Coração de Fogo escrita por Pietra Le Fay


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

to passando aqui pra postar o maior cap até agora, mas to sem internet e to usando emprestada de uma amiga. quando minha internet voltar eu explico minha ausência e o cap e edito essas notas. amo vcs
xoxo
bjao



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Fenrys não era nenhum covarde, mas ele sabia escolher suas lutas. Dessa forma, antes que ele irrompesse nos aposentos de Maeve e exigisse qualquer coisa, ele precisava pensar. Claro, era algo incomum, já que era conhecido por seu comportamento impulsivo e cabeça quente, mas, em situações críticas como essa, armas não o ajudariam em nada. Ainda sim, qualquer planejamento necessário precisava ser feito rapidamente: seu tempo estava se esgotando. Cada segundo parado era um segundo em que Aelin estava mais perto da escuridão eterna; um cheiro de putrefação tão forte emanava do caixão que quase o impedia de pensar. Uma princesa morta não serviria em nada para os propósitos de Maeve, sejam esses quais fossem, mas ainda sim, não podia confiar apenas na racionalidade ou benevolência da Rainha pois essas pareciam estar ausentes no momento. Se fosse jogar aquele jogo, seria pelas regras de Maeve.

Checando o caixão uma última vez, Fenrys neutralizou sua expressão e seguiu em direção ao convés.

Ao vagar pelo navio sustentando sua máscara de calma fria, Fenrys observou o lugar em que se encontrava, coisa que não tinha conseguido fazer ao embarcar em meio a tanta confusão nem depois quando já estavam navegando, visto que essa era a primeira vez que saía da câmara onde Aelin fora jogada. A embarcação era definitivamente maior que aquela em que esteve durante as últimas semanas, mas a estrutura era basicamente a mesma, apenas com alguma decoração um pouco mais luxuosa aqui e ali. Organizando um mapa mental, deduziu onde ficavam os quartos e deslocou-se nesse sentido.

Em pouco tempo chegou em um corredor repleto de portas e não foi difícil distinguir qual era a porta de Maeve. Mesmo que um pouco surpreso por estar (razoavelmente) certo e um tanto nervoso pelo que estava prestes a fazer, sua expressão determinada e relaxada não entregou nada enquanto batia à porta e esperava não tão pacientemente pela resposta. Ela podia senti-lo, o guerreiro pensou. Sabia que Maeve tinha o conhecimento de quem a esperava do outro lado da porta e que o estava fazendo esperar deliberadamente. Compreensível, após a declaração aberta de lealdade a uma rainha diferente.

Em outro dia, Fenrys talvez aguardasse o tempo que fosse preciso, mas não hoje, não quando seus nervos estavam a flor da pele e sentia que a salvação ou perdição do mundo estavam nas costas dele, na simples tarefa de salvar uma garota.

Se isso era simples, ele não queria chegar perto do complicado.

Um sentimento amargo o atravessou ao constatar que a salvaria apenas para a sacrificar, como se ela fosse apenas mais um animal no abatedouro. Fenrys já estava em seu limite; a ideia de que até o final da guerra muitos ainda sofreriam atormentava-o. Ele fez questão de silenciar esses pensamentos.

Depois de excruciantes minutos que passou estacado em frente a ornamentada porta, sem ousar bater mais uma vez, finalmente ouviu alguma movimentação vinda do quarto. Seu coração parou em seu peito quando a porta abriu. Cada vez que a via ficava impressionado com como ela podia ser portadora tão terrível beleza. Era simplesmente abominável, quase de outro mundo. Nenhum dos adjetivos que vinham a sua mente podiam ser considerados elogios, estavam simplesmente embebidos demais em ódio para qualquer um o interpretar erroneamente. No momento que ela encontrou os olhos dele, ele sentiu. Sentiu aquele puxão familiar oriundo da mais profunda fundação de seu ser que já o obrigara a fazer tantas atrocidades. Ela estava invocando o laço de sangue. Que ela não precisasse proferir nenhuma palavra para isso o fazia se perguntar a extensão do poder desta rainha; como se nunca tivesse presenciado suas explosões de energia. Ainda sim, precisara esgotar Aelin para a enfrentar diretamente, o que apenas o deixava mais confuso

— Minha rainha... - as palavras foram cuspidas como se ele tivesse que verter algum veneno para fora de seu corpo. Ela o estava provocando - o compelindo - , por isso, decidiu não reagir. Por mais que o custasse, relaxou os músculos, inspirou fundo e continuou seu discurso. - A garota tem uma infecção.

