Quimera escrita por iago90


Capítulo 5
Capitulo 5 = Memoria Perdida




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10/06/2014

Os pesadelos voltaram a acontecer. Fazem apenas 4 dias desde que me encontrei com aquela mulher, mas os pesadelos não eram sobre ela. Eram sobre coisas mais antigas, com anos, séculos e por que não, milênios de distância. Eram sonhos sobre guerras. As línguas que eu ouvia eram confusas, mas eu...ou quem quer eu fosse nos sonhos, falava e compreendia essas línguas. Estava lutando contra humanos, monstros, coisas esquisitas das quais eu nem consigo nem sei se quero conhecer algum dia. A primeiro pesadelo se passava em um deserto. De um lado tínhamos um grupo de pessoas vestidas com roupas para o Deserto, com capuz e tudo mais, alguns traziam espadas e outros livros, do outro lado, também existiam pessoas vestidas de formas parecidas. A única diferença que percebi eram que um dos lados possuía um símbolo de uma espada branca tatuada em sua testa, enquanto o outro grupo possuía um machado negro também na testa. Ambos se olharam por alguns segundos e então avançaram um contra a outro. Nesse momento eu sai do corpo em que estava habitando e comecei a ver tudo de fora. Eram dois exércitos imensos, e não um grupo de pessoas pequeno. Foi horrível...sangue e mortes eram apenas o aperitivo. Desmembração também não foi o que mais me chamou a atenção, e sim que alguns de ambos os grupos estavam usando magia. Ou isso, ou alguma ciência muito forte pois invocar tornados de fogo do nada não me parecia ser algo muito...cientifico. Além de tornados de fogo, outras magias foram usando a agua que corria por baixo da terra, fazendo a mesma irromper em gêiser quentes, ou então usando o ar para criar tempestades de areia. Ambos os lados foram determinados a morrer. Pois era só isso que eu via. Morte e mais morte. Quando um conseguia matar o outro, este mesmo era morto por um terceiro de alguma forma. Até que então, 14 formas de vidas em diversos pontos do campo de batalha apareceram. Eles estavam misturados aos demais soldados. E quando se transformaram...eu soube imediatamente o que eram. Lobisomens e Vampiros.

Os Lobos rasgavam as peles de seus inimigos com uma fúria incontrolável enquanto os Morcegos avançavam pelo campo de batalha com uma incrível velocidade. Após um rio de sangue de seres vivos, ambos os lados se reuniram atrás de seus campeões. Os Lobisomens de um lado traziam uma mulher vestida com uma armadura de aparência romana, enquanto os vampiros estava um Homem que vestia também uma armadura romana.

Eles começaram a trocar o que parecia ser insultos uns aos outros, enquanto os Lobisomens voltavam a forma humana e os vampiros faziam o mesmo. 7 vampiros, 7 lobisomens. Aparentemente liderados pelos dois de armaduras que, após a troca de insultos, avançaram um na direção do outro, junto com os exércitos. A última lembrança que tenho desse sonho foi de ambos os lideres gritarem um para o outro: Draconiano caia!

Acordei ofegante e todo suado. Saindo do meu colchão já todo em farrapos, me perguntei aonde estariam Reginaldo e William. Minha resposta não demorou muito pois os vi cruzarem a rua em minha direção, ambos traziam garrafas de agua

—-Bom dia princesa—disse Reginaldo se aproximando primeiro

—-Estávamos preocupados com você já. Afinal, já fazem 4 dias desde que você quase foi morto

—-Relaxem, eu estou bem—falei sorrindo—e adoraria um gole de agua

Reginaldo suspirou e me entregou a garrafa—e então Alex? O que vamos fazer agora?

—-Como assim o que?

—-Bem...Se ela estava atrás de você, então devem existir outros como você pelo mundo certo?

