Obscuro escrita por Helena Lourenço


Capítulo 19
Capitulo Dezoito - Atire


Notas iniciais do capítulo

Preparem os corações, pois esse capitulo vai destruir muitos.
:v
Não me matem depois de lê-lo.
Amo vocês ♥ :')



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/735452/chapter/19

Capitulo Dezoito
   Atire

Aquele não era Alec.

Não podia ser, não era possível que fosse. Meu Alec jamais sorrira daquela maneira asquerosa, jamais me olharia como se eu fosse um pedaço de lixo, com aquela malícia. Não. Meu Alec não era aquele Alec. Meu Alec não tinha aquela fome sádica nos olhos, nem aquele sorriso zombeteiro.

Meu Alec tinha morrido.

— Não vai vir me abraçar, Renesmee? — e ele sorriu e eu senti vontade de gritar; aquele sorriso acintoso e insuportável. Seus olhos rubros mais pareciam chamas. A chama do inferno e o próprio Lúcifer, Estrela da Manhã, tinha vindo a meu encontro. — Estou decepcionado.

Cambaleei e um dos guardas teve que me segurar. Eu continuava a encarar aquele vampiro, tentando assimilar como aquele que estava diante de mim poderia ser o meu Alec; não havia possibilidade de serem a mesma pessoa. Não. Nunca. Não. Jamais.

  Alec tinha morrido.

Grossas lágrimas molhavam meu rosto e eu chorei. E chorei, até que tudo ficou escuro.

***

  Acordei em um quarto escuro, iluminado apenas por uma lâmpada. Eu estava presa a uma cadeira e eu sentia uma tontura descomunal. Algo estava muito, muito errado.

— Que bom que acordou, amor — eu conhecia aquela voz, era a mesma voz que eu ouvia todo dia quando acordava, e que esteve faltando nessas ultimas semanas. — Demorou. Pensamos que não iria mais acordar, o que seria uma pena. — e ele sorriu, aquele mesmo sorriso acintoso.

— Não se aproxime de mim — eu tentei falar, mas minha voz tinha desaparecido e o som que saiu foi algo parecido com um relincho.  Não se aproxime de mim, usei meu dom, sentindo nojo de mim mesma. Aquele não era Alec.

— Pensei que me amasse — ele fez uma expressão triste, e até seus olhos perderam um pouco da cor. Por um instante, ele pareceu ser o Alec que eu conheci. Mas uma voz feminina soou pela escuridão, falando o nome dele, e aquela malícia diabólica voltou a seu rosto e ele gargalhou. — Aradia, não a vi chegar.

  A bruxa – Aradia – sorriu para Alec, saindo de qualquer lugar por aonde chegou. As sombras pareciam dançar em volta de Aradia, e seus olhos pareciam ainda mais medonhos na pouca luz. Era uma mulher linda, de fato. Mas uma beleza assustadora e fria. Não tinha duvidas que ela poderia matar alguém e sair rindo.

 — Atrapalho em alguma coisa, querido?

Alec passou uma das mãos pelas costas da bruxa, fazendo com que ela ficasse mais perto de si. Meu coração parou por um segundo.

— Você nunca atrapalha — ele sorriu.

— Bem, se é assim, gostaria de participar — ela devolveu o sorriso. Seus olhos pálidos se direcionaram para mim. Me encolhi com o olhar, e eu soube que nada, nada bom poderia vir daqueles olhos — Você tem um lindo rosto, híbrida.

— Que pena que teremos que destruí-lo — Alec completou, e eu senti um arrepio subir pela minha espinha.

***

 Anne

Anne bufou e saltou da árvore que estava em seguida.

— Eles já não deveriam ter voltado? — ela olhou para o céu, o crepúsculo já era visível, e o sol já tinha se posto a muito. Rhaenys pousou a seu lado, e olhou para o grupo de arqueiros que agora faziam o mesmo movimento. — Algo aconteceu. Tenho certeza.

— Roan teria me avisado se algo tivesse acontecido. — Rhaenys falou, mas sua voz mostrava que ela também estava preocupada. — Vamos voltar, não adianta ficar aqui até que algo aconteça. O ataque estava marcado para o meio-dia. Já escureceu.

 Anne assentiu, e reuniu o grupo de arqueiros. Eles correram pela floresta, até onde sabiam que Jane Volturi estaria com seu grupo da linha de frente. Ela parecia irritada, e havia corpos de vampiros no chão.

— Anne? O que faz aqui?

Anne parou perto da tia, os arqueiros procuraram por respectivos conhecidos e ficaram com eles.

— Algo aconteceu, sei que sim. — falou, e no instante seguinte abraçou a tia — Estou com medo.

Jane afagou as costas da sobrinha.

— Nada aconteceu — disse contra os cabelos de Anne, mas ela própria não tinha certeza do que dizia. Não demorou muito para que o próprio Keir aparecesse, e, pela expressão dele, os medos de Anne estavam certos. — Keir?

— Algo está muito, muito errado! — exclamou o australiano. Anne sentiu um aperto no peito. O que teria acontecido a sua mãe? E seu pai estava bem? Eram tantas questões que Anne não conseguia pensar direito. — Jane, qual a chance de invasão agora?

— Agora? A gente invadindo? O plano não era esse, Keir!

— Eu sei que não era, mas não temos escolha. Vários dos nossos estão sem dar noticia, não podemos correr o risco de que eles estejam sofrendo! Seu irmão está desaparecido há semanas, Jane! Renesmee Cullen e os outros que foram buscar por ele não dão noticias há horas, não podemos esperar mais.

