Harry Potter e a Senhora do Tempo escrita por Mimis


Capítulo 14
Firebolt




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— Mãe, as vezes eu queria entender as coisas que acontecem sabe...
— Sabe uma coisa que a vida me ensinou Mel?! Que você pode aprender muitas coisas, seja com seus pais, professores, amigos, livros.. Mas entender é algo que você faz sozinha.
— Acho que isso eu não sei fazer.
—Sabe sim minha filha, sabe sim.
Melissa surpreendeu-se ao ver a mãe a abraçar emocionada. Elas estavam paradas no saguão de entrada. Ambas, junto com os alunos e outros convidados, estavam voltando do funeral de Hagrid. Numa cerimônia simples e triste, o meio-gigante havia sido enterrado no começo da Floresta Proibida, perto de sua cabana. Melissa estava muito emocionada, assim como quase todos os presentes, pois afinal Hagrid era muito querido por todos. Ao final o Prof.º Potter, tentando terrivelmente esconder a emoção, fez um belo discurso, não sobre o prof.º Hagrid, mas sobre o amigo Hagrid, que foi seu primeiro contato com o mundo bruxo, lhe contando quem realmente era anos atrás e que sempre permanecera ao seu lado. A garota bem que tentou evitar mas teve que reconhecer que era muito bonita a ligação que ambos possuíam, e espantou-se com a súbita afeição que sentiu pelo professor. Novamente a garota pôde observar sua mãe ao lado de seu tio Rony e do Prof.º Potter. Era quase a mesma cena do funeral de Percy Weasley, com a diferença que, logo após o discurso do Prof.º Potter, tanto sua mãe como seu tio Rony haviam se aproximado dele e trocado algumas palavras, as quais o professor retribuiu com um sorriso tímido, que fez sua mãe recuar desconcertada. Ela anotou mentalmente para depois comentar o acontecido com Matt e Anne, mas a visão de Lionel Malfoy observando-a atentamente encostado numa árvore atrapalhou seus pensamentos. Era impressionante como aquele olhar a prendia e como aquele garoto mesquinho e quieto podia ser estranho, tão estranho.
Agora mãe e filha se encontravam no saguão para se despedirem. Ao contrário dos outros convidados que iriam aparatar fora dos terrenos de Hogwarts, tanto a mãe como seu tio Rony iriam voltar para casa através de Pó de Flu na sala da Prof.ª Mc Gonagall. Com certeza, pensava Melissa, para discutirem novamente sobre encontrar uma Granger e um Malfoy a menos de 1 metro de distância sem estarem duelando ou no mínimo se xingando ardentemente. Mas era a primeira vez que não respondia aos sermões da mãe ou aos resmungos de um exaltadíssimo tio Rony sobre os perigos de estar sozinha perto da Floresta Proibida e junto de um Malfoy. Pois sentia, ao olhar para um Lionel Malfoy igualmente indignado com o sermão involuntário, que ambos começavam a se entender pelo olhar, o que a deixava estupidamente confusa. Ela simplesmente ignorou as mil e uma recomendações – todas infundadas, pensava a garota – da mãe, mas não deixou de dar mais um abraço nela, era sempre bom ver a mãe, mesmo em circunstâncias tão tristes como aquelas. Era no mínimo triste e ao mesmo tempo empolgante ver a mãe subir as escadas contemplando demoradamente cada quadro, cada armadura de maneira melancolicamente nostálgica. Ao virar-se viu que seu tio Rony entrava anormalmente sério, conversando baixo com Matt e Anne. Ele parou, se despediu dela e dos filhos e seguiu atrás de sua mãe, não sem antes esperar por Harry Potter, que vinha sozinho. Ele não parou nem falou com os três, apenas os olhou e Melissa pôde perceber as enormes olheiras que os óculos de aro redondo tentavam em vão esconder.
— Sabe, acho que encontramos a quem o Hagrid vai fazer mais falta... – Anne por fim disse, sobressaltando os outros dois.
— Ele vai fazer falta a todos Anne.
—Ah, se vai. Mas... – Melissa olhou uma última vez os três adultos sumirem pelas escadas rumo ao 1º andar e se encaminhou vagarosamente em direção ao salão comunal da Grifinória, abaixando significantemente a voz de modo que os amigos se aproximaram mais dela – Eu tenho a impressão que tem algo a mais nessa morte do Hagrid. – A garota parou, inclinando a cabeça para o lado onde os três adultos haviam ido – E eles também acham. Podem apostar!

