O poder das estrelas escrita por capi


Capítulo 19
Laços




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  - Jardins Rikugi-en, é? – Seiya olhava as fotos do local enquanto tomava um gole de café. – Como é que eu nunca ouvi falar nesse lugar antes?

  - Ele fica numa área residencial na parte norte de Tóquio. Como é um lugar romântico e cheio de história, provavelmente estará lotado no dia dos namorados então vocês devem ir cedo. – Maya espreguiçou-se e tentou achar uma posição mais confortável no sofá.

   - Você acredita que já se passaram três semanas desde que Serena e eu começamos a namorar? – Seiya ajustou-se no sofá enquanto Maya esticou as pernas sobre o colo dele.

   - O tempo passa rápido demais! Está indo tudo bem com vocês? – Ela bocejou e apoiou a cabeça na mão.

    - Eu ainda sou inexperiente quando o assunto é relacionamento.... Serena é a primeira pessoa com quem eu me relacionei, então eu tento fazer tudo que posso para não estragar nada. Ela me faz sentir como se eu fosse o homem mais sortudo de toda a galáxia e eu quero que ela se sinta assim também. – Seiya sorria enquanto brincava com as mãos, perdido em pensamento. – Obrigado por me ajudar a planejar esse dia. Como é que você ficou tão boa nisso? – Ainda sorrindo, ele virou o rosto em direção à Maya.

   - É algo que eu fazia bastante com meu pai. – Um sorriso iluminou o rosto dela.

   - Como uma tradição de família? – Ele aproveitou a chance para aprender um pouco mais sobre Maya e sua família, já que ela raramente comentava sobre isso.

   - Teve uma noite, quando eu era bem mais nova, que eu não conseguia dormir por causa de alguns pesadelos. Lembro de estar chorando quando meu pai entrou no quarto para me acalmar... Ele disse que estava organizando o aniversário de mamãe e me pediu ajuda. Depois disso, virou algo que sempre fazíamos juntos.

    Seiya pode notar o sutil tom de tristeza na voz de Maya. Ele sabe muito bem o que é ter que salvar alguém e estar de mãos atadas, sem saber como prosseguir. Pelo menos ele tinha Yaten e Taiki para ajudar a carregar esse fardo, mas e ela? Quão solitária ela deve estar? Ele a observou por um momento e ela parecia tão inocente e indefesa sentada ali no sofá com seu pijama de coelhinhos e um toque de tristeza no olhar.

    - Eu sei que você sente falta deles e eu quero você saiba que não está sozinha nessa luta.  – Ele segurou a mão de Maya. – Você sabe que tudo ficará bem no final, não é?

    - Papai sempre disse: Deixe que sua fé seja maior que seus medos. Então é isso que eu estou tentando fazer.

    - Me parece que seu pai tem ótimas respostas para tudo, espero que um dia eu possa conhece-lo.

    - Até certo ponto. Ele também diz que sorvete de morango é melhor do que de chocolate... Então algumas coisas têm que ser descreditadas! – Ela falou em um tom brincalhão, tentando quebrar o clima do momento.

    - Ei. Mas sorvete de morango é melhor do que de chocolate! Então continuo acreditando nele. – Respondeu rindo.

     - É claro que você acha isso.

     - O que isso quer dizer?

     - Nada não.

     - Você ficará bem sozinha amanhã? Eu estarei com Serena, Yaten com Mina e Taiki com Amy. Haruka e Michiru ainda não desistiram de tentar conseguir respostas sobre você. – Seiya ficou sério por um momento.

      - Eu pretendo ficar em casa assistindo comédias-românticas o dia todo, então acho que não será nenhum problema. Já tenho até a pipoca separada! – Maya apontou para os 10 pacotes de pipoca de micro-ondas em cima da mesa de centro.

     - Vamos. Hora de dormir. – Seiya disse rindo enquanto ajudava Maya a se levantar do sofá.

     - Maya. – Ele disse fazendo com que ela parasse na frente da porta do quarto. – Se algo acontecer, me ligue. Não importa que horas sejam ou o que eu estiver fazendo, me ligue. E eu não estou falando só sobre amanhã.

     - Tudo bem. – Ela respondeu com um leve sorriso.

     - Promete?

     - Prometo.

