Harry Potter e a Senhora do Tempo escrita por Mimis


Capítulo 16
Convites e despedidas




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— Baile Rony? Baile anual do Ministério? Nem pensar!
— Qual é Harry, por que não? Passamos o Natal na Toca, almoçamos e a noite vamos ao Baile! Não vai me dizer que você vai passar o Natal em Hogwarts? Se bem que só de lembrar daquele banquete...Hum...Rivaliza bem com a comida da mamãe!
— Você sabe que odeio muita concentração de gente em pouco espaço, todos me olhando...
—Primeiro: Meu pai está organizando o baile esse ano, no lugar do Percy, e desde a morte dele papai finalmente está se distraindo com algo. E segundo: Mione vai passar o Natal na Toca...
— Vai?
— Sim colega. Mamãe sempre a convida, você sabe, não é sempre que ela aceita, ela vai apenas quando você não vai, bom... Acontece que nesse Natal ela aceitou. Mesmo sabendo que poderia estar lá. Alegou que não queria passar o Natal sozinha com a Mel depois dessas mortes, e ainda que Tonks está pra ganhar neném, e isso é bom.
— Bom?
— É um sinal não? Digo, de que as coisas estão mudando... Finalmente as coisas podem se acertar não acha Harry?
Harry olhou para a cabeça do amigo envolta em chamas verdes na sua lareira. Era uma noite fria de Dezembro, véspera do último dia de provas antes dos feriados natalinos. Ele estava corrigindo alguns exames dos alunos do 2º ano, pensando que seria mais um feriado passado sozinho, mesmo passando em Hogwarts. Todo ano sempre passava com Lupin e Tonks um ano ou outro na Toca, mas por ser seu primeiro ano como professor, esperaria passar no castelo, mesmo porque não havia clima pra festividades depois dos acontecimentos. Mas passados 2 meses, não houveram mais mortes, e as investigações dele, juntamente com Rony e Hermione, haviam dado aparentemente em nada. Ao contrário do que Harry imaginava, essa ausência de informações e a pausa das cartas haviam deixado a amiga mais irritada e neurótica a medida que o tempo passava. Nas últimas semanas os 3 se viram obrigados a deixar as investigações de lado devido ao trabalho: Rony com sobrecarga de trabalho devido a um evento do Clube internacional de Bexigas, Hermione vendo seus serviços especiais prestados para os aurores aumentarem (devido a própria ausência dele no departamento, Harry pensou) e ele próprio com várias aulas para preparar fora os exames de final de semestre. 
Já com seu feriado definido, e o convite para passar o natal na Toca devidamente recusado há algumas semanas, Harry foi pego de surpresa pela visita de Rony, tentando convencê-lo novamente a ir passar o feriado com a família Wesley, só que dessa vez se surpreendendo ainda mais pela confirmação da presença de Hermione e Melissa.
— Bom, pode até ser, mas... – Harry parou no meio da sua nuvenzinha de esperança, lembrando-se daquele fatídico baile do Ministério: um evento que ocorria todo o ano para comemorar a derrota de Voldemort, onde os bruxos mais influentes vinham de todas as partes do mundo para celebrar e confraternizar a vitória sobre o bruxo das trevas e seus seguidores. Todo o ano um bruxo do alto escalão do Ministério era destacado para a organização e o desse ano seria organizado por Percy Weasley. Apesar de sua morte, o Sr. Weasley levou a sério a continuação do planejamento do baile iniciado pelo filho, sendo firmemente apoiado pela esposa. – sem baile ok? Você sabe o que aconteceu na última vez que fui a um. - O rapaz havia ido nos primeiros bailes, mas a lembrança do que acontecera na última vez ainda estava nítida na memória, principalmente a parte em que fora estuporado por Hermione no banheiro masculino.
— Ok, sem baile. Mas quero ver você dizer à papai e mamãe que não irá...
E com um estalido desapareceu. Resignado, Harry acabou de corrigir a última prova e foi buscar seu malão, não sem antes enviar uma coruja à Tonks e Lupin perguntando se as suas vestes à rigor estavam na casa deles.

