Harry Potter e a Senhora do Tempo escrita por Mimis


Capítulo 25
O patrono e a chave de portal




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"Todos os alunos voltem imediatamente aos dormitórios de suas casas. Todos os professores voltem à sala dos professores. Imediatamente, por favor”.

Melissa pôs-se imediatamente de pé quando ouviu a voz do Prof.º Longbotton magicamente ampliada ecoando pelos corredores. Ela ainda estava na sala do Prof. Potter com Lionel. O garoto também se levantou e sorriu sarcasticamente pra ela.

— Quando eu acordei hoje se alguém me dissesse que eu iria invadir a sala de um professor, entrar em memórias desconhecidas, beijar uma garota que meu pai mandou eu ficar longe, diria que o sujeito andou bebendo muito whisky de fogo...

— Ou que a pessoa teria uma mente extremamente fértil. – A voz do Prof.º Longbotton foi ouvida novamente – Não era pra ouvirmos a voz da Diretora McGonagall dando esse tipo de aviso?

— Pois é! Acha que aconteceu algo...algo mais sério Melissa? Ah! Eu queria poder ser invisível pra dar um pulinho até lá sem receber uma detenção.

— Invisível...É isso, você é gênio Malfoy!

Sem deixar o garoto responder, ela esvaziou os bolsos internos do moletom e pegou um pequeno pacote. Ao abri-lo, segurou o já familiar tecido brilhoso e prateado. Jogou-o nos ombros e cobriu a cabeça.

— Você só pode ESTAR BRINCANDO comigo Granger?! – Foi a única coisa que conseguiu responder, a boca se abrindo em assombro, os olhos arregalados. Melissa riu com gosto, ela descobriu a cabeça e ele esticou os braços, com a nítida impressão de que não conseguiria sentir seu corpo.

— Ora Malfoy, é você que que está louco pra dar um pulinho na sala dos professores, vem entra, cabem duas pessoas tranquilo.

Ela tirou a capa e assim que o garoto ficou ao seu lado recolocou-a nos dois, cobrindo-os por inteiro.

— Uma capa de invisibilidade hein Granger? Me lembre de voltarmos a esse assunto depois ok? – Ele sussurrou no ouvida dela, gracejando.

Juntos, o mais devagar e silenciosamente possível, eles saíram da sala do Prof. Potter e rumaram para a sala dos professores, alguns andares abaixo. Quando entraram no corredor, virar que bem na porta da sala dos professores o Prof. Longbotton conversava baixinho com a velha Profa. Sprount, de robe carmim, os cabelos brancos prateados e sempre sujos de terra soltos. Ela se debulhava em lágrimas, sendo consolada por um desesperado Prof. Longbotton, os cabelos grisalhos amassados.

— V-você tem certeza Neville? Que bruxo teria poder de entrar em Hogwarts e ferir assim a Minerva?

— Algum bruxo das trevas Profa. Sprount pode apostar! Temos sorte por Minerva Mcgonagall ser a bruxa que é, qualquer um de nós já estaria morto.

— Ela está na enfermaria?

— Sim, sim...Mas será removida para St. Mungus para melhor se recuperar. Se a senhora puder acompanha-la...Preciso acompanhar os aurores que já estão pra chegar. Raffitay me enviou uma coruja assim que comuniquei o Ministério do ataque, ele virá pessoalmente.

— É verdade que Draco Malfoy escapou de Azkaban?

— Sim, é verdade. A própria Mcgonagall me avisou no jantar, se eu soubesse que ela seria atacada não a deixaria ir até os jardins, pode apostar!

— Pensei que ele estava regenerado...

—A senhora realmente acha que um cara como aquele...com aquela família que tem, vai se arrepender professora?! Mcgonagall me disse que o Ministério tem certeza que ele é culpado por todos esses ataques. Como eu não sei, ainda mais estando em Azkaban, mas também acredito nisso.

— Se ao menos o Potter estivesse por aqui...

— Estamos tentando encontra-lo desde hoje à tarde, mas ao que parece está resolvendo algo particular. Preciso ir professora, os aurores já devem estar chegando, vou encontra-los lá fora, apesar dos avisos aos alunos, não queremos que a informação vaze causando pânico entre eles.

