Harry Potter e a Senhora do Tempo escrita por Mimis


Capítulo 24
Higglebottom




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/734738/chapter/24

 

 

Harry aparatou em silêncio, o escuro da madrugada o engolindo. Depois de muito pensar quais seriam seus passos, decidiu seguir sua intuição. Após saber da fuga de Draco Malfoy seu cérebro e suas convicções juvenis imediatamente ligaram todos as mortes e acontecimentos ao seu antigo inimigo. Já estava pegando sua capa usando a rede de flu até Azkaban, porém seu bom senso o fez parar e repensar. Draco pode ter sido um Comensal da Morte, mas apesar da sua fuga, antes mesmo de ser preso e condenado, deu várias provas de sua redenção. Além do mais, ele era um Auror licenciado, e com certeza outros Aurores já estavam rumando para a prisão e ele tinha assuntos mais urgentes a resolver.

Aparatou rapidamente na cozinha da casa de Rony, prevendo que Viv e as gêmeas estariam dormindo. Assustou-se em ver a mulher do amigo sentada na mesa de madeira tomando calmamente uma xícara de chá fumegante. Por um segundo ela deu um sorriso, mas ao ver quem era levantou-se assustada.

— Harry! Aconteceu alguma coisa?

— Olá Viv, desculpe pela hora. Não, não...Quer dizer, aconteceu mas nada grave. Mas preciso falar com o Rony, será que você poderia acorda-lo?

Ela olhou para o chão por alguns segundos, e rapidamente o encarou.

— Ronald não está, avisou que não viria hoje pra casa, tinha coisas a resolver na Toca.

Ela então, parecendo tomar coragem, continuou.

— Harry, nos conhecemos a muitos anos, e eu tenho por você grande estima, não apenas por suas histórias, pelo que você e o Rony passaram juntos, mas também porque quem você é de verdade.

O bruxo, espantado, assentiu com a cabeça silenciosamente. Ela se sentou e indicou uma cadeira vazia a sua frente. Não querendo simplesmente recusar, se sentou.

— Por toda essa proximidade e cumplicidade que você tem com nossa família e com meu marido, preciso te perguntar: meus filhos realmente estão correndo perigo? Preciso que seja franco.

— Vivian – ele disse muito sério. – Há sim um perigo nos rondando, mas creio que tanto o Matt, a Anne ou mesmo as gêmeas não estão sendo ameaçados, pelo menos por enquanto. Mas, se houver a menor possibilidade de algo vir a acontecer, eu os protegerei com a minha vida se necessário.

Ela sorriu discretamente, um pouco mais aliviada. Harry percebeu porém que havia algo que ainda a incomodava.

— Já fazem alguns dias que o Ronald tem ficado pouquíssimo tempo em casa. Sai muito cedo, volta tarde da noite. Mal tem tempo de ficar com as gêmeas, mal conversamos. E quando conversamos, bom...

Harry se mexeu desconfortável na cadeira. Ele e Vivian nunca foram exatamente amigos, apesar de sempre estarem próximos. Como esposa de seu melhor amigo, ele preferiria ter contatos mais formais, como uma forma de respeito acima de tudo. Nunca conversaram coisas pessoais, muito menos a respeito da vida íntima dela e do amigo como casal. Ele sempre imaginou que ela pensara da mesma maneira, porém Harry percebeu que havia algo muito sério para que a mulher entrasse nesse assunto sem quase nenhuma cerimônia.

— Depois de todos esses anos eu posso dizer que adquiri algum conhecimento sobre o mundo bruxo. Entrei totalmente sem querer nele, mas não me arrependo em nada. Eu concordei em ficar, não só com o Ronald, mas com sua família, amigos. E também em formar minha família nesse mundo. E ele mesmo teve que renunciar muita coisa por mim, violando o estatuto bruxo ao ficar comigo, aceitando o julgamento e sua sentença.

O bruxo ainda tinha viva na lembrança o que acontecera a Rony por se envolver com uma trouxa, e ainda mais por engravida-la. Mesmo sabendo que seria julgado por ter violado o estatuto das leis da magia e muito provavelmente condenado ele não só se manteve firme como a pediu em casamento. Como esperado, Rony foi condenado e expulso dos aurores antes mesmo de se tornar um. Mas ao invés de se entristecer ou se revoltar o amigo se mostrou o mais nobre dos bruxos ao preferir a família que estava formando. E com muita determinação – e devido aos bons contatos do Sr. Weasley – Rony se encontrou no Departamento de Esportes Mágicos e se tornou um ótimo pai.

— Não quero me alongar Harry. – Ela disse levantando-se, meio que arrependida de ter começado essa conversa. Ele seguiu sua deixa e também ficou em pé. – Ele está na Toca agora, me enviou uma mensagem. Se o vir apenas...apenas diga a ele pra fazer o que tem que fazer e depois vir pra casa.

 Harry assentiu novamente. Esperou educadamente ela atravessar a cozinha e subir as escadas e rapidamente aparatou. Por ser muito tarde da noite e também sabendo que a propriedade estaria protegida com os já conhecidos encantamentos anti artes das trevas, o bruxo decidiu aparatar nas sebes rebeldes que indicam o começo das terras dos Weasley. Viu a silhueta da Toca ao longe, uma ou outra luz acesa nas janelinhas tortas da casa, sinal de que algum de seus moradores estava sem sono. Rapidamente contornou a casa, e quando estava quase chegando na porta da cozinha, notou que o barracão do Sr. Weasley estava aceso, e uma das portas velhas de madeira estava aberta.