—-Sim...mas ela disse que eu era um vampiro

—-Que idiota—falou William—vampiros não existem. Eles são biologicamente impossíveis de existirem. Pode acreditar, eu sou biólogo

—-É, um biólogo fracassado—disse Reginaldo rindo

—-Pelo menos eu terminei a escola né?—retrucou William fazendo Reginaldo ficar quieto e me fazendo rir ainda mais

—-Bem, de qualquer forma, Eu ainda  sei o que fazer com esses poderes. Eu poderia me tornar um herói das ruas

—-Claro...valeu Batman

—-Olha Regi, não é uma má ideia

—-Ah claro, disse o Biólogo. E por que você iria fazer isso? Pra que ajudar as pessoas? Ela nem ligam pra nós. Quer ver só?—disse ele puxando nós dois para a praça do teatro municipal.—Olhem para eles. São diversos. Estão sempre correndo e vivendo. Cada um deles tem seus próprios problemas para cuidar. Nenhum deles nem olha para nós. Somos invisíveis para eles. Simples assim. E é assim que o mundo deve ser. Fim.

—-Ainda acho que devemos ajudar as pessoas—disse William

—-Você é um sonhador Doutor, eu vivo aqui desde que nasci, conheço o tipo de ser humano que habita nessa cidade, e nenhum deles quer ajudar. Mesmo os policiais. Muitos deles só estão na corporação pelo prazer de matar alguém, ou então são infiltrados dos bandidos. Dinheiro move o mundo pessoal. Correção: Poder move o mundo.

—-Você não acha que é muito jovem para ter essa visão já formada do mundo?—disse incrédulo para Regi

—-Jura Alex? Logo eu?

—-Como assim logo você?

Reginaldo pareceu não ouvir a pergunta de William pois permaneceu em silencio observando as pessoas. Mas respondeu com um apenas: “ não é nada”

A noite caiu na cidade. Mais um dia se foi, mas eu ainda estava pensando no meu pesadelo. E se eu fosse mesmo um vampiro? Mas...vampiros não deveriam ter uma sede de sangue? Como eu poderia ser um e não ter isso? E essa habilidade de dobra de sangue? Bem, eu precisava pensar, e não dava para fazer isso com o Reginaldo roncando tão alto que provavelmente acordaria todo o estado do Rio de janeiro em alguns segundos. Por isso, decidi usar minha dobra de sangue e fui para o mesmo telhado em que aquela caçadora quase me matou. As marcas de sangue ainda estavam lá. Me pergunto se minha mente apagou alguma coisa que eu tinha feito a ela. Afinal, esses sonhos e flashbacks eram de antes...muito antes de eu chegar aqui no Rio. Fui para o centro, ou o que parecia ser o centro do telhado. Fechei os olhos e tentei visualizar quem eu era antes. Talvez isso me ajudasse a desbloquear minhas memórias, e talvez assim eu descobriria quem eu fui, ou quem eu sou e mais importante, o que aconteceu com as minhas memórias.

—-Você realmente voltou aqui...inacreditável—a voz era da mesma mulher que atacou. Ela fez eu abrir meus olhos rapidamente e sentir ao mesmo tempo um frio tremendo na espinha. Mas ao olhar ao meu redor, não havia ninguém.

—-Tem alguém ai?—Mas não tive nenhuma resposta. Não havia nem mesmo vento ali para fazer algum som. Suspirei e fechei meus olhos novamente. Eu nunca havia meditado ou sequer parado para pensar no meu passado, ou em como eu fui parar na cidade do Rio de Janeiro. Mas agora com esses poderes, eu talvez descobrisse algo. E conforme fui me acalmando e minha mente foi lentamente se enchendo com mais flashbacks.

—-Por que a surpresa?—essa voz era a minha. Aos poucos, um cenário foi se abrindo em minha mente. Eu estava em uma clareira rodeado por rochas imensas, como se fosse um desfiladeiro. Estava de dia, mas chovia tanto que era difícil de ter certeza. Na minha frente, estava aquela mesma mulher—afinal, eu sempre volto não é mesmo Laura?

—-Volta para apanhar, como sempre. Eu vou te matar dessa vez seu monstro filho da puta!—gritou ela sacando as pistolas e disparando na minha direção. Mas diferente de a 4 dias atrás, eu desviei com uma facilidade enorme

—-Minha cara Laura, já devia saber que eu não posso ser morto

—-Só preciso cortar sua cabeça, ou arrancar seu maldito coração fora!—gritou ela enquanto suas balas cortavam os pingos de chuva em minha direção, mas desviar delas não parecia ser difícil em momento algum. Ela então puxou um cabo de espada da sua cintura e partiu para cima de mim

—-Ó, uma espada magica é?—falei com um ar de desprezo

Essa memória...eu já havia então me encontrado com aquela mulher. Então por que ela não se lembrava de mim? E nem eu dela?