— Ele está certo — Kalias Auster falou de algum lugar atrás de Jane — Não temos escolha.

  Jane suspirou, mas assentiu.

E, dali, partiram para atacar o castelo de Caleb Meliorn.

   Jane, Kalias, Roan, Keir e outros que rostos que Anne não conhecia estavam enfileirados na frente do grupo formado por vampiros italianos e australianos. Tinham bruxos em volta deles, e também espalhados pela multidão de mantos negros.

   Anne encontrava-se perto de onde havia mais arvores, assim como Rhaenys e seus arqueiros. Ela tinha uma ampla visão da saída do castelo de onde estava, em pé, em cima de um galho de arvore. A aljava pesava em suas costas, mas a postura continuava impecável. O arco bem posicionado, a flecha já colocada. Não demoraria muito agora, pelo menos Anne torcia para que não.

  O primeiro grupo de vampiros chegou pouco depois. Não era bem uma invasão, Anne percebeu. Mas uma exposição. Estavam expostos para os Meliorns, eles que viessem atacar. Sete vampiros dos Volturi e seis dos Auster apressaram-se em atacar o grupo de vinte vampiros rapidamente. Anne notou que os vampiros de Caleb não sabiam lutar, por isso dependiam de seus dons psíquicos. Azar deles, Bella Cullen já havia lançado seu escudo físico nos aliados, assim como Mérida, Chris, Estefan e Talysa Auster. Não demorou que o grupo inimigo fosse dizimado.

  Anne se deu ao luxo de sorrir, mas o sorriso morreu ao enxergar o próximo grupo, e, ao que parecia, Caleb tinha trazido todos os seus vampiros consigo. O vampiro era o balsamo da crueldade, Anne notou. Ele tinha algo em seu jeito de andar que faz com que Anne engolisse em seco.

  Mas o que fez a menina Volturi parar de respirar e quase deixar o arco cair, foi à visão de seu pai ao lado de Caleb. Seu pai não parecia ele próprio, não fazia sentido. Ele mantinha-se ao lado de Caleb e de uma mulher impressionantemente bela, mas assustadora. Anne pode ouvir a exclamação de choque dos vampiros aliados. Quem era aquela mulher? Anne voltou a olhar para seu pai, e notou que havia manchas de sangue em sua roupa branca. E, Anne deixou uma lágrima descer por seu rosto.

Aquele sangue era de sua mãe.

— Que lindo — Caleb começou a falar — Todos vieram a busca do querido irmão de clã, mal sabiam que o irmão de vocês é meu aliado agora — o sorriso no rosto de Alec aumentou, e Anne percebeu que não havia possibilidade daquele ser o seu pai. — Vocês não me dão escolha, a não ser aniquilar todos vocês.

O olhar de Alec encontrou-se com o de Anne, ele sorriu mais ainda. Ela percebeu o movimentar de lábios dele: a menina é minha.

Ela estendeu o arco, a corda já totalmente esticada. Anne pode perceber quando os dois clãs se encontraram, pode perceber quando os arqueiros pularam das arvores e dispararam suas flechas no inimigo. Pode perceber todo o confronto, mas seus olhos estavam focados em Alec, em como ele não parecia ele nem mesmo ao caminhar.

Ela apontou o arco para ele.

— Onde está a minha mãe? — ela perguntou, e Alec sorriu.

— Oh, a híbrida. — havia deboche em sua voz — Durona ela, sabia? Nem mesmo gritou enquanto eu a torturava.

Lágrimas desciam pelo rosto de Anne.

— O que aconteceu com você? — Anne não podia acreditar que aquele era o homem que havia criado-a com tanto carinho e zelo. Parecia uma afronta que esse homem podia ser a mesma pessoa. Anne ouviu quando os lobos chegaram, mas não parou para olhar — O que fizeram a você, pai? — ela chorava tanto que o arco desestabilizou-se por um segundo. Tempo suficiente para Alec arrancar o objeto da mão dela e jogá-la contra uma arvore.

 — O que fizeram comigo? — ele a puxou pela gola da camisa, mantendo-a no ar. O fôlego já fugia dos pulmões da híbrida.  — Me fizeram mais forte. Aradia deixou-me mais forte.

Aradia? Então esse era o nome da mulher ao lado de Alec.

Alec a soltou e a jogou longe.

— Cinco anos criando a filha de outro homem, eu era louco? Só podia ser.  — e ele continuou falando coisas do tipo, enquanto Anne rastejava para perto de onde seu arco tinha caído.

 Ela o capturou com um movimento rápido, e já encontrava-se com ele posicionado novamente. A mão de Anne sempre fora certeira. A mira da Volturi era precisa e simetricamente calculada. Mas sua mão tremia ao puxar a corda do arco. 

Alec olhou para ela e riu.

— Não me faça fazer, isso. Por favor — o choro prendeu-se na garganta. Grossas lágrimas banhavam seu rosto. — Afaste-se. Não se aproxime mais ou eu atirarei. 

— Então atire. Quero ver se tem coragem de matar seu próprio pai.

Ele deu um passo para mais perto de Anne, ela esticou mais a corda no arco. A flecha bem na mira do peito de Alec.

Ele não é mais seu pai.

Não é seu pai.

Não é o seu pai.

Seu pai está morto.

Alec...

Morto.

Esse não é Alec.

Atire.

Perdão.

E ela disparou.

 A flecha envenenada de Anne Volturi atingiu exatamente onde o coração de Alec deveria bater.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu estou chorando junto com vocês, < / 3