Hey! I love you... escrita por Lilissantana1


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

A briga. A primeira briga. Essa discussão pode separa-los de vez ou aproximá-los. O que vcs acham?



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Estávamos parados no meio do trajeto que conduzia à entrada principal. Nos olhando firmemente. Muitas pessoas passando por nós. Todos presenciando nossa “briga”. Rich saberia disso. O que pensaria? Será que acreditaria que estávamos discutindo por causa dele?

Não!

Estávamos discutindo besteiras porque o temperamento azedo de Fred resolveu dar as caras justo agora. Definitivamente ele merecia ouvir algumas verdades.

— E você se considera o dono da verdade. É presunçoso, arrogante, autoritário. Usa as pessoas como quer e ainda acha que tem o direito de me criticar. - retruquei rebatendo seus insultos.

Fred não rebateu. E eu me dei conta de que por mais improvável que pudesse parecer ainda estávamos de mãos dadas. Ele estava parado bem perto, e para olhar no rosto dele precisava erguer o meu. O que facilitava empinar o nariz em desafio.

Aquela era nossa primeira discussão desde que começamos a fingir que estávamos ficando.

— Ninguém pode se vangloriar de que foi usado por mim. Nem mesmo você... - uma realidade que seria melhor não contestar, mas...

— Está afirmando que não estou sendo usada? - perguntei sem desviar os olhos dos dele. Por que estava reclamando? Droga!

Ele balançou a mão enluvada entre nós.

— Aqui, entre nós Beth, é apenas troca de favores. Isso é muito diferente.

Desejei puxar a mão que ele segurava, mas apenas consegui segurar ainda mais aqueles dedos entre os meus antes de falar algo totalmente inesperado:

— Isso quer dizer que nem amigos poderemos ser um dia Fred? - pela primeira vez na minha vida usei o apelido dele direcionado a ele. Cara a cara.

Frederic pareceu surpreso. Ficou em silêncio por vários segundos, me olhando firme. Depois deu um passo para mais perto de mim, meu estômago desapareceu. E meus olhos se ergueram um pouco mais.

— Você realmente quer ser minha amiga Beth? - o tom era de descrença. - Não me considero o dono da verdade? Não sou arrogante? Autoritário? Ou seja lá qual outro adjetivo você queira me conceder?

— Você é. - confirmei. - Mas...

— Mas o que Beth?

Ele não acreditava em mim. Mas para mim era verdade. Uma surreal e impressionante verdade.

— Achei que algo de bom poderia sair desta nossa “troca de favores”. Como você diz.

Queria muito colocar um ponto final naquela discussão besta. Mas ele ainda estava insatisfeito:

— E a sua amiguinha Jéssica? O que ela pensa desse seu súbito interesse em ser minha amiga?

Dei de ombros.

— Ela não sabe. Nem tudo na minha vida é regido pela Jess.

— E o que te motivou a isso?

Ele estava muito curioso. E já não parecia tão irritado.

— Nós temos nos dado bem. Nos divertido. Por que não manter a amizade depois que essa história se resolver? - não queria, nem esperava que nossa relação voltasse ao ponto anterior. Com encontros repletos de provocações, alfinetadas e deboches de ambos os lados.

Fred encarou o chão, o boné escondendo parte do seu rosto. Segundos depois ergueu os olhos para mim.

— Mesmo com todos os meu defeitos?

— É, mesmo com todos os seus e o os meus defeitos. Afinal, eu sou chata, esnobe, e sei lá mais o que.

Mais silêncio. Os olhos cor de mel me examinavam metodicamente. Então ele falou:

— Vou pensar no caso. - o tom mudara. Estava mais ameno. Fred era um menino mimado. Pensei observando a barba que já não era tão rala. Ele até ficava bonito come ela. Combinava com o estilo diferente dele.

— Pensar no caso... - falei com vontade de rir. Não da frase, mas do modo como foi dita.