— "A garota"? Pra onde foi toda a intimidade?

— Ela está com uma infecção. - Fenrys apenas se limitou a repetir.

— Eu ouvi da primeira vez. Mas o que exatamente eu tenho haver com isso?

— Ela já começou a alucinar, o que signica - ele continuou, como se estivesse falando com uma criança. O pensamento quase o fez rir. Associar essa rainha da escuridão com uma criança inocente era simplesmente hilário e inconcebível. - que se suas costas não forem curadas logo, ela vai morrer.

— Tão preocupado com a princesinha, quase tenho ciúmes.

—Por favor, minha rainha... você mesma disse, precisa dela viva. - o leve tom de ousadia fez com que Maeve arqueasse um sobrancelha, realçando seus traços angulosos e tirando Fenrys ligeiramente dos eixos. Ela raramente expressava... qualquer coisa.

— Tão fofo quando usa minhas palavras contra mim, mais alguns séculos e aprenderá a fazê-lo corretamente. Que seja então, mas a cura é um processo cansativo e espero uma... recompensa. - Maeve disse com sarcasmo pingando de suas palavras. o tom da conversa mudou subitamente para um comando. - Vá para seus aposentos e não saia de lá. Se banhe e espere por mim. Já sabe o processo.

Com isso, a rainha passou por um Fenrys trêmulo de ódio em direção a sua mais nova aquisição.
~*~

Maeve caminhava pelo convés com toda a altivez e indiferença que aprendeu a expressar ao longo dos anos e por onde passava as pessoas se curvavam em um respeito imposto. Não importava. Medo, amor, ódio... o que quer que as pessoas sentissem por ela naquele momento não fazia diferença; seu foco estava na garota jogada no fundo do navio. Não que algum dia tivesse feito, seus súditos eram apenas meios para um fim; Desde que continuassem na linha, o que os motivava não era de seu interesse.

Através do laço, a rainha invocou Cairn para se juntar a ela e ordenou que dois guardas próximos a seguissem, eles seriam necessários.

Ao se aproximar do cômodo no último nível da embarcação, Maeve foi atingida pelo cheiro de algo apodrecendo misturado com o pungente cheiro de sangue. Apenas os incontáveis anos em suas costas a permitiram não vacilar. Nem por um segundo. Maeve pode sentir os guardas em suas costas estremecerem e pararem alguns metros de distância. Misturado ao aroma opressor de decadência de putrefação, o sensível olfato feérico conseguia distinguir também o odor do Medo e da Loucura. Era simplesmente aterrorizante, mesmo que soubessem que o que os aguardava atrás da porta não era nada mais que uma prisioneira destruída.

Nem mesmo Maeve esperava que a situação tivesse ido tão longe, talvez ela tivesse subestimado o efeito de tanto ferro após o que Cairn havia feito. Talvez tivesse superestimado a herdeira de Mala. Amaldiçoando Fenrys por estar certo e deixando de lado seu plano de a atormentar um pouco mais, avançou rapidamente para os aposentos, mas rápido do que teria feito. Afinal, que utilidade teria um cadáver de 19 anos?
~*~

Quem pintou o mundo de vemelho?

Era o que Aelin se perguntava em seu sonho febril. Quem espalhou tanta desgraça e enviou tantos para os braços da Morte? Ela caminhava por um campo aberto e aparentemente infinito que outrora fora verde mas agora havia sido semeado com sangue e corpos inertes e membros perdidos e entranhas e olhares vidrados e carcaças devoradas por animais e... ela tentou fechar os olhos, mas não era ela quem controlava essa alucinação, não seu "eu" consciente pelo menos.

Foi obrigada a caminhar por entre os caídos e a observá-los, sempre com medo de que fosse reconhecer alguem, sempre receando ter sido a causadora de tantos destinos interrompidos. O som de seus passos sobre o sangue o único som audível em meio a um silêncio tão mórbido.

plock

plock

plock

Queria vomitar, queria chorar, queria parar e se encolher até que tal sonho decidisse a abandonar, mas apenas continuou andando e se perguntou se deveria estar ciente de que tudo não passava de seu subconsciente traiçoeiro reagindo aos maus tratos sofridos por seu corpo. Cada passo forçado era agonizante e algo mudou nas vítimas no chão. Não exatamente nelas. Apenas a percepção de Aelin Ashryver Galathynius que mudou ao ver que reconhecia, sim, todos naquele emaranhado de corpos torturados e despedaçados.

