Quimera escrita por iago90


Capítulo 3
Capitulo 3 = Consequencias




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22/05/2014

Já fazem dois meses desde que aquilo aconteceu. A polícia, pelo que vi pelas televisões das lojas, era um estuprador em série. Já estava sendo procurado pela polícia a tempos. O problema é que eles precisavam descobrir quem tinha feito isso. A mulher que eu salvei disse que tinha sido um mendigo, e que ela pensou que ele, no caso eu não é, tinha morrido. Mas isso não era o que mais me intrigava. Desde aquele dia eu comecei a me sentir estranho. Enjoos do nada, meus ouvidos doíam diversas vezes ao dia, uma baita dor de cabeça. No início esses sintomas eram incrivelmente frequentes, mas agora estão começando a desaparecer. Eu ainda não sabia o que tinha causado, e não estava certo se eu queria saber

—-Faz de novo?

—-O que?—falei ainda meio sonolento

—-Aquilo que você fez

—-Reginaldo, o sol ainda nem nasceu...—falei abrindo lentamente os olhos e me dando de cara com um garoto que tinha quase a mesma idade que eu—E são 5:42 da manhã! Vai dormir seu endemoniado

—-Ah para vai, faz logo cara, sabe que eu não vou parar de te perturbar até você fazer

—-TA! Nossa como você é irritante!—falei enquanto me levantava—pega a minha faca por favor Regi

—-Ta na mão—falou ele se abaixando para pegar a minha faca. Ela era uma simples faca de corte comum, como aquela que as pessoas usam quando vão almoçar nos restaurantes, ou em suas casas. Assim que peguei a mesma, fiz um corte minúsculo na minha mão esquerda, só fundo o suficiente para fazer com que o meu sangue saísse. No começo aquilo doía muito, agora é mais como um pequeno beliscão, como prender seu dedo em um pregador de roupa. É um incomodo, mas nada insuportável. —Agora faz aquilo

—-Okay, calma—disse enquanto puxava mais sangue usando o que eu achava ser minha mente para fora do machucado. Após fazer isso, comecei a molda-lo. Primeiro em uma agulha de costura, depois em uma pirâmide vermelha do mesmo tamanho que a agulha, e terminei fazendo uma adaga pequena. Deveria ter 15 cm de lamina e 5 cm de cabo—Que tal? Agora ta feliz?

—-Valeu cara. Você é dez

—-O que os dois garotos estão fazendo hein?

—-Não enche William

—-Olha só, brinquedinhos. Você quem fez garoto?

—-Sim, por que?

—-Tsc, já disse. Não use isso em público. Se verem você fazendo isso...

—-Vão fazer o que? Hein? E além do mais, ninguém se importa com um mendigo mesmo.

—-Você não sabe o que lhe aguarda garoto. Eu já conheci pessoas com esse poder que você tem. E

—-Ah não começa cara. Não vai começar a delirar de novo, não é?

—-Eu não estou delirando! Eu já fui um professor renomado sabia?!

—-É—falou Reginaldo dessa vez—Até se acabar em bebidas e surtar por causa do stress, nós já sabemos a história Will

—-Então escutem bem o que eu digo. Seu poder...essa maldição vai crescer e vai chamar a atenção de outros. Tome cuidado Alex

