Harry Potter e a Senhora do Tempo escrita por Mimis


Capítulo 15
Lembranças




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“Adoro esse vento gelado...” – pensou Melissa, enquanto abria a janela do dormitório, que àquela hora ainda estava vazio; suas companheiras do 4º ano com certeza estavam na sala comunal juntamente com os demais. O que mais doía nela era que poucos estavam tristes com a morte de Hagrid, alguns nem sequer falavam ou pensavam nele, e sim sobre os assuntos do cotidiano, talvez mais abrandados por terem o dia de folga. Mas ela estava profundamente chateada e até envergonhada da visita do Prof.º Potter, que a havia feito mostrar sua vassoura a ele, alegando uma idiotice dela poder estar enfeitiçada. Depois que ele foi embora, enigmático como sempre, ela subira até o quarto para ficar em paz, evitando os olhares curiosos e desconfiados dos colegas.
A garota sentou-se no parapeito da janela, olhando pra nada específico, apenas a escuridão da noite gelada. Ouviu ao longe um baque surdo seguido de várias risadas, consequência de alguma batalha de frisbee dentado ou algo do gênero. Não dando atenção ao barulho na sala comunal, ela notou um ponto brilhante, mas imaginando ser uma coruja desviou o olhar para a cabana de Hagrid que tinha as luzes acessas. “Com certeza McGonagall deve ter deixado acessa em memória dele. Ou até o Prof.º Potter...” – pensou, levantando os olhos para o céu novamente para tentar encontrar mais corujas, mas ao fazer isso deu de cara com uma bola de luz branca vindo na direção de sua janela.
Assustada, ela recuou para o quarto, quase que imediatamente com a bola de luz entrando, parando em cima da cama de Eleonor Martinez. Ela avançou alguns centímetros para ver melhor e notou que era uma coruja púrpura de papel que emanava uma forte luz branca. Muito lentamente a coruja de papel foi se dobrando e abrindo, ainda no ar, até tomar a forma de um pergaminho. Ela brilhou uma última vez e caiu suavemente no travesseiro, parecendo agora uma inofensiva carta, mas púrpura, como as outras que recebera.
— Uau, uma carta-coruja... – Melissa comentou alto, e, sem pensar, se aproximou da cama cautelosamente. Não fazia ideia do que era aquilo ou como ela viera parar ali, só tinha a certeza que aquela carta era pra ela, mesmo ela estando na cama de Eleonor. Desejando que ninguém entrasse no quarto naquele momento, ela sentou-se na beirada da cama e num gesto rápido pegou o pergaminho entre as mãos, abriu-o e leu, não se espantando com a caligrafia familiar:
“Toda família tem segredos, e você, sabe os da sua? Por ora, comece pela sala de troféus: Harry Potter era ótimo apanhador, Ronald Weasley conquistou fama como goleiro e Hermione Granger tinha uma queda por jogadores de Quadribol. S. T.”
Melissa releu algumas vezes a carta, dessa vez definitivamente confusa. Era a primeira vez que o nome de sua mãe, de seu tio Rony e de Harry Potter aparecia nas cartas que andava recebendo. Algumas coisas ela sabia, como as habilidades de Harry e Rony no quadribol mas sua mãe? Ela sempre soubera que sua mãe era umas das alunas mais brilhantes de seu tempo em Hogwarts e que nunca praticara quadribol, mas se envolver com jogadores de quadribol... Tudo estava ficando muito estranho.
Estava tão absorta em seus pensamentos que não percebera que o pergaminho recomeçara a brilhar. Quando percebeu, ela a largou deixando-o cair do seu lado na cama. Com um barulho parecido com o de um silvo agudo que Melissa imaginou ouvir só na sua cabeça, a carta explodiu em fumaça púrpura e, em meio a fumaça, ela viu vários vislumbres de silhuetas que pareciam meninas e deviam ter a mesma idade que ela. Era tudo tão rápido que Melissa não sabia se eram pessoas diferentes ou a mesma pessoa de vários ângulos, pois uma hora a menina usava óculos e na outra não; e ela conseguia apenas distinguir enormes olhos azuis. Então tudo ficou mais nítido e ela pareceu ver entre a névoa púrpura uma garota de cabelos espessos e olhos amendoados, de uniforme de Hogwarts. O mais estranho era que a garota estava com dois frascos parecidos com os que eram usados nas aulas de Poções, e ela a garota também parecia ver algo, parecia realmente a ver. Ela olhava horrorizada diretamente para Melissa, tendo suas ações paralisadas pela visão da garota. Tudo isso pareceu durar alguns instantes e a fumaça púrpura se dissipou no ar assim como a garota.
Atônita, ela demorou alguns segundo para perceber que Betsy Thomas abrira a porta do dormitório e chamava por ela.
— Mel! Tudo bem? Ouvimos um barulho estranho vindo daqui de cima...
— Imagina Bet! Nada de anormal.

