Quimera escrita por iago90


Capítulo 11
Capitulo 11 = Catástrofe parte 1


Notas iniciais do capítulo

Helloooo, adivinhem quem voltou!!?!?!



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Eu estava flutuando. Estava sem peso algum e completamente livre do chão. Mas aonde? E por que diabos a gravidade não surtia efeito em mim? Estava eu finalmente livre dessas amarras da pobreza e da vida. Pera, ainda não quero morrer. Eu tenho tanto ainda pra fazer...eu ainda nem provei strogonoff.
Mas minha sensação acabou assim que eu abri os olhos, e a gravidade voltou ao meu corpo como um poderoso soco me jogando para o chão e depois rolando por todo o ônibus enquanto o mesmo se rebatia com força contra o chão. A onda de choque varreu as ruas e por alguns microssegundos eu pude ver pelo o que foi um dia janelas de um ônibus, carros e pessoas sendo dilaceradas pela força devastadora daquela onda. O ônibus em que estava então parou. Seu interior estava retorcido em si próprio, o que o fez perder seu tamanho original. Mas o fim estava bem longe de acontecer. Não sabia aonde tinha ido parar, mas sabia agora que um prédio estava preste a despencar em cima de nós. Não havia tempo para escapar ou qualquer coisa parecida. As vigas do prédio estavam cedendo ao peso agora distribuído de forma desproporcional, eu podia ouvir os estalos metálicos. Reforçar toda aquela estrutura com sangue estava fora de cogitação, não havia tempo. Então olhei ao meu redor. O ônibus. É claro. Mas de quanto sangue iria precisar? Provavelmente 5 ou 7 humanos inteiros. Para minha sorte...e azar deles, eu tinha corpos ao redor do ônibus à vontade. Dentro do mesmo, as pessoas ainda estavam tentando entender o que tinha acontecido, algumas estavam desacordadas e outras com os membros quebrados e/ou com ossos expostos. O cenário era aterrorizante em todas as formas. A estrutura então veio abaixo, trazendo consigo poeira e os gritos das pobres almas que ainda estavam dentro do prédio. Todos estavam tão imersos em seus próprios problemas atuais que ignoraram completamente enquanto eu dobrava o sangue das dezenas de corpos que estavam pelas ruas e montava uma estrutura que iria segurar ou pelo menos diminuir o impacto dos destroços no ônibus. Usando uma mistura de sangue, aço e poeira, fiz uma espécie telhado reforçado em cima do ônibus, o que segurou as primeiras pedras...mas não o prédio todo. E enquanto eu forçava a estrutura a manter sua forma, pude sentir meu corpo estalando e algumas coisas se rompendo. A dor foi intensa e durou por muitas horas mesmo depois, mas eu sabia o que era aquilo, ou que aquilo devia indicar. Eu era de fato um vampiro. Ou um lobisomem, já que a transformação não conseguiu mal começar, pois os ônibus, junto com a minha estrutura foi soterrado no chão que cedera logo abaixo de nós. E mais uma vez estávamos na escuridão, agora sem chances de voltar tão cedo.

...

Estávamos lá embaixo a quase 2 horas já. Se ter nem ideia do que tinha acontecido ou do que estava acontecendo la em cima. Ouvíamos de vez em quando alguns barulhos, como se de prédios caindo ou coisa parecida. Ou quem sabe poderiam ser novas explosões. Não tinha como eu abrir um buraco na terra usando dobra de sangue, pois se eu fizesse, o que era bem fácil, poderia ocasionar outro deslizamento e então matar todos nós. William estava com um bebe no colo e um rasgo que ia do joelho esquerdo até pouco antes do seu pé. A escuridão total só era cortada pelas luzes das telas dos celulares daqueles que ainda estavam acordados. Alguns estavam chorando. Outros gritando. Eu estava quieto na minha. O sangue que usei para diminuir os danos ao ônibus ainda estava nas pedras. Seco, mas ainda lá. Não havia como dobrar hemácias mortas. Acredite, eu tentei isso na última hora toda. Mas antes de perder “contato” com as agora diversas poças de sangue, eu senti a terra cedendo. Eu só adiei o que aparentemente era inevitável. Iriamos todos morrer ali dentro. Ou esmagados pelos pedregulhos, ou de fome, ou então um de nós iria surtar e sair matando os outros. E o que mais me assustava, era que essa última opção tinha toda a cara de ser eu essa pessoa que surta.