Quem seria capaz de tal atrocidade?

A princesa olhou para as suas mãos já sabendo que cor odiosa macularia sua pele branca.

plock

Uma realização abateu sobre ela fazendo-a cair de joelhos no mar de sangue de seu inferno particular e a resposta para suas perguntas não tardou a chegar.

Quem? Quem? Quem?

Eu.
~*~

Aelin abriu os olhos vagarosamente enquanto sua consciência voltava aos poucos, como se estivesse sendo pingada no seu corpo através de um conta-gotas. Sentia que sua garganta estava em chamas e seus olhos ardiam como o inferno, mas para além disso, não havia mudanças na sua excruciante dor derivada de diferentes partes do seu ser. O foco da dor ainda era suas costas arruinadas que refletiam a sensação para outros pontos, generalizando a excruciante tortura de Aelin.

Os barulhos que vinham de fora de seu caixão forçaram a consciência de volta em seu lugar e colocaram-na em estado de alerta. Depois de se acostumar com a ausência de som na solidão de seu caixão e de sua mente, os passos soaram com trovões em seus ouvidos. Finalmente alguém se aproximava. Fenrys, talvez? Não, os passos eram leves, treinados para não fazer muito barulho mesmo quando andando apressadamente. Passos característicos da realeza. Passara meses aprendendo a identificar os passos de Dorian, tão leves e delicados em comparação ao forte pisar de Chaol. Ela mesma aprendera a andar assim no que parecia outra vida. Maeve se aproximava.

Ela tentou buscar dentro de si alguma reação, algum sentimento perante tal revelação, mas tudo o que sentiu foi dormência. Como se parte dela ainda estivesse presa no campo de devastação. Como se ainda não estivesse completamente acordada e consciente. Essa ausência de sentimentos era perigosa, se refugiar em sua mente mais ainda, principalmente quando essa parece ter uma opinião seriamente depreciativa sobre si mesma. Em algum lugar, Aelin sabia disso mas não conseguia se forçar a se importar, não mais. Enquanto prisioneira em sua própria cabeça, as dores mundanas entravam em um agradável e desejado segundo plano, entretanto, todas as sensações voltaram gradualmente ao deslizar de volta a sanidade. Sangue e suor grudavam em sua pele e Aelin não conseguia distinguir um do outro. Tinha alguma noção de que o calor dentro do caixão não era resultado apenas do clima e do espaço limitado e reduzido, mas também da febere que a assolava. Sentiu a bile subir, mas fez o possível para mandar qualquer náusea embora, já que não tinha desejo algum de morrer sufocada em seu próprio vômito dentro da máscara que a constringia. A dor em suas costas virara algo constante que não merecia mais um reconhecimento extraordinário. Ainda infernal, porém uma presença indesejável que começara a aprender a lidar.
Quando ouviu a porta abrir, Aelin se preparou. Controlou sua respiração, fazendo com que essa viesse regularmente, e fechou os olhos. Obrigou seu corpo a parar de tremer mesmo que isso apenas aumentasse sua dor pelo esforço e por reprimir uma das únicas formas de externar seu sofrimento. Quem a visse diria que ela estava mergulhada em um sono pacífico, se escolhessem ignorar o sangue e os dejetos - que foram liberados durante uma convulsão enquanto estava inconsciente, mas ela tentou não pensar nisso. de jeito algum.

Ninguém falou nada durante muito tempo, mas a princesa conseguia sentir a tensão no ar. Nada aconteceu, mas a quietude nunca falou tão alto. Ela só podia imaginar a reação daqueles que entraram nos aposentos, - quatro pessoas, pelo que ela estimava - mas se a ausência de movimentos era alguma indicação, estavam no mínimo surpresos pelo seu estado.

— Guardas, abram - A voz de Maeve cortou através do silêncio e não levou nem um segundo para que o som de movimentos voltasse a preencher o cômodo. Aparentemente, o medo dos guardas era maior que seu horror pela situação.

