Harry Potter e a Senhora do Tempo escrita por Mimis


Capítulo 17
Natal na Toca




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— Feliz Natal Mel!
— Feliz Natal Anne...E aí, como foi de presentes?
— Nada mal, vejamos: kits mata aula do tio Fred e tio Jorge, suéter Weasley da vovó, um...um...par de brincos trouxas, da mamãe claro, legal! Novo equipamento de quadribol do papai, não sei porque ele ainda me dá isso...Livros da sua mãe...do resto mais nada de interessante...E você?
— Deixa me ver...Novo equipamento de quadribol do seu pai, brincos trouxas da sua mãe, kits mata aula dos Gêmeos, roupas e perfume e...hum, bem...livro da mamãe e outras coisas menos importantes...Mas peraí...que é isso?
Melissa estava debruçada na sua cama de armar no quarto de Anne na Toca, quarto que antes fora da tia da menina, vendo apressadamente os presentes que havia ganho no Natal. Ela tinha sido acordada por uma eufórica Anne, que estava de pé já colocando o costumeiro “suéter da vovó Weasley”, enquanto a garota, ainda meio sonolenta, olhava os seus, não esperando nada de diferente. Na verdade, ela andava meio distante desde aquele dia na biblioteca com Lionel Malfoy. Decidiu não contar a Anne e Matt sobre o acontecido, já imaginando que eles reagiriam do jeito que imaginava que sua mãe e seu tio Rony reagiriam, ela convenceu-se de que tinha sido realmente uma idiota deixando se aproximar de Malfoy daquele jeito e desde então repetia mentalmente o mantra: “você não está a fim de Lionel Malfoy, você não pode estar a fim de um Malfoy, você é uma Granger, quase uma Weasley e ele é...bem...ele é um Malfoy!”. Mas a lembrança daqueles segundos em que estava a centímetros dele não saía da sua cabeça, fazendo-a esquecer da empolgação do Natal.
Mas a aparente apatia da garota havia sido quebrada por um embrulho pequeno de papel, preso numa fita simples branca, muito leve. Não havia nenhum cartão ou bilhete, e quando ela o desembrulhou admirou uma coisa sedosa e prateada cair do embrulho. Intrigada ela se pôs de pé e pegou o que parecida ser um tecido, esticando-o.
— O que é... – Anne começou, igualmente intrigada, mas sua pergunta foi interrompida pela entrada de um sorridente Matt no quarto, com novíssimas luvas de goleiro nas mãos.
— Ei meninas! Adivinha o que a tia Mione me...Ei, UMA CAPA DE INVISIBILIDADE!!!!! – ele exclamou, deixando cair o par de luvas no chão e fechando a porta rapidamente, com um olhar de assombro e fascinação.
— Não, não pode ser Matt...São raríssimas, quem daria uma dessas pra Mel?
— Tenho certeza que é! Ora pra tirarmos a dúvida é só ela colocar...
— Eu?
— Quem a ganhou aqui foi você...Coloca!
Olhando de uma incrédula Anne para um assombrado Matt, Melissa pegou o pano prateado do chão e jogou entre os ombros. No mesmo instante os amigos gritaram juntos coisas inteligíveis. Ela então olhou para baixo e soltou um grito de espanto.
— UAU! Eu...sumi!
Ela virou pra se olhar no espelho atrás da porta do quarto e viu apenas sua cabeça suspensa no ar, o corpo invisível.
— Eu ganhei uma Capa de Invisibilidade!
— Sim sim, ótimo, ela faz você desaparecer e tudo mas... – Anne começou, abrindo a porta do seu guarda-roupa, meio séria – Você não acha estranho uma capa raríssima de invisibilidade que muitos bruxos duelariam até a morte para ter aparecer entre seus presentes de natal assim, do nada, sem nenhum bilhete sequer?
— Bom...eu...
— Crianças, tá tudo bem aí em cima? – a voz da Sra. Weasley soou alta no começo das escadas e instintivamente Melissa jogou a capa dentro do guarda roupa com a ajuda de Matt, Anne o fechando em seguida e os três se sentando na cama, tudo isso em fração de segundos, para depois responderem em coro: “tudo!” para a avó dos dois.
— Acho melhor ninguém ficar sabendo desse meu presente fora vocês dois.
— Também acho, afinal, não é todo dia que se ganha uma capa de invisibilidade.
— Mas então gente, mudando de assunto...Vocês acham que essa capa dá pra três?