...

Agora devem fazer quase 4h e alguma coisa. Decidimos nos reunir. É estranho como o ser humano em momentos assim prefere se unir à ficar só. É quase automático. Os celulares estavam acabando a bateria, e logo iriamos perder nossa fonte de luz.

—-Então...o que vocês acham que foi aquilo? —disse a que se chamava Rafaela. Mãe de dois filhos, um de 11 e outro de 9, estava indo para casa quando a explosão aconteceu. Os cabelos loiros ficaram imediatamente cinzas devido à forte poeira. Seus olhos castanhos não negavam o sentimento de ternura materna. Estranho, pois tenho quase certeza que ela me viu enquanto eu dobrava o sangue algumas horas atrás, mas se sentia medo, seu rosto iluminado pobremente sob a luz dos celulares não entregava.

—-Eu não sei. Parecia com uma bomba que explodiu. Vocês chegaram a ver aquela nuvem no céu?—Disse um dos rapazes que também estava no ônibus. Seu nome era Leandro. A pele era levemente morena, as feições na cara lembravam de um felino, de tão selvagens que eram. A voz era grossa e forte, e a imponência era refletida no olhar

—-Aquela nuvem é típica de bombas nucleares—disse William agora ninando o bebe.

—-Caralho Will, aonde você arranjou esse bebe?—falei

—-Dali—disse ele apontando com a cabeça para atrás de Rafaela. E de la, quando iluminamos com o celular, estava o corpo de um homem. O jeito em que ele se encontrara no chão do ônibus...ele estava protegendo o bebe. Provavelmente era o seu filho o bebe que agora estava nos braços do professor

—-Bem, fosse o que for, não sei se queria estar la em cima para descobrir

—-Por que diz isso Wellington?

—-Por que, simples. Eu já vi a guerra do tráfico de drogas com a polícia meu parceiro. Não pense que eu sou trabalhador ou qualquer coisa parecida. Sou novo, tenho só 17 anos. Mas já vi bastantes mortes. E pelo que eu sei, um ataque desse não veio do estado mermão. Isso veio de fora

—-Aonde você estava quando o clarão apareceu? No ônibus claro

—-Aonde eu tava?—Wellington riu um pouco e puxou uma pistola do bolso.—Eu ia assaltar esse ônibus cara.

—-Filho da puta!—gritou Leandro pronto para avançar contra o bandido, mas eu o segurei

—-Lutar, ou matar ou fazer qualquer coisa que não nos ajude a sair daqui é inútil, então eu sugiro que fique aonde esta—falei enquanto o segurava pelo ombro com meu braço direito.

Leandro respirou fundo e recuou

—-Agora, como podemos sair daqui?—disse Venera, uma aluna de intercambio. Venera era a típica garota europeia. Com os cabelos loiros e os olhos verdes. O sotaque italiano ainda teimava em não ir embora, apesar de já morar aqui no brasil a quase 2 anos

—-Se eu soubesse, não estaríamos aqui ainda não acho patricinha?—disse Wellington claramente irritado, mas Venera decidiu ignorar o mesmo

—-Além de que, não sabemos o que nos aguarda lá em cima. Foi como o Wellington disse. Poderia estar uma guerra fodida lá em cima. Ou então outras bombas explodindo. Esperar por resgate me parece sensato

—-Sem ofensa Rafaela, mas esperar aqui me parece estupido—disse Leandro

—-Então faz o seguinte? Vai ali, naquela parede, e empurra ela. Sim, aquela parede de rochas ali. O máximo que você vai conseguir é matar a todos nós!—gritou Will para Leandro, o que fez o bebe chorar—viu o que você fez?!