—-Cala essa sua boca!—ela gritou arremessando o cabo da espada. No momento, eu não compreendi, até que notei que não era um cabo de espada, e sim uma espécie de granada, a mesma explodiu no meu rosto, me deixando cego por algum tempo. Era uma poderosa granada de luz. O que se seguiu foi um poderoso chute no meu rosto, seguido de uma sequência de golpes rápidos, usando chutes e socos.

Meu eu das memórias, pareceu usar algum tipo de sonar, pois eu consegui parar um chute dela mesmo sem poder ver nada. Segurei sua perna e a arremessei para longe. Ela bateu em uma pedra fortemente. Quando consegui voltar a ver, ela já estava de pé novamente

—-Olha só, defesas magicas é?

—-Cortesia de um amigo meu Lockheart.

—-Por que não me chama pelo nome hein pirralha?

—-Pirralha? Eu sou 5 anos mais velha que você!

—-Fisicamente sim, mas sabemos muito bem quem é o ancião aqui

—-Menos papo e mais ação!—ela se levantou e disparou em minha direção. Sua roupa brilhava toda em um tom esbranquiçado. Magia? Isso não existe...certo? Fosse o que for, aquela mulher...Laura estava praticamente voando bem perto do chão na minha direção com um soco vindo já preparado para me acertar.

—-Estupida!—gritei desviando de seu soco e dos diversos outros que se seguiram.—Isso é inútil!—gritei novamente dando um forte pisão no chão, fazendo com que várias estacas vermelhas subissem de baixo da terra molhada pela chuva. Laura parou na hora e me olhou nos olhos, paralisada de medo talvez?—Entendeu agora não é? Desde o momento que você começou ame atacar e você me feriu, eu deixei alguns ferimentos meus abertos, vazando sangue por toda a área enquanto você me jogava para lá e para cá enquanto eu estava cego. Isso foi o suficiente para preparar o campo de batalha para agora finalizar você.

—-Eu não consigo me mexer

—-Isso foi por que meu sangue está também em você. Digo, em suas roupas. Você pode se mexer, as suas roupas estão totalmente enrijecidas. Não acho que você vá conseguir fazer algo contra mim agora. Ah não ser é claro...que fique pelada. Coisa que eu adoraria ver

—-Filho da puta

—-Me xingar não vai adiantar. Pirralha. Preciso que você faça algo para mim Laura

—-O que te garante que eu vou fazer hein!?

—-Eu sei que você vai, pois eu sei que você vai gostar. Você precisa me matar Laura

—-Hã? Como assim?—disse ela claramente confusa

—-Você irá entender—falei desfazendo as estacas de sangue do ar e me aproximando dela. Segurando ela em meus braços a puxei para perto de mim, retirando de sua postura de luta

—-O que você pensa que está fazendo!—gritou ela ainda paralisada do pescoço para baixo

—-Bem, só estou dizendo adeus

—-Adeus? Se você ousar fazer isso que eu to pensando que você vai fazer eu juro que vou—bem, aquilo sim foi um baita beijo

E após isso, eu abri os olhos. Ainda estava no telhado, mas ele estava todo destruído. Como se a luta entre eu e Laura que aconteceu nas memórias tivesse acontecido de novo ali em cima. Eu olhei para mim mesmo, e eu estava cheio de cortes nos braços e nas pernas. Alguns também no meu peito. Minha camisa estava em farrapos no chão do telhado em uma poça de sangue.

—-Mas o que...O que aconteceu aqui?—falei alto enquanto observava o meu redor. Não pude evitar de pensar em que eu iria encontrar algum corpo mutilado ali em cima. Mas não achei nenhum. Bem, pelo menos Laura era um rosto familiar...Um rosto sexy e assustador, mas pelo visto familiar. Será que eu fui algum monstro imenso no passado? E o eu quis dizer com ancião? E pior, aonde estava minha sede de sangue? Bem, se eu não tinha, então significava que eu não era um vampiro...certo?


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