Toská -Angústia escrita por Tia Lina


Capítulo 23
Você tem visita


Notas iniciais do capítulo

BoA leitura ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/734694/chapter/23

Debaixo da árvore o sol não parecia assim tão quente. Steve continuava concentrado em seu desenho enquanto Natasha parecia distraída demais com seu celular logo à sua frente e Bucky perdido em seus próprios pensamentos ao seu lado. Sam estava em algum lugar da escola, escondido, provavelmente de Pietro, uma vez que Wanda desaparecera com ele também. Havia pouco mais de duas semanas que engataram num relacionamento e todo mundo agradeceu o fato de terem oficializado o que já estava óbvio há alguns anos.

— Rogers.

Ouviu-se uma voz peculiar. Tony olhava com um sorriso de canto para o loiro, parado ao lado de Bruce e Rhodes. No final, ele não achara divertido chamá-lo pelo primeiro nome e insistiu em continuar utilizando seu sobrenome.

— E aí, como foi o encontro? Vocês vão sair outra vez? Precisa de mais alguma ajuda? Faz tempo que não nos vemos, o que houve?

— Calma, Stark, uma coisa de cada vez. – Suspirou. – Agradeço a ajuda e a roupa que me emprestou, preciso devolvê-la. E o encontro foi bem. – Sorriu forçadamente, talvez não fosse uma ideia tão boa trazer à tona aquele assunto na frente de Bucky.

— Mas vocês vão sair de novo?

Steve realmente não queria ter que falar sobre aquilo.

— Eu não sei. – Coçou a cabeça desconfortavelmente.

— Ah, qual é?! Um mulherão daqueles?

— Você nunca a viu, como pode...

— Facebook. – Ele deu de ombros. – Enfim, vocês têm alguma ideia de onde ir? Tem um restaurante excelente na 5ª onde Pepper e eu vamos às vezes, posso fazer uma reserva. Acredito que ela vai saber apreciar muito bem o local e...

— Stark, vai com calma. – Steve riu soprado. – Nós não combinamos nada ainda, estamos nos conhecendo, calma.

— Mas vocês já se beijaram, certo? Vou te dizer uma coisa, Rogers, seria um desperdício não beijá-la.

— Eu vou te manter informado, mas, por favor, me deixa desenhar agora, ok?

— Tudo bem, senhor puritano, aguardo relatório completo. Até logo, Rogers. – E finalmente olhando para os outros integrantes do grupo, ele sorriu enviesado e os cumprimentou com breve acenar de cabeça. – Romanoff, Barnes. – Acenou com a mão e se foi.

— Você deveria dar um basta nele, Steve. – Natasha não tirou os olhos do telefone para falar.

— Ele não é uma má pessoa.

— Não disse que era, só quero dizer que ele é sem noção.

— Isso ele é mesmo. – Steve riu.

De canto de olho, Steve percebeu que Bucky não esboçava emoção alguma, ele sequer parecia estar ali naquele dia. Natasha percebeu o silêncio e deduziu que eles precisavam de um momento a sós. Suspirando cansadamente, ela se levantou e se afastou sem dar nenhum tipo de explicação. Steve tornou a prestar atenção no Barnes depois de acompanhar a amiga com os olhos por um tempo, mas desta vez, fez questão de virar seu corpo em sua direção.

Ele sequer estava de olhos abertos, mas não estava adormecido, os pés se balançavam ao ritmo da música que saía do único fone que mantinha nos ouvidos. Cansado daquele silêncio ensurdecedor, Steve cutucou-o. Bucky abriu um dos olhos e vislumbrou a figura curiosa do loiro, voltando a fechá-lo em seguida. Steve chamou seu nome e só então ele deu a atenção que o Rogers clamava.

— O que foi, Stevie? Problemas com o esboço? – Ele olhou para o caderno aberto no colo do loiro. – Não serei muito útil nisso.

— Não é isso. – Steve desviou o olhar, não sabia o que queria dizer.

— Então o que é? Sam fez algum comentário idiota durante a aula outra vez?

— Não. – Suspirou. – Não é nada.

— Nada? – Arqueou uma sobrancelha.

— Eu só... – Suspirou de novo. – Eu só queria saber se tava tudo bem contigo.

— Comigo? – Bucky uniu as sobrancelhas. – E por que não estaria?

Steve sabia que não estava. Ele sabia e queria poder confrontá-lo, dizer que ele estava mentindo e que queria ouvir a verdade. Mas Steve já conhecia a verdade, ele sabia exatamente o motivo daquele silêncio e daquele desconforto. Ele sabia porque Bucky andava tão distante nos últimos tempos, sabia que a culpa era sua. Haviam tantas coisas a serem ditas, mas, ao mesmo tempo, não existiam palavras suficientes que abrigassem aquele discurso que estava entalado em sua garganta.

