Harry Potter e a Senhora do Tempo escrita por Mimis


Capítulo 13
Pequenos Entendimentos




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Harry se sentia sem chão. Estava andando sozinho na escuridão da noite para além dos portões de Hogwarts. Sentia-se grato por não ter ninguém por perto, assim poderia chorar a morte do amigo em paz. Hagrid, seu grande amigo, seu primeiro contato com o mundo mágico, seu confidente, seu companheiro. Ele representara tantas coisas em sua vida, e morrer assim, num acaso do destino...Era uma injustiça, ele não poderia estar morto, o bruxo pensava, não podiam tirar pessoas que ele amava dessa maneira! Surpreendeu-se chutando um nó de árvore próxima, e o efeito só foi conseguir uma tremenda dor no pé. Parou alguns metros depois do portão ladeado por javalis, limpou suas lágrimas nas vestes e concentrou-se no lugar onde deveria estar, ou melhor, onde desejava desesperadamente estar. Antes de aparatar olhou para o céu estrelado e conseguiu distinguir uma coruja branca cruzando o céu, que estava claro devido à enorme lua cheia e milhares de estrelas brilhantes. Desejou que Edwiges chegasse com sua carta até Rony o mais rápido possível. E com um giro rápido da capa desaparatou.
Aparatou numa sala escura e quente. Olhou para a lareira e viu que restava apenas um fogo quase morto, e uma solitária xícara de chá ainda fumegava na mesinha de centro denunciado que alguém tinha estado lá a pouco. Harry pensou em chamar por alguém, mas parou ao observar um enorme console em cima da lareira, com muitos porta-retratos. Aproximou-se para ver melhor e não pôde deixar de sorrir. Eram fotos de uma garotinha sorridente de belos olhos verdes, que se mexia de maneira serelepe e feliz. Em outras fotos a garota era acompanhada por um menino e uma menina, todos muito felizes, um trio muito feliz. Em outras fotos a garotinha estava acompanhada por uma mulher muito bonita de cabelos castanhos e olhos brilhantes. Harry se demorou em um enorme porta retrato onde a mulher e a garotinha estavam abraçadas em meio a uma paisagem campestre muito bonita, ao fundo podia se ver o alicerce de uma casa. A garotinha a toda hora brincava com uma mexa do cabelo da mulher, que parecia radiante de felicidade. Ele percebeu seus olhos umedecerem novamente, mas a morte de Hagrid não era mais o motivo.
— HARRY!!!!! Por Merlim, quem mandou você entrar na minha casa??!! – Assustado, o bruxo deixou cair o porta retrato, deixando-o se espatifar no chão. Ao virar-se deparou-se com a mesma mulher do retrato, mas com alguns anos a mais, mesmo assim Harry não pôde deixar de admirar que sua beleza se aguçara com o tempo: seus olhos castanhos estavam muito brilhantes, estava com os cabelos ondulados que quase chegavam a cintura soltos, usava uma camisola de algodão branca, e apesar do frio da noite, deixava-a com os ombros de fora e o colo à mostra, estava descalça, o que realçava a diferença de altura dos dois. Mesmo assim a aparente fragilidade da mulher contrastava com a raiva que sua expressão passava; com a varinha em punho apontava-a diretamente para Harry.
— Hermione! Calma...
— Como calma Harry Potter! Você sabe que não pode entrar na minha casa!
— Eu sei que é tarde Mione mas...
— Mas NADA! Mesmo se fosse dia claro, eu nunca daria permissão pra você entrar aqui!
— É IMPORTANTE! - Ele aproximou-se dela mas a bruxa não baixou a varinha. Estava visível sua fúria e Harry já imaginava isso. Mas precisava falar com ela. – Hermione, me escuta, por favor...
— Estou avisando Harry...Eu n...
Mas Harry num movimento rápido tirou a varinha das mãos dela e a segurou pelos ombros, fazendo-a olhar em seus olhos. Ela não esperava por isso, ficou apenas o olhando perplexa bem dentro de seus olhos. Harry notou que apesar do frio sua pele estava quente, e parecia esquentar mais a cada instante. Eles ficaram alguns instantes assim, se olhando, então Harry desceu de onde parecia para ele ser um pedacinho de céu azul e se lembrou do que deveria fazer.
— Mione...É o Hagrid. Ele...Ele morreu.
Ele sentiu o corpo de Hermione amolecer. Ele a amparou delicadamente e a conduziu até o sofá, fazendo-a sentar e se ajoelhando a sua frente.
— Como?? Quando??? Isso não pode ser verdade Harry...
— Você acha que brincaria com uma coisa dessas?! Foi hoje no final da tarde...
Harry contou rapidamente o ocorrido, sem mencionar por hora que quem havia encontrado o corpo fora Melissa e Lionel Malfoy, que a essa hora se encontravam sentados lado a lado na sala da diretora Mc Gonagall vigiados de perto bela bruxa. Ao terminar o breve relato pôde ver que as primeiras lágrimas dela começavam a despontar em seus olhos. Fez menção para enxugá-las mas se conteve.
— Mas...Hagrid morto por um ramo modificado de Visgo do Diabo...Não faz sentido.
— A Luna trouxe até Hogwarts. Ela o modificou, tinha-o sobre controle, era uma das coisas que ela sabia fazer como ninguém, você sabe, nunca teve um acidente...
— Mas o Hagrid...Ah Harry!!!!
E para espanto de Harry a bruxa o abraçou fortemente, ajoelhando-se no chão junto com ele. Ela ficou ali, chorando feito uma criança nos braços dele, ele sentindo o calor que emanava de seu corpo, a tristeza dela passando pra ele, o bruxo juntando todas as angústias e tristezas que ele próprio sentia a tempos. E quando viu estava chorando junto com ela, ambos se confortando.
