Hey! I love you... escrita por Lilissantana1


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Obrigada às meninas que estão comentando. Obrigada. O apoio de vcs é dez!

Convivência... o começo dela.



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Na escola, depois que Fred e eu nos separamos, encontrei com as garotas. Savana já me ligara por diversas vezes querendo saber o que estava acontecendo. Estava literalmente sendo consumida pela curiosidade. E isso também queria dizer que Morgana deu com a língua nos dentes.

— Lizzie... Lizzie... me conte tudo, não me esconda nada. Vou querer saber todos os detalhes. Dos mais bobos aos mais sórdidos. - Savana cochichou passando o braço pelo meu.

— Não há detalhes sórdidos Savana. - expliquei rindo e vi Rich parado na frente da sala de aula, ele me olhou, eu tentei sorrir normalmente. Ele correspondeu ao sorriso, de seu jeito carinhoso que faz meu coração amolecer.

Ah! Ele ainda me olhava do mesmo jeito. Podia sentir isso. E lá estava a esperança novamente marcando presença. Um momento quase idílico. Totalmente atrapalhado por Savana.

— Mas você deixou os nerds de lado e decidiu pelo Fred. O que aconteceu? - ela perguntou quando estivemos longe o suficiente para que Rich não ouvisse.

Ah! Eu a amava! Savana era única. Por isso expliquei com toda a paciência do mundo:

— Simples. Richard estava incomodado por causa do beijo, veio me dizer que estava preocupado comigo. Então, achei melhor manter essa linha. Fred não se chateia, o que torna tudo mais fácil.

— Ele sabe? - Morgana perguntou incrédula também passando o braço pelo meu deixando Jéssica de fora da conversa.

— É ele sabe. - confirmei.

— Isso não vai dar certo. - mesmo longe do centro da conversa Jéssica agourou pela milésima vez. Savana, Morgana e eu a ignoramos.

Para mim parecia que daria muito certo. Estava contando os dias para que Rich viesse falar comigo arrependido por ter me largado. Certamente que não teria de aguentar nem um mês junto de Fred.

Na aula passei algum tempo pensando enquanto a professora falava de costas para nós, montando um esquema no quadro branco, ao lado do digital. Nossa próxima aula seria de educação física que eu literalmente detestava, mas veria os dois no mesmo ambiente novamente. Era a chance de provocar ainda mais a irritação e os ciúmes de Rich.

Só que quem saiu incomodada da aula de educação física fui eu. Aquela garota, a Brenda estava com o grupinho dela ensaiando a todo vapor no canto esquerdo, próximo a arquibancada. Nós fomos colocados no centro para o salto em altura. Eu “detesto” fazer atividades físicas. Mas decididamente “odeio” atletismo. E lá estávamos todas saltando sobre aquela vara, caindo ridiculamente em posições estúpidas no colchão enquanto as bonitonas peitudas saltavam, cantavam e empinavam pernas longas e pompons longe dali.

Rich e Fred estavam no mesmo grupo, correndo na pista. Gabriel e Doug treinando jogadas de futebol. E eu cá pensava, por que todos não podem fazer a mesma atividade. Assim, se alguém passa vergonha todos passam.

De relance olhei na direção do grupo de animadoras, não, elas nunca pareceriam como nós se estivessem na nossa posição. Nasceram com a bunda voltada para a Lua. Ficam bonitas de qualquer jeito, em qualquer situação. Lindas e glamourosas mesmo suando por todos os poros.

No final da tarde me despedi de Fred no estacionamento. Ele teria treino a tarde, haveria um jogo importante em alguns dias. Não nos veríamos até o dia seguinte. Claro, não éramos um casal normal. Então não havia porque ficar esperando por encontros extras, por visitas extras, por telefonemas extras. Tudo o que eu esperava era que diante dos outros, na escola, ele mantivesse a postura. E se me traísse, que fosse o mais discreto possível. De preferência com alguém que eu, Rich ou nossos amigos não conhecessem.

***********************

Há dez dias tomei a decisão mais inesperada e surpreendente da minha vida e naquele momento estava ali, caminhando ao lado de um garoto com o qual praticamente me engalfinhei por toda a vida escolar. Pior do que isso, ia assistir a um jogo de hóquei ao vivo! Quem me conhece jamais imaginaria algo assim. Porque para mim, esportes, nem mesmo aqueles que passam na TV.

Fred segurava minha mão enquanto caminhava lentamente em direção ao ginásio. Aquilo era frequente nesses dias. Mãos dadas, beijos, abraços, caronas. Nossa pantomima era realmente completa.

O jogo daquela tarde era importante. Olhei em volta vendo o movimento e me perguntando: Estava mesmo indo a um jogo de hóquei? Ainda com o agravante de ser ficante fixa de um dos jogadores. Aquilo era definitivamente um mundo paralelo constatei erguendo a cabeça e olhando para o lado.

Fred caminhava compenetrado. Os olhos estreitos levemente apertados. Confirmei nesses poucos dias que ele leva o hóquei muito a sério. Gosta de jogar, mas acima de tudo, gosta de ajudar o time. É admirado e respeitado pelos companheiros. Todos são unânimes em dizer que ele é o capitão porque merece a posição.