Mantendo toda a fachada, Aelin não reagiu quando a tampa do caixão foi aberta e luz entrou pelas frestas de sua máscara. Ninguém comentou seu estado ou basicamente fez qualquer coisa além de abrir seu cativeiro de ferro. Maeve estava no comando, e estava claro: eles parariam de respirar se ela ordenasse, mesmo que o que os movesse não fosse lealdade nem alguma crença particular, apenas medo das consequências da desobediência. Isso não poderia ser dito de todos os súditos ou de toda a corte de Maeve, mas Aelin ousou especular, tendo em conta o tratamento que sabia que os guardas e o exército recebiam - ela podia agradecer a Rowan por essa informação - e a reação deles perante o seu estado, que os dois - ou seriam três? - se incluiam na afirmação.

— Soltem-na, a máscara também.

Sentindo as mãos em seu corpo trabalhando para soltar seus grilhões, Aelin decidiu que seria um momento tão bom quanto qualquer outro para acordar. Abrindo os olhos vagarosamente, ela recuou do toque e deixou escapar um grunhido de dor que não era totalmente forçado. Pelo visto delicadez não era o ponto forte daqueles homens. Independentemente das reclamações monossilábicas da garota e de sua agitação, continuaram seu trabalho de forma resoluta. Quando, por fim, retiraram sua máscara, depararam-se com uma expressão contorcida pela raiva e pela dor.

Contrário ao resto do corpo, seu rosto permanecia intacto, apenas maculado pela fina camada de suor, os rastro de lágrimas, agora secas, e os sinais de exaustão que transformavam sua careta hostil em algo não tão ameaçador. Ainda assim, os dois homens deram um passo para trás com receio no momento em que aqueles grandes olhos Ashryver se fixaram neles e ela emitiu um rosnado gutural, assemelhando-se a um animal selvagem acuado. Pelo visto a reputação da garota havia chegado ao outro lado do oceano. Mas sinceramente, o que ela, possívelmente, poderia fazer a eles? Eles não percebiam que todo o espetáculo que ela fazia de si mesma era apenas um mecanismo de defesa? Bem, claro que não, a garota emanava tanto perigo, mesmo enfraquecida, que afugentava qualquer pensamento racional daqueles a sua volta. De quase todos, pelo menos.

— Patético - Aelin podia ouvir Maeve zombando de seus homens, cada nota de desprezo claramente distinguível, mas mesmo sem a máscara bloqueando parcialmente a sua visão, de dentro do caixão Aelin ainda não conseguia ver a Rainha e o quarto elemento no cômodo. - Tragam-na para a minha frente.

Durante um milésimo de segundo, a princesa pensou que, talvez, os guardas não fossem acatar às ordens. Ledo engano. Não dando tempo para a Rainha sentir sua hesitação, os guardas, mais delicadamente do que o esperado, tendo em consideração experiências anteriores de Aelin, - mas ainda fortes o suficiente para marcarem a pele - a ergueram do caixão. Isso sacudiu toda a dormência para fora de seu corpo e o sentimento de distanciamento de si mesma se esvaiu por completo a deixando mais auto-consciente do que nunca. O que Maeve poderia querer com ela e por que a necessidade de Guardas? Ela já não estava debilitada o suficiente? Seus olhos escanearam o cômodo - que deveria sevrir como uma espécie de depósito, ela pensou - de forma rápida e treinada pela primeira vez, absorvendo quantos detalhes conseguisse da posição desprivilegiada dos braços dos homens. Foi só quando seus olhos recaíram sobre a figura encostada na parede, dona de olhos pensativos e um sorriso cruel que ela percebeu a realidade de sua situação. Cairn. Pânico disparou por suas veias e toda sua fachada quase foi por água abaixo quando qualquer resquício de racionalidade a abandonou e foi substituído por pensamentos desenfreados. Por que ele estaria ali? Por que seu chicote estava no cinto? Por que ele sorria pra ela?