Harry achou que tivesse ficado apenas alguns minutos assim, ou horas, ou sonhos ensolarados naquela posição, ele não soube precisar. Com os olhos fechados, sentiu um vento quente a suas costas e um baque suave no soalho de madeira escovada, mas não se atreveu a mover-se. Pôde ouvir a voz fraca de Hermione.
— Rony!!! Ah Rony...
O bruxo sentiu ela desvencilhar-se dele e, ao virar-se, viu-a abraçar o amigo. Rony estava com uma expressão pesada, seu rosto tinha um tom levemente esverdeado enquanto afagava o topo da cabeça da amiga. Eles se olharam, e, pela primeira vez, ambos se viram chorar.
— Harry, Mione...Eu não posso acreditar! O Hagrid...morto...
Harry assentiu e Rony abaixou a cabeça, incapaz de comentar algo. Hermione o largou lentamente, e sentou no sofá, os olhos muito vermelhos. Rony enxugou as lágrimas e Harry se pegou enxugando as suas. Houve um momento de silêncio funesto, então Hermione levantou-se de repente, agarrando o braço de Harry que estava ao seu lado com tanta força que ele não pôde reprimir um gemido.
— Hagrid não foi morto por uma fatalidade do destino...Foi assassinado!!!
Harry e Rony se olharam de modo como sempre faziam quando jovens e Hermione vinha com uma de suas sacadas geniais.
— O que você tá dizendo Mione?? O Harry me contou, foi o Visgo do Diabo da doida da Luna...
Mas Hermione ignorou o que o amigo disse e se dirigiu a Harry.
— A carta Harry...a carta que você recebeu...
Harry sentou o sangue gelar. Ele lembrou-se das cartas misteriosas. Da última carta, que falava dele, de Hermione e de Rony e na observação ao final dela.
— “Cuidado com plantas”, foi o que ela dizia. Seja quem quer que esteja mandando essas cartas está nos dando pistas.
— Mas...Mas... porque isso? Porque matar essas pessoas...E quem pode ser??
— Esse é exatamente nosso problema Rony.
Eles novamente se calaram, absortos em suas próprias teorias. Harry olhou para Hermione e viu que a bruxa sustentava firmemente o olhar para ele, coisa que não fazia há mais de 12 anos. Não sabia se isso era bom ou ruim, mas definitivamente era um avanço. Rony, que estava mais afastado contemplando a lareira e não entendendo esse momento importante achando ser mais um daqueles silêncios constrangedores, apressou-se em dizer alguma coisa.
— Mas...E essa história da Melissa e do Malfoy terem encontrado juntos o corpo do Hagrid?
Hermione virou-se rapidamente para o ruivo, sua expressão era de desconfiança e desaprovação.
— Como assim a Melissa e o Malfoy encontrarem o corpo do Hagrid? JUNTOS???
Rony começara a ficar com as orelhas vermelhas. Ele olhou para Harry que não sabia o que dizer. Não queria que Hermione soube desse detalhe desse jeito. Como sempre Rony continuava péssimo em dar notícias, principalmente a Hermione.
— Malfoy é o filho do Draco...
— Eu SEI quem é o Malfoy de quem estamos falando Ronald...
— Mas...Mas...a Melissa sabe muito bem se defender...Tanto que na Copa Mundial eu e o Harry vimos ela dar uma sova no garoto Malfoy...Apostaram corrida e ela ganhou sabe.
— O QUE???!!!!
Harry girou os olhos para o teto e bateu com a mão em sua própria testa. O tempo podia passar mas Rony continuava o mesmo, sempre acabando numa fria. Hermione levou as mãos a cintura e o bruxo deu graças a Deus que ela estava sem varinha, para a sorte do amigo. Ele sentiu que era hora de intervir.
— Mione..Hermione, me escuta!!!
E Harry contou o que vira: quando havia sido chamado pela Prof.ª Mc Gonagall aos gritos para ir até a estufa deparou-se com o corpo do amigo e Melissa Granger aos prantos em cima dele, e do lado um muito sério Lionel Malfoy, que apesar de calado parecia estar abalado. O bruxo notou que não havia qualquer sombra de alegria ou sarcasmo no rosto do garoto, sua expressão era impassível. Depois do choque em que ele próprio se viu lutando contra suas lágrimas, pedira à diretora para levar os dois alunos a sua sala enquanto escrevia à Rony e fora dar a notícia a Hermione.
— Mas...Mas...me diz, o que eles estavam fazendo juntos?? Num final da tarde?? Nos jardins?
— A Mel não pode ser amiga dele?? Por mais que essa afirmação seja absurda...
— Eu dou aula pra eles, definitivamente não são Rony. Bom, acho que vocês dois vão pra Hogwarts comigo não?! O funeral do Hagrid será amanhã pela manhã, Mc Gonagall dará o dia de luto, todos os alunos vão estar presentes...
— Eu já conversei com a Viv, mandei corujas pra Toca e pros outros...Vou com você Harry.
— Eu também, me esperem, vou me subir me trocar e volto num segundo.
Ela adiantou-se para a escada, mas ao subir o primeiro degrau virou-se para os dois extremamente séria.
— E não pensem que eu esqueci essa história da Copa Mundial ouviram Potter, Wesley? Milha filha e um Malfoy apostando corrida??! Quero saber dessa história direitinho...
Os dois a ouviram subir ruidosamente para o 2º patamar e se entreolharam. Harry fez menção para falar algo mas Rony falou primeiro.
— Eu sei, eu sei Harry. Eu e minha boca grande...
— Que bom que você reconhece isso Rony.