E vendo a fragilidade no olhar do Barnes, que sempre ficava muito bem escondida dentro de si, Steve sentiu uma vontade absurda de acolhê-lo nos braços e sussurrar que tudo ficaria bem de novo. Mas como poderia prometer isso naquele momento quando ele era o causador daquela dor? Talvez ele não fosse a melhor opção para cuidar do amigo e aquilo era o que mais doía. Porque Steve não suportava saber que era justamente ele quem mais machucava aquele que sempre o curava. Bucky, parecendo ler novamente a sua mente, suspirou cansado e pousou a destra na cabeça do loiro, puxando-o para um abraço meio torto. Aproveitou a proximidade e sussurrou em seu ouvido.

— Pare de pensar em besteiras, Stevie, eu já te disse isso, porra!

— Olha essa maldita linguagem, Buck.

— Cala a boca, seu delinquente. – Bucky riu soprado e, por um breve momento, tudo pareceu ter voltado ao normal.

Ele o soltou em seguida e deu qualquer desculpa para sair dali. Steve não o impediu, como gostaria de ter feito, ele só ficou o observando se afastar com todas aquelas coisas presas em sua garganta. Quando se viu sozinho, ele soltou um longo suspirou e voltou a dar atenção ao seu caderno de desenhos. Aquele esboço estúpido daquele jardim o estava irritando agora, e ele não conseguia tirar a expressão tristonha no olhar de Bucky da mente. Voltando algumas páginas em seu caderno, ele finalmente encontrou o esboço do rosto no qual ele queria muito trabalhar naquele instante.

Pelo menos ali Bucky parecia muito mais em paz do que vinha parecendo nos últimos dias, fosse pelo fato de tê-lo pego dormindo quando começou a esboçá-lo ou pelo fato de ter acordado no meio da noite e seus dedos terem coçado ao encontrar a figura serena do amigo ao seu lado, como há tempos não via. Não importava agora, pelo menos naqueles minutos em que trabalhava cuidadosamente nas linhas de expressão daquele rosto que ele conhecia tão bem, Steve se sentiu um pouco melhor em relação à saúde mental do Barnes.

Depois daquele segundo intervalo, o tempo pareceu fluir para o loiro, mesmo com aquela maldita aula de álgebra. Não era mal aluno, mas ele realmente não gostava daquele professor. Tão logo a sineta soou, Sam se despediu apressadamente, murmurando algo sobre encontrar Wanda na metade do caminho. Steve riu soprado e acenou, desejando sorte ao amigo enquanto guardava o seu material. Guardava seus pertences no armário e observava Bucky de rabo de olho, que conversava com Natasha. A aproximação de ambos era algo de se estranhar nos últimos dias, principalmente porque Natasha não parecia mais querer socá-lo a cada minuto, e porque Bucky começara a rir das coisas que a ruiva dizia.

De qualquer modo, ele não iria interferir, certo? Era exatamente aquilo que queria, não é mesmo? Soltou um suspiro derrotado e fechou seu armário com uma força que ele não conhecia, caminhando até próximo aos amigos. Pouco antes de parar, entreouviu a conversa.

— Vou aparecer por lá depois e você não vai me impedir.

— Alguma vez eu consegui te impedir de fazer alguma coisa, Natasha? – Ele riu soprado.

— Aparecer onde? – Steve lançou um sorriso educado.

— No trabalho dele. – Natasha respondeu sem muito entusiasmo.

— Nada com o que deva se preocupar. – Bucky garantiu, fechando a porta de seu armário e se virando para a saída. Steve percebeu a mudança no rosto do amigo, mas antes que pudesse olhar na direção em que olhava, ele lhe disse. – Aparentemente, você tem visita, Stevie.

— Quem? – Ele finalmente focalizou a porta de entrada.

— Vou indo na frente, nos vemos depois, Natasha.

E antes que qualquer outra coisa pudesse ser dita, Bucky se retirou, passando por Peggy sem sequer direcionar um sorriso em sua direção.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

BoA noite, gente linda ♥ Eu só queria dizer que vou atualizar de 3 em 3 dias, ok? Pq tava fazendo umas contas aqui e concluí que vocês vão ganhar um presente de Natal que talvez seja bonito esse ano. Não se empolguem demais, porque o que realmente importa virá depois desse presente ♥ Obrigada pela companhia e até breve ♥ XoXo ;*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Toská -Angústia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.