Lá estava o Fred que sempre tinha a última palavra nas nossas provocações, olho no olho me encarando. Tomei coragem e falei:

— Já que você é adepto da verdade, da sinceridade... - um breve movimento dele poderia querer dizer que a resposta não viria, mesmo assim fui adiante: - Algo está acontecendo não é? - ele abriu a boca como se fosse responder. O interrompi. - Não precisa me dizer o que é, apenas preciso saber se é algo sobre nós.

A mão dele se acomodou na minha cintura. Ele foi firme e muito seguro.

— Não... não é nada sobre nós.

Era tudo o que eu precisava saber.

— Quer falar no assunto? - amigas ou namoradas sempre ajudam. Justifiquei o interesse para mim mesma.

Frederic pareceu meditar no assunto antes de responder:

— Se você não se incomodar, prefiro não falar... está ok pra você?

— Sim... está. - tudo o que eu sabia sobre Fred era o que todos sabiam, que ele era rico, que era brincalhão e provocador, que tinha boas notas, que era um bom jogador esquentadinho, e só. Ele mantinha a vida particular dele muito bem reservada.

Ficamos em silêncio por mais alguns segundos. Ele não disse mais nada. Voltamos a caminhar, agora mais próximos do que antes. Ele suspirou ou bufou, sei lá. E aquilo me pareceu outro sinal de que algo estava errado. Nossa conversa não resolvera o que quer que o estivesse perturbando. Então ele me surpreendeu:

— Quer ir ao meu apartamento hoje?

Travei sentindo o coração bater na garganta.

— Que horas? - consegui perguntar sem olhar para ele. Se olhasse não perguntaria.

— Depois das aulas... - será que estava imaginado coisas ou Fred estava mesmo encabulado?

Isso queria dizer que ele levou a sério essa história de amigos? Ou será que pretendia transar comigo? Provavelmente a última opção. Uma hora seria cobrada. E a hora parecia ter chegado.

— Está bem. - respondi com um calafrio a descer pelo peito.

O observei com o canto do olho, Fred ajustou o boné sobre os cabelos lisos sem me olhar ou mostrar qualquer emoção. Entramos na escola, o corredor como sempre tinha muito movimento. O sinal soou pouco depois que pegamos nossos materiais. Ele se aproximou, me olhou firme e me beijou. Meu coração acelerou levemente. Nos afastamos.

— Até mais tarde Lizzie...

Se antes meu coração acelerou levemente, naquele momento deu um salto. Era a primeira vez na vida que ele usava meu apelido. Aquele definitivamente foi um dia único. Sem precedentes. Ímpar na minha, não, na nossa vida.

— Até mais tarde Fred. - concordei e ele se foi, com um sorriso debochado, na direção oposta a minha.

****************

Estava caminhando lentamente, distraidamente, aleatoriamente pelo corredor depois daquela conversa discussão maluca. Como se não fosse a lugar algum quando senti uma mão no meu braço. Logo depois um beijo estalou na minha bochecha.

— Oi Liz... - era Savana

— Oi Savana. - falei distraída.

— E o feriado? Não enlouqueceu com seu “padrasto” em casa?

Ela não sabia o que era não ter pai, e ver um qualquer tentar ocupar o espaço que um dia já esteve ocupado por alguém que você amava.

— Desde que eles começaram a namorar ele nunca passou tanto tempo lá em casa. Mamãe não falou nada, mas suspeito que estejam pensando em morar juntos.

— Mas ele é legal com vocês não é? - Savana geralmente tentava me motivar a aceitar a presença de Charles em nossa vida.

— Ele tenta. - falei apertando os cadernos nos braços quando vi Rich e Brenda no corredor.

— Dá uma chance para ele. Certo que sua mãe precisa de alguém para dividir as responsabilidades. E também outras coisas... - concluiu com olhar maroto. Savana não tomava jeito. Pensei.

Não respondi a insinuação dela, apenas fingi um sorriso. Minha cabeça estava em outras duas pessoas. Não conseguia pensar nas supostas “necessidades” de Rebeca naquele momento. Ela era minha mãe porra! Nunca se pensa desta forma sobre a nossa mãe. Isso é um fato consumado.