*********

Melissa acordou de repente, sobressaltada, os últimos acontecimentos voltando como flechas à sua mente. Estava sentada de mal jeito numa gostosa cadeira de veludo vermelho, tendo à sua frente uma mesa cheia de livros e pergaminhos e ao fundo uma enorme estante cheia de livros coloridos. À sua esquerda havia um sofá bege onde um gato dormia tranquilamente. À sua direita se encontrava Lionel Malfoy que aparentemente olhava o nada, perdido em pensamentos, não percebendo que a garota acordara.
— Nossa acabei dormindo...
— Jura Granger?! Nem percebi você babando ai do lado.
Ele tentava ser sarcástico como de costume mas Melissa poderia jurar que ele estava aliviado – até feliz – por vê-la acordada. Ambos se encararam e ela procurou alguma coisa para dizer.
— Onde está a Prof.ª McGonagall?? O Prof.º Potter já chegou?
— A professora tá ali, dormindo felinamente...O ilustríssimo Prof.º Potter não chegou sabe-se se lá de onde. Muito gentil da parte deles me privar de ter uma noite de sono decente e me dar essa nobre tarefa de velar teu sono...
— Não pense que estou aqui adorando sua companhia Malfoy. Não sei porque temos que esperar por ele.
— Pra sermos interrogados pela morte do seu amigo Hagrid... Ou se esqueceu que estávamos lá??
A cena da morte de Hagrid veio na lembrança de Melissa causando uma dor incômoda dentro dela. Ela voltou a encarar a mesa bagunçada e não notou que Lionel trouxe sua cadeira um tantinho mais pra perto dela.
— Escute Granger...Eu...Eu sinto muito pelo Hagrid. 
Ela o olhou surpresa.
— Me poupe de sarcasmo agora Malfoy. Não vê a situação...
— Olhe...Estou falando a verdade, acredite ou não Granger. Pessoas morrendo do nada...Pessoas que outras pessoas gostavam...Não é meu passa-tempo predileto estar feliz com isso sabia?
Melissa percebeu que ele estava extremamente constrangido mas que parecia estar sendo verdadeiro. “Hagrid morto, Malfoy sendo uma pessoa decente, o que está acontecendo?” ela pensava. Mesmo assim era bom ouvir as primeiras palavras de consolo depois de tudo que acontecera, mesmo sendo de Lionel.
— É duro perder Hagrid...Eu gostava muito dele...
— Imagino...Quer dizer, não tenho quase ninguém, mas perder alguém que eu gosto deve ser muito ruim.
— Sabe Malfoy, você não deve ser tão intragável e asqueroso como eu imaginava...
Foi a vez dele a olhar surpreso. A garota não sabia por que havia dito isso, mas só achava que afinal de contas tudo o que aprendera sobre os Malfoy poderia não ser tão terrível assim. Mesmo sabendo que nascera quase com um instinto natural de odiar a família Malfoy.
— É Granger...Sou só insuportável. – Ela riu – E você...Bom, na vida a gente aprende a rever alguns conceitos.
Ambos sorriram. Melissa estava cansada, queria voltar para o seu quarto e dormir, esquecer tudo. Queria que fosse um sonho. Mas sabia que não era. Só que de alguma forma a presença de Lionel Malfoy ali do seu lado, passando por tudo aquilo junto com ela, se não a deixava mais aliviada pelo menos a deixava mais reconfortada. Ela percebeu que a lareira atrás deles começara a ficar esverdeada e percebeu que o Prof.º Potter estava voltando. Antes dele chegar Lionel ainda pôde lhe sussurrar. - Vai ficar tudo bem ok?
E Melissa, pela primeira vez na vida, acreditou na palavra de um Malfoy.


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