O poder das estrelas escrita por capi


Capítulo 17
Confissões




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 Serena acordou com a cabeça encostada no ombro de Seiya, o sol da manhã já raiava pleno no céu. Ela afastou-se lentamente e observou Seiya dormindo tranquilamente. Quando foi que nós caímos no sono? Ela pensou e riu baixinho.

 Após alguns minutos ele abriu os olhos e lentamente olhou ao redor. – Nós caímos no sono, foi? – Ele disse rindo e levantou-se. – Ai! – Disse colocando as mãos nas costas. – Isso vai doer amanhã.

 Serena riu e levantou-se também.

 - Bom dia, bombom. – Ele disse beijando a testa de Serena.

 - Bom dia. – Ela respondeu e seu estômago resmungou.

 Ouvindo o barulho, Seiya riu alto. – Tá com fome, é? Comilona. – Disse rindo.

 Ela, emburrada, olhou para o lado e então foi o estômago de Seiya que resmungou. – Acho que não sou só eu, hein! – Disse sarcasticamente.

  - Vamos. – Seiya deu alguns passos para trás e esticou a mão para Serena. – Vamos achar algo para comer. – Sorriu.

  Ela olhou para ele parado ali na frente dela, os dois haviam dormido de mal jeito na rua, mas ele estava impecável.... O jeito como a suave e refrescante brisa da manhã balançava seus cabelos negros, junto com o belo e sincero sorriso que estampava seu rosto, Seiya parecia mais belo do que nunca.

  Serena sorriu levemente e sentiu-se quente por dentro, olhou para a mão dele e lentamente esticou a sua para alcança-lo. Quando seus dedos estavam quase entrelaçados, ela parou com a mão no ar e sua mente começou a inundar de pensamentos. Seus nervos estavam à flor da pele. Ela ainda não havia dito nada para ninguém, não havia dito nem que tinha terminado com o Darien. Sua ansiedade foi aumentando rapidamente e no meio de tanto caos em sua mente, ela tentou elaborar mil razões para se convencer de que tudo ficaria bem, mas ao mesmo tempo ela conseguia ouvir a voz de Haruka e Michiru dizendo nada além de coisas infortunas.

    Seiya observou a hesitação dela, notou que seu rosto que normalmente tinha uma expressão serena e feliz, agora estava coberto de inseguranças e dúvidas. Não deve ser fácil. Ele pensou. Serena pode ser chorona e ingênua, mas ele sabe que por dentro ela é a pessoa mais forte que ele já conheceu. Ela carrega o peso do mundo nas costas e o faz com um belo sorriso no rosto porque ela quer proteger tudo e todos que ama. Ele sabia que por dentro ela estava provavelmente em guerra com si mesma. Sentindo-se presa entre o que quer fazer e ser, e entre magoar as pessoas que ama.

   Seiya abraçou-a forte, preenchendo o espaço entre eles. O toque de Seiya teve um efeito quase sobrenatural sobre Serena, fazendo com que seus medos e ansiedades desaparecessem tão rápido quanto vieram. A energia pura e quente que a felicidade dele transmitiu foi como um raio de sol que conseguiu afastar todas as nuvens chuvosas da mente dela.  

  - Você não está sozinha nessa jornada. – A voz dele era suave como chuva de verão. – Eu vou estar aqui não importa o que aconteça.

 - Eu sei. – Serena disse sorrindo.

 - Então, o que você quer fazer, bombom? – Ele disse num tom brincalhão, tentando quebrar a tensão do momento.

 Ela mordeu o lábio inferior por um momento e respirou fundo. – Eu quero falar com as meninas. – Ela disse num tom sério.

 - Você tem certeza de que quer fazer isso agora?

 - Tem que ser agora – Falou suavemente. – Agora que está no começo. Não quero esconder nada de ninguém e nem que fiquem magoadas porque não falei antes.

 - Você quer que eu vá junto? – Ele segurou a mão dela e ela suavemente balançou a cabeça.

 - É algo que eu tenho que fazer sozinha. – Sorriu.

 - Se você mudar de ideia, me liga. Tá bem? – Ele disse preocupado.