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    Éris caminhou lentamente pelos corredores longos e escuros que levavam até o outro lado da mansão. “Ainda não sei o que Akane tem contra um pouco de luz”, ela balançava a cabeça enquanto tomava cuidado para não esbarrar em nada. Virou à esquerda e então chegou ao seu destino:  a biblioteca coberta de estantes que iam até o teto e cada centímetro de suas prateleiras estavam preenchidos por livros que haviam sido lidos e relidos por Akane, as páginas desgastadas e alguns até tinham anotações nos cantos.

   - Faz alguns dias que você quase não sai daqui. – Ela comentou em tom baixo olhando para Akane que estava sentado em frente à grande lareira de mármore branco.

   - E já faz três semanas que sentimos a energia daquele que procuramos e você não conseguiu identificar de onde veio. – Ele continuou encarando as chamas da lareira, com a mão no rosto.

   - Eu me distraí com aquela menina. A aura dele não durou tempo suficiente para deixar vestígio.

   - E quanto aos ataques desde então? Eu não lhe ordenei a continuar atacando até termos uma reação?!

   - Aquela pirralha continua a atrapalhar meus planos, não consegui chegar perto dos outros.

   Akane passou a mão no rosto e respirou fundo. – Parece que todas as suas desculpas envolvem Maya. Você deveria parar de focar nela e tentar descobrir quem ele é nesse tempo.

   - Estamos perdendo tempo! – As palavras voaram da boca dele enquanto ela revirava os olhos. – Essa pirralha mimada só está nos atrasando nesse tempo, enquanto no tempo dela, mesmo estando atrás daquela barreira de cristal, aqueles indigentes continuam a refletir os ataques dos nossos zumbis! Se acabarmos com Maya, ele certamente irá aparecer para vinga-la! – Seu tom de voz estava exaltado. – Você tem que sair dessa biblioteca e fazer algo!

    Akane lentamente tirou a mão do rosto e encarou Éris sem nenhum traço de vida em seus olhos. Seus olhos estavam estreitados e frios. Akane, apesar de tudo, costumava ser coerente. Ele sabia escolher suas batalhas e como se recuperar de uma perda. Só que ultimamente não havia mais meio termo com ele quando o assunto era seu humor, apenas extremos opostos. Éris sentiu o nó na garganta e tentou respirar fundo sem demonstrar seu nervosismo, ela sabia que havia ido um tanto longe demais e seu tom havia sido acima do necessário e com isso ela atiçou o lado errado dele e agora não sabia o que esperar.

    - Você é realmente estúpida, não é mesmo? – Os lábios dele se abriram em um leve sorriso, mas seus olhos ainda não expressavam nenhuma emoção. – Se ele despertar completamente, ainda mais se for devido ao luto de perder aquela menina, você não acha que seu poder seria triplicado? Não subestime o quão forte alguém pode ser quando luta pelo o que ama. E você quer mesmo ir para cima de Maya sem um plano bem arquitetado? Já se esqueceu sobre Niel?

   Éris engoliu seco. Niel, seu irmão mais novo, foi visto pela última vez indo atrás de Maya. Estava desaparecido desde então e ela não sabe o que aconteceu com ele. Seu sangue começou a ferver e foi como se chamas tivessem se formado dentro dela, chamas prontas para incendiar qualquer coisa que entrasse em contato. – Deveríamos ir atrás dela. Eu e você. Ela será forçada a revelar a identidade de quem procuramos e me contar o que aconteceu com Niel.

   - Esqueça Maya por agora. Ela não é a prioridade.

   - Olhe só você. Você já tinha poupado a vida dela quando eu a encontrei naquele beco. Quando foi que você recuperou seu coração? Eu achei que você já tinha perdido seu código moral e empatia. – Ainda de cabeça quente, ela murmurou em tom provocativo e cheio de desdenho.

   Ela sentiu uma dor súbita e intensa se espalhar pelo seu corpo quando Akane voou em sua direção e a levantou pelo pescoço, batendo seu corpo contra a estante atrás dela. – Nunca.... Nunca mais ouse usar esse tom condescendente comigo. – Ele sussurrou em um tom macabro no ouvido dela enquanto ela tentava se libertar. – Eles tiraram tudo de mim. De nós. E eu terei a minha vingança, esse é o único jeito de me libertar.


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