***********

— A vassoura continua lá Rony, intacta com o feitiço que a Hermione e o Lupin criaram e colocaram nela, parece comprada há 2 semanas.
— Então não deve ser a mesma vassoura Harry, imagina, são 2 diferentes.
— Talvez...Teria certeza se visse a confiscada pelo Ministério. Fico imaginando quem seria o louco de fazer tudo isso. Esse lance das cartas, mortes, e tudo relacionado conosco.
— Um louco bem desocupado, convenhamos.
Na aconchegante sala da casa de Rony, Harry espreguiçava-se no belo sofá de retalhos amarelos enquanto o amigo abria mais duas garrafas de cerveja amanteigada, repassando os últimos acontecimentos e esperando a tão esperada visita de Hermione. Poucas horas antes o rapaz havia ido até a sala comunal da Grifinória sob os olhares assustados e curiosos dos alunos – afinal não era sempre que um professor visitava a sala comunal, mesmo sendo o diretor da casa – e pedido a vassoura de Melissa para uma rápida verificação, com a desculpa de que havia recebido uma “denúncia” de que ela teria sido enfeitiçada. Razão essa que não havia sido comprada pela garota, que saiu em silêncio para o dormitório das garotas, não sem antes lançar a Harry um olhar de profundo desgosto.
Agora com a certeza de que a vassoura que estava com Melissa era a mesma Firebolt que havia sido dada a ele por Sirius quando ele ainda era um garoto, como sempre fora, Harry tentava formular alguma teoria do que poderia ter acontecido com a vassoura encontrada pelo Ministério, juntamente com um Rony mais preocupado em evitar novas mortes que saber o motivo delas.
— Harry, acho que você deve conversar com a McGonagall e com o Ministério para ver se coloca alguns aurores como proteção em Hogwarts, evitar que algo mais sério aconteça sabe, enquanto as investigações prosseguem. Afinal, tenho medo que sobre pras crianças. – O ruivo começou, mais sério, mesmo com a mão cheia de tortinhas de peixe e tomate a meio caminho da boca – E afinal, serem filhos de quem nós sabemos que são, não falta muito pra eles se meterem aonde não devem.
— Por que ficar desse lado é pior Rony? Ficando preocupado com o que se passa lá no castelo.
— E eu Harry? Imaginando o Matt e a Anne saindo a noite escondidos, indo até a Floresta Proibida e essas coisas.
— Coisa que fazíamos praticamente uma vez por semana?!
— É, mas era diferente. Era...Muito mais legal...E menos perigoso, claro.
— Claro...Como no dia em que encontramos o querido cachorrinho de três cabeças do Hagrid.
— Nós 3 poderíamos ter morrido aquele dia hein?!
— Ou pior, poderíamos ter sido expulsos.
Espantados, Harry e Rony viraram-se para a porta de entrada da sala de Rony. Lá estava Hermione, com sua costumeira capa de viagem e carregando alguns livros, aparentemente aparatara na cozinha silenciosamente e tinha escutado as últimas frases da conversa. Harry tinha a impressão de que um sorriso queria fugir de seus lábios semicerrados. Ela sentou-se ao lado de Rony, colocou os livros de lado e abriu uma garrafa de cerveja amanteigada, sendo observada pelos dois.
— Sabia que é feio escutar a conversa dos outros? – Rony começou, enfiando 3 tortinhas inteiras na boca. 
Hermione ignorou o comentário. Tomou um bom gole de cerveja amanteigada e olhou para Harry, prática.
— Meu palpite estava errado. Fui até o Ministério, dei uma vasculhada em possíveis pesquisas sobre viagens no tempo.
Rony engasgou-se e Harry deu vários tapas em suas costas. Ele esvaziou sua garrafa.
— Tá loca Hermione??!!! Não há mais estoques de Vira-Tempo. Não foram mais fabricados esqueceu? Tornaram-se ilegais, o Ministério destruiu todos.
— Concordo com você Rony. Mesmo assim, pode haver outras maneiras, maneiras novas de se viajar no tempo. Usando magia negra. E elas podem estar ligadas à esses acontecimentos e à essas mortes. Mas isso por enquanto é uma hipótese descartada.
— Voltamos à estaca zero então? Algum novo palpite Hermione? – Harry a fitou, esperançoso de que as conversas civilizadas continuassem. Estimular a inteligência da amiga era um ótimo atenuante para sua raiva, o rapaz constatou. Ela parou alguns instantes, fitando o vazio como caracterizadamente fazia. Até Rony parou de se preocupar com as tortinhas e a fitou, aguardando.
— Eu tenho algo e... – Ela então parou no meio da frase, seus olhos se arregalaram e ela petrificou. Harry e Rony perceberam a mudança repentina, e o rapaz, preocupado, aproximou-se dela.
— Mione o que...?
No instante seguinte ela tinha voltando ao normal, mas tinha na face a expressão de que acabara de se lembrar de algo muito importante.
— Vocês não sabem o que acabei de lembrar? Da Melissa...
— A Mel? – Rony começou, confuso.
— Sim, acabei de me lembrar que a vi, ou alguém muito parecido com ela...Não! Era ela sim! Eu estava no dormitório da Grifinória, em Hogwarts...
— Mas como...? – Harry começara a se preocupar com ela, aquilo não fazia sentido.
— Sim, uma lembrança, não sei porque me veio à cabeça agora... Eu a vi enquanto me arrumava para o aquele Baile de Inverno, no nosso 4º ano, há mais de 20 anos.


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Notas finais do capítulo

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