Melissa viu a Profa. Sprount virar o corredor e descer as escadas em direção à enfermaria e o Prof. Longbotton passar rapidamente por eles em direção à escadaria principal. Ainda atordoada com a conversa, sentiu Lionel puxa-la.

— Aonde você vai Malfoy?

— Atrás do Prof. Longbotton – ele começou, sua voz séria e distante. Ele segurava a garota decidido, andando o mais rápido que a capa permitia – Se você não quiser ir tudo bem Granger, mas tenho que ouvir o que aqueles aurores vão dizer sobre meu pai.

Melissa simplesmente não conseguiu argumentar. Draco Malfoy, além de ser pai de Lionel, era um comensal da morte que abandonou a Batalha de Hogwarts no meio, fugiu com a família e depois se arrependeu e voltou para responder por seus crimes, junto de seu pai Lúcio Malfoy. E agora, no meio de tantos acontecimentos, simplesmente fugira de Azkaban. Ela sempre soubera que o bruxo tinha se resignado com sua pena e a cumpria de modo exemplar. Já ouvira a mãe dizer que o amor que tinha pelo filho o fizera tomar tal atitude. Queria dizer isso à Leonel, mas mesmo em silêncio, ela sentia a tensão e o medo que o garoto sentia. E agora era hora dela estar ao lado dele.

Eles seguiram no encalço do Prof. Longbotton enquanto o bruxo se apressava descendo as escadas, cruzando a entrada principal e saindo em direção aos jardins do castelo. A garota podia ver a lua brilhando viva no céu, iluminando a noite gelada de março. Pelas suas contas já era quase madrugada, e depois de tantas emoções ao longo de todo aquele dia estava quase desejando estar deitada na sua cama de dossel, os lençóis quentinhos a embalando.

Estava com os pensamentos longe que levou um susto quando Lionel parou de repente. Ela viu o Prof. Longbotton se virar para percorrer o caminho que levava aos portões principais do castelo. O garoto porém olha em direção à Floresta Proibida.

— Malfoy o que aconteceu? Não vamos mais seguir o Prof. Longobotton?

— Não. Eu...Eu vi algo naquela direção Melissa. Algo...mais importante.

A garota tentou argumentar mas ele gentilmente a guiou entre os jardins, contornando a cabana de Hagrid e finalmente entrando na Floresta. Ele então tirou a capa que cobria os dois, entregou-a a Melissa e acendeu a ponta de sua varinha. Ela guardou-a novamente no moletom e também acendeu sua varinha.

— Lembra aquela vez que você me viu saindo da Floresta Proibida? – Lionel começou, o olhar buscando algo que a Melissa não sabia o que era. Ela consentiu, cautelosa – Eu estava no Corujal enviando minhas costumeiras cartas à vovó. Assim que a coruja levantou voo, eu fiquei observando-a sumir pela Floresta. Foi aí então que eu vi. Eu nunca tinha visto um, mas estudei bastante sobre ele. Sempre foi algo que me fascinou. E não foi de relance, não era uma ilusão, algo da minha cabeça. Era real. Desci correndo e me embrenhei Floresta adentro. Eu simplesmente tinha que acha-lo.

— Certo, certo... Mas seria exatamente o que esse objeto fascinante de estudo?

— Um patrono. E não exatamente qualquer patrono sabe. O patrono do meu pai.

Melissa o olhou incrédula. E seu primeiro pensamento foi de pena. Apesar de não ser tão estudiosa como ele ou Matt, e muito menos como sua mãe, ela sabia algo sobre patronos. E duas coisas não se encaixavam ali. Uma: como ele poderia saber que aquele era exatamente o patrono de seu pai. O que levava à outra: Melissa sabia que Comensais da Morte não conjuravam patronos. A garota colocou a mão no ombro de Lionel e o olhou com doçura.

— Lionel...Nós dois sabemos que isso é impossível. Acredite, não era um...

Ela sentiu um frio percorrer sua espinha. Bem atrás do garoto, há uns vinte passos dos dois, atrás de uma árvore particularmente corpulenta a forma prateada de um leão apareceu. Era gigantesco. Não sabia como mas a leve brisa da madrugada fez sua juba flutuar.

—...patrono! – Melissa levantou sua varinha e Lionel virou-se rapidamente. Ela viu os olhos dele brilharem, não sabia se pela luz que emanava do patrono ou se pelas lágrimas que se formaram neles.

