Never Say Never escrita por Drix


Capítulo 13
Home is Such a Lonely Place




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POV Katherine

Ficamos ainda algumas horas socializando. Damon apresentou a ideia da defesa do Parque no Brooklin pra um dos sócios, enquanto eu contava pras senhoras que tivemos que adiar o casamento por causa da morte dos meus pais.

— Ah, queridinha, eu vi a nota no jornal, mas, não acreditei que fosse. Sinto muito. - a esposa do sócio majoritário me abraça, me consolando. Ela é a mais gentil de todas, e me deixo envolver no abraço.

— Obrigada! É estranho ainda, principalmente a saudade. E, agora, tenho uma adolescente pra cuidar, isso é preocupante, mas preciso ser forte. - digo sorrindo.

— Nossa, vocês já conseguiram colégio pra ela? - ela pergunta, genuinamente preocupada.

— Ah, sim, ela passou na prova da Dalton, já está indo pra segunda semana.

— Ah, isso é ótimo! Um excelente colégio, minha Alexia estuda lá. Mas não começou ainda, voltou sexta de viagem. Foi pra Austrália. Ainda tá se ambientando com o nosso fuso. Deve ir pra aula só amanhã. Qual o nome da sua menina, de repente, elas podem se tornar amigas. - ela me fala tão animada que fico feliz com a ideia. Já que Elena não tem amigos no colégio.

Respondo, esperançosa que seja uma boa menina, como a mãe. A hora passa rápido e decidimos ir embora. Concluí que foi uma tarde produtiva, apesar de cansativa. Não gosto de ficar com esse sorriso estampado no rosto e acenando como uma vaquinha no pasto, mas se tiver conseguido uma boa companhia pra minha irmã, valeu a pena.

Chegamos em casa, e estou louca pra tirar os saltos e Damon o terno. Temos apenas pouco mais de uma hora pra descansar até o próximo evento. Esse, pelo menos, não tenho que fingir gostar de ninguém. Menos mal.

Elena ainda estuda, e não quero atrapalhar. Deixo na bancada uma embalagem com várias coisas gostosas que trouxe do brunch, passo a mão na sua cabeça e saio do quarto, sem incomodar.

— Ei... o irmão do Damon ligou. - ela chama quando estou saindo. Volto e vejo ela sorrindo – Ele parece legal, conversamos.

— Ah, é?! O que vocês conversaram?

— Ah, ele me deu umas dicas pras aulas. Foi bacana da parte dele. Ele vai me procurar no refeitório amanhã. - Me sinto contente por isso. Estava começando a ficar preocupada com o isolamento dela. Lembro da filha da sra. Branson.

— Ah, a filha de um dos sócios do escritório do Damon também estuda lá, ela deve te procurar amanhã. Alexia o nome dela. Se for como a mãe, é um docinho. - ela sorri.

— Hum, vou conhecer dois amigos no mesmo dia. Parece ótimo! - sinto animação na voz e me acalento.

— Docinho, daqui a pouco vamos sair de novo, temos um lançamento de um livro pra ir, não quer ir com a gente?

— Não, Kath, eu preciso mesmo estudar. Consegui me adiantar um pouco, mas, ainda tem as anotações de história e geografia pendentes.

— Tá bem. Vou te deixar em paz. - Sorrio e dou-lhe um beijo na testa como mamãe fazia. Por um momento senti que era ela fazendo isso e meu olho marejou.

Deitei um pouco no sofá, enquanto Damon assistia um jogo na TV. Coloquei a cabeça no colo dele, e ele me fez cafuné, distraído. Meus pensamentos viajaram por um momento. Como minha vida tá diferente agora. Eu era só uma garota do interior se projetando no mundo da moda. Agora estou noiva de um advogado rico, fazendo figuração nos eventos da sociedade, com uma “filha” adolescente, preocupada com as notas dela na escola, tentando provar que minha promoção não foi equivocada... Suspiro.

— Que foi? - ele pergunta, tirando meu cabelo da testa e se abaixando um pouco pra me olhar.

— Nada... estava pensando na vida. Preocupada com Elena, meu trabalho...

— Tudo vai se ajeitar. Logo ela está trazendo um monte de gente pra cá, dando festas e nossa preocupação será se tem alguém vomitando no banheiro. - Eu rio, mas, queria mesmo gritar. Essa hipótese me assusta.