**********

À perspectiva de passar o natal na Toca tinha deixado Melissa radiante de felicidade. Ela adorava aquela casa, aquele bando de ruivos vindo de todos os cantos, se sentia parte da família Weasley; sempre vendo os gêmeos Weasley, dois homens feitos, pregarem peças na Tia Viv, a estonteante Fleur, mulher de Gui, tentando ser superior, mas aderindo às brincadeiras depois de várias doses de whisky de Fogo, ela, Matt e Anne tentando encontrar Papai Noel quando pequenos, o dia em que Aurora e Flora roubaram vassouras velhas no galpão atrás da casa e saíram voando, para desespero de todos. A garota simplesmente se sentia em casa naquele lugar, cheio de gente, de vida, de alegria, comparado à uns 2 ou 3 Natais em que passara apenas com a mãe, esta fazendo o possível para disfarçar a tristeza e o ressentimento. Era na Toca que via a mãe alegre, brincalhona, em paz, coisa que vira poucas vezes na sua vida. Após a morte de Hagrid, e após a última carta púrpura entregue em seu quarto aliada à um devaneio louco envolvendo a mãe jovem, nada de mais havia acontecido. Ela fora com Matt e Anne até a sala de troféus mas, como previra, não viu nada relativo à mãe com relação a quadribol e a sugestão de Anne de enviar uma coruja para ela perguntando sobre seus “romances” em Hogwarts estava fora de cogitação. Então, com a suspensão dos jogos de Quadribol até depois do natal e as aulas cada vez mais difíceis e mais e mais deveres com que se dedicar, quando se deu conta estava arrumando seu malão para tomar o trem de volta à Londres e de lá ir até a Toca.
No dia do embarque, todos os alunos que iriam voltar para suas casas estavam tomando café e se aprontando. Melissa estava sentada à mesa junto com Anne, Eleonor e Betsy, enquanto conversavam sobre as “sumidas” de Matt e Clarissa Dearswart, da Corvinal.
— Ei, Anne, Anne!!
— Que foi Bet?
— Ali, aquele não é Alex Zeintor? Está vindo pra cá! Parece que quer falar com você...
Melissa riu da cara de Anne, um misto de pavor e alegria, ampliado pelo estrondo do seu copo de suco de abóbora que ela derrubara. Mas afinal Betsy estava certa. O garoto estava vindo direto pra ela, sorrindo de um jeito que faziam as meninas da mesa assumirem um ar de além-túmulo.
— Ei Weasley, posso falar com você? Se você já tiver tomado seu café, claro.
—Eu...é...
—Sim, ela já tomou! – Betsy apressou-se em dizer, empurrando-a para ficar em pé.
— Sim, sim...Mas preciso devolver esse livro e...
—Eu devolvo! Nos vemos no trem!
Ainda rindo da cena de Anne, toda desconcertada e tropeçando nos próprios pés, ela se despediu de Betsy e Eleonor e caminhou rapidamente até a biblioteca. Pensando ainda qual seria o teor da conversa de Anne e Alex, ela se deparou com uma grande pilha de livros na mesa da simpática e completamente atrapalhada Madame Juliet, a bibliotecária, indicação de sua mãe, claro.
— Srta. Granger, querida, o fim do semestre está me levando a loucura! – Ela começou, seus olhos azuis faiscando por trás dos óculos de aro redondo e lentes grossíssimas, estava nítido que não conseguia dar conta do volume de livros emprestados e devolvidos. – Obrigada pela devolução, bom Natal e...SRTA. GRANGER! – A bibliotecária gritou, antes de Melissa sair pela porta da biblioteca. – Chegou o livro que a sua mãe pediu. Estava com a prof.ª McGonagal à tempos! Aliás, preciso rever as fichas dos professores, as datas estão tão bagunçadas...Mas, isso não vem ao caso, querida você poderia pegá-lo, está no final do corredor G, ou seria corredor H? Bom, o livro chama-se “Mistérios misteriosos acerca do tempo.”
Olhando para seu relógio de pulso preocupada, mas mesmo assim se divertindo com a confusão de Madame Juliet, ela encaminhou-se para as sessões que a bibliotecária havia lhe indicado, resignada que não seria tão fácil encontrar o livro. Após procurar numa sessão, fez menção de virar para a próxima estante, mas ao fazer isso deu de cara com Lionel Malfoy.