Em lugar disso observei o relógio no punho, falando:

— Bem, me deixe correr. Estou atrasada para a aula. Capaz da senhorita Clark nem permitir minha entrada.

Nos despedimos rapidamente. Mas escapar de Savana não significava escapar de alguma saia justa. Na porta da minha sala encontrei Jéssica. Ela segurava os cadernos em frente ao peito e me olhava como se me examinasse.

Definitivamente aquele dia começara mal.

— Oi... - falou sem muito entusiasmo.

— Oi. - retribui percebendo que a professora ainda não chegara e aproveitei para fazer perguntas, evitar outros assuntos, mais especificamente Fred: - Como foi a viagem? - a família dela passou o feriado em visitas a lugares menos frios.

A resposta fui sucinta.

— Com muito agito e calor.

Não me dei por vencida. Pretendia levar aquele papo ameno até que a professora chegasse. Acontecimento que eu esperava que se desse a qualquer momento. Que droga que eles não cumprem o horário quando devem. Pensei olhando o corredor quase em desespero. Emendei:

— Então estava boa. Por aqui a coisa ficou bem parada e fria... - espiei a sala – você sabe como é.

— Sim, eu sei.

Fiquei em silêncio por alguns segundos pensando num assunto para emendar. Era certo que Jéssica queria dizer alguma coisa, ou esperava que eu dissesse. Me fiz de boba, da minha boca ela nada saberia.

— E Fred?

Ah! Que merda!

— Está bem... foi para a sala de economia... - expliquei sem demonstrar qualquer intenção de oferecer maiores informações.

— Vi vocês perto dos armários.

Será que ela viu ou ouviu nossa discussão também?

— Ele foi me buscar em casa.

— Pensei que essa história estava com os dias contados quando você me disse que ele não passaria o natal com vocês.

Vi a professora virar a esquina naquele ritmo lento como se contasse as lajotas do chão enquanto caminha, e que só acontece quando eu necessito que ela seja rápida, e expliquei voltando a encarar os olhos decepcionados de Jéssica.

— Não havia motivos para levá-lo até minha casa. Nós, ele e eu temos um acordo que só vai acabar quando Rich mandar aquela loira peituda para o inferno. E isso ainda não aconteceu Jess.

— Você vai mesmo terminar com Fred quando isso acontecer?

— Por que a dúvida? - eu tinha certeza de que faria isso quando a hora chegasse

— Pelo jeito que você o trata.

Revirei os olhos.

— Como eu trato o Fred Jéssica?

Ela desviou o olhar e se remexeu como se estivesse incomodada com a pergunta. No fim acabou não respondendo.

— Só quero seu bem... - disse se aproximando, segurando minha mão como sempre faz quando os problemas me afligem. - Você é como minha irmã. Eu te amo. E assim como o Rich estou preocupada. Você pode acabar apaixonada por ele.

Tentei alterar a compreensão dela daquela história.

— E se fosse outro garoto Jess? Outro, parecido com o Rich? Será que não haveria mais chances de acabar apaixonada? Afinal, você mais do que ninguém sabe do que gosto. E Fred não tem nenhuma das características que me atraem.

— Você olha para ele com carinho. - ela resolveu dizer.

Ah! carinho... nunca pensei que alguém diria algo assim. Que eu olhava com carinho para o Frederic.

— Nós ficamos amigos. - confessei.

— Viu...

— Amigos Jess... amigos. Nada mais do que isso, amigos.

— Você não está se enganando?

A pergunta ficou sem resposta. A professora parou ao nosso lado, ajustou os óculos de grau. E pediu que entrássemos. Ela era solteira. Solteirona. Será que algum dia teve um amor na vida? Talvez tivesse perdido. Talvez ele a abandonou e ela nunca mais se recuperou. Talvez tivesse morrido.

