Escutei passos, meus braços doíam a ponto de eu não conseguir os mover, minha garganta estava seca. E minha cabeça latejava. Mais passos. Vozes. Não consegui distinguir o que falavam, abri os meus olhos e apenas o que vi foi escuridão. Mais vozes dessa vez mais perto. Senti pessoas à minha frente porem não consegui vê-las

—Ela é patética – disse uma voz feminina muito doce, doce até demais. 

— Qual é? Ela... – disse uma voz masculina grave, porem eu não consegui me concentrar nas palavras e acabei desmaiando.

Quando acordei já não havia mais ninguém, não estava mais escuro e consegui ver o que antes não via: era uma sala, tecnicamente. Na verdade não se devia chamar aquilo de sala era um cubículo, tinha umas correntes na parede e no chão e também algumas marcas, mas não consegui notar de quais tipos eram não havia mais nada ali a não ser eu e não havia janela alguma.

Quando fui me levantar, minhas pernas fraquejaram e eu caí de joelhos tendo ânsia de vomito, e notei que minhas pernas estavam acorrentadas por aquelas correntes, minhas mãos começaram a tremer e na minha mente não parava de virem perguntas todas sem respostas, quando escutei passos vindos ao longe. Soube de imediato que não demoraria muito chegarem até a mim, rapidamente deitei no chão sem fazer barulho e fingi ainda estar inconsciente.

Notei que os passos eram de saltos, provavelmente saltos agulha. Escutei a porta abrindo-se e junto veio um cheiro doce que quase, quase me fez ter ânsia de vomito de tão doce que era.

—Oh, pobrezinha – disse uma voz feminina suave –, não precisa ter medo menina, abra os olhos. – falou paciente e docemente.

Relutante e lentamente abri meus olhos e encarei uma mulher morena. Com os cabelos loiros platinados quase brancos e seus olhos eram... Eram... Abri a boca para falar alguma coisa, qualquer coisa, mas nada saiu então apenas encarei seus olhos torcendo para que fossem lentes, então notei que havia mais pessoas com ela. Um rapaz com o cabelo raspado, olhos verdes. Muito musculoso, usando uma calça de moletom preta e regata branca ele tinha varias cicatrizes no braço e em sua face como nos lábios e uma que ia da bochecha até sua garganta, não pude deixar de imaginar se ele conhecia “Cicatricure”, ou se ele era apenas indiferente a elas, talvez até sentisse orgulho de exibi-las. Sua postura era rígida e sua face era de reprovação ao olhar para mim. Diferente do outro rapaz ao seu lado que exalava simpatia e confiança, seus olhos eram gentis e um deles era dourado o outro era violeta acinzentado, seus cabelos eram muito pretos quase azuis, sua face era suave com maçãs salientes e covinhas em suas bochechas. Seus lábios carnudos se abriam em um sorriso gentil cheio de dentes retinhos e brilhantes ao olhar para mim e usava uma roupa igual as do rapaz todo cicatrizado ao seu lado. E seus músculos definidos estavam bem visíveis, ele não era muito musculoso, mas também não muito magro. Tive que desviar meu olhar.

Então notei a mulher que falara comigo ela me olhava de um jeito intrigante não soube dizer o que se passava em sua mente poderia ser bom ou ruim, ou talvez fosse apenas pena. Ela estava usando um vestido branco e justo, seus cabelos até a cintura estavam soltos apenas uma parte deles estava amarrado formando um laço ao topo de sua cabeça. Usava saltos agulha brilhantes aparentavam serem de diamantes caros e mais algumas outras pedras preciosas. Por cima de seus ombros estava um casaco de pele também branco. Seus lábios carnudos estavam pintados com um batom bem escuro quase preto.

— Permita-me apresentar me chamo            Monique, muitos aqui me chamam de Milady, pois sou a Rainha de tudo aqui –, disse ela sorrindo – sinto termos colocado você aqui, mas meus súditos levam tudo ao pé da letra tem tanto que você não entende, mas não se preocupe irei explicar tudo a você, mas apenas depois de tirarem você dessas correntes até um quarto descente – ela quase rosnou ao falar essas ultimas palavras, eu não sabia se devia confiar, mas eu tinha que sair desse lugar que me dava arrepios. Então apenas engoli em seco e assenti.

— Estes são Josias – disse ela apontando para o rapaz com o olhar gentil e cabelos negros bagunçados –, e Jesse – disse ela apontando para o rapaz carrancudo. – eles iram livrá-la dessas correntes desconfortáveis e levá-la até um quarto para tomar um banho e ter uma refeição – anunciou ela – ah, e sinto muito por este mal entendido desagradável. – então ela saiu do lugar me deixando sozinha com os rapazes olhando para mim com as mesmas expressões de antes.   

                                                ***

— Entre Mike – Disse a rainha para mim.

— Queria me ver? – perguntei entrando cautelosamente em seus aposentos.

— Sim, lembra-se do nosso ultimo encontro querido? – perguntou ela inclinando-se do seu trono a modo que ficasse muito visível seu decote.

   Anui com a cabeça desviando o olhar dela e ignorando meus batimentos cardíacos rápidos, sabendo que ela não iria ser generosa.

—Bom, eu estou com algo que pertence a você – disse ela sorrindo, um tanto maliciosa.

— Que seria? – perguntei ignorando meus batimentos cada vez mais acelerados e já estava começando a suar frio.

— Tudo é mais emocionante com um pouco de mistério não acha, mon chéri? – disse ela recostando-se de volta no seu trono – Michael, doçura eu não vou lhe dizer o que é. Um divertimento a mais para meus súditos mais fieis isso nos faz lembrar que ainda existe algo que nos felicita devo dizer. Além do mais, sua desconfiança é incrivelmente relaxante – não pude evitar revirar meus olhos com o que ela disse – Ora, seja mais educado rapaz eu não sou obrigada a estar aqui falando isso a você, mas estou lhe dando uma chance. Eu poderia mandar você fazer o que quero que faça e se você não fizesse. Eu simplesmente acabaria com a sua vida e com a de outras pessoas que você ama num banho de sangue.  – falou ela friamente estreitando seus olhos, mas logo relaxou e fez sua pose de superioridade e leveza de antes – Portanto encare isso como uma generosidade. – continuou suavemente – Escute atentamente o que quero querido...