  Serena concordou com a cabeça e se despediu de Seiya com um terno beijo nos lábios. Durante todo o percurso para casa, ela tentou imaginar a melhor maneira possível de contar tudo o que estava acontecendo. Ela tentou se preparar e imaginar as milhões de perguntas que poderiam surgir, sabia que elas exigiriam respostas para perguntas que ela não saberia responder. “Rini”, pensou consigo mesma, tinha certeza de que esse seria o maior argumento.

  Talvez eu deva deixar para outro dia, sussurrou para si mesma enquanto abria o portão de casa. Ela tirou os sapatos, colocou-os do lado da porta e caminhou até a geladeira para pegar o resto de pudim de chocolate. Subiu até seu quarto e sentou-se na cama para comer.

   - Agh! – Ela resmungou. Seus pensamentos a consumiam por dentro. – É só falar a verdade para elas, não é? – Falou consigo mesma e então balançou a cabeça violentamente. – Ai, eu não posso! – Falou entre dentes, com medo da reação de todos.

   Ela colocou o prato de pudim no chão e deitou-se na cama, envolvendo os joelhos em seus braços. Serena fechou os olhos para tentar dormir, tinha esperança de que acordaria com um novo senso de coragem, de que de alguma forma mágica todos os seus problemas se resolveriam com uma breve soneca, mas sua tranquilidade e esperança não duraram muito.

   Momentos após, a campainha tocou. Ela tentou ignorar e virou para o outro lado, o que só fez com que a campainha tocasse incessantemente.

   - Se-re-na! – Ouviu a voz de Mina gritar na distância. – Abre a porta! Você está bem?

   - Nós estamos preocupadas com você, Serena! – Lita gritou.

   As vozes das meninas foram como um tiro no coração de Serena. Ela não estava preparada para enfrentar elas agora, não tinha conseguido preparar o diálogo em sua mente e ensaiá-lo milhões de vezes para ter certeza de que tudo que dissesse soasse exatamente da maneira que deveria.

   - Serena, eu vou derrubar essa porta se você não responder! – Rei gritou impaciente.

   Serena levantou-se e caminhou até a porta lentamente. Respirou fundo.

   - Oi, meninas. – Disse com um sorriso ensaiado.

  - Você está bem? – Amy perguntou preocupada.

  - Depois da batalha nós tentamos te ligar, mas não tivemos resposta. – Lita complementou.

  - Ah, eu tive que resolver algumas coisas e acabei perdendo noção da hora. – Serena disse sorrindo. – Não quis preocupar vocês, me desculpem. Porque vocês não entram?

   As meninas entraram sem muita demora e todas se acomodaram em volta da mesa de jantar. Lita, sendo a cozinheira designada do grupo, havia trazido algumas ervas de chá e guloseimas para passar o tempo, ela sabia que se algo estivesse acontecendo com Serena, comida era sempre uma boa maneira de animá-la.

   - Então você e Taiki, hein Amy?

  - Que isso, meninas! Nós não estamos aqui para isso não.

  - Ai, não sejas envergonhada assim não.

  - Desnecessário, viu. E aliás, não sou só eu não.... Você e Yaten também andam muito próximos, não é?

  - E foi o Taiki que te disse isso, foi?

    Serena ficou sentada ali com seus pés em cima da cadeira e segurando uma xícara de chá em suas mãos. As vozes e risos das meninas eram apenas um som de fundo para ela, som esse que desapareceu num instante. Era como se ela estivesse presa entre duas realidades: uma que era completamente imperfeita, mas que todos pareciam aprovar. A outra era a visão que ela tanto desejava, ficar com Seiya e escrever sua própria história. Será que era possível tornar isso uma realidade? Serena respirou fundo e sentiu o cheiro do perfume de Seiya que havia ficado em sua roupa. O aroma dele viajou sobre o corpo dela com um efeito completamente afrodisíaco, ela queria ficar com ele e a única coisa entre os dois nesse momento, era ela mesma.

   - Serena? – A voz de Mina interrompeu seus pensamentos fazendo com que ela levantasse os olhos apenas para encontrar as meninas paradas em volta dela, olhando-a intensamente.

