mim mesmo. Estampei o desinteresse quando dei mais uns passos para frente, para perto dela. Talvez eu estivesse enganado, ou apenas ela fingia muito bem, mas eu podia jurar que por trás do rosto em fúria, seus olhos demonstravam surpresa... E alivio.

  Mas sua voz era áspera ao pronunciar meu nome.

 Suspirei levemente entrando de vez na Aldeia. Era exatamente como a minha antiga Aldeia – casas de madeira foram construídas formando um circulo, deixando o centro para aparições publicas – ou para feitiços coletivos.

  Eu me lembrava de como uma Noite de Feitiço era – a luz da lua brilhava sobre o centro da Aldeia enquanto os mais velhos e o líder entoavam o feitiço. Estremeci, não era uma lembrança feliz.

   Anne fez um sinal com a mão e os homens que estavam com ela voltaram para o centro da Aldeia. Seu olhar encontrou com o meu e ela indicou que eu a seguisse. Pela minha visão periférica, podia ver as pessoas olhando, escondendo suas crianças como se eu fosse devorá-las. Podia ouvir os murmúrios de ódio direcionados a mim e ao que eu era.

  Bufei.

— Pensei que tivesse morrido naquela fogueira.

  Ela não se virou para me olhar quando falou. Sua voz já era mais suave, mas cuidadosa. Contudo, sua expressão corporal me indicava que ela estava alerta a qualquer coisa que eu fizesse. 

  — Pensei que a idade já tivesse corrompido sua pele e a terra devorado sua pele.

  Ela olhou severamente para mim, como se ainda tivesse o direito de me repreender. Ela suspirou e continuou andando. Revirei os olhos antes de segui-la até uma pequena cabana onde uma adolescente lia. A menina tinha cabelos ondulados e castanhos – parecia os cabelos de Renesmee quando criança – e vestia um vestido até a altura dos joelhos.

  Franzi a testa em confusão quando ela ergueu o rosto... E vi minha própria irmã Jane naquela menina.

— Julia, em hipótese nenhuma entre nessa casa até que eu e nosso... Convidados saiam.

A menina – Julia – olhou de Anne para mim e assentiu.

— Sim, mãe.

Mãe.

Paralisei todos os músculos do meu corpo e encarei aquela menina. Mãe. Ela chamara Anne, minha mãe, de mãe. Isso queria dizer que...

— Vamos, vampiro.

Pisquei antes de entrar atrás de Anne.

Mãe.

Mãe.

Mãe.

Ela tinha tido outro filho. Tido outro filho enquanto deixou seus primeiros serem queimados vivos em uma fogueira. Teve outro filhos enquanto gritávamos para que ela, ou qualquer um, nos tirasse dali. E agora ela fala comigo como se eu fosse um pedaço de lixo.

 Pelo menos eu não deixei Renesmee e Anne desamparadas quando precisaram. Pelo menos eu nunca tratei minha menina como se ela fosse descartável. Nunca faria isso.

  Minha mãe fez.

 — O que quer aqui, Alec?

Fiz minha melhor cara de que nada me importava.

— Olha só, ela se lembra do nome do filho que deixou para ser morto em uma fogueira. Vivo.

  Anne tateou até encontrar uma cadeira como se minhas palavras a afetassem. Por um instante... Depois seu olhar foi feroz e arrogante.

— Acha que me orgulho de ter feito aquilo com você e Jane? — perguntou, e eu pude ver que ela fazia um esforço para não gritar — Seu pai teve que me arrastar de lá, ou eu seria morta também.

Meu pai. Um homem cujo objetivo de vida era ter a minha mãe para si. Não me surpreendi com esse pequeno fato. Mas ainda não justificava.

— Todos esse anos... Esses séculos... Pensei que tivesse perdido meus filhos — Anne suspirou — E aqui está você, em carne e osso...

— Não graças a você.

  Minhas mãos se fecharam em punho e eu tive que exercer todo meu autocontrole para não deixar que minha névoa saísse do controle. Para que não a atingisse.  

Ela suspirou.

— Jane... Ela também é uma vampira? — pude ver o nojo quando ela falou a palavra vampira — Também está viva?

— Sim. — falei — Sim, Jane está viva.

E com ódio corroendo seu coração morto. Com uma crueldade que eu nunca vampiro nenhum ter. Tudo graças a mulher a minha frente.

  Fico pensando o que eu estava na cabeça quando dei o nome dela a minha filha.

— Mas não foi por isso que veio até aqui, não é, Alec?

— Não. — tossi, antes de continuar — Meu mestre exige sua presença no Palazzo dei Priori.

  Ela gargalhou. Gargalhou tão alto que temi que algum móvel da casa quebrasse com tamanha potencia.

— Eu? Em um lugar cheio de vampiros? — perguntou, cética — Jamais.

