Coração de Fogo escrita por Pietra Le Fay


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

UFA
finalmente cheguei aqui com um cap novo! jesus, como minha vida tem sido corrida e atarefada... mas agora estou em recesso de Páscoa(duas semaninhas) e tentarei escrever o máximo possível e prometo não abandonar a fic, mesmo q demore, vou voltar até não ter mias ideias ou até o livro ser lançado no BR ou sla, até eu avisar a vcs que vou fazer um final. Mas enfim, vms pro capítulo não-revisado e nos vemos lá embaixo!



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O vento rugia em seus ouvidos. Para Dorian, soava como uma música em língua estrangeira, que, apesar de não compreender as palavras, sabe apreciar a linda melodia.

Montado em Abraxos, na frente de Manon, ele não admitiria, mas gostava de voar. O silêncio entre ele e Manon contrastava com o barulho ensurdecedor que o vento fazia ao cortarem o ar. Quando Sorscha fora decapitada, o mundo como o conhecia caíra junto àquela cabeça. Mas ali em cima, com tudo tão pequeno abaixo deles, sentia como se esse mundo fosse, pedaço por pedaço, construído novamente.

Então lembrava-se de Aelin e do sangue que tinham em comum e tudo ia ao chão.

Dorian não era um guerreiro, apesar de ter tido o treinamento de um; ele era um estudioso, um erudito, e descobriria um jeito, uma brecha para que nenhum dos dois tivesse que se sacrificar.

Dois. Dois. Dois. Esse número repetia-se incessantemente na mente de Dorian, sem que esse soubesse o motivo. Se Manon prestasse atenção o suficiente, conseguiria ouvir o cérebro de Dorian trabalhando. Havia algo de errado com aquele número, uma leve sensação apenas, mas o voo havia instalado certa dormência em seus pensamentos, o que talvez funcionasse por alguns quilômetros; sua majestade precisava se acalmar. Como se uma simples altura e um ventinho fossem impedir Dorian de tentar.

Ah, mas algo iria. Esse algo tinha nome, sobrenome, grandes garras de ferro, e estava, convenientemente, sentada a sua frente. Estranhamente, seu corpo não emanava nenhum calor reconfortante, mas para Dorian, qualquer detalhe que diferenciasse Manon de uma garota humana o deixava mais interessado na bruxinha. Porém, havia algo na presença dela que o deixava relaxado, mesmo em meio a todos os problemas.

Ele não precisava de uma substituta para Sorscha, mas de algo completamente diferente. Talvez ele estivesse usando Manon para seu benefício pessoal, mas ela não parecia se importar, ele... bem, a parte dele que o fazia havia sido expurgada junto ao demônio Valg. Coisas mais importantes que sua vida amorosa estavam acontecendo, e essas sim, teriam grandes repercussões para o resto do mundo.

Havia uma frieza em Dorian que não existia antes de sua possessão; onde antes agia com o coração e impulsividade, agora era calculado e repensado. Na opinião de alguns, era considerado uma melhoria, principalmente em tempos de guerra; na de outros, a humanidade havia sido sugada para fora do pequeno rei. Tão diversas quanto essas pudessem ser, tinham uma coisa em comum: Dorian não era o mesmo.

Depois de algumas horas de voo, a densa floresta começou a ficar mais esparsa e lentamente transformou-se em um deserto de areia alaranjada, a única indicação para Dorian de que estavam chegando a seu destino. Finalmente. Foram dias montados em uma sela de couro dura com raras paradas para comida e necessidades. Aparentemente as bruxas não tinham tanta necessidade de dormir ou alimentar-se, e não seria Dorian a atrasar seu ritmo.

Quando Abraxos começou a inclinar-se para aterrissar, Dorian soltou um suspiro audível de puro alívio, o que chamou a atenção de Manon.

— O ritmo é difícil demais, principezinho?

— Nem um pouco, bruxinha. – um singelo sorriso surgiu nos lábios de Dorian diante da insinuação (correta, diga-se de passagem).

A serpente alada pousou com leveza e as outras doze a seguiram. Era hora de montar acampamento.

~*~

Nas horas que se seguiram, as treze e Dorian foram ágeis ao fixar acampamento e ao estabelecer os turnos de guarda: a guarda seria feita em duplas e cada dupla seria substituída de três em três horas, ninguém precisava de falhas ou surpresas por causa do cansaço. As Treze eram uma máquina bem oleada.

Quando chegou o momento de dividir as tendas, Manon ficou ligeiramente mais alerta. A presença de Dorian ali não era prevista, portanto, uma tenda ficaria faltando. Porém, para a surpresa de Manon, que pensou que Dorian seria recebido com grande hostilidade, o rei havia rapidamente se integrado as Treze e as ajudava a organizar os mantimentos.

A líder alada, do lado oposto do acampamento, entreouviu a conversa de Dorian com Thea, uma de suas guerreiras.

— Você pode ficar com a tenda de Kaya, Havilliard. Ela dormirá na minha. – disse Thea, que, casualmente até demais, aproximou-se de Kaya. Manon havia parado o que estava fazendo e observava descaradamente as reações do principezinho.

— Certeza? O que eu menos quero é incomodá-las - cortês como sempre. Manon quase revirou os olhos. Quase.

