Obscuro escrita por Helena Lourenço


Capítulo 6
Capitulo V - Mãe


Notas iniciais do capítulo

Bom capitulo ;)



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Capitulo V
      Mãe

**Alec**

 

  Os vampiros presentes ficaram mudos, encarando o ponto em que Caleb Meliorn tinha estava há poucos minutos. Ninguém tinha coragem, ninguém nem tentou falar alguma coisa. Renesmee, ao meu lado, segurava a manga da minha camisa com força. Anne fazia o mesmo com a cadeira de Sulpicia.

  Aro levantou do trono, e caminhou até onde Caleb estava. Ou não estava. Aquela situação estava ficando cada vez mais surreal, estranho. Primeiro aquela vampiro recém-criado e sua mensagem, para logo após morrer. Como se não fosse um vampiro, incapaz de morrer daquele modo. E agora isso.

 Eu me sentia desconfortável com o silencio.

 Aro falou e sua voz era afiada e irritadiça.

— Eles estão mais poderosos a cada dia. Se eles já conseguem entrar aqui e sair como fumaça, não tenho ideia do que eles podem fazer conosco. — ele virou para Caius — O que acha irmão?

— Acho que eles não estão se importando se temos vampiros talentosos, quando eles têm essa tal arma. — disse — estamos em desvantagem. Mesmo com todos os clãs aqui presentes, não seriamos capaz de vencê-los.

Suspirei. Para Caius falar tal coisa, estávamos mesmo perdidos.

  Um tempo depois, de mais silencio, os vampiros começaram a se dispersar. A maior parte voltou para seus pais ainda aquela noite, prometendo voltar. Mas eu sabia, Aro sabia, Caius, Marcus, todos sabiam: eles não voltariam, não depois de hoje.

  Levei Renesmee e Anne para o chalé quando o ultimo vampiro saiu. Os Cullen foram os únicos que permaneceram no Castelo, mas não por Aro, não pelo Volturi. Mas já era algo. Carlisle conversava com Aro quando deixei o pátio com minha filha e Renesmee. Não me importei com que conversavam, só queria tirá-las de lá.

— Pai.

Anne apertou minha mão. Era o jeito dela falar que estava com medo. Ela fazia isso quando criança e tinha um pesadelo. Era por mim que chamava, sabendo que a mãe estava dormindo. Ela segurava minha mão até voltar a dormir, e eu ficava com ela, velando seu sono.

Fazia anos que ela não apertava minha mão.

— Sim?

— Os Volturi vão cair? Nós vamos cair, morrer?

Renesmee estremeceu.

— Não vou deixar nada acontecer a vocês — falei, desconversando. Eu não estava confiante, não depois do que Caius disse.

  Renesmee estava tão cansada que dormiu assim que deitou na cama, mas Anne demorou um pouco mais. Ela sentou na ponta da cama. Na mão, uma boneca de porcelana que Sulpicia tinha dado a ela em seu primeiro aniversário. Ela costumava dormir com ela, para afastar os pesadelos, ela dizia.

  Há anos eu não a via com ela. Nem sabia que ela ainda tinha.

— Nós vamos morrer, não é?

Ela sempre sabia quando eu me distanciava de suas perguntas.

Suspirei.

— Não. Eu não vou deixar...

— Não minta, pai, eu posso sentir. — ela me encarou. Aqueles olhos negros brilhando. — A verdade. Nós vamos morrer. Caius falou. Aquele homem falou.

— Anne. — peguei em suas mãos — Os Volturi já passaram por muitas coisas. Coisas que você nem imagina e conseguimos sair com baixas mínimas. Dessa vez não é diferente.

  Apertei-a contra mim, enquanto eu sentia as lágrimas dela molhando minha camisa. Ela apertava minha camisa também.

— Aqueles vampiros que estavam aqui hoje... Eles disseram que voltariam, mas eu podia sentir a mentira emanando deles... Da maioria pelo menos. — falou — Apenas dois clãs falaram a verdade.

Suspirei. Eu já sabia.

— Durma, Anne. Não se preocupe com isso.

***

  Aro mandara me chamar ainda pela madrugada. O Castelo estava agitado, embora silencioso. Os guardas estavam posicionados em cada saída do castelo, protegendo, vigiando, embora fosse inútil. Heidi veio a meu encontro quando atravessei o saguão. Ela não usava maquiagem nenhuma, o que era raro e seu rosto parecia abatido.