***********

— Harry, definitivamente você é louco! 
— Qual o problema cara?! Lembre-se, ela foi muito útil, útil pra todos nós em Hogwarts!
— Exato, mais quais as chances dela sair à noite da sala comunal e sair zanzando pelo castelo, ir até a floresta proibida e tudo mais? E ainda por cima com o Matt e a Anne, porque quebro minha varinha se ela não tiver contado pros dois...
— Ela é uma menina de 14 anos Rony.
— Exato, mas temos a Hermione como exemplo...Preciso falar mais alguma coisa?
— Foi apenas um presente Rony, e pare de me olhar como se fosse a Prof.ª McGonagall e vai pegar mais cerveja amanteigada...
Sentado na sala dos Weasley, Harry observou Rony ir até a cozinha, ainda balançando a cabeça incrédulo. Ele e o amigo estavam conversado perto da lareira sobre o destino da velha capa de invisibilidade de Harry, o ruivo ainda inconformado com o destino que ele havia dado à sua velha capa. Na verdade Harry a muito tempo não a usava, principalmente devido as habilidades que adquirira ao longo da vida como Auror. Além do mais a capa era pequena, e ao coloca-la era possível ver os pés e parte das pernas dele. Se para um adulto era difícil usa-la, ele não teve problemas quando era adolescente.
Era manhã de Natal e ele fora o primeiro a chegar para o almoço. A casa aos poucos começara com o habitual entra e sai de gente nos diversos cômodos, filhos, noras e netos correndo, experimentando os novos produtos das Gemialidades Weasley, corujas chegando com presentes, a Sra. Weasley preparando a enorme mesa do lado de fora. Harry preferira conversar com o amigo enquanto observava as gêmeas brincando de amarrar lacinhos no velho Bichento. Resolveu contar logo o destino de sua capa e chateou-se um pouco com a reação do amigo.
Porém, seus pensamentos logo se dissiparam quando viu descendo as escadas uma Hermione de cabelos presos displicentemente com algumas mechas caindo em seu rosto, usando o habitual suéter Weasley. Ela o olhou com a habitual expressão enigmática, mas aproximou-se do rapaz.
— Feliz Natal Harry...
— É...pra você também Mione e...
Ela não esperou ele terminar a frase e virou-se pra brincar com as gêmeas. Logo outros integrantes da família Weasley entraram novamente na sala, e ele decidiu sair procurar por Rony. 
— Mione desceu... – ele começou ao encontrar o amigo parado na porta da cozinha da Toca que dava para o quintal, observando Gui e seu filho Jacques arrumando uma enorme tenda para proteger a mesa da neve, enquanto Fleur conjurava tapumes formando uma espécie de parede dando a impressão de que um novo cômodo estava sendo construído para a Toca e Viv carregava talheres e os depositava na enorme mesa já montada, o ruivo fitando a mulher que tentava em vão disfarçar o olhar de surpresa para as mágicas de Fleur e rindo abertamente da cara dela. Rony o olhou e estendeu uma garrafa de cerveja amanteigada para Harry e bebeu a sua com gosto. – E ela me desejou Feliz Natal até...
— A Mione sempre foi educada...E aí, vai dizer pra ela do presente?
Harry o encarou cético e ele riu.
— Ok, pergunta idiota, mas e se a Melissa contar?
— Alguma coisa me diz que ela não vai dizer isso à mãe. Ela não conhece a Mione que nós conhecemos.