Aelin começou a se contorcer e resistir contra o aperto no que ela esperava que fosse um esforço digno.  Sua mente estava tão enevoada pelo desespero, que nem conseguiu notar a ausência do peso sufocante do Ferro. Tudo o que conseguiu foram feridas reabertas e o aumento da pressão aplicada em seus braços e pernas. Flashes de memória que ela se esforçara tanto para suprimir e não revisitar inundaram sua mente. Uma camisa ensanguentada na areia, um rosto suplicante marcado por lágrimas, a dor abrasadora, o som de pele rasgando, uma risada fria, o grito de um falcão... não pense, não pense, não pense. Ela não chegara tão longe e sobrevivera tanto por relembrar. Assim, passou a focar no presente e no real. O aperto de ferro em seus braços já marcados, as feridas em suas costas vertendo sangue devido a tensão e ao esforço, a fazendo estremecer. Nenhum dos cenários era otimista, mas eles eram reais e estavam acontecendo, eram algo que ainda estava dentro da capacidade dela para mudar algum resultado. De nada iria ajudar se enterrar no que já acontecera. Não no momento.

Quando conseguiu acalmar-se e ficar imóvel nos braços desconhecidos, ela sentiu. O ar gelado do depósito acariciou suas costas e seus pulmões ao mesmo tempo e foi uma sensação tão agradável depois do ar claustrofóbico do caixão que ela não conseguiu evitar que um gemido escapasse instintivamente. Os guardas, com clara negligência, estavam preparados para a deitarem sobre suas costas, mas após alguma objeção de sua parte, ela conseguiu arranjar-se em uma posição sentada. Antes de toda sua determinação e força decidirem abandoná-la e ela cair para frente, com apenas tempo suficiente para proteger sua frente e evitar cair no chão com o rosto primeiro. Com o chão duro e gelado pressionando contra sua frente nua, pelo menos o ar gelado continuou suas carícias, acalmando seus nervos e amenizando seu pânico. Ela ainda estava com medo, afinal, não era nenhuma tola, mas estar fugindo desde os oito anos a ensinara a não deixar que o medo a controlasse.

Dessa vez, não houve nenhuma espera, nenhuma provocação, nenhum silêncio. Maeve foi direta:

— Cairn, o balde. Guardas, segurem-na.

Houve uma movimentação e imediatamente Aelin se arrependeu por estar na exata posição em que Maeve a queria, porém antes de ter a oportunidade de se mover, os dois homens já estavam em cima dela a mantendo imóvel no lugar. Pela primeira vez, Maeve se dirigiu a ela.

— Confortável, sobrinha? - quando recebeu nenhuma reação em troca, Maeve continuou como se nada a pudesse atingir - Pensei que fosse mais resistente, mas parece que a superestimei, não é mesmo? - quanto exatamente ela acha que uma pessoa é capaz de aguentar antes de quebrar? - Não a poderei usar morta, então... bem, você vai ver. Cairn, minha tela está muito... obstruída, preciso de uma melhor visualização.

Nenhuma das palavras fez sentido para Aelin, não pelos próximos cinco segundo pelo menos, até uma torrente de água congelante ser despejada em seu corpo. Ela soltou um sibilo, relacionando-se a um gato selvagem. O choque da água fria em contato com sua pele fervendo deixou Aelin tremendo tanto que pensou que seus ossos fossem estilhaçar. Depois disso, não demorou muito para que ela percebesse o que estava acontecendo. Seu estado era mais grave do que ela estimava, e Maeve havia ido curá-la para não perder sua mais nova aquisição. Apesar dos métodos usados, Aelin não deixou de se sentir aliviada por saber que no final de tudo, não era dor que a esperava. Não por agora. Assim, as mãos da Rainha a tocaram no momento em que um surpiro escapava de seus lábios.

Merda.

Nada se comparava àquela dor, e nada se comparava ao sentimento de ansiar por ela, sabendo que significava cura.

Ela reconhecia uma batalha perdida quando via uma, e ela não esgotaria seus recursos e forças em algo sem sentido. Tudo o que traria seria uma destruição ainda maior de seu corpo. Ela sabia quando se segurar e agora era uma dessas vezes. Ela deu-lhes o que eles queriam. Quando o formigamento da pele se juntando, associou-se com a dor da reparação, ela ofegou, gemeu, gritou. Ela aceitou a dor e ansiava pelos resultados. Ela não ousou chegar perto daquele poço de poder que a atraía inevitavelmente. Todo o tempo repetiu para si mesma: essa era uma batalha perdida antes mesmo de começar, mas ela ainda não tinha perdido a guerra.


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Notas finais do capítulo

comentem ; )
prometo voltar com uma explicação ♥



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