—-Esse bebe me fez lembrar de uma coisa gente—falou Rafaela tentando apaziguar os ânimos

—-Diga por favor—falei dando a ela a palavra

—-Comida. Estávamos aqui a quanto tempo? 2, 3...4 horas? Podemos não estar com fome agora devido ao nervosismo, mas com certeza vamos ficar

—-Bem, eu não vou ficar tão cedo. Estou acostumado com a fome.

—-Como assim moleque?

—-Bem, posso não parecer agora, mas eu e aquele cara ali—apontei para Will—moramos na rua. Somos mendigos. Então estamos acostumados com a fome.

—-Mas essas suas roupas..

—-Longa história

—-Muito longa mesmo—adicionou Will

—-E quanto a comida...bem...temos corpos aqui—disse Venera.

—-Esta sugerindo que a gente...—começou Rafaela

—-Não cara! Isso é nojento!—replicou Wellington

—-Se alguém ae tiver alguma ideia melhor, sou toda ouvidos

—-Vamos deixar essa como última opção, okay?—disse Leandro—Estão todos de acordo com essa ideia?

Com o tempo, o silencio foi quebrado por singelos “sim” de cabeça e orais.

—-Uma coisa que me intrigou muito desde que acordei aqui em baixo, é que como é que nós sobrevivemos?—perguntou Rafaela

—-Provavelmente foi a estrutura do ônibus—disse Venera

—-Não. Nenhum ônibus iria aguentar a força dos pedregulhos daquele tamanho caindo em cima dele e ficar dessa forma. Acredite, sou engenheira e sei sobre resistência de materiais. Ao que pude ver, foi um prédio inteiro que despencou na rua, e consequentemente acertou a gente

—-O que também não explica, é que além de ter resistência ao impacto da força dos pedaços imensos do prédio acertando toda a estrutura do ônibus, foi ele ter realmente empurrado o chão.

—-Exatamente Venera. Pensem dessa forma: Você tem dois blocos. Um de gelo, e o outro de chumbo. O bloco de gelo está em cima de um liquido que tem uma densidade enorme, o que impossibilita quase qualquer coisa de afundar nele.

—-Okay...continue—falou Leandro

—-Ta, agora jogue o bloco de chumbo, que é maior do que o de gelo, em cima do mesmo. O resultado é obvio certo?

—-Sim, o bloco de gelo se quebra em mil pedaços

—-Exatamente, e o liquido se deforma, após o bloco de gelo ser quebrado

—-Até ai entendemos, mas onde você quer chegar Rafaela?

—-Você verá Venera. Bem, agora sabemos o que deveria ter acontecido conosco. O bloco de gelo é o ônibus e o de chumbo é os destroços do prédio. Mas ao invés disso, o bloco de gelo aguentou firme o impacto, rachando em alguns pontos apenas—disse ela apontando para o que seria a frente do ônibus—e se expandindo um pouco para os lados. Ao mesmo tempo, ao aguentar toda essa força enorme, ela foi direcionada totalmente para o liquido

—-Que no primeiro cenário, só foi forçado pouco para baixo, por que a força principal do bloco de chumbo já tinha sido dissipada quando o bloco de gelo quebrou.—disse Wellington

—-Exatamente—disse Rafaela com uma expressão clara de surpresa pela mudança na postura do ladrão ao ouvir a explicação de Rafaela.—Bem, a força aplicada ao liquido abaixo do bloco de gelo foi muitas vezes maior que no primeiro cenário.

—-Ou seja...

—-Ou seja, senhor Will, que este ônibus não tinha como sobreviver. Nós não deveríamos estar vivos. E aonde quer que estejamos, estamos bem, mas bem abaixo da superfície

—-Quão abaixo? Consegue dar um palpite?

—-Eu chutaria 10 metros.

—-10 metros...Karalho cara...puta merda cara—falou Leandro se sentando no chão novamente

—-Isso é muito—falou Venera—Muito mesmo

—-O que também não responde o porquê do ônibus ter suportado tamanha força

—-Deixemos isso para depois okay? Ainda temos que focar em como sair daqui—falei para cortar logo aquele assunto

—-Podemos tentar empurrar essas pedras para fora—falou Leandro com um tom de sarcasmo


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