**************

O almoço de natal foi maravilhoso, como Melissa se lembrava. Nem a presença extraordinária de Harry Potter tirou a alegria e entusiasmo de todos, pois ela percebeu que o professor era íntimo de todos ali. Ela ficou levemente intrigada, mas depois lembrou-se da vez que viu Anne e o professor conversando numa tarde e compreendeu a cumplicidade dos dois. Ela estava mais preocupada com a reação da mão ao ver Harry Potter sentado à mesa. Mas ela foi extremamente indiferente e, apesar de não trocarem uma palavra ela parecia à vontade, assim como o Prof.º Potter.
Eram umas 4 da tarde, todos tinham ido embora ou se recolhido em seus quartos para descansarem. Ela não sabia se iria embora no dia seguinte ou se ficaria mais, a única coisa que sabia era que a mãe tinha um compromisso à noite relativo ao Ministério, mas já estava acostumada à essas “missões especiais” que ela tinha com o departamento dos aurores. Ela, Anne e Matt estavam no quarto que fora de Gina Weasley. Tinham dado a desculpa de que iam descansar e conversar um pouco sobre os novos presentes, mas na verdade tinha ido olhar o presente de Melissa; mais precisamente, experimentá-lo.
— Certo Matt, agora não fica se mexendo muito senão seus pés vão aparecer!
— Não estou me mexendo Ann, só me ajeitando...
— Vocês dois parem de brigar senão não vai dar certo! Agora andando devagar até o espelho...
Os três agora estavam embaixo da Capa, tinham tido a ideia de usarem os três juntos para ver se ela os cobria por inteiro. E ao olharem no espelho viram que tinha dado certo. Após comemorarem baixo para ninguém ouvir, um silêncio significativo preencheu o ambiente. Anne foi a primeira a se pronunciar.
— Ora, a casa está tranquila, quase todos estão descansando...
— Mas e se pegarmos a gente?
— Matt, estamos invisíveis!
— Mas não imperceptíveis Mel! Se alguém esbarrar em nós...
— Fazemos assim: subimos até o corredor do quarto que era do papai, perto do sótão. O Prof.º Potter tá hospedado lá, mas deve estar dormindo. Só pra testarmos vai...
— Ok Anne, mas vocês duas, devagar!
Pé ante pé, os três subiram dois lances de escada, a Toca no mais profundo silêncio. Melissa estava aliviada deles conseguirem andar até que confortavelmente com a capa da invisibilidade, e então um pensamento começara a surgir na cabeça da garota: e se eles usassem a capa em Hogwarts?
— Ora Mione, podemos mudar de assunto?
— Quer conversar sobre o que Ronald? Quadribol?
— Isso é assunto de trabalho pra ele Mione...
— Se começarem as piadinhas volto pro meu quarto!
Eles se sobressaltaram ao ouvirem vozes no quarto que fora de Rony. Sem se conterem, se aproximaram e viram uma cena no mínimo inusitada para Melissa: seu tio Rony deitado na cama com uma colcha laranja desbotada, as mãos na cabeça olhando para o teto, sua mãe sentada numa cadeira (conjurada por ela Melissa concluiu, devido à bela camurça ser muito parecida com as que tinha em sua casa) de frente para a cama comendo bolinhos de menta cuja bandeja estava suspensa no ar e Harry Potter, que estava sentado em cima de um malão no canto oposto do quarto de pernas cruzadas, limpando os óculos. Melissa olhou para Matt e Anne no exato momento em que um olhava para o outro, como se quisessem dizer algo sem Melissa ouvir. Ao tentar se afastarem, perceberam que Bichento virava o corredor e olhou diretamente para os três, como se soubessem que estavam ali. Sem saída recuaram até entrar no quarto, enquanto o gato se aproximava mais e mais. Felizmente nenhum dos adultos percebeu a entrada dos 3 garotos.
— Vocês não tem a impressão de que tem alguém aí na porta? – Rony comentou, erguendo-se na cama e se sentando igual a Harry. Hermione levantou-se e foi até a porta do quarto, passando à centímetros de Melissa, Anne e Matt.
— É só Bichento... – Ela disse fechando a porta. Melissa começou a suar. “E se fossem pegos?”
— Esse gato é meio que igual ao finado Dumbledore não? Tem tantos anos quanto ele teve.
— Ele só é bem tratado Rony.
— Ah claro! Você trata melhor seus animais e seu elfo, que muita gente!
— Algum problema em tratar bem elfos domésticos Ronald? São seres que merecem toda a consideração! Não são nem melhores nem piores que eu, você, qualquer ser humano e...
— Por favor vocês dois! Que tal não brigarem um pouquinho só pra variar?!
