O poder das estrelas escrita por capi


Capítulo 18
Sonhos


Notas iniciais do capítulo

Olá! Desculpa pela longa demora -- Esse capítulo é um *tanto* diferente, escrito em primeira pessoa para conhecermos a Maya um pouco melhor!



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— Maya, você está me ouvindo?

 Escuto a voz de Taiki como se fosse apenas um barulho de fundo. – Sim. – Eu digo em um sussurro, mas a verdade é que desde que deixamos os outros para trás, minha mente está em outro lugar.... Vagando por aí, tentando achar uma solução rápida para tudo o que está acontecendo.

  - Não está não. – Eu consigo ouvir a frustração na voz dele e tudo que consigo dizer em resposta é “desculpa”, o que faz com que ele respire fundo e revire os olhos. – O que você estava pensando quando se transformou na frente de todos os outros?

  Eu não quero responder, ou melhor não posso. Será que se eu baixar a cabeça e acelerar o passo, ele vai deixar a pergunta passar sem resposta? Melhor fazer isso depressa, antes que ele note que eu queira escapar. Um. Dois. Três. Cabeça baixa.... e.... aceler.... Huh?.... Não consegui nem dar um passo e Taiki já estava parado na minha frente e com as mãos em meus braços. Eu deveria saber que não seria tão fácil enganar ele.

   - Maya. – Ele diz num tom suave. – Só queremos entender o porquê. Você sabe que elas não irão te deixar em paz, não é? Urano, Netuno, Plutão e Saturno. Elas não são as pessoas mais calorosas quando o assunto é alguém “de fora”.

     - Eu sei. – Minha voz sai novamente em forma de sussurro.

     - Então porque o fez?

    Novamente essas perguntas que eu não posso responder agora, eu queria poder ser direta e falar o que eu estava tentando evitar, explicar porque algo extremamente pior provavelmente teria acontecido caso eu não me transformasse.... Mas eu não posso. Não agora.

    - Ela estava protegendo o Seiya. – A fala de Yaten fez com que minhas mãos ficassem suadas e minha boca extremamente seca. Ele não havia dito nada desde que saímos, o que mais será que ele notou? Minha respiração acelera como se eu tivesse acabado de correr uma maratona.

    - Como assim? – A impaciência na voz de Taiki era clara.

   - Eu senti uma mudança na energia de Seiya, como se ele estivesse canalizando algo e vi que Maya notou também. E então ela se transformou, tentando protege-lo de seja lá o que for que fosse acontecer. Não é? – Eu ainda estava congelada no mesmo lugar, tentando desacelerar a respiração e manter o foco. Não fui tão discreta quanto achei que tinha sido, quanto mais eles souberem... Pior será. Eu só queria poder ir para casa, ver meus pais e meus amigos... Como é possível estar rodeada de tantas pessoas e me sentir tão solitária? Consigo sentir lágrimas querendo se formar em meus olhos, então eu fecho-os. Tentando controlar minhas emoções.

    - Maya.... Maya. — Abro os olhos novamente e vejo Yaten parado a meu lado, será que ele estava falando algo enquanto eu estava perdida em pensamentos? – Sabemos que você não é nossa inimiga, apenas estamos perguntando porque precisamos entender e saber o que está acontecendo para te ajudar. Você terá que nos contar a história toda uma hora ou outra.

     - Não agora. – Forcei um sorriso e segui em frente.

   -----------

       O resto do caminho até em casa foi em silêncio, tenho certeza de que eles estavam criando mil teorias em sua mente e me pergunto se chegaram perto da verdade. Provavelmente não, o problema de achar que certas coisas estão escritas em pedra, é que perdemos a visão de possibilidades.

      Espio da porta do meu quarto e noto que Seiya ainda não está em casa. Será que está tudo bem? Já faz horas que chegamos e nada de chegar. Considero ligar para ele, mas mudo de ideia rapidamente... Meus olhos já estão pesados e mal consigo mantê-los abertos.

      Cores. No meio da escuridão vejo flashes azulados, roxos, cor-de-rosa... Tento olhar ao meu redor, mas não há nada para ser visto.

       — Não me olhais com compaixão, não permitirei que tenhais compaixão de mim nunca! JAMAIS! — Escuto alguém dizer com tom de desdenho na distância, como se a fala estivesse sendo tocada em outro quarto.

      Noto uma luz forte à minha esquerda e pisco involuntariamente. Tudo ao meu redor é envolvido por um raio de luz e então sinto alguém me levantando pelo pescoço. Olho para o reflexo no espelho atrás da pessoa que me machuca, uma senhora de cabelos brancos e com um vestido branco e preto. Mas sou realmente eu? Analiso o reflexo novamente. Não, não sou eu. Esse uniforme cor-de-rosa nunca me pertenceu. Será isso um sonho?