— Eu espero, sinceramente, nunca passar por isso. - ele ri. - Você fazia isso? - pergunto curiosa. Nunca conversamos sobre nossas adolescências. Pouco falamos de passado, na verdade, só o essencial. Me levanto, e sento pra olhar pra ele.

— Bom... Fiz algumas vezes. Vomitar não, mas, as festas, sim. O apartamento do meu pai é imenso. Aproveitava que Denise colocava Stefan pra dormir cedo e chamava todo mundo pra lá. Sempre tinha um que chegava com bebida. Confesso que não era um exemplo. - ele pisca e me olha com cara de arteiro.

— Você acha que Stefan faz isso, por isso ficou preocupado?

— Não fiquei preocupado, achei estranho. Ele é muito melhor que eu. Eu achava que fazendo essas coisas, ia conseguir a atenção do meu pai. Matava aula, não estudava, fazia um monte de merda. Só tomei jeito na faculdade. Stefan não, sempre foi responsável. Eu nem sei como. Acho que foi Denise que manteve ele na linha. Por isso achei estranho.

— Hum... Mas um adolescente muito certinho pode sair da linha de vez em quando. De repente, ele saiu mesmo pra beber ontem. Mas, ainda assim, hoje estava bem. - digo, considerando a ideia.

— Sim, pode ser. Mas, e a senhorita Gilbert? Fez alguma besteira? - dou uma gargalhada, e coloco as mãos no rosto, envergonhada.

— Várias. Mas eu sempre fui boa aluna e nunca me rebelei. Só que eu namorava o Mason, né?! Ele se achava um rebelde sem causa, e sempre inventava umas coisas tipo pular muro pra invadir a casa dos outros e pichar. Roubar bebida no porão. Pegar comida no mercado. Dois meliantes.

— Atenção Senhoras e Senhores, Katherine Gilbert, uma assaltante! Como fui me deixar apaixonar por uma ladra? Ainda vou me casar com ela!

— Você não resistiu ao meu charme. - respondo, juntando o ombro no queixo.

— Não mesmo! - ele responde e me beija, docemente.

Ficamos no sofá um tempo ainda antes de nos arrumar pra sair. Um domingo normal no Upper East Side.

— Querida, estamos indo. - aviso, aparecendo na porta do quarto dela.

— Uau! Que chiques! Que lindo esse vestido!

— Está às ordens, quando quiser. - sorrio.

— Ah, como se eu tivesse algum lugar pra ir com ele. - ela responde, com uma careta.

— Um dia vai ter, ué. Ontem você foi ao balé, logo vai ter alguma festa balada pra chamar de sua. - respondo e dou uma piscada. - Damon já se adianta pegando as chaves e me chama da porta. - Lenaaaa – chamo da sala, quase saindo. Ela responde do quarto, esqueci de falar. - Aparece aí, honey, por favor.

— Oi?

— Esqueci de dizer, depois do coquetel, sairemos pra jantar, e devo chegar um pouco tarde, toma aqui, pede uma pizza pra você. - entrego algum dinheiro a ela. Dou um beijo na testa e saio.

POV Elena

Ouço a porta abrindo, eles devem ter chegado. Estou ainda tão entretida que nem lembrei de almoçar. Katherine avisa que chegou e me mostra uma marmita. Agradeço sorrindo, a fome começou a bater mesmo. Abro e pego alguma coisa pra beliscar.

Lembro de dar o recado pro Damon, que o irmão ligou e conto o que conversamos. Ela parece feliz com isso e me fala de uma outra menina do colégio. Espero que essa não seja nojentinha como a loira líder de torcida.

Kath me conta que vai sair de novo, e eu acho bom. O silêncio me concentrou e adiantei bastante coisa. Com eles em casa, acabo me distraindo às vezes. Ela sai encostando a porta. Me concentro novamente.

Algum tempo depois os dois abrem a porta. Me surpreendo como se combinam. São tão lindos juntos quanto separados. Minha irmã usa um vestido vermelho, tubinho e discreto, mas muito elegante, e Damon fez uma combinação de terno com uma blusa de malha que ficou despojado e charmoso.