Melissa viu a mãe olhar feio para o Prof.º Potter, mas este pareceu achar graça. Seu tio Rony pareceu dividir-se entre o aborrecimento e o ar de gozação que sempre tinha quando brigava com sua mãe. Houve um silêncio momentâneo entre os três adultos e de repente ela viu Harry Potter abaixar a cabeça pra algo que vira embaixo da cama e sorrir triunfante.
— Accio boneco! Ahá! – E fez voar até a sua mão a miniatura toda desgastada e empoeirada de um boneco vestido do que parecia ser o uniforme de quadribol da Bulgária sem um braço, com grossas sobrancelhas. Seu tio Rony ficara repentinamente vermelho e sua mãe pareceu achar graça. – Ora! Ora! Ronald Weasley! Eu não sabia que você ainda guardava isso...
— E sua implicância com o Krum Rony? Evaporou com o tempo? – a mãe de Melissa começou, agora conjurando uma jarra de suco de abóbora e três copos. Ela se serviu e deixou os outros flutuando perto da bandeja.
— Implicância? Não tinha e não tenho nenhuma implicância!
— Ora Rony! Sempre fora uma implicância infantil...
— Está defendendo o Vitinho é? Só porque vocês foram namorados.
— Não fomos namorados!
— Se beijaram!
—Isso não quer dizer nada...
Melissa espantou-se. Olhou para os outros dois que apesar de parecerem espantados estavam achando graça. Mas ela estava se sentindo meio incomodada por ouvir uma conversa que parecia tão íntima. Olhou novamente para a mãe, que parecia meio irritada, apesar de ter as bochechas rosadas. Seu tio Rony se calou, se servindo de suco. Virou-se para Harry Potter que aproveitou a deixa e se serviu de suco também, meio risonho, não sem antes murmurar: “Mione e seu fraco por jogadores de quadribol...”
— O QUE VOCÊ DISSE HARRY POTTER? – a mãe disse, irritada, mas Melissa percebeu que ela estava fingindo irritação. O professor porém trocou olhares com o ruivo, ambos tentando conter o riso. Este deu um bom gole de suco, colocou o copo na mesa de cabeceira e se virou para a mulher, aparentemente sério.
— Vejamos... – Seu tio Rony começou, enumerando com os dedos – Victor Krum, Córmaco McLaggen... – E riu abertamente com Harry Potter. Sua mãe fez cara de desdém, ignorando-o com um gesto – nada mal pra uma Sabe-Tudo não?!
— Não esqueça de acrescentar Ronald Weasley à sua lista... – Harry Potter disse de repente, e Rony o olhou meio sem graça. Melissa sentiu sua boca se abrir, e percebeu que Anne e Matt tiveram a mesma reação. – a mãe, porém, apenas pegou mais um bolinho, ainda com ar indiferente.
— É, sempre gostei de bons jogadores de quadribol...
Melissa notou que tanto seu tio Rony como Harry Potter fizeram a mesma cara de contentamento.
— Mas não é só a Mione que gosta de jogadores de quadribol – seu tio Rony continuou, fazendo um bolinho voar até ele. – Veja o caso do Harry: a Cho Chang e a Gina eram ótimas apanhadoras.
Novamente a garota espantou-se com a revelação. Aos poucos a urgência de sair do quarto estava dando lugar a vontade de ouvir a conversa.
— Não são só as apanhadoras que são boas namoradas... – Harry Potter disse em voz baixa, fazendo a mãe abandonar o ar descontraído e levantar-se depressa.
— Preciso ir, tenho que arrumar minhas coisas. – Ela começou, fazendo desaparecer a cadeira, a jarra e a bandeja de bolinhos. – Tenho um compromisso, volto pra buscar a Mel amanhã a tarde, você avisa seus pais Rony? Bom, vou aparatar daqui uma meia hora.
E sem dizer mais nada ela abriu a porta e saiu do quarto. Os dois rapazes se olharam.
— Veja a luz no fim do túnel que eu te falei colega.
— Ah claro, a luz no fim do túnel que só você vê Rony.
— Certo, já é um começo vai...Talvez seja o espírito natalino. Mulheres, sempre imprevisíveis.
— E se tratando da Mione...
— Totalmente imprevisível. Bom, vou ver como está a Viv e as gêmeas. E à noite ainda temos o baile!
— Ah claro, o baile...Queria que a Mione fosse.
— Ia me divertir muito com um novo estuporamento no banheiro masculino.
— Que divertimento! Bom, vou descer com você, conversar com seu pai.
Juntos, os dois saíram do quarto. Assim que ouviram os passos morrerem no corredor, Matt tirou a capa de cima dos três. Prática, Anne sentou-se na cama e se virou para Melissa e o irmão:
— Bom sobre o que vocês querem comentar primeiro: sua mãe beijando Vítor Krum, sua mãe namorando meu pai ou Harry Potter namorando nossa tia Gina?


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Notas finais do capítulo

O que acharam?



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