Toská -Angústia escrita por Tia Lina


Capítulo 21
Eu nunca mais vou te deixar sozinho


Notas iniciais do capítulo

Adivinha quem já apresentou o TCC, já foi aprovada e vai entregar a versão final corrigida amanhã? FINALMENTE LIVRE! E pra comemorar, tem surpresa, fiquem atentos ;D Por enquanto,

BoA leitura ^^



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— Eu não vou te deixar sozinho.

Depois de muitos minutos em silêncio, dividindo o mesmo abraço, Steve finalmente encontrara a sua voz. Apertou ainda mais o amigo em seus braços, mesmo sabendo que não tinha assim tanta força e que não faria tanta diferença, mas Bucky se sentiu acolhido, finalmente. Ele não queria que aquele momento acabasse tão cedo.

— Eu nunca mais vou te deixar sozinho. – Sussurrou.

O moreno queria ser forte, queria responder àquilo, dizer que tudo voltaria a ficar bem pela manhã, mas a dor não parava de sufocá-lo e ele sabia que voltaria a chorar se tentasse dizer alguma coisa. Steve não precisava que ele dissesse nada, havia entendido a mensagem e, mesmo que não conseguisse mensurar o quanto doía no amigo, ele podia sentir naqueles instantes que passaram. A nuvem que cobria os olhos do Barnes era muito maior e mais densa do que imaginara, e agora ele tinha certeza de que não sabia como espantá-la, no entanto, descobrira onde é que começava e até onde ia. Depois de trazê-lo mais para perto, Steve finalmente aliviou o aperto, empurrando-o de leve, a fim de encará-lo. Bucky sentiu um vazio enorme quando o o calor do outro deixou de aquecer seu peito, mas encontrou algum alívio naquele sorriso ameno.

— Vamos, eu vou com você. – Ele se moveu na cama, se levantando com dificuldade.

— Você ainda está todo fodido e dolorido, Rogers, não seja tão idiota. – Bucky se levantou rapidamente, amparando-o.

— Eu não vou desmaiar, Buck. – Revirou os olhos. – E você poderia, por gentileza, me ajudar a chegar no quarto dos seus pais?

— Nem pensar! Você dorme aqui. – Ele tentou levá-lo de volta à cama, mas Steve o encarou seriamente.

— Eu não vou te deixar sozinho, Buck, eu já disse.

— Stevie, não seja tão ima...

— Eu vou dormir com você, Buck, e isso não está aberto para discussões. Eu disse que não te deixarei sozinho. Se você não me ajudar, eu vou com minha própria força de vontade.

— Ah, o que eu fiz para merecer isso? – Suspirou derrotado.

O Rogers riu soprado, mas no final, Bucky o ajudou a chegar até o quarto dos pais, onde a cama estava toda bagunçada devido à falta de sono do moreno. Ele o ajudou a chegar até a cabeceira e o colocou sentado ali. Steve se ajeitou sozinho no lugar onde antes dormia o pai do Barnes e depois sentiu um vento gelado chocar-se com a a pele exposta de seu peito, fazendo-o se lembrar que vestia somente a cueca que o amigo lhe cedera. Bucky percebeu o desconforto do Rogers e tirou a sua camisa, oferecendo-lhe.

— Vista, o quarto dos meus pais sempre foi mais arejado que o meu e você tem essa péssima mania de ser friorento. – Ele revirou os olhos.

Steve aceitou de bom grado, vestindo rapidamente a camiseta cinza que lhe era oferecida. Não deixou de notar algumas cicatrizes no tronco do amigo, assim como o braço de metal que começava em seu ombro esquerdo. Bucky, sem dar atenção a nada disso, deu a volta na cama e se deitou ao lado do amigo, que ainda estava sentado, observando as pequenas veias próximas ao início de sua prótese. Pareciam uma pintura em alto relevo que alguém colocou ali por diversão, a vontade de tocar o assolou de repente, como nunca antes. O moreno percebeu que o loiro sequer se mexeu, então dedicou sua atenção a ele, notando qual era o foco de sua atenção e suspirando.

— Eu disse a você que não dói, não precisa ficar tão assustado.

— Não estou assustado, estou curioso sobre isso. – Ele assumiu num suspiro.

— Curioso com o quê? – Ele ficou intrigado.

— Como isso funciona?

— Tecnologia esquisita vinda diretamente da Rússia. – Bucky ergueu o braço, analisando-o para um breve momento. – Existe uma parte computadorizada por dentro, cheia de fios e ligamentos estranhos. De alguma forma, está tudo conectado aos meus ligamentos e tendões. Eu te disse, eu não sei como funciona, só sei que funciona.

— E suas veias, – Steve apontou, chegando próximo da pele, quase tocando – elas parecem ter sido desenhadas por alguém.

