Toská -Angústia escrita por Tia Lina


Capítulo 24
A verdade não dita


Notas iniciais do capítulo

Oláááááá, enfermeira ♥ Tudo bem com vocês?

Antes de iniciarem a leitura, eu gostaria de dizer que há uma peculiaridade nesse capítulo que eu gostaria de dividir com vocês. Vejo-os nas N.F. ;D

BoA leitura ^^



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Steve ficou um tempo parado no meio do corredor, meio sem saber o que fazer enquanto assistia Bucky partir e Peggy sorrir educadamente. Despertou de seu momento quando Romanoff tocou seu ombro e disse-lhe para caminhar até ela e checar o que a garota viera fazer em seu colégio. O Rogers concordou antes de seguir em direção à morena, que o aguardava de braços cruzados, recostada na parede, recepcionando-o com um dos seus cativantes sorrisos. Steve também sorriu quando parou à sua frente.

— Não sabia se ainda o encontraria aqui, preferi apostar na sorte a te ligar.

— Que bom que nos encontramos então. – Ele sorriu ainda mais.

— Está ocupado agora? Pode me acompanhar num lugar?

— Claro, vamos.

Peggy caminhava à frente, indo para longe daquela multidão de adolescentes e crianças enquanto Steve a seguia de perto. Sem dizer mais nada, seguiram pelas ruas abarrotadas de alunos até uma das esquinas, onde viraram e seguiram a direção oposta a da casa do loiro. Ele não sabia muito bem para onde estavam indo, mas tinha adorado a surpresa e iria com a garota para onde ela desejasse naquele momento. Só pararam quando chegaram a uma sorveteria onde Steve jamais estivera antes, enquanto Peggy, por outro lado, parecia muito familiarizada com o local e com os funcionários. Sorrindo muito mais do que deveria, um senhor a recepcionou em festa, chamando uma senhora para que viesse cumprimentá-la. Tempo depois, ela o apresentou.

— Este é um companheiro do karatê e grande amigo, Steve Rogers, espero que gostem dele, senhor e senhora Heggins.

— Um belo rapaz, Peggy. – A senhora sorriu. – Espero que seja um bom rapaz também, meu jovem.

Steve sorriu sem graça e cumprimentou a senhora com formalidade, fazendo o mesmo com o senhor antes de se sentarem em um dos cantos. Steve demorou um pouco para escolher o que comeria enquanto Peggy parecia conhecer o cardápio decor. Depois de ambos se decidirem por um sundae, eles finalmente pararam para se observar. Peggy sorriu para ele e o garoto devolveu um riso sem graça, daqueles de quem não faz ideia de como reagir a um sorriso daqueles, o que a fez sorrir mais largo.

— Quem são essas pessoas, Peggy? – Steve finalmente encontrou a voz para questionar.

— Existe um motivo para ter escolhido esse lugar para te trazer, Steve, mas eu tenho algumas dúvidas antes de te responder.

— Tudo bem, pode me perguntar o que você quiser.

— Aquele rapaz que sempre te acompanhava até a academia e que passou por mim hoje mais cedo, quem é?

Steve engoliu seco. Quem era Bucky agora? Poderia dizer que aquele era seu melhor amigo que se revelara apaixonado por si? Eles ainda eram melhores amigos depois de todos aqueles momentos constrangedores? Nos últimos dias eles mal se olharam, ainda eram amigos? Elas mal vinham se falando, o que diria? Suspirando, ele escolheu a resposta mais curta.

— Meu amigo de infância.

— Seu amigo de infância, você diz. – Ela apoiou os cotovelos na mesa e o rosto nas mãos unidas. – Há quanto tempo se conhecem?

— Dez anos, ou algo assim.

— E há quanto tempo estão apaixonados?

Ele arregalou os olhos, surpreendendo-se com a rapidez com que assunto evoluiu para paixão.

— Desculpe-me, mas... Nós não estamos apaixonados, Peggy, de onde tirou isso?

Ela sorriu polidamente, olhando em volta por um momento.

— Eu conheço essa sorveteria desde os três anos de idade. – Começou a narrar, ignorando a dúvida no olhar espantado do Rogers. – Meus pais costumavam morar naquela casa do outro lado da rua. – Apontou para um sobrado simplório na outra calçada, bem em frente àquele lugar. – Eles costumavam me trazer aqui todos os domingos à tarde, era um ritual quase religioso para nós e os donos sempre gostaram muito da minha família e, consequentemente, de mim. A filha do casal tinha mais ou menos a minha idade e eles ficaram muito felizes quando nos tornamos amigas. Eu tinha uns cinco anos e ela uns sete na época. Melissa era seu nome.

Embora não estivesse compreendendo o motivo de toda aquela história, ele se calara e prestava atenção em cada palavra que a garota à sua frente dizia. Peggy olhou em sua direção por um breve momento e sorriu em agradecimento ao silêncio, então apontou para uma das paredes da sorveteria, onde a foto de uma garota negra sorridente e de cabelos cacheados estava estampada, depois ela voltou a falar.

— Nós crescemos juntas, éramos melhores amigas e dividíamos mais do que brinquedos e segredos infantis. – Ela sorriu cordialmente para o funcionário que lhes trouxera os sundaes e, depois de tomar um longo gole, continuou a falar. – Já contei a você que sou bissexual, Steve?

Ele arregalou os olhos novamente, mas negou com a cabeça. Peggy sorriu.