— Não perde a mania de me dar sustos em Granger?
— Ok, sou sempre a culpada de alguma coisa, já me acostumei.
Melissa olhou o garoto. Como sempre, vinha carregando algum livro. No entanto, parecia triste, e não na defensiva. Após aquele dia na sala da Prof.ª Mcgonagal, após a morte de Hagrid, não se falaram mais, apesar de ambos se demorarem no olhar um do outro, e ela se pegou procurando a presença de Malfoy à hora das refeições ou em Hogsmeade.
Assim, frente a frente depois de meses, houve um silêncio incômodo, ela pensando em alguma ofensa, ele impassível, apenas a fitando nos olhos.
—É...vai ficar no castelo?
— Como sempre...E você? Vai pra aquela casa superpopulosa dos cabelos vermelhos?
— Vou! E olha aqui Malfoy...
— Ok, ok, deve ser legal passar o natal com um monte de gente querida certo?
—É sim...Certo...
“Bom...Malfoy evitando uma briga. Por Merlin, escondam-se que Voldemort vai voltar, é quase um apocalipse” – A garota pensou, e não pôde deixar de sorrir. Lionel estava frente a frente com ela, e Melissa pôde sentir uma aproximação quase que imperceptível dele.
— Seu sorriso é bonito... – Ele disse, como se uma maldição Imperius o tivesse atingido. Automaticamente ficou vermelho, e ela também ruboresceu, pensando na cara do tio Rony ao saber que um Malfoy estava elogiando uma Granger, mas fez força para não rir mais ainda e parecer deboche, afinal, aquele Malfoy esquisito estava começando a fasciná-la. Ela percebeu que os olhos amendoados de Lionel ficavam bonitos com a luz do sol que vinha da janela. Aproximou-se para ver melhor.
— Malfoy você é tão...tão...sei lá, estranho as vezes.
— Tomo isso como um elogio Granger?
— Pode ser... – Ele aproximou-se mais. Melissa sentiu um aroma suave, uma mistura de lavanda, almíscar e pasta de dente. Sentiu que começava a sentir calor, e não entendia o porquê. Aos poucos os lábios de Lionel foram se abrindo num sorriso discreto e, na opinião dela, encantador. Agora pensou na cara de sua mãe e na expressão dela, horrorizada “Filha, você está flertando com um Malfoy?!”
— Sabia que isso seria humanamente impossível? Digo, um Malfoy e uma Granger tão perto, sem duelar, sem se xingar, sem tentativa de estuporamento...
— Você deve estar imaginando a reação da sua família. Eu estou pensando na reação da minha e achando muito engraçado.
— Também estou...Envergonhando gerações!.
— Pois podemos fazer um pacote completo... – Ele sussurrou e ela sentiu o calor de uma das mãos dele em suas costas e um frio percorreu toda sua espinha. Agora seus olhos estavam tão perto, e o sorriso dele finalmente se abriu, e ela esqueceu os rostos horrorizados e incrédulos da mãe e do tio Rony e sentiu uma imensa vontade de fechar os olhos, pois sabia o que estaria pra acontecer, e estava morrendo de vontade que acontecesse.
— SRTA. GRANGER, O TREEEEEEEEEEEEEEEEEEEM! A Srta. vai perder o trem! – Gritou Madame Juliet de sua mesa, assustando-a e a fazendo bater com a cabeça fortemente contra a cabeça de Malfoy. Atordoada, ela se afastou, com as mãos na cabeça. Quando olhou para o garoto o viu meio frustrado, meio irritado. Ele disfarçou olhando para o lado e pegando um livro, lhe entregando em seguida.
— Aqui Granger, “Mistérios misteriosos acerca do tempo”.
— Mas como...
— Ouvindo sua conversa com a atrapalhadinha ali...Vá antes que tenha que voltar pra Londres de vassoura Granger.
Ele passou por ela, massageando a testa, mas sem tirar os olhos da garota. Parou no final da sessão, calmamente.
— Bom, Feliz Natal lá na casa dos ruivos. E...Bem, nos vemos depois das festas.
Ela ainda respirava com dificuldade quando sentou-se no vagão ao lado de Anne e Matt, o trem já pegando velocidade. Os dois a olharam, curiosos.
— O que aconteceu Mel?
— Algo muito sério, acertei?
Ela negou com a cabeça calmamente, mas pensou, o coração parecendo querer sair do peito: "Se você acha que quase beijar um Malfoy é algo sério..."


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