Ela suspirou.

— Aro está furioso. Se eu fosse você não o contrariava.

  Olhei-a uma ultima vez antes de abrir as grandes portas que separavam a sala do trono do resto do castelo. Aro estava sentado em seu trono, enquanto Marcus e Caius estavam lendo, em uma mesa posta ali havia anos.

Fiz uma reverencia aos mestres.

— Alec. Aproxime-se — Aro indiciou a mesa que os outros dois mestres estavam — Queria pedi-lhe algo, porém entenderei se recusar. — franzi a testa, em confusão. Aro nunca nos dava escolha. — Marcus tem uma suspeita sobre qual seja essa arma que Caleb possui.  

 — Que seria?

— Uma bruxa. Ou um mago. Algo relacionado à magia. — Marcus respondeu — Mas não sabemos. Pode apenas se um vampiro com poderes jamais vistos. Mas...

— O que querem de mim? — perguntei, de uma vez. Odiava rodeios. — Digam.

— Queremos que viagem para o interior da Inglaterra. — ele pausou, me avaliando. — E encontre um coven antigo, mas muito poderoso.

Suspirei. Odiava bruxas, odiava o que elas representavam.

— Por que eu? — Aro sabia, bruxas não era minha espécie favorita —  Por que não Demetri, Felix, ou qualquer outro? Por que eu?

Alguns guardas presentes saíram. Medrosos.

— Você sabe bem porque, Alec — Caius falou, irritado — Pode levar Jane, se quiser. Ou a cria da Cullen. Não me importa. Apenas vá.

— Aro disse que eu tinha escolha!

— Apenas falei que entenderei se quiser recusar. — Aro colocou uma mão em meu ombro — E tem mais uma coisa, Alec. A líder do coven que quero que encontre não reagiria bem a qualquer um de nos, mas você...

— Quem é ela?

No fundo, eu sabia quem era e temia a resposta.

— Anne. Sua mãe.   

***

   Eu não tinha escolha, querendo ou não eu teria que ir atrás dela. Ela, que há tantos anos tinha deixado minha irmã e eu ser jogados na fogueira e fugido. Eu a odiava, Jane mais ainda. Aro mandar buscá-la sem duvidas era uma forma de punição por algo, mas eu tive que ir.

   Sai ainda pela madruga. O jatinho Volturi estava a minha espera assim que sai da sala dos tronos. Acordei Renesmee, avisei-a que estava saindo em missão. Ela não ficou nada contente, mas não reclamou; ela sabia que era meu trabalho. Dei um beijo nela e sai.

   Chegamos perto do meio dia. Inglaterra... Tantos anos que não piso nessa terra.

  Caminhei por cerca de duas horas, antes de encontrar uma pequena vila. Ela tinha voltado para onde tudo acontecera, afinal. Fiquei a espreita, no limite da vila. Queria vê-la antes de invadir. Queria ter certeza... Então ela apareceu.

  Bruxos não são imortais, mas tem certa resistência ao passar dos anos. Anne continuava exatamente como eu me lembrava. O cabelo negro como os meus ondulados até a cintura. Pele alva e os olhos... Meus antigos olhos azuis ainda brilhavam em seu rosto.

  Três bruxos a cercaram. Eles tinham sentido minha presença, ou qualquer coisa que eles usavam para descobrir pessoas espionando.

— Saia, vampiro. Ou eu matarei você.

A voz de Anne era tão...Imponente.

  Sai das sombras das arvores, o capuz do manto escondia meu rosto. Deixei o pingente Volturi a mostra, deixei que ela suspeitasse... Apesar de, no fundo, saber que ela nem se quer lembraria-se de nos. Não com o modo que ela tinha fugido.

— Vocês. — raiva assumiu seu tom de voz, seus olhos brilhavam — O que querem aqui, Volturi?

— Acredite, eu também não gosto da ideia de vir até aqui.

  Tirei o capuz e, lentamente, encarei aquela que meu deu a vida, mas que me deixou para morrer em uma fogueia. Seus olhos arregalaram-se, sua boa abria e fechava. Sua respiração ficou desregular e eu soube ali que ela se lembrava.

Mas sua voz era carregada de desprezo, quando falou:

  — Alec?


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Notas finais do capítulo

;)