     - O que vai fazer? — Super Sailor Moon pergunta com dor. - O ar em meus pulmões fica cada vez mais raro.

     - Vós me tirastes o que eu mais queria nesse mundo, por isso também vou tirar o que para vós é muito importante nessa vida!  — Meu corpo, ou melhor, essa forma em que minha consciência está é jogado à distância e entra em queda livre. Eu estou consciente, mas não tenho autonomia nenhuma sobre esse corpo. Não consigo reagir de forma alguma e por algum motivo, isso me parece muito familiar. Porque? Porque eu estou tendo esse sentimento de deja vu?

    Olho para cima e vejo Super Sailor Moon vindo em minha direção para me salvar. E é então que me dou por conta... Isso já aconteceu antes. Não comigo, mas já aconteceu. Super Sailor Moon irá alcança-la e então Pégasus virá para ajuda-las. Pisco novamente e não estou mais na mesma forma. Ainda visto o uniforme cor-de-rosa, mas esse é o meu corpo. Meu.

    Super Sailor Moon olha para mim e para no meio do céu. Ela me olha com um olhar que não consigo decifrar. Ainda em queda livre e quase chegando ao chão, olho para o lado e vejo que Pégasus também não está vindo. Obviamente não virão por mim, eu não sou ela. Esse pensamento me deixa vazia por dentro, consumida por uma onda de tristeza, por um sentimento de inferioridade. Deixo as lágrimas correrem livre e me preparo para o impacto que é agora iminente.

   Percebo que não estou mais caindo e que os braços de alguém me envolvem. – ­Aonde você está indo? — Essa voz, faz tempo que não a escuto. Abro os olhos e olho para trás para ver o rosto tão familiar do jovem sumo-sacerdote de cabelos prateados e olhos dourados. – Pesadelo? — Ele pergunta em tom suave enquanto limpa as lágrimas do meu rosto.

   - Acho que sim. – Digo em tom de deboche e aponto para o uniforme que estou vestindo.

  De repente, uma onda de vergonha invade meu corpo. Não sei o que tanto que ele viu do meu suposto pesadelo e tenho medo de saber a resposta.

   - É só uma reencenação alterada de algo que você já viu. Você sabe que isso acontece no mundo dos sonhos. – Noto que ele está tentando me acalmar. – E aliás, não acho que você precise ficar envergonhada... Você fica bonitinha vestida assim.

   Isso foi um elogio. Só um elogio. Apenas um elogio. Calma. Se controle. – Porque você prefere rosa, é?! – Tá. Acho que não deu para controlar.  Droga.  Olho rapidamente para ele, tentando ler a reação no rosto dele. Ele simplesmente ri de canto e revira os olhos.

   - Não. – Ele diz sorrindo e dessa vez sou eu quem revira os olhos.

   - Eu achei que você não monitorava mais o mundo dos sonhos. – Digo tentando mudar o clima.

   - Eu tenho prestado mais atenção nas últimas semanas e foi meio impossível de ignorar a energia negativa que estava vindo do seu sonho.

   - Desculpa. – Digo e involuntariamente mordo meu lábio inferior.

   - Maya. – Ele diz suavemente enquanto passa a mão pelo meu braço. – Você sabe que Sailor Moon e eu nunca te deixaríamos sozinha. Nós sempre iremos salvar você, sempre que pudermos. Isso foi só um pesadelo.

   - E se nós duas estivéssemos caindo ao mesmo tempo? – Pergunto olhando para o chão, com medo da resposta.

     - Salvaríamos as duas. Venha, está na hora de acordar.

    Ele falou beijando minha testa, me deixando sem entender porque esse simples gesto fez com que meu batimento cardíaco fosse às alturas. Quando abri os olhos, eu estava encarando o teto do meu quarto na casa dos meninos. Meu coração ainda batia rapidamente. Que sentimento é esse tomando conta de mim?

     Sem que eu tivesse tempo para respirar, uma luz dourada começou a brilhar em cima do pequeno criado-mudo verde-àgua que fica ao lado da minha cama. Após alguns segundos, a luz deu lugar ao Stallion Reve.

     - Achei que você fosse gostar de uma companhia familiar. — Disse o sumo-sacerdote através de sua pequena imagem.

    ----------------

     - Porque foi que nós paramos de conversar usando esse método mesmo? – Perguntei rindo, após estarmos conversando por uma boa meia hora.

     - Porque seu pai sempre achou meio bizarro. – Ele respondeu rindo também.


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Notas finais do capítulo

* O sonho da Maya é referência ao episódio 166 de Super S.



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