— Melissa foi a primeira a descobrir, também foi a primeira pessoa que beijei. – Riu soprado. – Nós não éramos namoradas, se é isso o que está pensando agora. Ela era somente a minha melhor amiga, a melhor de todas, porque ela preferiu que fosse com ela do que “com qualquer babaca que vai partir o seu coração na primeira oportunidade”. – Peggy entrara num momento nostálgico e parecia estar se divertindo com aquilo, Steve começou a admirá-la ainda mais por isso. – Melissa nunca se apaixonou por mim, e embora fosse algo que eu desejasse muito, não poderia obrigá-la. Ela era livre, certo? Deveria escolher quem desejasse para si. Eu a amava mais do que tudo e eu acho que foi isso que acabou complicando as coisas.

Ela soltou um riso diferente, um que Steve nunca vira nela, mas vira suficientemente em Bucky e aquilo o fez entrar em estado de alerta. Porém, ao contrário do amigo, Peggy se recuperou e sorriu polidamente novamente, tomando mais um gole de seu sundae.

— Nós nos afastamos logo que entrei no primeiro ano do colegial. Melissa começou a namorar um jogador de futebol babaca que realmente partiu o seu coração e eu comecei a sair com outras pessoas, numa tentativa meio desesperada de me apaixonar por qualquer outro alguém que não fosse a minha melhor amiga. Mas veja só que patético, não é mesmo? Se apaixonar pelo seu melhor amigo hétero não é exatamente a coisa mais inteligente a se fazer, mas buscar em outro alguém um amor que você só sente por uma pessoa é ainda mais estúpido e foi exatamente o que eu fiz.

Steve começou a se sentir mal com aquilo, mas não queria pedir para que ela parasse, Peggy parecia realmente desesperada para desabafar, ele deveria ouvir até o final antes de dizer alguma coisa. Steve tomou de seu sundae pela primeira vez desde que chegara, certificando-se de tomar um longo gole antes de continuar ouvindo. Peggy também aproveitou para tomar um grande gole do seu próprio.

— Era quase final do ano letivo quando a pior briga deles aconteceu. Aquele idiota ficou com ciúmes porque eu vinha aqui muito mais do que, supostamente, eu deveria e acabou descontando sua frustração toda em cima de Melissa. – Peggy suspirou, soltando um sorriso doído. – Sabe, ela foi adotada pelo casal que lhe apresentei agora há pouco, era a filha que eles jamais puderam ter e ninguém no mundo jamais seria capaz de amá-la como eles, eu sabia disso. Porém, com o passar dos anos, o senhor e senhora Heggins perceberam que eu também a amava como só eu poderia fazê-lo e meio que me incluíram nessa conta, coisa que aquele babaca nunca conseguiu, e isso o enfurecia ainda mais. E depois daquela noite em que ele simplesmente não suportou saber que eu estivera aqui pela quinta vez só porque estava preocupada com ela e acabou a espancando, Melissa não suportou mais e caminhou em meio àquela chuva insuportável até não poder mais ser vista e invadiu um prédio abandonado. Alguns vizinhos ouviram o baque e chamaram a polícia, Melissa foi encontrada sem vida uma hora após ter se jogado do prédio.

Os olhos de Steve assumiram proporções ainda maiores e agora ele tinha certeza de que não fazia ideia do que dizer para confortá-la. Peggy trazia algumas lágrimas nos cantos dos olhos, mas não se permitiu derramá-las. Limpou-as o mais rapidamente que pôde e voltou a narrar.

— Você não entendeu porque te contei esta história trágica, certo?

— Não. – Ele respondeu meio silenciosamente.

— Eu te contei isso, Steve, porque vejo muito da minha vida em vocês, e porque percebi algo que você ainda não percebeu. – Sorriu calorosamente. – Ou percebeu e se negou a assumir.

— E o que você viu, Peggy?

Ela sorriu calorosamente, ficando em silêncio por uns momentos, parecendo escolher as próximas palavras com cuidado.

— O seu amigo está apaixonado por você, Steve, e você não sabe o que fazer com essa realidade, por isso está tentando fingir que não sabe nada a respeito e eu resolvi te contar essa história para que não aconteça com você o mesmo que aconteceu comigo.

Steve arregalou os olhos novamente depois daquela sentença.


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Notas finais do capítulo

"Tia Lina, por que você fez isso com a Peggy? Por que magoar assim essa criatura matando desse jeito tão cruel a Melissa?"

Porque essa morte estava destinada ao Bucky e eu julguei que seria crueldade DEMAIS obrigá-los a passar por tudo o que tinha planejado para Steve e Bucky para depois fazer isso com o menino Barnes 3 Sim, eu tinha planejado matar Bucky da maneira mais cruel possível, e pior: Steve seria o primeiro a achar o corpo, a cena tava bem tensa, bem pesada e bem dolorosa, por isso acabei desistindo dela. Eu matei Melissa para poder continuar a história do jeito que eu queria, porque Steve precisava dessa noção de perda pra que eu chegue onde quero.

Enfim... Agora que contei tudo isso, só tenho a agradecer a presença de vocês mais uma vez ♥ Mesmo aqueles que me visitam e não me deixam um oi, não faz mal, vocês também são meus amores ♥ Essa história não teria continuado sem cada um de vocês ♥ Obrigada pela companhia e até breve ♥ XoXo ;*



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