— Nem se fosse para proteger seus filhos? Para reparar o erro que cometeu com eles tantos anos atrás?

  Ela ficou em silencio, como se ponderasse. Depois suspirou.

— Você ainda é muito bom com as palavras, Alec. — ela levantou-se da cadeira em que estava. E depois gritou: — Julia. Entre aqui querida.

  A menina – Julia – entrou com certa hesitação e correu para onde a mãe estava como se eu fosse uma espécie de demônio que a mataria. Bem, tecnicamente eu era.

— Julia, lembra-se que eu falei que antes de você eu tinha um casal de gêmeos? — Anne perguntou a menina que assentiu — Então, Julia. Esse é Alec, seu irmão.  E nós vamos com ele até a casa dele.

***

  A vigem até Florença foi silenciosa. Anne mantinha Julia sobre seu braço a viagem toda, como se algo de muito ruim fosse acontecer com ela caso soltasse-a. Julia ainda estava receosa que essa coisa de ter irmãos vampiros e eu ainda mais de ter outra irmã.

Elas estavam no banco a minha frente, de frente para mim.  E Anne sempre ficava me encarando.

  Já sobrevoávamos a Itália quando decidi ligar para Renesmee e avisá-la que estava chegando. Ela não demorou a atender.

Alec!

  Renesmee gritou do outro lado e eu tive que fazer um esforço enorme para não gargalhar. Não quando Julia estava quase dormindo.

— Não, o papa.

Idiota!

  Sorri um pouco, ignorando o olhar de Anne sobre mim. Desviei minha atenção para a janela do jatinho.

— Só liguei para avisar que estou chegando. Devemos pousar em uns 15 minutos.

Quer que eu vá buscá-los no aeroporto?

— Sim. E...

Anne está furiosa porque você não se despediu dela. Eu não cruzaria com ela nos próximos dias. A não ser, claro, que tenha trazido presentes para ela.

Ri.

— Eu cuido de Anne quando chegar.

Ouvi quando Anne – minha mãe – remexeu-se inquieta no estofado, provavelmente pensando que era com ela.

Boa sorte. Vejo você em... — eu podia imaginá-la olhando o relógio e fazendo as contas — 12 minutos. Até, idiota.

  Ela desligou e eu continuei minha tarefa de ignorar minha queria mamãe e sua nova filha. Uns minutos depois, Raph veio avisar que íamos pousar em Florença. Anne e Julia apertaram o cinto, eu apenas me acomodei melhor no acento.

   Em instantes, o jatinho Volturi aterrissava.

 As duas tinham contigo apenas duas bolsas de mão, que ambas fizeram questão de não largar durante toda a viagem. Elas seguiam atrás de mim, enquanto meus olhos procuravam por Renesmee. Ela estacionou o Porshe preto na entrada do aeroporto.

  Quando ela saiu, alguns homens que estavam perto viraram para olhar enquanto a minha Renesmee vinha em direção a mim e as minhas acompanhantes.

 Pude sentir as duas ficando inquietas quando Renesmee se aproximou. Ela não era Volturi, não usava as roupas típicas dos mesmos, mas tinha passado tempo suficiente conosco para aprender algumas coisas. O olhar dela era sério e autoritário e o leve sorriso que carregava no rosto era repleto de malícia – um brinde que minha querida irmã Jane ensinara a ela.

  Coloquei meus braços em volta dela quando seus lábios se uniram aos meus em um breve beijo. Depois ela se virou para as duas atrás de mim.

— Pensei que era mais velha.

Dito isso, ela segurou minha mão, guiando-nos para o Porshe estacionado. Ela indicou que Anne e Julia entrassem e depois fez o mesmo comigo.

Quando aquela menina tornou-se tão autoritária?

Meia hora depois, o Porshe já entrava no estacionamento subterrâneo do Palazzo dei Priori.

  Uma Anne já impaciente esperava de braços cruzados na porta do estacionamento. Minha mãe e Julia desceram primeiro, encarando minha filha como se ela pudesse engoli-las. Bufei. Renesmee tocou minha mão, desejando boa sorte antes de sair rindo do carro.

Quando pisei fora do carro, minha filha já esperava próxima a mãe.

— Da próxima vez que sair sem se despedir de mim, eu não vou se quer olhar para você pelos próximos cinco séculos, Alec Volturi.

E saiu pisando firme. Minhas sobrancelhas arquearam-se no mesmo momento, enquanto Renesmee gargalhava sem pudor nenhum.

— O que você disse a ela para que ela ficasse com essa raiva toda?

Ela levantou as mãos em forma de rendição.

  E então Demetri apareceu para levar as Bruxas para conversar com Aro, não sem antes piscar para mim.

Olhei para Renesmee, um sorriso malicioso estampado em meu rosto.

— Vamos ver quem chega ao Chalé primeiro?

Então corremos.


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Notas finais do capítulo

:)