***********

— Então primeiro matam Percy, depois Hagrid aparece morto. E se não bastasse gente que foi da Ordem sendo morta por meio de artes das trevas e o Harry começa a receber cartas sem pé nem cabeça, tenho a impressão que tudo isso tá ligado...
— Ora Rony se você não nos dissesse morreríamos tentando chegar a essa conclusão.
— Calma aí Mione, não me trata como um garoto de 15 anos no meio de uma aula de Transfiguração...
— Então para de dizer coisas óbvias e já esclarecidas e...Harry, não vejo o motivo de tantas gargalhadas!
Harry estava em sua sala sentado atrás de sua mesa e na sua frente se encontrava Hermione Granger e Ronald Weasley. Era final de tarde, mesmo assim Rony e Hermione haviam ficado para tentarem elucidar as perguntas e não saiam da cabeça dos 3. Como McGonagall havia suspendido as aulas daquele dia em função do luto pela morte de Hagrid, Harry aproveitou para sentarem e discutirem sobre os acontecimentos. Na verdade ele queria sentar e conversar com os amigos, conversar com Hermione sem a bruxa azará-lo. Na verdade a conversa estava melhor do que imaginava, principalmente pelo velho hábito de Rony e Hermione implicar um com o outro. Era quase nostálgico, mas ele admitia que ver um homem e uma mulher de mais de 30 anos brigarem com se fosses adolescentes não era das coisas mais inspiradoras e motivadoras para uma reunião como aquela. Mas o que ele queria mesmo era ver os dois amigos discutirem como nos velhos tempos. Ver Rony de orelhas vermelhas fumegantes, a cara de indignado para as considerações de uma mandona Hermione, que mesmo discutindo com o amigo desmanchava distraidamente sua trança, balançando lentamente os fios soltos. Harry fixava o olhar naqueles cabelos, naqueles olhos muito vivos exalando inteligência e sagacidade. Olhou-se no espelho adiante e percebeu que estava com uma cara parecida com a do amigo ruivo quando uma ainda garota Hermione se arrumava de modo especial. Mas não pode deixar de rir com a discussão dos dois, o que chamou a atenção da bruxa. Ele balançou a cabeça para afastar esses pensamentos e a encarou.
— Impressionante Hermione como vocês não se cansam de brigar.!
— E isso é motivo para risadas? Esqueceu o que está acontecendo???
— Ora Mione, cai entre nós o Harry está certo. Deve ser muito engraçado pra ele nos ver brigando! Ele nunca nos vê junto e quando nos vê, estamos fazendo o que? Discutindo. Ou melhor, você confrontando as minhas ideias!
Hermione girou os olhos para o teto, e depois olhou para Harry. Ela estava tão à vontade, os três estavam tão à vontade, que ela involuntariamente esboçou um sorriso para ele, que devolveu o sorriso, satisfeito. Ela então ficou extremamente constrangida e levantou-se, começando a arrumar suas anotações e livros que, como sempre, estavam espalhados pela mesa de Harry.
— Já vai Mione?
—Preciso Rony, quero dar uma chegada até o Ministério. Preciso entregar uns relatórios e quero conversar com seu pai. É sempre bom ouvir as opiniões dele. Lupin provavelmente estará lá. Acho que você deveria vir também, afinal você ainda é funcionário de lá não?
— É claro! Mas pedi a folga para o dia inteiro para o meu chefe, o Sr. Melfish. Pensei que ficaríamos os três aqui.
— Isso não é uma reunião escolar Ronald! Tem coisas muito sérias acontecendo e n...
Hermione parou de falar quando viu a lareira de Harry se esverdiar de repente. Ele e Rony viraram rapidamente em direção a ela e Harry pode visualizar a cabeça de Remus Lupin aparecer entre as chamas verdes, seu olhar muito sério e aflito.
— Lupin!
— Escutem vocês três. Aconteceu algo.
—  É algo com a Tonks ou....
— Não é nada com Tonks ou o bebê. Tem a ver com as cartas púrpuras. E com sua vassoura Harry.
— Mas eu não tenho mais vassoura Lupin eu...