— Absoluta, - Kaya respondeu no lugar de Thea – eu sempre acabo me esgueirando para a tenda dela mesmo. – Como se para provar seu ponto, deposita um leve beijo nos lábios de Thea. Se Dorian havia ficado surpreso, não deu nenhuma indicação, apenas as agradeceu e seguiu para se acomodar.

Quando não havia mais nada para assistir, Manon voltou para a tarefa de cuidar de Abraxos, que estava mais irritadiço do que o esperado. A bruxa já havia tentado de tudo: comida, carinho, limpeza, até mesmo considerou procurar flores, mas no meio do deserto as opções eram um pouco limitadas, a não ser que Abraxos quisesse cheirar um cacto. Era estranho que se importasse tanto com a criatura. Nunca havia sentido essa necessidade de fazer com que outro ser ficasse feliz. Nunca havia sentido falta de alguém. Por isso, frustrada, desistiu de tentar entender. Não estava em sua natureza. Entretanto, ao tentar se virar e ir embora, as asas de Abraxos se fecharam ao seu redor, impedindo sua passagem.

— Abraxos! O que foi agora? - A serpente apenas bufou e fechou as asas ainda mais, até que Manon entendeu o que estava acontecendo: a grande besta também estava com saudades. Contudo, pensou que Abraxos tivesse superado a essa altura, depois de dias voando juntos. Este, pelo visto, não era o caso. Se eu não superei, como exigir que ele faça o mesmo? Pela pimeira vez desde que pousaram, Manon olhou, realmente olhou para a Serpente. E o que viu em seu olhos a surpreendeu e trouxe a memória de uma certa Bruxa Sangue Azul e sua montaria. Em sua mente, as palavras de Petrah ecoavam repetidamente. "sua serpente alada não fala com você?" Sim, ela se deu conta, Ela fala falava.

Talvez fosse considerada fraca pelo que estava acontecendo dentro de si, por todas aquelas... emoções. O que pensariam suas companheiras de batalha? Olhou ao redor, como se estivesse sob o escrutínio de todas, mas ninguém poderia se importar menos com o que ela fazia. Manon percebeu que estava esperando pela repreensão e crítica de sua vó. Depois de tantos anos vivendo na coleira curta da matriarca, não sabia exatemente como ser dona de si mesma. Entretanto, com isso havia o sentimento de liberdade que era bom demais para existir, por isso, Manon raramente reconhecia sua existência por medo de o macular.

Permitindo-se sentir algo, Manon voltou a olhar para Abraxos e da melhor maneira possível - tendo em conta seu tamanho colossal - o abraçou. Não foi tão carinhoso ou reconfortante quanto um abraço deveria ser. Manon ainda era nova nesse ramo, mas a serpente pareceu satisfeita e bufou de forma agradecida. Durante aquele ato, Manon podia não saber ainda, mas algo, lentamente, começou a derreter dentro de si.

~*~

O sono rapidamente instaurou-se no acampamento, fazendo com que todos pulassem a refeição e fossem direto para a cama. Afinal, precisariam de suas forças restauradas para os dias que seguiriam. Caçar crochans já não era uma tarefa fácil, caçá-las para uma possível aliança seria quase impossível.

Porém, em uma das tendas, havia uma mente que não conseguia inteiramente desligar-se. O silêncio zumbia na cabeça de Dorian, o isolando de todo o mundo e o deixando a mercê de seus pensamentos frenéticos que ameaçavam o consumir por inteiro. Uma brisa gelada entrava pela abertura da tenda, mas Dorian não se dignou a fechá-la. O frio nunca o incomodara de qualquer forma. Olhando por outro lado, a brisa o acalmava, como se juntamente a seus dedos, sua mente ficasse dormente.

Após algumas horas sem descobrir ao menos em que pensava, a parte racional do rei já encontrava-se desgastada de tanto lutar para que o mesmo fosse dormir, insistindo que era a prioridade no momento. Como esperado, Dorian apenas a ignorou. Talvez ele não tivesse mudado tanto assim. Porém, tudo mudo quando seus pensamentos voaram para sua família, ou pelo menos, o que restava dela. A rainha e seu irmão ainda estavam em Ararat, pois Dorian não havia tido coragem para buscá-los quando herdara o trono. Agora, não sabia se haveria algum trono o esperando quando voltasse. se voltasse.

Não que sempre tivesse sido um sonho tornar-se rei, apenas havia ficado feliz que Hollin não fosse o herdar. Agora Hollin Havilliard não parecia mais uma opção tão terrível. Pensar que um dia havia se ressentido do sangue que compartilhavam.

Por Wyrd.

Quando a compreensão bateu sobre Dorian, foi quase como se um Wyvern tivesse deitado em cima dele e agora ele não conseguisse respirar. Quando o wyvern imaginário bateu suas asas, Dorian correu para fora de sua tenda, em direção a única pessoa que sabia que o receberia a essas horas.


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Notas finais do capítulo

well, well...
não tenho muito a dizer além de: dsclp pela demora!
não prometo que não vá acontecer dnv, mas prometo escrever alguma coisa nessas férias ; )
comentem e deixem suas sugestões sobre o que querem que aconteça
muito muito muito obrigada a quem comentou! vcs são maravilhosos. obrigada a quem está lendo a fanfic!
xoxo
Pietra



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