Hey! I love you... escrita por Lilissantana1


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Esse relacionamento de Lizzie e Fred está fadado ao fracasso?
Nada que comece mal tem um bom final?
Vamos testar a teoria.



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O natal se aproximava, um feriado frio e longo contando com o ano novo. Fred, Richard e eu não nos vimos ou nos falamos por vários dias. Isso foi bom e foi ruim. Me senti mais sozinha que de costume, mas tive a oportunidade de pensar melhor nas decisões que ando tomando.

A história com Fred estava confusa desde o dia do jogo. Ele parecia estranho comigo. Seu modo de agir não era natural como no começo. Provavelmente aquele comportamento fazia parte do que Jéssica colocou como uma as dificuldades de conviver com Frederic. Se fosse, minha amiga estava certa. Sendo sincera comigo mesma, não sabia se aguentaria muito daquilo. Especialmente porque nosso “relacionamento” não passava de um embuste.

Mas, dentro da minha casa havia algo mais importante em que pensar. A presença de alguém me manteve no meu quarto a maior parte do tempo. O namorado de mamãe veio para nossa casa. Foi quase como uma invasão. Ele sabe que não gosto dele. Mesmo assim fica com aquela coisa de trazer presentes. De puxar nosso saco. De puxar conversa. De tentar ocupar o espaço de papai. Só que não vejo jeito de nossa relação mudar. Porém, percebo que mamãe ainda crê que o aceitaremos.

Então. Resumindo. Foram péssimos dias. Solitária, sem Richard, preocupada que Fred colocasse meus planos a perder, e com a presença daquele cara na nossa casa.

No último dia do feriado estava sozinha no meu quarto quando mamãe bateu perguntando se poderia entrar. Aceitei fechando o computador onde bisbilhotava as novas atualizações de Rich nas redes sociais.

— Está ocupada? - ela perguntou com as mãos postas diante do corpo - Podemos conversar?

Ih! o que foi que eu fiz? Ou deixei de fazer? Me perguntei e pensei rápido. Não larguei minhas obrigações com a casa. Fui educada e gentil com o namorado dela que se chama Charles. Um viúvo como mamãe, só que bem mais velho. Não provoquei Héric ou o perturbei enquanto jogava game com os amigos. Não saí de casa. Mal conversei com minhas amigas pelo telefone pois quem não viajou estava ocupada com a própria família.

— Claro! - confirmei sentando em cima dos pés a espera do que viria.

Ela olhou o chão, deu um passo em direção a cama e com certa timidez se sentou. Não me olhava nos olhos. Parecia não saber como começar.

— Liz... você está ficando adulta. - ih! duplo, ela continuou: – Logo estará indo para a universidade, sei que passará a tomar as decisões por si mesma e...

— Eu já faço isso. - anunciei rezando para que meu tom não parecesse presunçoso.

Ela deslizou os olhos pelo meu rosto.

— E agradeço por toda a ajuda que me dá ao ser essa garota maravilhosa.

Ih! triplo! Elogiando muito!

— Mamãe... - comecei, ia pedir que ela fosse direto ao assunto, aquele rodeio todo estava me dando nos nervos. Mas não foi preciso.

— Soube que você e Rich terminaram.

Ahhhhhhhh lá estava o assunto que a trouxe ao meu quarto. Mas esse era só o começo. Sabia bem. Afinal, a conheço há dezessete anos.

— Na verdade ele terminou comigo e já está ficando com outra. - fui bem clara.

Mamãe me analisou por alguns segundos.

— E você com outro...

O verdadeiro alvo do assunto. Fred. Eu já sabia que uma hora ou outra isso aconteceria. Não havia como escapar, especialmente porque nossas ficadas se prolongaram por mais do que o esperado.

— Fred é um garoto legal. - anunciei. Por mais difícil que fosse acreditar, eu já pensava isso.

Ela tinha argumentos para combater minha ultima frase.

— Mas, o orientador da escola me ligou para contar sobre esse namoro... fiquei imaginando porque.

— Porque são idiotas. - falei já duvidando que fosse o orientador da escola. Não demos motivo para isso. Tava com cara de ter sido a Jéssica. - Fred tem sido um ótimo ficante. Nem namorado ele é. - falei a verdade.

Ela foi mais fundo, parecia não ter ouvido que ele não era meu namorado:

— Vocês já transaram?

— Não. - era fácil falar abertamente, era a verdade- Como falei, estamos apenas ficando, nos conhecendo.

Ela apertou os lábios como se não acreditasse.

— Liz... bad boys não dão bons namorados.

— Ele não é um bad boy. - defendi com mais ímpeto, me sentindo mal por Fred.

— Esse garoto... Fred. Por acaso não é o Frederic William Price lll? Aquele do qual tenho ouvido falar há anos? - sim, eu sempre me referia a ele como Frederic William Price lll, porque era a maneira de demonstrar o quanto ele me irritava. O quanto eu odiava.

Senti um bolo travar na garganta.

— É... - suspirei.