Kath me oferece o vestido, como se eu tivesse corpo e lugar pra usar essa lindeza. Ela me chama da porta pra me dar dinheiro pra pizza e nem me dá tempo de dizer que ainda tem coisa que ela trouxe de tarde. Deixo pra lá, pelo visto estão atrasados, que Damon já até saiu.

Volto a estudar. Vou pegar história agora. Abro meu e-mail e pego as anotações que o sujeito me deu. É realmente um resumo bem feito, passa por todos os tópicos sem ser massante. Ele é bom mesmo nisso. Preciso admitir.

A janelinha de bate papo do email pisca avisando que tem alguém online e é ele. S. Salvatore. Acho que vou aproveitar e tirar minhas dúvidas, de repente, pego ele de bom humor hoje. Penso duas vezes, escrevo uma mensagem, apago. Escrevo outra, apago de novo.

Se tem alguma coisa pra perguntar, pergunta logo que já vou sair” a mensagem sobe e me assusto. Droga, esqueci que aparece quando a gente tá escrevendo. Mas é um grosso. Repenso e resolvo perguntar assim mesmo.

No seu resumo, eu não entendi muito bem o que você falou sobre o Tratado de Paris.” Perguntei, dane-se! Vejo o ~escrevendo~ em andamento. Aguardo a resposta, paciente. Ele explica, detalhadamente e acabamos iniciando uma conversa sobre a Independência. Pronto, menos um tópico a ser estudado.

Se esse cara não tivesse sido tão babaca comigo no primeiro dia, poderíamos facilmente ser amigos. Mas tenho raiva dele desde então. “acho que era só isso, obrigada” Tento finalizar, ainda tem um monte de coisa pra ler.

Conseguiu terminar o livro da Jenna”— Ele me pergunta e eu não faço ideia do que tá falando.

Quem é Jenna?”

Literatura, primeiro livro” - esqueci por um momento o nome da professora de literatura.

ah, tá! não, só tem um na biblioteca, tenho lido no intervalo.” por que eu tô contando isso pra ele?

Eu levo o meu pra você amanhã. Preciso ir, se tiver mais alguma dúvida, chama aqui, quando voltar eu leio. Tchau.” ~offline~

Fico olhando pra tela meio incrédula. Ele está sendo gentil me emprestando o livro? Qual é a dessa cara, ele acha que sendo legal ele vai conseguir o que ele queria antes? Será que ele não tem vergonha na cara não? Vou precisar esculhambar ele de novo!

Volto a me concentrar, não vou mais mandar mensagem nenhuma, se alguma dúvida surgir eu vou olhar no Google. Não quero ficar dando moral pra esse idiota achar que pode se aproximar não. Cretino.

Percebo a noite cair, o dia escurecer e meu estômago ronca de novo. Pego mais um croissant da marmitinha da Kath e resolvo parar. Vou descansar, tomar um banho e ver um filme qualquer. Chega por hoje, já me adiantei bastante.

POV Stefan

Estou há horas a toa, e odeio ficar a toa. Será que tem algum jogo passando? Abro o computador pra procurar. Opa, os Yankees tão jogando hoje. Pego o telefone pra ligar pro Andy.

— Hey, vai no jogo dos Yankees? Beleza, passa aqui então, vou também.

Pronto, vou pro jogo. Espero que meu pai não chegue, porque ele vai me matar se descobrir que eu saí hoje, sem segurança. Hum... já que tô aqui, vou dar uma olhada nos e-mails. Ih, a chatinha tá online. Deve tá olhando minhas anotações.

Ahá. Escrevendo. Ih, tá nervosa, essa mensagem não vem nunca. É bom ela falar logo, daqui a pouco vou sair e ela não manda. Vou dizer isso pra ela.

Ainda bem que ela não pode me ver, porque não consigo segurar meu riso. Ela estava cheia de dúvida e não queria perguntar. Bom, vamos lá tirar a dúvida da novata. Eu fico pensando o que ela acha que eu fiz pra ela pra me odiar tanto, queria mesmo saber. Talvez um dia eu pergunte. Por hora, tô me divertindo ainda com essa implicância.

