Never Say Never escrita por Drix


Capítulo 12
Told You So




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POV Stefan

Acordo meio tonto com o telefone tocando estridente. Tateio a cabeceira procurando meu celular, não encontro. Percebo que é o telefone de casa que toca. Estico o braço pra pegar, olho o identificador. Rebekah. Respiro fundo. Certeza que já falaram pra ela onde eu tava ontem.

— Alô?

— Stefan?

— Fala. - nem tento ser gentil, ainda estou contrariado.

— Onde está seu celular?

— Não sei, devo ter largado na sala.

— Hum...

— Era isso? - pergunto, pra conferir.

— Você me deixou plantada ontem pra ir pra esbórnia com uma vadia? Você perdeu o juízo?! Abre a porta que eu tô subindo.

— Ahn? Não senhora, pode voltar pra sua casa!

— Eu não vou voltar, a gente vai resolver isso agora. Eu quero ver você desmentir isso na minha cara.

— Eu não vou desmentir nada, Rebekah. Eu não fui pra sua casa ontem pra sair com meus amigos. Não sei de quem você tá falando.

Ela entrou no meu quarto igual um furacão. Alguém abriu a porta pra ela. Desligou o celular e me mostrou uma foto, do último lugar que eu fui. Manchete “Bailarina do Corpo Principal curte festa com rapaz misterioso” E eu sou o rapaz misterioso. Dei uma gargalhada.

— Eu nem conheço ela. A gente tava só dançando. Peraí, tô bonito nessa foto, né?! - não resisti a piada.

— Ah é, ela parece muito íntima com as mãos em você.

— Hum... Olhando assim, parece mesmo. Mas, eu tava bêbado, e nem lembro da cara dela. Pra você ver. E essa foto não ajuda em nada pra eu saber quem é. Que droga! - digo debochando mais ainda. - Tem mais aí?

— Você não vai nem tentar se desculpar? - Ela me pergunta indignada.

— Eu não, não fiz nada. - ela continua me fuzilando com os olhos - Rebekah, eu saí, bebi, me diverti, não sei quem é essa e muito menos todas as outras pessoas em volta. Se você quer criar um caso em cima disso, fica a vontade. Mas, fica aí sozinha. Vou tomar banho. - me levanto sentando na cama, paro e olho pra ela. - A menos que você queira tomar banho comigo. - Tento né, vai que rola.

— Não! Eu vou embora, não quero olhar pra você hoje! - não rolou.

— Tá bem. Tenha um bom dia. - entrei no banheiro e bati a porta. Ainda ouvi ela andando de um lado pro outro, batendo o pé. Ignorei e entrei no box.

Quando saí, ela já não estava. Fui descobrir quem deixou ela entrar. Um dos seguranças do papai, que tá cobrindo a folga do George e conhece Rebekah desde sempre. Nem posso brigar com ele. Bom, já que acordei, vou fazer algo de útil. Coloco um tênis e vou correr no parque.

POV Elena

Acordei disposta hoje e decidi levantar, mesmo sendo domingo, já me acostumei a acordar com os primeiros raios de sol na janela. Olhei a cidade lá fora, uma quietude diferente, mas, ainda assim, movimentada.

Vou aproveitar pra estudar e adiantar umas coisas. Tomei meu café sozinha pela primeira vez em meses. Achei até estranho, mas, gostei de curtir o silêncio.

Vim pro quarto e separei as matérias. Vou começar de acordo com os tempos de aulas. Ajeito tudo, me dá um certo desespero. É muita coisa pra estudar em tão pouco tempo. Vou precisar de mais que um dia pra me preparar. De todo jeito, o primeiro passo está dado.

Algumas horas depois ouço os primeiros movimentos. Acho que eles foram pra cozinha. Ouço eles cochichando, mas, não identifico o que. Deixei o quarto aberto de propósito.

— Hey, bom dia. Caiu da cama? - Kath pergunta, aparecendo na porta.

— Bom dia. Não, costume. Tô aproveitando pra estudar. Deixei as coisas na mesa, pra vocês.

— Nós temos o brunch hoje. Tem certeza que não quer ir?