William Theodore Francis da Mancha. Esse era o nome todo do Will. Nascido na França, no ano de 1979, veio para o Brasil para expandir seus conhecimentos sobre botânica em 2004. Aqui conheceu Ivone, o amor da sua vida. Ambos se casaram, mas uma tragédia ocorreu antes que Ivone pudesse conceber a criança que a mesma carregava no seio. Ele vive nas ruas desde que sua mulher morreu. Nunca conseguiram comprovar quem de fato a matou, mas Will sempre disse que tinha sido alguma mistura de homem e animal, pois, segundo ele, a “coisa” veio atrás dos dois enquanto estavam voltando de volta para casa, depois de comemorarem 5 anos de casados. Sabe o que é isso? E William... Ele se lembra ainda de cada detalhe. Cada momento alegre com sua mulher, cada sorriso dela, cada briga deles, estava fresco em sua cabeça. No começo ele tentou escrever os momentos que tivera com ela para não esquecer, mas depois percebeu que não precisava disso. A vida de ambos jamais seria apagada, tão pouco a forma como aquilo atacou ambos. Segundo William, a coisa que o acertou, veio por trás como um caminhão furioso e o acertou com força, arremessando contra um carro estacionado. William ficou meio desnorteado mas conseguiu ver enquanto o homem cravava os dentes no pescoço de Ivone, enquanto ela gritava de dor. William conseguiu unir forças e se levantou e com uma pedra que achou no chão, partiu para cima do seu assassino. Ele agarrou o homem pela cintura e o forçou para o chão, obrigando o mesmo a soltar o pescoço de sua mulher. Quando estava com ele no chão, a pedra pareceu parte do seu corpo, mais precisamente de seu braço enquanto ele continuava a soca-la no rosto de seu assassino. Socou até a mesma quebrar e o homem aparentemente desmaiar. Seus olhos eram de uma cor vermelha. Mas não era o sangue neles. Antes mesmo de ele acertar o “filho da puta sanguessuga” sua íris estava num tom diferente de vermelho. Um vermelho-escarlate segundo o próprio Will. Após garantir que o homem não iria vir atrás dos dois, William correu com Ivone para algum Hospital. Mas mesmo lá, não puderam fazer nada. Ivone havia perdido muito sangue. Não havia como salva-la. Desde aquele dia, o Professor de Biologia William morreu e nasceu um homem louco e triste. Talvez nem tão louco...só triste.

 

05/06/2014

Will me ensinou a ler e a pensar. Reginaldo me ensinou a sobreviver na rua e os outros me acolheram. Não éramos bem uma família, mas eu gostava de pensar em Will e Reginaldo como meus irmãos mais velhos e mais novo respectivamente. William me ensinou a ler quando cheguei na Cinelândia, e Reginaldo a sobreviver nas ruas. Fosse catando comida das ruas ou roubando comida das barracas de biscoitos. As vezes uniam-se nós 3 para roubar comida. Eram raras essas ocasiões, mas quando aconteciam, eram imparáveis. Bem, quase.

—-E então? Vamos assaltar o que hoje?

—-Credo Reginaldo, você falou igual a um bandido

—-“Mermão”, me respeita “cumpadi” que aqui é o zé pequeno, “morô”?

—-Cala essa boca e fala logo o plano—disse William impaciente—já estou velho e não tenho mais paciência

—-Você só tem 40 e poucos anos

—-De qualquer maneira, desembucha Regi—falei com uma certa impaciência

—-Okay é o seguinte. Amanhã é sexta. Dia em que os bares estarão cheios de noite e as padarias daqui do centro também. Agora que o Alex tem esse poder novo, vamos usa-lo. William será o mendigo velho

—-Pra variar

—-Como eu estava dizendo, você ira atrair a atenção de todos ao cair na rua. Quando todos estiverem olhando para você, eu começo uma briga com você, que fara as pessoas irem até nós dois para nos separarmos. Nesse meio tempo, Alex entra e usando sua Dobra de Sangue

—-Dobra de Sangue?

—-É...é de um desenho que eu vi na TV das casa Bahia. De qualquer forma, Alex usa sua Dobra de Sangue para roubar a comida do prato das pessoas

—-E como você acha que eu vou fazer isso?

—-Simples: Injetando seu sangue na comida deles

—-HEY! Eu é que não vou comer comida com o sangue desse cara—falou William me apontando—sem ofensa

—-Olha, é o plano perfeito. O que pode dar errado?

—-E se alguém me ver Dobrando Sangue?

—-É para isso que eu to aqui. Caso alguém veja você, eu dou um berro, isso vai dar um susto nele, fazendo com que ele se distraia por alguns segundos e então você consiga fugir.

—-Bem, espero q isso dê certo

—-Vai dar William. Algum plano meu já deu errado?

—-Entendeu agora o porquê de eu estar preocupado Alex?

—-Sim, eu entendi—falei rindo de leve

—-Escutem aqui, vai funcionar! —Gritou Reginaldo chamando a atenção das pessoas que passavam pela rua, saindo de seus trabalhos

—-coitado...tão novo e já nas drogas—disse uma mulher vestida de forma social e depois soltou uma risada irônica

—-Vadia...—reclamou Reginaldo—Enfim, amanhã senhores, jantaremos como reis! —Terminou Reginaldo.