— Esquisito, certo? – Riu soprado.

— Eu diria diferente... de um jeito fascinante.

— “Diferente de um jeito fascinante”. – Bucky ponderou sobre aquilo, rindo soprado em seguida. – Essa é a primeira vez que ouço isso, acho que eu prefiro a sua versão da minha anormalidade.

— Eu posso? – Fez menção de aproximar a mão.

Bucky não tinha assim tanta certeza se era uma boa ideia ser tocado por ele, mas acabou permitindo. Steve depositou os dígitos delicadamente em cima dos pequenos caminhos arroxeados envolta do metal e o Barnes precisou fazer um esforço herculano para não fechar os olhos em deleite. O loiro se enganara, as veias não eram em alto relevo, mas ele percebeu que aquela parte do corpo do amigo era mais quente que o resto e, talvez, isso explicasse porque preferia dormir no quarto de seus pais. Alisou a pele toda, procurando alguma veia saltada, mas ele era quase tão lisa quanto a sua. Em seguida, ele alisou o começo da prótese, tocando o metal gelado que rapidamente se esquentara com o calor que ele mesmo emanava. Encarou o moreno enquanto ainda alisava o braço mecânico.

— Você pode sentir isso? – Sussurrou curioso.

— Eu sinto que tem algo sobre ele, porque posso sentir a pressão mínima que exerce, mas eu não sinto nada. – Bucky deixou um suspiro surpreso escapar quando Steve voltou a acariciar as pequenas veias ao redor do seu braço. – Stevie, podemos, por favor, dormir agora? - Sussurrou, encarando a imensidão azul dos olhos do outro como se fosse corriqueiro se afogar ali.

— Você deve estar cansado, certo? – Ele recolheu sua mão.

— Não é isso... – Bucky fez uma careta, coçando os cabelos nervosamente com a destra, sem saber exatamente o que e como dizer. – É só que... Por acaso você se esqueceu do que te disse hoje?

Steve lutara para não pensar sobre aquilo, mas foi inevitável não trazer a lembrança à tona com a menção. Estúpido! Era óbvio que aquilo era difícil para o Barnes! Burro, Burro, Burro! Steve sorriu meio sem graça, ajeitando-se na cama até se deitar. Bucky percebeu o silêncio e fechou os olhos por um instante, tomando fôlego, porque ele percebeu que todo aquele silêncio lhe doía muito mais, era como se ele estivesse ignorando os seus sentimentos. No fundo, o Barnes sabia que não tinha direito nenhum de exigir uma resposta ou esperar que fosse recíproco, no final, ele sabia que nem sempre tomava as melhores decisões.

— Vamos dormir, Stevie, não fique pensando em coisas desnecessárias, ok? – Ele se virou na cama, ficando de costas para o loiro.

Steve queria dizer alguma coisa, qualquer coisa que servisse como incentivo ou mesmo consolo, mas concordou com o moreno e se ajeitou na cama, adormecendo tão rapidamente que se surpreenderia se tivesse tido tempo de fazê-lo. Era uma noite sem sonhos, mas estava tão quentinho e confortável que Steve se esparramou pela cama toda, sentindo-a vazia enquanto o cérebro recobrava a consciência lentamente. Abriu os olhos aos poucos e percebeu que o sol surgia tímido entre as frestas da persiana, notando também que Bucky não estava mais na cama e sim sentado no peitoril da janela, conversando baixinho ao telefone. Steve não entendia o que ele estava dizendo, mas compreendeu muito bem a última parte.

— Você deveria vir até aqui para vê-lo, agora você é a pessoa mais indicada no momento. – Soltou um longo e cansado suspiro. – Não posso enviá-lo para casa nessa situação, os pais dele ficariam malucos, Romanoff, é melhor você vir até aqui e conversar com esse delinquente idiota, eu não estou em condições. – Suspirou novamente. – Não estou te ligando porque você é a minha melhor amiga, estou te ligando porque você é importante para ele e, aparentemente, a melhor opção para Steve nesse momento. Independentemente do que decidir, a minha porta estará aberta para vir até aqui trocar meia dúzia de palavras com esse cabeça de vento. Eu preciso desligar antes que ele acorde.

Steve ainda não conseguia processar o que tudo aquilo significava, mas sentia que o amigo estava com uma ferida maior do que aparentava.


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Notas finais do capítulo

Fui cruel? Tá, um pouco, mas foi fofinho também, né? ~fala que sim ;-;

Bom, a surpresa é que haverá mais uma atualização no dia de hoje, eu só não sei em que horário, portanto, fiquem espertos ;D

No mais, eu só gostaria de agradecer a companhia e fofura de vocês ♥ Nada disso seria possível se vocês não fossem tão incríveis e maravilhosos ♥ Até muito breve e XoXo ;*



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