— Então? Ele agora virou outra pessoa? Ou você mentia para mim por todos esses anos?

Suspirei profundamente.

— Mãe, não estou apaixonada por ele. Ele também não está apaixonado por mim... até duvido que Fred um dia venha a gostar de alguém. Gosta demais dele mesmo para isso. Mas... ele está me ajudando...

Ela moveu o rosto como se estivesse confusa.

— Ajudando como?

— A fazer ciúmes para o Rich.

Estranhamente mamãe me olhou séria por alguns segundos e depois riu, riu alto. Achei que não acreditara em mim.

— É verdade! - anunciei ficando sobre os joelhos, me aproximando dela – Ele é um cara legal. Só descobri isso agora, e ele está me ajudando... sei que o Rich logo vai perceber que fez besteira e vai voltar para mim. E Fred e eu poderemos voltar a nossa vida normal. - só esperava que ela acreditasse. Pois era o que aconteceria em poucos dias.

— Você é tão inocente Liz...! - acariciou o meu rosto com delicadeza - Está brincando com coisas que não se brinca...

— Com o que? - perguntei agitada.

— Com sentimentos. Não há como prever o que acontecerá enquanto vocês estiverem juntos nessa brincadeira.

— Mãe! - falei me jogando sobre as almofadas.

— É melhor você terminar logo com isso. Se Rich tiver de voltar com você que seja porque quer, não porque você está provocando ciumes.

— Mãe...

— Você sente algo por esse Fred?

Achei que ela só aceitaria se eu dissesse que sim, que sentia.

— Estou começando a sentir algo por ele. - menti. Bem não era totalmente mentira, amizade. Amizade eu já sentia por ele.

— E você não disse que ele nunca vai gostar de ninguém? Aí está um problema. Vai acabar sofrendo.

— Se eu perceber que não vai dar certo, pulo fora. - estava repetindo muito aquela frase.

Ela suspirou passando as mãos pelas coxas.

— E Rich?

— Ele tem uma ficante. Eu já te falei isso.

Outro suspiro.

— E quando ele decidir voltar com você?

— Fred e eu terminamos.

— Você não vai parar com essa história não é?

— Vou até o fim com ela. Seja for qual for o resultado final.

Rebeca silenciou. Parecia perdida, longe do meu quarto.

— Só não quero ver minha filha sofrer. - ela me olhou carinhosamente e estendeu a mão para me acariciar novamente.

— Não vou sofrer. Não mais do que Rich me fez sofrer quando terminou comigo.

Estava falando mal do Rich para a mamãe? Droga! Ela ficaria com um pé atrás quando voltássemos. Mas... pensei, Rich sempre foi o queridinho dela. Acho que não será um problema tão grande assim.

O assunto se encerrou. Falamos ainda sobre algumas amenidades, sobre as programações da semana. Depois, ela saiu do quarto me deixando com a cabeça cheia de caraminholas. Puxei o ar com força e senti meu telefone vibrar. Olhei a tela desinteressada, para imediatamente saltar na cama ao ver de quem era a ligação.

— Alô! - falei agitada, há dias não ouvia a voz dele. Na verdade não havia motivos para que ligasse antes. Não marcamos nada. Não somos namorados... ele não tem responsabilidades comigo. Nenhuma responsabilidade.

— Oi Beth... - a voz ainda parecia distante, estranhamente distante. A conhecida sirene bipou dentro de mim.

— Oi Fred... - tentei usar de um tom ameno.

Ele demorou um pouco a falar.

— Como foi seu feriado?

— Bom e o seu?

— Tudo normal... - fez silêncio por alguns segundos – Pego você amanhã?- Perguntou de repente como se não soubesse o que deveria dizer.

— Se você quiser. - respondi.

O que era aquela nossa conversa? Estava pior do que eu imaginava! Desde quando nos falávamos daquele jeito? Sempre havia muita retórica, provocação, brincadeiras entre mim e Fred.

— Passo aí no mesmo horário. Você me espera na frente?

— Espero você na frente como das outras vezes sim. - confirmei remexendo na ponta da almofada, com medo de perguntar se havia algo errado.

— Ok... - silêncio – Até amanhã. Boa noite.

— Boa noite.

O telefone ficou mudo. Soltei o ar lentamente enquanto me ajustava nas almofadas. Quase um mês. Era isso. Quase um mês juntos. O que queria dizer que Rich também estava com Bianca pelo mesmo período.

Deslizei pela colcha e tomei a direção do banheiro. Um banho morno talvez me ajudasse a limpar a mente da conversa com mamãe e com a não conversa com Fred.

***************

A manhã fria chegou. Me agasalhei como pude e desci para encontrar o carro de Fred estacionado diante de casa. Minha mãe já tinha saído. Meu irmão iria com algum amigo. Frederic estava acomodado no banco do motorista e me olhava. Não havia óculos de sol. Não havia manta no pescoço. Mas o boné estava lá. Cobrindo os cabelos de fios finos e perfumados.

