Os contos de uma menina insegura escrita por A Menina Insegura


Capítulo 10
Sobre a pressão de um terceirão e da sociedade




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Partindo do pressuposto de que estamos todos na merda, chego a conclusão que os adolescentes de hoje não sabem lidar com essa sociedade antiga e esse modelo de vida obsoleto e patriarcal ao qual nós estamos sendo inseridos a cada dia que se passa da nossa adolescência. Em específico no terceiro ano, a gente descobre que a vida adulta que pensávamos, quando crianças, ser maravilhosa e cheia de liberdade, é uma vida cheia de regras impostas pelo sistema e pela sociedade em geral. 

Descobrimos que o brincar a qualquer hora, que o acordar de manhã e ver desenhos, que poder usar a imaginação para criar e recriar as coisas é mais legal e libertador do que precisar escolher aos 17 anos uma profissão que te colocará numa forma e te fará igual a todos os demais da sua área, descobrimos que à medida que vamos crescendo, eles nos tiram a liberdade, a criatividade, a identidade e a autonomia, descobrimos que ser criança é libertador porque podemos viajar para outros mundos e universos com pouco, porque nossas mentes ainda não foram obrigadas a entrar na forma.

Dizem que as crianças são a salvação, que elas são o futuro e eu, particularmente, acredito nisso, porque elas não foram subordinadas as regras que a vida irá impor quando elas crescerem. Elas tem a liberdade de serem elas mesmas, de poderem fazer o que elas realmente gostam, seja brincar de carrinho, de boneca, de correr, de se esconder ou apenas ver seus programas favoritos na internet/televisão/video game, elas não precisam aprender coisas que não as agrada, ninguém chega para uma criança e impõe a ela que aprenda física, química, biologia ou literatura. Quando se é criança, se tem o poder de explorar o lúdico e o imaginário, sendo possível você criar o que te agrada e faz feliz, sem pressão, sem imposição e sem pressa. 

Uma criança olha para uma pessoa e pergunta o nome dela e não o que ela vai fazer na faculdade, ela pergunta qual a brincadeira favorita da pessoa e não afirma que o que ela quer fazer não dá dinheiro, ela pergunta o que te faz feliz e não o valor do seu salário. Quando crianças, nós queríamos crescer, não para ganhar dinheiro, mas por acharmos que quanto mais velho, maior a liberdade e a felicidade, achávamos, mesmo inconscientemente, que poderíamos explorar ainda mais esse universo da imaginação, mas não nos avisaram de que nossos sonhos seriam postos em segundo plano porque precisaríamos, primeiramente, pensar em ganhar dinheiro para poder ser alguém respeitado e com status. Nos disseram que deveríamos ver nossos amigos como concorrentes, porque afinal no quesito vestibular é isso que eles são, não é mesmo? NÃO! Eles são pessoas assim como nós, que tem sentimentos, que tem medo, que tem angústias e aflições, muitos deles estão sentindo as mesmas coisas que nós e todos estão debaixo da nuvem negra chamada: Pressão, mas muitos tentam esconder e se convencem de que estão bem e que isso vai passar, mas o tempo passa, porém o sentimento de frustração e insegurança só aumenta; outros simplesmente desistem, porque é o mais fácil e prático a se fazer, afinal, a pressão é alta demais. 

Queríamos crescer, queremos ser feliz, mas com essa sociedade nos colocando um contra o outro e nos dizendo o tempo todo que está bem quando, na verdade, não está, nos faz pensar no "por quê" de tudo isso, por que eu preciso fazer uma prova na qual tem um conteúdo que eu não me interesso, sendo que eu poderia usar esse tempo para me dedicar a algo que eu sou realmente bom e me interesso? Porque aos 17 anos eu preciso saber e escolher a profissão que eu vou seguir e que vai me fazer bem sucedido e feliz para o resto da minha vida? Por que eu não posso me dar ao luxo de errar? Essas são as perguntas que nos atormentam pelo o menos uma vez na vida eque precisamos deixar de lado também, porque temos que estudar. As pessoas ainda tem a destreza de falar que nós "só estudamos", confesso que muitos de nós não fazem outra coisa além de estudar, mas alguém já parou pra pensar que quando se faz ou estuda algo pelo qual não se tem prazer, isso se torna um fardo? Eu sei que as coisas não vão mudar, sei que vou precisar continuar estudando coisas das quais nunca usarei e que esse texto não vai mudar nada disso, mas com ele deixo minha indignação e ainda ouso dizer indagação de alguns por quê's que as pessoas nos têm imposto.

No final das nossas vidas, será que poderemos ter passado por tudo isso e ainda olhar e perceber que perdemos muito tempo fazendo coisas que nos deixavam cansados e infelizes, quando poderíamos estar fazendo algo realmente produtivo e que nos traria satisfação quando deitássemos a cabeça no travesseiro? Será que aos 70 anos vamos olhar e ter orgulho das coisas que gastamos o nosso precioso tempo? Precioso porque ele não volta, só se tem 5 anos uma vez e só se tem 17 uma vez, será que estamos indo para o caminho certo? Onde no final poderemos dizer que tudo o que fizemos foi produtivo, onde veremos que nosso tempo foi gasto da melhor maneira possível? Espero que sim..

Que com o passar dos anos, nós não percamos a nossa criança interior, aquela que queria ser astronauta, pintor, bombeiro... Aquela que queria ganhar o mundo, aquela que era feliz com pouco e que não se preocupava com bens materiais, mas sim com a alma, com as coisas simples que a vida tem a nos oferecer e que o dinheiro não compra, que no final, possamos realizar nossso sonhos e que não deixemos que roubem eles e os substituam por uma felicidade passageira chamada bens materiais, porque as melhores coisas da vida são aquelas mais simples, aquelas que o dinheiro não compra. 


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