Bom, dúvidas sanadas. Será que ela conseguiu terminar o livro? Ela tava pegando na biblioteca, posso deixar o meu com ela amanhã, não vou mais precisar dele mesmo. Ouço o interfone tocar, Andy chegou. Vou descer. Me despeço correndo, se ela quiser perguntar mais alguma coisa vai ter que ser depois. Agora eu vou pro jogo.

POV Katherine

A noite foi tão divertida. O Lançamento do livro foi demais, o coquetel cheio de gente querida e divertida e o jantar maravilhoso. Adoro meus amigos. Chego em casa exausta mas contente. Quero tirar meus sapatos ainda no elevador. Damon resolve me carregar no colo.

— Hey, não, vai acabar com a magia da primeira noite! - reclamo.

— A gente não vai voltar pra cá na primeira noite. Estaremos em Paris. Ou Londres, como você preferir.

Sorrio e dou um beijo nele, antes que ele abra a porta, desengonçado, por me carregar. Fico de pé e tiro os sapatos, que alívio. A casa tá apagada, mas percebo uma luz fraca de TV vindo do escritório. Ele larga as chaves no aparador, fecha a porta sem barulho, e caminho até os quartos, em silêncio.

— Hey, achei que já tava dormindo.

— Tô indo, tá quase acabando. - Elena responde, com um sorriso meigo. Sento do seu lado, ela se ajeita.

— Kath, qual o nome do irmão do Damon? Vocês nunca me falaram. - ela pergunta, dando pausa no filme.

— Como não, claro que sim. É Stefan. Não falei, tem certeza?

POV Elena

Meu coração gela. Não pode ser não. Não, claro que não é. O sobrenome dele é outro. Fora que, aquele sujeito não parece nenhum pouco com Damon. Fora a falta de educação, tem os cabelos quase loiros, e olhos verdes. Sequer o jeito de falar é parecido. Impossível.

— Hum... Não. - sorrio pra disfarçar meu nervosismo - E como ele é, quer dizer, tem alguma foto, pra eu identificar?

— Ih, eu acho que só antiga. Ele é lindo! Não o vejo há tempos, acho que ele não veio aqui nenhuma vez depois que me mudei. Mas, não deve ter mudado muito. Ele deve ter a sua altura, mais ou menos. Talvez tenha crescido um pouco. Magrinho, tem os cabelos lisos, nesse corte que mamãe faz, sabe?! Bem certinho, assim pro lado. - rio dela imitando. - tem um sorriso lindo, desde pequeno. - ela pausa e grita pelo Damon – Baby, pega uma foto sua com teu irmão, por favor. - volta pra mim sorrindo. - Você vai ver, eles não se parecem quase nada. Damon é a cara da mãe dele e Stefan do pai. Giuseppe é um homem bonito também.

— Oi, tá aqui. Não tem nenhuma recente comigo, ele que tem essa mania de tirar foto no celular. Tá tudo com ele. - Damon aparece e senta no sofá, mostrando a foto. - Kath falou que vocês combinaram amanhã, né?! Que bom.

Sorrio pra ele confirmando. A foto é antiga, Stefan não deve ter mais de 12 anos. É uma graça de menino e realmente não se parece nada com Damon, talvez, um pouco, o sorriso torto. Mas também não se parece em nada com o que eu conheço, que é alto, vive de cabelo bagunçado, e parece ser fortinho, acredito que por causa do futebol.

— Ele usa aparelho? - percebo o brilho metálico nos dentes.

— Usa. Quer dizer, não sei se já tirou, mas, acho que não, não me disse nada. Ele reclama que vai ter que usar até a faculdade. - ele responde – ele odeia. Foi obra da Denise. A única coisa que tínhamos igual, ela deu um jeito de consertar. - ele fala um pouco triste.

Acho graça da observação e respiro um pouco aliviada. Não é mesmo esse cara. Pela discrição, Stefan do Damon parece mais desses meninos que ficam enfiados na biblioteca e mal falam com os outros. Stefan cretino é um playboyzinho metido que se acha e pensa que todo mundo está lá pra servir ele. É só uma coincidência mesmo.

Eles falam mais algumas coisas sobre Stefan, o irmão do Damon, e fico ouvindo curiosa. Parece que vou gostar mesmo de conhecê-lo. Estou ansiosa pra chegar amanhã.


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