    - O que você tem? Parece tão distraída, tem alguma coisa te incomodando? – Rei disse com voz de empatia.

    - Sabe o que é? – Serena disse enquanto apertou a xícara mais forte em suas mãos e mordeu seu lábio inferior.

    Eram poucas as ocasiões em que o rosto e a voz de Serena assumiam um tom sério, suas sobrancelhas estavam franzidas e seu rosto tenso.

    - Diga. – Amy disse suavemente enquanto colocava a mão no braço de Serena. – Prometo que nós ouviremos seja lá o que for que você tiver para dizer de coração aberto. Não é meninas? - Amy olhou em volta e as meninas concordaram com a cabeça.

    Serena olhou ao redor, sorriu levemente e colocou a xícara em cima da mesa. - Eu terminei com o Darien. – Ela disse rapidamente, encarando a mesa.

    - O quê? Como assim? - Lita perguntou em choque e as meninas começaram a falar ao mesmo tempo.

    - Eu terminei com o Darien porque.... – Serena continuou e todas ficaram em silêncio. - Eu não me vejo com ele no futuro. Tantas coisas aconteceram entre nós e eu realmente não acho que nosso amor tenha sobrevivido.

    - Isso é só uma fase, Serena. - Rei disse com um tom de urgência em sua voz.

    - Não. - Ela falou com a voz rígida. - Não é só uma fase. O Darien sempre terá um lugar especial no meu coração, mas eu não sou mais a mesma pessoa que eu era antes.... Eu não quero mais ser aquela pessoa. – Complementou. – Eu cresci e descobri uma parte de mim que eu não sabia que existia e comecei a ver as coisas de uma maneira diferente. Eu vou guardar comigo todas as lembranças boas que eu tenho com o Darien e esquecer as ruins, mas eu preciso seguir em frente...

    - Mas e a Rini? Você esqueceu dela? - Mina perguntou confusa.

    Serena mordeu seu lábio inferior novamente e seus olhos se encheram de lágrimas. Ela tentou piscar rapidamente para afastar as lágrimas de seus olhos e quando não conseguiu, ela encarou o chão. Ela, então, escondeu suas lágrimas e com elas, toda a dor que estava sentindo. Quando Serena olhou para as meninas novamente, ela conseguiu fingir um sorriso que enterrou toda a sua dor no fundo do coração. - É claro que não. – Sua voz saiu rouca. – Eu penso nela todos os dias da minha vida. Eu penso em vocês todos os dias da minha vida. Só que eu tenho que fazer isso por mim. – Pausou. – Vai doer muito seguir esse caminho, mas a dor de ir nunca irá se comparar com a dor que eu sentiria se ficasse.

    - Serena. – Rei colocou a mão no braço dela. – Eu não tinha ideia de que você estava se sentindo assim.

    - Todas as vezes que você disse que não tinha certeza sobre o futuro, nós achamos que você só estava nervosa. – Lita complementou.

    - Nós deveríamos ter prestado mais atenção. – Mina disse chateada. – Não te demos o suporte que você precisava.

    - E o que você quer fazer? – Amy disse suavemente.

    - Eu quero ficar com o Seiya. – Respondeu rapidamente.

   - Você não pode estar falando sério.... O Seiya é só um romance passageiro, ele é uma metáfora de como as coisas poderiam ter sido, mas o seu futuro é com o.... – Rei começou a falar, mas foi interrompida por Serena.

   - Sempre foi ele. – Disse ternamente. – Desde o primeiro dia que nos vimos, sempre foi o Seiya. Ele sempre esteve do meu lado, eu que fui ingênua de não ter percebido isso mais cedo.

   Sem drama e cautelosamente ditas, as palavras de Serena tinham um tom de finalidade. Quanto mais as meninas tentavam argumentar, mais elas percebiam que nada mudaria a opinião dela. Já fazia algum tempo que ela vinha tentando expressar que queria algo além do que tinha com o Darien, que queria algo a mais. Talvez um pouco de romance e compreensão, ou até então demonstrações aleatórias de afeto e conversar até o amanhecer, ou quem sabe ela quisesse algo tão simples quanto se sentir especial, sentir como se não estivesse em segundo plano o tempo todo.


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