— Pai. – O garoto caminhou lentamente para o leão prateado, que os encarava serenamente. Melissa o seguiu, ainda não acreditando na cena. Lionel parecia hipnotizado. A medida que se aproximaram do patrono, ele deu alguns passos pra trás, dando a volta e caminhou lentamente para o sul. Eles o seguiram, pois perceberam que era isso que o leão prateado queria.

— Sabe Melissa – Lionel começou baixinho, seus corpos lado a lado, as varinhas ainda em punho iluminando o caminho – Depois que meu pai fugiu da Batalha de Hogwarts com meus avós eles rumaram para França, para um vilarejo em Porte d’Aval. Lá temos alguns parentes distantes, bem distantes. Eles os acolheram, mais pelo sobrenome que pelas convicções. Anne-Marie Malfoy era uma bruxa muito velha e mesquinha, que viu nos Malfoys recém chegados uma chance de achincalhar seus vizinhos bruxos e assustar os seus vizinhos trouxas. Ela tinha duas filhas gêmeas: Adeline e Justine Malfoy, tão belas quantos vazias, esperando o primeiro bruxo puro sangue aparecer para se casarem. Eram vários anos mais velhas que meu pai, mas mesmo assim disputavam a tapa sua atenção. Os 3 passaram tempos difíceis lá: apesar da bela propriedade nas falésias, eles estavam falidos, vivendo de nome e aparências. Meu avô ficara doente e minha avó se dividia entre cuidar dele e bajular suas anfitriãs para não serem denunciados.

Meu pai então caiu numa tristeza profunda. Se isolava de todos, dos pais visivelmente desolados e desesperados, e das gêmeas Malfoy, loucas por serem suas futuras noivas. Ele passava os dias passeando por entre a propriedade, andando a esmo pela praia. E foi nessas andanças que ele conheceu a filha mais nova de Anne-Marie: uma garota tímida, de pouco sorrisos e muita conversa. Ela era inteligente, linda e muito bem arrumada, porém quase não era vista junto dos outros moradores da propriedade. Apollon Malfoy, o falecido marido de Anne-Marie, um Malfoy um pouco mais excêntrico que seus conterrâneos da Inglaterra, gostava muito de botânica e literatura bruxa. Tinha construído uma sala de estudos bem longe da mansão principal, toda de vidro, onde podia estudar em paz longe de sua odiada esposa. Essa garota praticamente morava nesse lugar. E meu pai passou à ficar cada vez mais ali. Eles se apaixonaram intensamente. Seu nome era Mirelle Malfoy, minha mãe.

Melissa estava tão absorta na história de Lionel que não percebeu que ele parara. Olhou para o leão prateado e ele tinha se sentado nas pernas traseiras, parecendo um enorme gato doméstico. Ele deixou o garoto se aproximar dele, tombando a cabeça bondosamente para o lado e fechando os olhos satisfeito. Lionel esticou a mão livre e ao tentar tocar a juba do leão ele foi sumindo lentamente, transformando-se em uma névoa prateada espessa, que foi rareando até sumir deixando-os na escuridão. O garoto então virou-se para ela, a voz embargada.

— Eu...eu não entendo. Foi meu pai que enviou o patrono. Tinha certeza que era pra me trazer até ele, mas...não há ninguém aqui.

Melissa aproximou-se dele, procurando sua mão e fechando seus dedos ao redor dos dele.

— Não fica assim Lionel. Se foi realmente seu pai que enviou esse patrono, deve haver alguma razão...

Ela então percebeu um brilho diferente aonde o leão prateado estava. Era algo que parecia estar entre as raízes saltadas de um salgueiro retorcido. Deu um sorrisinho e andou alguns passos, trazendo o garoto consigo.

— Olhe Malfoy, acho que já sei o que esse Patrono queria.

Juntos eles ergueram as varinhas e viram um colar de prata feito com minúsculas conchas e pedrinhas marinhas.

Ainda com as mãos entrelaçadas, Lionel guardou a varinha no bolso e esticou a mão vazia em tornou do colar. De repente, Melissa sentiu um solavanco dentro do umbigo e seus pés deixaram o chão. Sem conseguir se soltar da mão de Lionel, ela viu um vendaval colorido passar por seus olhos. Ao seu lado, o garoto a olhava com um misto de terror e expectativa.


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