— Ah, tá, esqueci. Tenho sim. Olha... Muita coisa. Preciso me adiantar se não quiser ficar pra trás. - respondo apontando tudo espalhado na minha mesa de estudo.

— Bom, tudo bem. Se precisar de alguma coisa, me liga. Vou me arrumar. - Aceno com a cabeça. Ela sorri e sai.

Pouco tempo depois o telefone de casa toca. Meu corpo treme. As memórias vêm à minha mente como uma invasão. Não quero nem pensar na hipótese, mas sinto meu coração acelerar. Atendo receosa.

— Kath, oi, sou eu! - respiro aliviada. Não sei quem é, mas, pelo menos não é má notícia.

— Não, é a irmã dela. Ela não está! - respondo, mais calma.

— Ah! Você existe mesmo. Achei que fosse alucinação do meu irmão! - ouço a risada do outro lado e sorrio também.

— Existo, e você também, já estava achando que eles inventaram só pra me deixar curiosa. - ele ri de novo.

— É, uma alucinação coletiva e criativa. - ele ri de novo e continua – Por acaso, nenhum dos dois está, certo?!

— Não, saíram pra um brunch, nem sei direito o que é isso, mas Kath até fez biscoitos. - ele dá outra gargalhada, mas, dessa vez me sinto boba por não saber o que é um brunch.

— Jura? Puxa, perdi essa! - ele fala espantado, pelo visto conhece minha irmã – Mas, relaxa, não é nada que importe. - me sinto menos boba agora – Que droga, eu liguei pra perguntar se eles não queriam marcar um almoço hoje. Esqueci desse troço. Todo mundo deve estar lá... Bem, uma pena. E você, não quis ir por quê?

— Eu tenho muita coisa pra estudar, parece que meu colégio antigo é um pouco fraco. Ainda tô lendo o primeiro livro que a Sra. Saltzman passou, preciso terminar.

— Ah, sim, é que a Dalton é mais forte que as demais mesmo, isso é normal. Olha, vou te dar umas dicas, sobre os livros dela, você anotou os autores que ela falou na primeira aula?

— Aham.

— Então, foca nisso. Pega esses livros pra ler, os outros qualquer resumo de internet serve. Ela coloca na lista, só que nunca pede. E Filosofia também é moleza. Qualquer coisa que você diga o professor te acha um gênio, não vale ficar calada, só participar que já tá bom. Matemática e física é só fazer os exercícios em sala, que se tiver erro o professor corrige e conta ponto pela participação. Química e biologia não sou muito bom, acho que não tenho nenhuma dica sobre isso. - ele faz uma pausa e eu respondo.

— Essas duas são as únicas que não tenho problema.

— Hum, ótimo! Já sei quem vai me ajudar! - sorrio e ele continua. - Geografia, história, participando dos trabalhos e das aulas, você tira de letra. Bom, acho que é isso, não tem mistério. Tem que estudar mesmo. Ah, e tudo que você puder fazer de atividade extra, se enfia. Tudo conta como diferencial nessa reta final. Se alguém te chamar pra participar do clube de xadrez, vai! Qualquer atividade, por mais ridícula que te pareça, mostra pra banca de seleção alguma coisa que só eles enxergam.

— Entendi.

— Mas, ei, a gente não se esbarra nunca, né?! Nem uma matéria junto. Vamos tentar amanhã, na hora do almoço, no refeitório?

— Sim. Eu sou aquela que almoça sozinha, perto da janela.

— Sério? Por que, já pegaram no seu pé?

— É, bom... Nem quero falar nisso. - não entro no assunto porque espero, sinceramente, que amanhã as pessoas já tenham esquecido.

— Não liga não, logo eles arranjam algum assunto novo e te esquecem! - a minha esperança. - Não tem problema. Eu vou te procurar. Meu irmão falou que você parece com a Katherine, não vai ser difícil te achar. - eu concordo com um resmungo. A mais pura verdade, tirando o cabelo, nós somos bem parecidas.

— Eu acho ela bem mais bonita. - respondo.