— Escute Harry, um auror do ministério recebeu um chamado e vai querer saber como uma vassoura aparatou sozinha na estação King Cross com uma carta púrpura presa a ela escrita (Lupin levantou na altura do rosto um pedaço de pergaminho onde havia algo escrito e o leu) “Harry Potter sempre foi um ótimo apanhador.  Vida longa aos hipogrifos! – S.T.”.
Harry desviou o olhar diretamente para Hermione. Ela estava com o cerro franzido, provavelmente decorando as palavras de Lupin. Virou-se para Rony e viu que ele permanecia sério, coçando a cabeça, tendo o mesmo pensamento que ele, que ele não tinha mais sua Firebolt, e que raios uma vassoura tinha a ver com ele e com...hipogrifos?!!
— Lupin – a voz de Hermione o despertou de seus pensamentos – mas como sabe que a vassoura era a do Harry?
— Era uma Firebolt – O bruxo começou e ao ver que os três tinham argumentos contra e recomeçariam a falar continuou erguendo a voz – uma Firebolt novinha em folha e junto com a carta havia um formulário de uma Agência-Coruja da compra de uma Firebolt, com o número de um cofre de Gringotes pertencente a Sirius Black.
O silêncio tomou conta da sala e Harry, como se tivesse usando uma penseira, lembrou-se da carta que Sirius havia lhe enviado logo após Harry e Hermione o terem libertado de ser beijado por um Dementador no episódio onde se conheceram, há muitos anos, onde explicava que havia comprado uma Firebolt a Harry como presente e por quais meios havia a comprado. Mas isso não fazia sentido, ele pensava, o que aquele episódio tinha haver com tudo isso??
— Bom, preciso ir Harry – Lupin continuou, ao ver a reflexão que os três estavam fazendo – Melhor vocês irem também, o auror virá com certeza atrás de vocês, eu consegui lhes avisar antes, a dica foi do Arthur, ele está no Ministério tentando saber de mais detalhes. Conversaremos melhor na próxima reunião, eu os avisarei. E cuidado vocês três!
E com um estalido a cabeça de Lupin sumiu entre as chamas que voltaram a ser alaranjadas. Os três se entreolharam, surpresos. 
— É bem informado esse cara aí hein?! – Rony disse e Harry não pode conter o riso; o amigo era sempre dono dos melhores comentário, não tinha como negar. Porém Hermione o olhou feio, como se ele tivesse dito um palavrão.
— Desculpa Mione! – Rony se defendeu – É que...Como alguém pôde enviar a Firebolt do Harry? Só se fosse buscar ela no passado e...
Ele foi interrompido por um abraço exultante de Hermione, que deu um beijo estalado na bochecha do amigo.
— Você é um gênio Ronald! Gênio! Gênio! Preciso ir – Ela pegou rapidamente suas coisas e vestiu desajeitadamente sua capa – Antes preciso ver McGonagall e preciso passar no Ministério e... – Ela parou na porta, tomando fôlego – Acho que tenho uma pista importantíssima! Me encontrem na casa do Rony bem a noite e eu lhes conto!
E saiu apressada, deixando cair algumas folhas de pergaminho. Rony virou-se para o amigo e começou a colocar sua capa também.
— Jurei que ela fosse pesquisar algo na biblioteca.
— O que será que ela entendeu?
— Harry, desde quando você entende algo que a Mione entende assim, de primeira? Faz parte da sua natureza se meter em encrenca, faz parte da natureza dela te tirar da encrenca e faz parte da minha natureza entrar na encrenca com você e esperar ela nos tirar.
— Definitivamente você nos entende Rony...
— Anos de prática. Vou indo Harry, a gente se vê na minha casa então. Vou até o Ministério, ver o que papai tem dizer. Você vem ou...
— Não, vou checar a minha Firebolt.
— Mas ela provavelmente foi confiscada pelo Ministério e...
— Não vou ver essa, vou checar a minha Firebolt, que não é minha mais mas que está nesse momento no dormitório da Grifinória.


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Notas finais do capítulo

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