Intrigado, a varinha em punho, Harry caminhou silenciosamente até a porta aberta. A medida que chegava até o barracão distinguiu uma enorme sombra borrada. A sombra se dividiu lentamente em duas, e ele pode visualizar a silhueta de duas pessoas, um homem e uma mulher. Pôde ouvir então o sussurro dos dois, mas não pode entender o que conversavam. Entrou com tudo no barracão.

— Harry!!! – Hermione pulou, sua voz num timbre tão fino quanto assustado. Rony se afastou praticamente um metro da amiga em meio segundo e soltou um palavrão. Apesar do constrangimento presente no ambiente ser quase palpável, ele tentou ignora-lo. Percebeu que a amiga estava bem mais calma, e dirigiu-se rapidamente até ela.

— Hermione eu sei de todas as nossas desavenças, mas por hora, por favor, POR FAVOR, não vá agora.

— Harry, a Mione concordou em não ir embora, por enquanto.

Eles dividiram um olhar cumplice que Harry novamente ignorou. Mas pelo menos ficou satisfeito de não precisar argumentar. Houve um silencio incomodo, e a bruxa decidiu por fim quebrar o gelo.

— Certo, certo. Harry vamos esquecer por enquanto o que aconteceu e se concentrar em coisas mais urgentes. Você encontrou Snape?

Harry rapidamente contou do seu encontro com o ex professor e da fuga de Draco Malfoy. Os amigos reagiram como sempre: Rony colocou a culpa de tudo no ex aluno da Sonserina e Hermione se absteve, incrédula. Quando iam começar a debater os últimos acontecimentos ouviram vozes lá fora. Rapidamente correram, as varinhas em punho. Se depararam com Remo Lupin caminhando lado a lado com o Sr. Weasley, ele se esforçando consideravelmente pela perna faltante e pela idade avançada. Os dois bruxos pareceram não se espantar com a presença deles.

— Alguma coisa me dizia que estavam juntos. E a coruja de Molly há alguns minutos me confirmou essa informação.

— Sim, sim papai. Harry soube da fuga de Draco e tudo mais e veio nos contar.

— Mas com certeza há mais, vamos entrem eu e seu pai vamos explicar.

Caminharam em silêncio pelo resto do quintal. Harry percebeu que estava bem próximo de Rony e ouviu sua voz baixa na escuridão.

— Desculpe Harry.

Antes dele conseguir responder, entraram na sala apertada da Toca. Sem rodeios, Lupin começou:

—Quando soube da fuga de Draco Malfoy rapidamente fui até o ministério. Por sorte o sr. Weasley ainda estava lá. Por sua reputação, conseguimos ir até os aurores, que estavam rapidamente o ligando a todas essas mortes devido à seu histórico.

— Mas convenhamos Lupin que culpar Draco por tudo isso é fácil demais. E não faz muito sentido, ele se entregou e aceitou seu julgamento de bom grado, e todos sabem que ele está cuidando muito bem do velho Lúcio Malfoy na prisão, sua doença anda muito séria, não tem muito tempo de vida.

— Qualquer um concordaria com você Hermione, mas Domus Rafittay e os outros estão desesperados para achar culpados.

— Rafittay, o chefe dos Aurores? Há rumores que está com o cargo ameaçado.

— Isso mesmo Rony, essa fuga foi como uma maldição e uma benção pra ele filho, e com certeza ele está fazendo de tudo para tirar o melhor proveito dela.

— Enfim, viemos correndo pra cá por outro motivo. Percebi que o Sr. Weasley estava ficando muito cansado e como vi que não haveria mais informações relevantes me ofereci para leva-lo até sua sala e depois pensei em voltar para casa. No elevador, encontramos Rubbord escoltando um velho andarilho muito exaltado. Se não tivesse visto sua varinha diria que era um daqueles mendigos trouxas. Entre seus gritos desconexos ele dizia “Juro por Merlin, minha amada Sissy, minha querida está em apuros, que infelicidade esses dons, que tristeza...” Rubbord entre risos tentava acalmar o sujeito “Ora Higglebottom! Você não é casado há anos! Nem sabe onde ela foi parar. Vamos, vou envia-lo para St. Mungus, um bom tônico e um banho demorado podem ajudar você...” Mas ele insistia em falar com alguém sobre a mulher que estava em perigo.

 Quando estávamos saindo do elevador, muito incomodados com a situação, o tal Higglebottom tirou algo do bolso envolto em panos imundos e disse aos gritos “POSSO PROVAR! POSSO PROVAR! MINHA SISSY ME ENVIOU E PEDIU PARA PROTEGER COM A VIDA, PRECISO ENTREGAR PARA HARRY POTTER.” E mostrou abrindo os trapos, uma esFera de vidro pequena, um pouco maior que uma bola de tênis.

Foi por sorte que eu e o Sr. Weasley tivemos o mesmo pensamento. Estuporamos os dois bruxos e rapidamente o escondemos num armário do 3º andar. Agora Harry, acho que isso pertence a você.

Harry abriu as mãos devagar e tentou esconder os tremores que percorriam todo seu corpo. Todos estavam em silêncio. Seus pensamentos estavam em negação. Simplesmente não era possível, outra profecia, novamente sobre ele. Ao toca-la, sentiu a familiar sensação de quentura, apesar do frio da noite. Olhou para dentro dela e a névoa branca começou a mudar lentamente de forma. Harry primeiro viu dois aros iguais e percebeu que eram óculos...

— Trelawney! – Hermione foi a primeira se se pronunciar, segurando com firmeza seu braço.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Estamos chegando nos momentos decisivos da fic!! Comentem!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Harry Potter e a Senhora do Tempo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.