Vários pensamentos estúpidos como esses povoaram minha mente durante aquelas primeiras aulas. Depois, mais aulas, almoço. Fred surgiu mais tarde, com o boné nos cabelos, com aquela jaqueta preta sobre a camisa azul. A pele dele é muito clara, macia e perfumada, num tom leitoso que contrasta com o cabelo escuro. Ele tem alguns sinais nas costas e no pescoço. Tive a oportunidade de vê-los naquela noite, depois do jogo.

Senti um cutucão no meu braço.

— Ele é muito bonito não é?

Era Savana. Quem mais poderia ser?

— Depois que você se resolver com o Rich e o Fred sobrar será que ele me aceitaria como sua substituta?

Não soube o que dizer, primeiro porque Jéssica me olhava a espera de uma resposta coerente com meus planos e segundo porque Fred não se incomodaria em ficar com Savana. Ele não tinha escrúpulos quanto a esse tipo de coisa... só que precisava avisar minha amiga. Fred não está em busca de namorada. Tudo com ele é passageiro.

— Olá garotas. - ele disse largando a bandeja e sentando ao meu lado, passando o braço sobre o meu ombro. Senti o cheiro do perfume dele bem perto do meu rosto e logo depois os lábios de Fred recostaram nos meus levemente. Quase como uma carícia.

Jess não sumiu da mesa como sempre fazia. Ficou ali a nos examinar. Morgana, Savana, Gabriel e até o Fred falaram bastante, ele riu, falou bobagens como sempre fazia. Provocou o Gabriel. Savana que se derretia abertamente para ele, sem se importar que ele estivesse bancando o “meu” namorado.

Tudo parecia normal.

Quando o horário de lanche terminou caminhamos juntos até os armários. As garotas iam a frente, milagrosamente, mesmo contrariada, Jess se manteve longe.

— Ela realmente não gosta de mim. - ele repetiu, brincando com a ponta do meu cabelo.

— Ela não entende porque estou com você.

— Sua amiga não sabe o motivo verdadeiro disto aqui? - ajustou o braço no meu ombro me colando ainda mais nele.

— Ela sabe, só que ela preferia que eu tivesse escolhido outra pessoa.

Senti os olhos dele sobre mim e me voltei para o rosto de Fred, uns vinte centímetros acima do meu. Outra vez a surpresa estampada nas íris cor de mel.

— Você me escolheu?

— Na verdade aconteceu... - não queria que ele pensasse que fora uma escolha premeditada. - Quando beijei você aquela noite, foi por raiva...

— Foi a primeira vez que alguém me beijou porque estava com raiva. - comentou sorrindo o absolutamente maroto sorriso torto.

— Me poupe! - falei apertando a cintura dele com minha mão – E como estava dizendo aquele primeiro beijo levou Rich até mim. Ele queria saber por que nos beijamos.

— E você Beth? O que falou?

Fiquei surpresa que ele tivesse voltado a usar o Beth mas nada comentei.

— Dei a entender que nós estávamos ficando a sério, que você estava me esperando e te beijei novamente.

Ele balançou a cabeça para cima e para baixo como se finalmente compreendesse.

— E aqui estamos nós. - completou descendo a mão pelo meu braço, parando na minha cintura.

— E aqui estamos nós.

Repeti satisfeita pelo clima parecer ameno novamente. Por Fred sorrir como antes. Por não estar suspirando. Nem de mau humor. Por me olhar daquele jeito provocante de sempre. Tudo igual. Era bom. Mas ainda teríamos a tarde no apartamento dele. O que me esperava? sexo com prévio aviso? Mas assim não era gostoso. Falei para mim mesma. Não era gostoso, e ele não estava tentando me conquistar. Fora isso o que ele dissera. Deveria ter dito isso a Jéssica, ela se sentiria mais tranquila.

 


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Notas finais do capítulo

E então?
Qual o resultado final da discussão?
O q vcs leram nas entrelinhas?
Não esqueçam de me dar a impressão de vcs. ADORO!

Próximo capítulo só segunda. Um grande beijos às garotas que estão deixando sua opinião, elas me ajudam a ir adiante . E obrigada a todas q estão acompanhando. BJOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO