Harry Potter e a Senhora do Tempo escrita por Mimis


Capítulo 23
Depois que o menino novamente sobreviveu




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Correndo contra o fluxo de estudantes à caminho do Salão Principal para o jantar, Melissa rapidamente entrou na sala comunal da Grifinória. Ao entrar no dormitório do quarto ano, a esta altura vazio, ela percebeu que estava ainda com o uniforme sujo de Quadribol, sua velha Firebolt nas mãos. Rapidamente, trocou suas roupas por um jeans velho e um moletom escuro, e soltou rapidamente a trança mal feita deixando um rabo displicente. Se olhou por um segundo no espelho, um misto de emoções fazendo sua cabeça girar e sua barriga doer. Procurou em seu malão pelo frasquinho onde estava a memória que tinha recebido e a colocou no bolso. Olhou no relógio e preparando-se para sair novamente notou que deixara o uniforme espalhado pelo chão. Abriu novamente o malão e enfiou de qualquer jeito suas roupas, pois sabia que os elfos domésticos só recolheriam roupas sujas somente após todos os alunos irem dormir, e não queria deixar o quarto bagunçado. Antes de fechar o malão, porém, viu um pacotinho embrulhado de qualquer jeito em um canto, e teve uma súbita ideia. Pegou o pacote, que era extremamente leve, e o colocou num dos bolsos internos do moletom.

Alguns minutos depois Melissa parou ofegante na porta da sala do professor Potter. Olhou para os dois lados do corredor vazio procurando por Lionel. Por um segundo se sentiu frustrada por não vê-lo ali, conforme combinado. Ouviu então um assovio e alguém chamando seu nome, quase num sussurro.

— Ei Granger! Aqui, aqui atrás!

Ela virou-se de repente e viu Lionel no final do corredor, um pouco escondido entre uma das armaduras de bronze desgastado. Tinha tirado o uniforme – era um dos poucos alunos que usava as vestes da escola mesmo aos finais de semana, e era visto raramente com roupas comuns. - Usava jeans também e um suéter verde garrafa. Ela não pôde deixar de sorrir.

— Malfoy, Malfoy finalmente te vejo como um cara quase normal...

— Ora, chamarei menos atenção se estiver com essas roupas se me virem zanzando pelos corredores. Isso me lembra...

Ele por uns segundos não disse nada e sorriu também, parecendo satisfeito.

— ...ah Melissa, só você mesmo! Se alguém te pegar na porta de um professor num sábado à noite não vão achar suspeito?

— Eu estava te esperando ora, não combinamos isso?

— Descrição Granger, discernimento! Nem parece ser filha de quem é!

— Me poupe Malfoy, vamos logo acabar com isso!

Ela rapidamente se dirigiu novamente para a sala do professor Potter, agora com um pouco mais de cautela e olhando para os lados. Percebeu que Lionel parou um pouco mais adiante, perto da parede. Parecia bem relaxado, até demais, ela percebeu.

— Vamos então?!... – Ela começou, vacilante. Ele fez um gesto indicando para ela abrir a porta. Rapidamente pensou que ela não estaria simplesmente destrancada. Sacou então a varinha.

— Alorromora!

Antes mesmo de virar a maçaneta sabia que o feitiço não tinha funcionado. Frustrada, ela olhou para Lionel, que estava encostado na parede de modo familiar, seu sorriso sarcástico se ampliando.

— E você acha Granger que o cara que derrotou Voldemort trancaria sua sala com um simples Alorromora?

Ficou sem palavras para contestar o garoto, o cansaço do dia aliado às emoções dos últimos acontecimentos pareceu cala-la. Ele desfez o sorriso e alinhou-se à garota, em frente a porta.

— Por isso dei uma passadinha no meu quarto. Tenho algo útil aqui...

E tirou do bolso algo que ela já tinha visto no quartinho de jardim de sua casa, que continha muitas coisas trouxas que a mãe achava útil, a maioria das coisas que herdara dos avós trouxas dela, que tinham morrido alguns anos atrás.

— Eu sei o que é isso, é um canivete. Minha mãe guarda um parecido com esse, era do meu avó trouxa pai dela. Mas não entendo como pode ser útil algo assim.

Sem dizer uma palavra Lionel mexeu no objeto, que revelou uma pequena lâmina azul, ele a colou displicentemente na fechadura, que com estalido baixo abriu, deixando Melissa de boca aberta.

— Canivetes mágicos Granger – ele disse presunçoso, enquanto empurrava a garota pra dentro – você não imagina os artefatos que a minha família possui. Não são ilegais, mas se vovó tiver algo que pode favorecer um Malfoy em Hogwarts ela não vai medir esforços pra enviar pra escola. E olha só, esse é perfeito.

Sem saber o que responder Melissa deu um sorrisinho para o garoto e acendeu algumas velas da sala de aula. Em silêncio, indicou com a cabeça a porta do escritório do professor à esquerda e Lionel repetiu o procedimento nessa porta também, que se abriu da mesma maneira. Ao entrarem no escritório, viu que este estava um pouco bagunçado, as velas ainda acesas, sinal que alguém saíra às pressas do lugar. Melissa se sentiu um pouco arrependida de ter invadido a sala de um professor, se fosse pega com certeza pegaria uma boa de uma detenção. Ela parou, insegura, enquanto Lionel percorria sem cerimônia o lugar, bem objetivo, procurando a penseira que tinha mencionado. Ela se esforçou para pensar no motivo que a fizera cometer esse ato insano, e começou lentamente a olhar as prateleiras da sala, ainda um pouco receosa. Distraída, ela deu alguns passos em direção à mesa do professor, e começou a olhar os vários porta-retratos dispostos ao longo dela. Fascinada por todas aquelas fotos, que com certeza eram de pessoas que faziam partes da vida íntima do professor, reconheceu em uma delas três jovens como sendo o professor Potter, seu tio Rony e sua própria mãe, todos abraçados em lindas vestes de gala. Ao tentar pegar o porta-retratos foi surpreendido por um grito de vitória de Lionel, que a assustou e a fez derruba-lo.

— Quer me matar de susto??!!! Quebrei o porta-retratos do professor Potter, satisfeito?

— Eu achei a penseira, achei que você fosse me agradecer Granger! Anda, cadê a memória?

Com cuidado Leonel colocou a penseira na mesa do professor e olhou para a garota, muito satisfeito embora um pouco nervoso. Ela rapidamente pegou o vidrinho do seu bolso e despejou seu conteúdo, que se moveu vertiginosamente. Melissa então endureceu, e seus olhos se encheram de lágrimas.

— Não posso fazer isso! Simplesmente não posso!

— Como assim Granger? Chegamos até aqui não chegamos? Vai, acaba com isso! Ah, não vai me dizer que está com medo?

Lionel a olhou, aquele costumeiro olhar debochado fitando-a. Em qualquer outra ocasião Melissa se sentiria motivada a desafia-lo, mas ela não conseguiu retribuir aquele olhar, ela não conseguiu sequer encara-lo de volta.

— Sim, eu estou com medo Lionel. – por fim respondeu, olhando para seus próprios pés. Ela percebeu o vulto do garoto se aproximar dela em silêncio, e quando levantou a cabeça deu de cara com o rosto do garoto à poucos centímetros do dela.

— Você é da Grifinória Granger, a casa dos corajosos! – Ele começou, a segurando pela cintura, sua voz num fiapo quase que inaudível -  Coragem Melissa, coragem! Eu estou aqui com você...

Melissa fechou os olhos e os próximos segundos varreram todos os sentimentos, medos, vontades e tudo mais que ela sentia. Tudo que seu corpo e sua mente faziam era gravar aquele momento, que era com certeza um daqueles que ela se lembraria pra sempre. Por fim, após todas aquelas sensações e sabores, abriu os olhos devagar e sorriu ao ver o rosto de Lionel se afastando dela, ele com um expressão de quem acabara de levar um balaço na cabeça, a não ser pelo sorriso meio bobo, meio triunfante. Por um segundo Melissa quis puxa-lo novamente para si, mas sua mente voltava lentamente a funcionar e o motivo pelos quais estavam ali inundaram-na. Antes de solta-la por completo ela balbuciou pra ele.

— Obrigada por estar aqui comigo...

Respirou fundo e olhou para o conteúdo da penseira, que tinha parado de girar. Ela distinguia vultos, entrecortados por uma forte luz alaranjada. Sabendo como tinha que proceder aproximou sua cabeça e quando estava à poucos centímetros de tocar a superfície da penseira com ela olhou para Lionel, que estava bem ao seu lado, o olhar cheio de expectativa. Ele se mexeu, surpreso.

— O que foi agora Granger?

— Quer saber Malfoy? Você vem comigo!

— Eu não... – Melissa não deixou o garoto terminar a frase. Pegou sua mão com força e com um gesto rápido tocou a cabeça no conteúdo da penseira. Ela sentiu um puxão forte pelo umbigo e pareceu percorreu um túnel luminoso, feito de material que não parecia nem sólido nem líquido. Perdeu toda sua noção te tempo e espaço, a única certeza que tinha era da mão quente e suada de Lionel segurando a sua.

Após um tempo que ela não soube precisar sentiu seus pés tocarem algo sólido e precisou de alguns segundos para recuperar o equilíbrio. Com medo, olhou rapidamente para o lado e suspirou de alivio ao ver Lionel de joelhos no chão, o rosto pingando suor.

— Você tá bem Lionel?

— Eu...Você...Se da próxima vez que nos beijarmos você fazer algo do tipo me avisa antes tá? - Ele se levantou, vacilante. – Que bom que não jantei, senão faria um estrago aqui...

Melissa sorriu se lembrando do que acontecera segundos atrás no escritório do professor Potter, mas ao olhar à sua volta não conseguiu esconder seu susto. Lionel ao seu lado soltou um palavrão. Iluminado pelos primeiros raios da manhã os dois estavam do lado de fora do castelo, no enorme pátio de pedra que a dava para a porta principal do castelo de Hogwarts.

— Granger, eu acho que estamos na memória de alguém que esteve na Batalha de Hogwarts...

A garota não respondeu. Tremendo, ela começou a andar por entre alunos de diversas idades, bruxos, Comensais da Morte rendidos. Mesmo sabendo que não poderia ser vista, ouvida e muito menos sentida, ela instintivamente desviava de mortos, feridos ou sobreviventes. Horrorizada, se sentiu um tantinho melhor quando percebeu, apesar de toda aquela cena de guerra, que aqueles momentos eram após a queda de Voldemort. Mesmo os mais feridos estavam com sorrisos no rosto, e aqueles que os ajudavam cochichavam palavras de incentivo e alegria. Não era propriamente uma festa, mas era nítido o sentimento de alívio. Rapidamente, e não querendo reconhecer ninguém, ela procurou por Lionel, que estava um pouco mais adiante e olhava o horizonte, onde se podia distinguir capas pretas esvoaçantes, correndo em direção à Floresta Proibida. Melissa se aproximou do garoto, silenciosa. Sabia que Lionel se esforçava para ver se via o pai ou o avó entre eles. Ele percebeu a presença dela e a olhou, sorrindo timidamente.

— Definitivamente eu não imaginava que a memória era essa Granger.

— Concordo com você. Eu...

Melissa parou, assustada, quando ouviu gritos à suas costas. Os dois viraram rapidamente e viram alunos e bruxos correndo em direção à porta principal, que se abrira. Ela correu para ver melhor com Lionel em seu encalço e pôde ver um Harry Potter de 18 anos, completamente exausto, sujo e com certeza com alguns ferimentos nas pernas e braços parado à porta. Ao seu lado, reconheceu seu tio Rony mais novo, muito magro e igualmente sujo e ferido, e do outro espantou-se ao ver sua própria mãe. A versão jovem dela era extremamente bonita mas igualmente suja e ensanguentada como os outros dois, os cabelos soltos completamente rebeldes. Os três pareciam muito mais que cansados, pareciam acabados tanto física como emocionalmente. Harry Potter deu um passo à frente, e todos pareceram se calar.

— Voldemort está morto. – foi a única coisa que parecia conseguir pronunciar.

Melissa sentiu cada pelo de seu corpo se arrepiar com a sucessão de gritos de vitória que se ergueram no ar naquela manhã. Harry Potter sorriu timidamente, um sorriso que não iluminou seus olhos fundos. Enquanto muitos bruxos se encaminharam para ele para abraços e apertos de mão ela vislumbrou a mãe se desequilibrar e percebeu que ela estava com um ferimento profundo na perna esquerda, seu tio Rony rapidamente a pegou pela cintura e a beijou na testa. Ele parecia anormalmente sério, os olhos muito vermelhos, a face muito desolada. Definitivamente não era o jeito de seu tio Rony. Ele então se virou para dentro, com certeza falando com alguém que Melissa não conseguia ver. Segurando firmemente sua mãe pela cintura, ele aproximou-se de Harry Potter e disse, sua voz alta para se sobressair à multidão.

— Vamos Harry, vão começar a recolher os corpos...Vão começar pelo da Gina.

Melissa sentiu sua boca se abrir numa exclamação muda. Ela viu o rapaz virar muito lentamente, sua mãe ainda estava abraçada ao seu tio Rony, ela esticou a mão livre e segurou a mão de Harry Potter. A menina fez menção de seguir porta à dentro mas percebeu que tudo começara a girar lentamente, todas aquelas pessoas começaram a perder o foco, menos ela e Lionel. Aquela memória estava mudando, dando lugar à outra.

Quando se deu conta ela e Lionel estavam nos limites das terras dos Weasley. Ao longe se via a silhueta da Toca. Ela reconheceu a colina ao longe como o local onde ela o os Weasley ficavam horas e horas jogando Quadribol. Distinguiu, à sua esquerda um pequeno vale que era coberto por um lindo jardim cultivado pela família, principalmente pelos patriarcas Weasley, avós de Matt e Anne. Mas naquela memória o jardim ainda não existia, e nessa hora estava repleto de bruxos, cada um com uma faixa preta amarrada no braço direto. Todos estavam muito quietos, ouvia-se apenas o barulho dos pássaros e algum soluços baixos. Sentiu o corpo de Lionel ao seu lado, ele fez menção de dizer algo mas ela interveio, sabia o que estava acontecendo mesmo sem ter participado do momento.

—É o funeral de Gina Weasley, a tia do Matt e da Anne.

—Certo...Eu não quero reparar em coisas assim Granger, mas não é o pai dos Weasley ali com a sua mãe?

Lionel disse isso não debochando nem insinuando nada, estava era visivelmente constrangido. Ela aproximou-se um pouco e viu sua mãe de mãos dadas com seu tio Rony, ele muito sério, ainda muito magro. Sua mãe chorava baixinho, de cabeça baixa. Muito perto dos dois ela ainda viu Harry Potter, com os olhos fixos no chão, de vez em quando tirando os óculos e enxugando os olhos. Aos poucos cada bruxo, um por vez, fazia um floreio com sua varinha e uma muda brotava do chão, algumas com flores grandes, outras pequeninas e coloridas, algumas folhagens delicadas, alguns caules grossos que caíam cachos de frutinhas. Era uma cena tão linda e tão triste ao mesmo tempo que Melissa se segurou para não chorar.

Novamente a lembrança mudou e quando percebeu os dois estavam no Beco Diagonal. Era um dia ensolarado e quente, provavelmente final de férias, pois podia ver muitas famílias bruxas com seus filhos fazendo compras, com certeza material para Hogwarts. Viu que estava bem em frente a Florean and Fortescue. Todas as mesas pareciam cheias. Sentiu um cutucão nas costelas e viu que Lionel apontava para uma mesa mais escondida. Observou seu tio Rony sentado ao lado da sua mãe, ele parecia menos magro, usava vestes azuis escuras com o emblema do Ministério do lado esquerdo do peito. Tomava um generoso sorvete de nozes. Sua mãe estava com roupas de trouxa, o cabelo bem preso, bebericava distraída um suco de limão, o copo grande com um guarda-chuva rosa que ela bebia sempre que levava a filha para lá. De frente para os dois, viu Harry Potter sentado tomando uma cerveja amanteigada. Usava as mesmas vestes de seu tio Rony, a faixa preta continuava amarrada no braço das vestes. Melissa achou que a cena estava parada, pois os três pareciam imóveis. Ela percebeu que seu tio Rony começara a puxar conversa, e aproximou-se da mesa para ouvir.

— Se você visse a quantidade de livros que a Mione comprou pra levar pra Hogwarts Harry...Vai precisar de um elfo doméstico só pra ajudá-la a andar pelas escadas e corredores do castelo.

— Que exagero Ronald! Comprei apenas o que estava na lista! Tá, ok...Comprei alguns a mais apenas.

— Apenas um cem a mais!

— Besteira! Mas eu ainda não me conformo de vocês não vão voltar!

— Pra que Mione?! Não precisamos fazer N.I.E.M.s, não precisamos nos formar, entramos para o programa de Aurores! Eu e o Harry! É o máximo! Não é Harry?

— Sim sim Rony, concordo...

— Harry, eu sei que você não precisa ficar se vangloriando como o Rony fica para cada bruxo e bruxa que o reconhece aqui no Beco Diagonal, até para aqueles que não o reconhece, mas...Sabe, a vida continua.

— Eu sei Mione, só que...Está muito difícil pra mim.

— Sabe, ninguém está pedindo pra você esquecer, nós nunca iremos esquecer.

— Ficar no largo Grimmauld também não ajuda Harry. Eu sei, tudo que você fez lá cara, aquela casa é outra, realmente não imaginaria que ficasse daquele jeito. Mas morar sozinho lá...Eu, papai, mamãe já pedimos mil vezes pra ir morar conosco.

— Eu não conseguiria Rony. Morar lá não. Com o tempo vou voltar a visita-los, prometo!

— Certo colega! Bom Mione, eu e o Harry precisamos ir, você sabe, não é toda hora que podemos dar uma escapulida lá do Ministério, daqui a alguns meses começaremos as missões compartilhadas!

Melissa viu sua mãe revirar os olhos, e Harry Potter finalmente lhe deu um sorriso discreto. Novamente a memória mudou, agora mais rapidamente. Ela então se viu numa sala grande, de uma casa que não conhecia. Era mal iluminada, ainda mais por ser noite. Uma grande lareira no centro dela estava acesa, e ela pode observar uma tapeçaria muito bonita do leão da Gifinória. Lionel parecia um pouco incomodado ao seu lado.

— Granger, essas memórias estão começando a me irritar. O que de tão interessante tem na vida desses três pós-Hogwarts? Não é por nada não mas você sabe que não sou muito fã deles, mesmo sendo sua mãe...

Ela ia dizer algo quando percebeu que sua mãe estava sentada num sofá junto de Harry Potter. Eles estavam sentados lado a lado. Era tarde pois o bruxo parecia usar um antigo suéter Weasley por cima do pijama. Sua mãe por sua vez estava com roupas de trouxa. Eles falavam baixo, mesmo estando sozinhos.

— Sabe Harry eu estou até que feliz pelo Rony...

— Feliz Hermione?!

— Sim, bom...Nós já não tínhamos mais nada...

— Foi você quem quis assim, você que preferiu assim.

— Era melhor pra nós dois. Era véspera dos N.I.E.M.s, e vocês estavam realmente com muito estudo no Ministério, as missões e tudo. O Ronald precisava de foco. Dedicação, estudo...

— Ele sofreu muito Hermione, realmente sofreu.

— Eu também.

Os dois pararam de falar, Melissa percebeu que o rapaz olha muito para sua mãe. Parecia um pouco sem graça, cauteloso demais, nervoso até. Ela percebeu que ele não usava mais a faixa preta amarrada no braço.

— Enfim Harry, desculpe pelo horário é que sua carta me deixou, você sabe, curiosa...Até preocupada. Eu sei que você não é de ficar perguntando sobre mim e o Rony, e agora chego e você entra novamente nesse assunto.

A mãe olhou o bruxo desconfiada. O rapaz esperou mais alguns segundos e então se decidiu.

— Bom Mione, eu preferi contar pra você, eu falei com o Rony e seria melhor eu...eu ter essa conversa com você do que ele. Tenho certeza que não acabaria nada bem...

— Harry você está me assustando.

— Espera, escuta tudo que vou falar antes ok? Eu sei que faz alguns meses que vocês bem...Não estão juntos. E também sei que veio de você, o Rony não quis aceitar facilmente mas...Enfim, você sabe que há muito Comensais da Morte soltos, cometendo atentados, atacando trouxas. Nas nossas missões de treinamento de Aurores estamos começando a ter contato com essas ocorrências. Há alguns meses o Rony ficou encarregado de investigar alguns artefatos das trevas que foram achados numa casa trouxa em Manchester, que um casal e sua filha compraram. Realmente muitos artefatos, deu muito trabalho pro Rony. E então...

— Então?

— Essa moça, a filha do casal trouxa, ela e o Rony...Bem, eles ficaram próximos. Eu não sei se começaram a namorar mesmo, se só começaram a sair. Eles...

— Fala logo Harry!

— Bom, ela está grávida do Rony.

Melissa viu a mãe abrir a boca mas não emitir nenhum som. Ela apenas piscou várias vezes para o bruxo a sua frente. Deu um sorrisinho amarelo.

— Isso, eu realmente não esperava...

— Eu realmente sinto muito Mione. - Harry Potter pegou suavemente as mãos da sua mãe. Lentamente, ele a abraçou e a garota percebeu que a mãe começara a soluçar baixinho.

Nesse instante Melissa sentiu um puxão pelo umbigo e sentiu seus pés se erguerem do chão. Ela percebeu que a memória estava chegando ao fim e procurou rapidamente Lionel, que estava um pouco mais atrás dela. Eles tentaram se dar as mãos mas não conseguiram. Ela vislumbrou novamente a sala do prof. Potter, mas antes de chegar até lá algo estranho aconteceu. Por um breve momento tudo pareceu ficar escuro e então ela começou a ouvir gritos e gemidos alternados, eram de uma voz feminina que ela não conhecia.

“ME AJUDEM, PRECISO DE AJUDA!!”

“Uma nova profecia...É perigoso, realmente perigoso...”

“ELA NÃO IRÁ ME PERDOAR, MAS EU PRECISO...”

“A profecia, ela precisa da profecia...”

“ELA VAI ME MATAR COMO MATOU OS OUTROS...”

“Ela os vigia, ela os estuda...”

“ESPEROU ANOS!!!”

“SOCORRO!!!!!”

“Encontrem Harry Potter e...amigos...”

E antes de saírem da penseira eles viram o vislumbre de um rosto feminino, uma idosa, Melissa não soube afirmar, tinha olhos enormes, cintilantes, arregalados ao máximo...

Por fim a garota sentiu o chão de pedra e sentou nele, vacilante. Lionel sentou de frente pra ela.

—Temos...

—Que contar pra alguém? Com certeza Granger!

— Alguma coisa me diz que essa última memória não era...Como as outras.

— Com certeza. E você viu o mesmo que eu vi? Aquela velha doida...Parecia um inseto gigante de óculos!


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