— Ah, para. Você deve ser também, só ainda não se viu direito. - eu dou uma risadinha envergonhada, mas, achei fofo. - Desculpe, eu... quis dizer que se vocês são parecidas... bom...

— Eu entendi, relaxa. - percebo ele respirando aliviado.

— Então, é isso. Amanhã a gente almoça junto. Vou te apresentar uma meia duzia de gente legal e você nunca mais vai precisar almoçar sozinha de novo. Agora chega de te atrapalhar, bom estudo!

— Tá bem. Obrigada! - desligamos. Fiquei com uma sensação muito boa com a conversa. Ele parece mesmo a pessoa que minha irmã vive dizendo.

Quando coloco o telefone no lugar me dou conta de uma coisa. Eu nunca perguntei o nome dele. Eu conheço como irmão do Damon. Estou aguardando esbarrar com alguém de sobrenome Harper e perguntar isso. Que gafe. Bom, quando Kath chegar eu pergunto.

Volto a estudar, o dia está só no começo.

POV Stefan

Volto da corrida cheio de gás. Não tem nada pra fazer além de ficar a toa. Vou ligar pro meu irmão, pra almoçar. Aproveitar que não faço ideia de onde papai está e estou livre de seguranças no meu pé hoje. Procuro meu celular e não acho. Devo ter perdido na saída da festa.

Resolvo tentar outra busca. Pego o telefone e ligo pro meu número. Começo a ouvir um som. Hum... Vou seguindo o barulho até encontrar caído debaixo do sofá. Como veio parar aqui? Bom, não importa.

Vejo diversas mensagens e ligações da Rebekah. Uma ligação do Damon, outra do meu pai. Ligo pra ele primeiro.

— Oi Pai.

— Posso saber onde você está? - ele nem pergunta se tô bem.

— Em casa, meu celular caiu debaixo do sofá, não tava encontrando.

— Por que você dispensou os seguranças?

— Porque não pretendo sair hoje. Vou ficar estudando. - minto descaradamente.

— Não vai sair com a Rebekah?

— Não senhor. Nós brigamos.

— Stefan, eu não admito que você magoe essa menina, o Elijah é meu sócio e amigo, não quero você estragando isso.

— Foi ela que estragou, não eu.

— Eu não quero saber, conserte! - e então, ele desliga na minha cara. Não vejo a hora de sair daqui.

Respiro fundo. Vou retornar a ligação do Damon e vou sair pra almoçar com ele. Tento retornar no celular, mas, parece que tá desligado. Ligo pro de casa.

O telefone toca várias vezes. Opa, Kath atende. Ih, não é. A irmã dela, que bom falar com ela, finalmente. Achei que era uma alucinação coletiva. Rio com a minha piada.

Putamerda, esqueci do Brunch, deve ter sido isso que a Rebekah veio fazer aqui. Ainda bem que desistiu. Mas, droga, pelo menos eu teria visto meu irmão. Agora eu não vou mesmo. Foda-se.

O papo flui bem, apesar de que, falei mais que ela. É uma menina simpática, acho que Lexi e Dean vão gostar dela. Parece inteligente. Tento não me alongar no assunto, mas, acabo me estendendo. Melhor marcar pra amanhã no almoço. Encontro a chatinha e depois vou até ela. Sem namoro na arquibancada amanhã, tô bolado ainda com a ceninha da Rebekah.

Putz, eu nem conheço a garota e já tô dizendo que ele é bonita, cala essa boca, Stefan! Acaba logo essa conversa antes que piore. Pronto, isso. Ufa.

Desligo respirando aliviado. Tomara que ela não faça mesmo mal juízo, eu só quis dizer que se ela parece a irmã, que é bonita, bom, enfim, pra quem eu tô me justificando agora? Ainda considero a hipótese de ir ao brunch encontrar meu irmão. Olho a hora e desisto.

Vou pedir alguma coisa pra comer, e assistir um filme enquanto espero. Vou acabar não saindo mais de casa hoje, mesmo.

POV Katherine

Acordo meio tonta. Foram muitos drinks ontem. Tento me levantar e mudo de ideia em seguida. A cabeça ainda gira. Preciso de um café, mas, não vou mesmo pegar agora.