Esse cara era um daqueles que não tinha o porquê de estar na rua. Quando cheguei aqui, Reginaldo estava praticando um roubo a uma padaria. O objeto roubado? Um pão doce recheado com goiabada. Várias vezes perguntei o motivo de ele ter abandonado sua casa tão cedo, mas em todas ele apenas disse: “Sabe quando você tem uma banana e um gorila? Então, eu era o Gorila” Eu nunca entendi bem o que aquilo significava. Mas ele sempre tinha a mesma expressão quando falava aquelas palavras. Seus olhos fitavam o infinito e suas palavras saiam como um peso de uma estrela. Reginaldo, apesar do passado que claramente era conturbado, estava sempre alegre, tentando fazer nós dois rirmos e esquecer dos nossos problemas. Seus planos raramente davam certo e geralmente acabavam com a gente tendo que correr da polícia e das pessoas que roubávamos. Não me entenda mal, nunca roubei dinheiro nem nada parecido. Apenas comida. Segundo William, ele era filho de uma família riquíssima do Brasil inteiro, mas fugiu de casa e agora está aqui. Ele também não entendeu a metáfora do Gorila e da banana. Diferente de William, Reginaldo é branco, tem os cabelos arrepiados e grandes, pois não viam uma tesoura a muito tempo. Suas roupas eram uma bermuda que já foi um dia xadrez azul-marinho, e um camiseta vermelha cheia de buracos, esta que ele lava sempre que pode. Sempre descalço, ele explica que corre melhor assim, mesmo comigo e Will falando que ele ainda iria furar o pé. Ele ria e dizia: Não sou um fracote que nem vocês dois. De fato, Reginaldo era uma pessoa bem estranha.

—-Alex, você andou treinando sua Dobra de Sangue não é?—Perguntou Will

—-Esse nome vai ficar não é?

—-Tem algum melhor?

—-...Sim, eu treinei. Já consigo fazer armas maiores sem ficar exausto

—-N precisamos de armas agora. Precisamos de controle. Faça isso, coloque seus sangue no chão e depois suspenda o mesmo no ar

William e eu olhamos para Reginaldo com olhares de dúvida e surpresa

—-Que foi?

—-Okay...---dito e feito. Usando a minha faca, fiz um corte na mão e deixei o sangue sair. Depois de algumas gotas já no chão, me concentrei em tentar controlar o mesmo e faze-lo levitar. Depois do incidente, eu gastei bastante tempo aprendendo a controlar meus poderes sobre sangue. Do tipo, muito tempo mesmo. Então isso não foi muito difícil.

—-Ótimo, e plataformas?

—-Plataformas?

—-É, tipo, andar no ar essas coisas?

—-Eu nunca tentei isso

—-Tente agora

—-E em que isso irá nos ajudar Reginaldo?

—-Você verá. Faça Alex

Não entendi muito bem o porquê de ele está pedindo isso, mas fiz. Reorganizei as dezenas de gotas de sangue uma plataforma vermelha. Era fina como uma folha de papel, o que não me deixou muito confiante a princípio para subir nela, mas após Reginaldo insistir, vi que ela era de fato tão solida e rígida quanto qualquer outra construção de sangue minha. E o melhor, eu poderia controla-la enquanto estava em cima da mesma, e testei a minha teoria movendo com ela para cima e para baixo, para direita e depois para a esquerda. Seu limite de expansão era de 2m², e eu poderia faze-la funcionar como um poderoso trampolim. Aquilo era incrível!

—-Pronto, agora temos um Skate feito de sangue –falou William de ironia

—-Regi, por que fazer isso?

—-Amanhã, iremos nos dividir. Assim que você pegar a comida, o plano dando certo ou não, precisamos nos dividir. Eu corto pela Rua Alcino Guanabara e vou até a Senador Dantas, William vá pela praça Floriano e de lá desapareça

—-Como assim?

—-Sei lá, vai para o metro da Cinelândia, fingir estar dormindo no chão, não importa, as pessoas só precisam esquecer de você. Enquanto você Alex, usa sua dobra de sangue para fazer essa plataforma e, após sair dos olhares alheios óbvio, suba para cima de algum prédio e depois espere. Todos nós vamos esperar até 23h

—-Isso são quase 1h esperando

—-Temos que ter certeza, ah não ser que você queria a polícia atrás de você, ou pior, as pessoas que tiveram a comida roubada

—-Regi, nesse caso eu concordo com o Will. É muito tempo esperando

—-...TA! 30 minutos então para os viadinhos ta bom?

—-Sim, esta—respondi Regi

—-Ótimo, então vamos dormir, pois amanhã temos muito o que fazer


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