— Oi Frederic. - falei sentando ao lado do dele. Sem beijos.

— Oi Beth.– ele respondeu e deu a partida no carro.

Fizemos o trajeto até a escola em silêncio. Quando descemos Fred passou a agir de forma menos indiferente. Me ofereceu a mão para caminharmos lado a lado até o prédio. Como sempre, sob os olhares de todos. Só que não estava como sempre. Confirmei isso quando entrei no carro dele.

Ajustei meus dedos entre os de Fred, sentindo que algo estava muito errado.

— O que aconteceu?

Perguntei sem conseguir me controlar. Ele me olhou apertando aqueles olhos estreitos como se não tivesse entendido.

— Há dias você está diferente. - fui sincera - Também quer um tempo? - brinquei movendo os ombros, mostrando um sorriso amarelo, tentando aliviar a tensão que se instalara dentro de mim.

Ele sorriu de lado desviando o olhar.

— Foi isso o que ele falou? - era provocação. Eu conhecia o Fred pouco, mas sabia quando ele queria me atingir.

— Você sabe que foi.– rebati.

— Não sei de nada Beth. - ele ia começar a mentir? Perguntei para mim mesma.

— Você sabia que ele e ela estavam ficando. - insisti.

— Suspeitava. Mas não tinha certeza. - falou sincero me olhando firme, Fred encarava e falava, se ele tivesse algo a lhe dizer, ele simplesmente dizia. Não sei porque ainda duvido que será diferente.

— Ela não era sua amiga?– perguntei aproveitando que ele ainda me olhava, queria ver a reação.

— Ela é uma conhecida como muitos outros. É totalmente diferente.

— Você está sempre junto dessas garotas peitudas, loiras, altas. Conversando rindo, como assim não sabia? Duvido que suas amiguinhas não tivessem contado.

Vi a boca de dele se ajustar, a veia no pescoço de repente salientar. Por que ele estava zangado?

— Além de esnobe você é burra Beth? Sempre pensei que fosse inteligente. - ele parecia realmente irritado – Elas, essas que você fala, algumas, a maioria delas realmente não tem nada na cabeça. Fofocam umas sobre as outras. Na frente são amigas, pelas costas alfinetam como podem. Mas não dou ouvidos e tampouco me importo com o que ouço por aí.

— Mas você sabia como Rich e Brenda começaram a ficar.

Ele revirou os olhos como se estivesse sem paciência.

— Eu os vi juntos algumas vezes na biblioteca, no refeitório, fora do horário de aula. Eles estavam com o livro de matemática. Percebi logo o que estava acontecendo. Aulas. Ninguém me falou. Depois, Doug confirmou durante uma conversa. Disse que Brenda estava caidinha por um nerd. Mas foi exatamente na época em que você começou a me agarrar... e sobre como seu namorado terminou com você, não sabia mesmo. Agora se ele veio com esse papo de tempo, é porque Richard é mais estúpido e covarde do que pensei. Nessas horas a sinceridade é o caminho correto a seguir.

Como ele se atrevia a falar de Richard dessa forma?

— Me diga. Foi baseado em sua grande experiência no que se refere a namoros sérios que formulou essa teoria?

Ele não respondeu.

— Deve ter rompido muitas vezes não é?

— Não! - ele se moveu mudando o pé de apoio sem liberar minha mão - Na verdade nenhuma vez. Todos os relacionamentos que tive foram baseados em sinceridade. Eram ficadas sem importância. Elas sabiam, eu sabia. Como lhe falei outro dia, tudo fica mais fácil.

— Bela teoria. - critiquei.

— Melhor que a do seu namorado. - ele rebateu.

— Deixe Rich fora disso. - aquela discussão estava saindo do controle - Ele não é como você!

— Claro que não! Ele e eu somos muito diferentes. Mesmo assim, não muda o fato que de repente seu ex pode ter visto em Brenda algo que você não tem... e decidiu conhecê-la melhor. E para isso pediu um tempo para você em lugar de terminar contando a verdade.

— O que você quer dizer com algo que eu não tenho?

De que ele estava falando? Como assim algo que eu não tenho? Estava pronta a retrucar quando ele seguiu falando:

— Você se acha melhor do que os outros. Você se considera a inteligente. Você se considera a correta... você é chata! Você só é generosa com pessoas que podem retribuir sua generosidade.

Abri a boca para falar, mas ele continuou:

— Você e aquela sua amiga, a Jéssica. Eu vejo como ela me olha. Ela me detesta mesmo sabendo que estou fazendo um favor pra você.

Respirei fundo. Ficamos nos olhando firme. Aquele seria o ponto final da nossa ficada? Depois que eu enfrentei Jéssica, minha mãe e todos que me olharam atravessado porque estava com ele?


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Notas finais do capítulo

E? O que acontecerá?

Se conseguir adiantar os capítulos, posto amanhã, senão, só domingo.

BJOO e obrigada a todas q estão comentando, a opinião de vcs é muito importante, é motivação para continuar, é ajuda. OBRIGADA!!!!