— Bom dia, baby. - Damon sorri. - Vou pegar um café, você deve estar precisando.

Sorrio pra ele. Cheguei tão bêbada. Mas foi divertido, ainda pudemos aproveitar um tico o doce efeito do álcool. Até strip eu fiz. Que engraçado. Ele me traz uma xícara e tento me levantar pra beber. Parece tudo melhor agora.

Ele me abraça de lado, deitando a cabeça na minha barriga. Faço cafuné. Domingo é tão bom, temos tempo pra isso. Ficamos na cama curtindo o aconchego um tempo.

— Precisamos ir, né?! - lembro do brunch. Não gosto de me atrasar.

— Precisamos? - ele pergunta com carinha de gato travesso. Quase respondo que não.

— Sim. Eu assei aqueles malditos biscoitos pra essa festa, a gente vai nem que seja só pra entregar essa porcaria! - falo decidida, ele ri.

— Vamos passar o dia fora, mais tarde ainda tem o lançamento do livro daquele seu amigo.

— Putz, tinha esquecido que era hoje. Droga! Não devia ter bebido tanto ontem. - ele ri de novo, me enchendo de beijinhos.

— Particularmente, eu gostei. - ele responde com um sorriso torto e malicioso. Acho fofo.

Nos levantamos pra nos arrumar.

— A porta da Elena tá aberta. - ele diz.

— Será que ela saiu? - pergunto, sabendo que ele não saberia responder. Saio do quarto e vejo se tem algum bilhete. Não acho nada e vou até o quarto. Confiro que ela está em casa, e fico mais tranquila. Volto pro meu quarto pra me arrumar.

Logo chegamos no brunch, um monte de senhoras elegantes e eu. Não sou esposa, embora me tratem como uma. Esperam que eu me enquadre nos padrões deles, e eu sei que isso nunca vai acontecer. O que aliás, fez o Damon se apaixonar por mim foi justamente não ser o padrão que essa gente espera.

Mesmo assim, sou educada e tento socializar, como mamãe sempre disse. Meu nome ajuda. Todos conhecem o famoso Dr. Gilbert. Ouço as conversas sobre candelabros, toalhas combinando com guardanapos, e me dá sono. Bocejo, tento disfarçar e olho pro lado. Vejo meu noivo lindo se aproximando pra me salvar.

— Com licença, senhoras, preciso da minha noiva por um instante. - ele diz com um sorriso aberto e elas suspiram. - Vem cá, se você bocejar de novo vão achar que você está entediada.

— Mas eu estou entediada.

— Pshhh ninguém precisa saber. - Ele ri e me beija, me conduzindo até outra parte do salão.

Esbarramos com Rebekah, reclamando alguma coisa com um dos garçons.

— Rebekah, oi.

— Oi. É impossível que eles entendam o que é um coquetel sem álcool? - ela resmunga.

— Meu irmão, está por aí? - Damon pergunta, esperançoso.

— Não! Deixei ele em casa curando a ressaca. - ela responde torcendo o nariz. Damon arregala os olhos, surpreso.

— Ressaca?

— É, saiu com uns amigos, diz ele, e encheu a cara ontem. Deu pra isso, agora. Me ignorar e beber. Onde já se viu? - ela termina de falar e vai perturbar outro garçom.

— Meu irmão, bebendo? - ele fala me olhando, confuso.

— Damon, ele deve ter inventado isso pra não vir com ela, Stefan não é esse tipo de menino. Mas seria capaz dessa mentira pra se livrar do compromisso. - digo, acreditando nas minhas palavras. Ele se conforma, contudo, decide ligar pro irmão. Acho bom. Melhor ter certeza de toda forma.

— Ele não atende o celular. Vou tentar o fixo.

Alguém atende e diz que Stefan foi correr no parque. Ele respira aliviado. Alguém de ressaca não sai pra correr. Ele desliga o telefone e resolve curtir mais um pouco da festa. Fico tranquila. Esse menino é um anjo, nem parece adolescente, às vezes.


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