— Está preocupado? - perguntei inesperadamente até para mim mesma.

— Não... - ele retrucou em tom ameno sem me olhar - Só não consigo relaxar até que o jogo termine.

— Tenho certeza de que tudo será como sempre. Vocês ganharão o jogo e segunda-feira haverá festa na escola como acontece todas as vezes. - apesar de não ir aos jogos sabia de seus resultados pelas festas montadas logo depois.

Ele sorriu de lado. Não parecia tão certo disso. E logo eu soube porque.

— Michael está machucado. Ele é nosso jogador principal.. Minha função é fazer o time ajudá-lo, tentar os gols, proteger a retaguarda e tentar manter outros jogadores longe dele.

Era muita responsabilidade para uma pessoa só. Pensei mas não falei. Eu sabia que hóquei poderia ser um jogo muito agressivo. Já o vira machucado algumas vezes. Lábios cortados. Olho roxo. Rengueando. Apertei minha mão contra a dele e Fred me olhou.

— Tome cuidado... - pedi sabendo muito bem que era exatamente isso o que queria que ele fizesse. Por que estava me importando com Fred? Droga! Estava me apegando a ele?

Nós ainda não tínhamos transado. Mas passamos muito tempo juntos nesses dez dias. Nos almoços. Durante aulas. Na saída, na chegada. Ele até foi me buscar em casa no carro dele. Não frequentávamos a residência um do outro, nem fazíamos programas juntos, exceto o jogo naquele dia. Era a primeira vez. Claro que não estava apaixonada! Paixão, amor, apenas Richard despertava em mim. Mas, já via Fred com olhos mais amenos e amigáveis. Isso era certo.

Ele parou de caminhar, me beijou rapidamente, passou o braço pelos meus ombros e entramos assim no ginásio praticamente vazio. A pista de gelo estava pronta para o jogo. O ar era frio e estranhamente assustador.

— Vou para o vestiário. - ele me disse sem perceber a impressão que aquele ambiente tivera sobre mim.

— Vou ficar com as garotas. - avisei observando os olhos cor de mel.

— Elas sempre ficam daquele lado, perto do corredor, logo acima do túnel de saída. - estendeu a mão para me mostrar - É mais fácil de ir ao bar e aos banheiros se você quiser.

— Ok. Vou para lá esperar por elas então.

Nos separamos com um selinho rápido, enfiei as mãos nos bolsos do agasalho e caminhei lentamente até o outro lado. Antes que tivesse atingido o lugar indicado topei com alguém. Alguém que fazia meu coração se apertar no peito de dor.

— Lizzie. - aquela voz acariciava meus ouvidos, mesmo depois de tudo o que aconteceu naquele encontro, há onze dias no corredor. Sim, eu estava contando.

— Oi Rich. - falei – Você por aqui?

Ele olhou para o lado e sorriu. E eu soube que fora carregado pela animadora. Brenda era animadora dos jogos de futebol, mas elas costumavam frequentar todos os jogos dos variados times da escola.

— E Fred? - ele perguntou olhando em volta como se não soubesse que meu ficante fazia parte do time.

— Está no vestiário. - expliquei.

Ele balançou a cabeça antes de alfinetar:

— Você sabe que ele vai te usar não sabe? Ele faz isso com todas.

Não gostei do comentário. E quis alfinetar. Richard não tinha qualquer moral para falar de mim ou de Fred.

— Da mesma forma que você está sendo usado?

Ele enfiou as mãos nos bolsos da jaqueta e apertou os lábios. Mantendo a presença de espírito fui adiante na explicação.

— Não se preocupe. Não quero provocar. Quero dizer que estamos apenas experimentando. Aproveitando nossos últimos anos na escola. Não é isso?

Ele não teve tempo para responder, a acéfala apareceu e o chamou. Como um cordeirinho ele deu um tchau rápido e a seguiu. Foram para a arquibancada que ficava próxima ao banco de punição. Ali a coisa com certeza ficava agitada e eu não via como Rich gostaria de ficar lá. Mas...

Já eu, sentei onde Fred me indicou e logo vi as garotas chegarem. Gabriel quando deu as caras o jogo estava para começar. E quando isso aconteceu esqueci completamente de Richard e sua ficante. Como poderia lembrar dele vendo toda aquela agitação, todo aquele calor, toda aquela paixão que os torcedores demonstravam.

E na quadra. Bem a quadra manteve meus olhos presos a ela o tempo todo. Correria, empurrões, gols e agressividade no gelo me fizeram saltar da arquibancada e permanecer em pé enquanto o disco deslizava.

Fixei o olhar no numero 70 e senti meu coração gelar todas as vezes em que foi jogado contra a mureta, ou empurrado pelo chão na tentativa de proteger o disco ou Michael. No final, sentia minha garganta arder de tanto que gritei. Morgana e Savana junto de mim assobiavam e saltavam. Quando Fred foi colocado no molho por dois minutos, tirou o capacete e me olhou, acenei para ele, parecia cansado, os cabelos suados estavam grudados na pele, as bochechas rosadas e um fio de sangue escorria do supercílio. Mas eles estavam ganhando, e ele estava feliz. Sorri e joguei um beijo. Ele sorriu de lado, me olhando daquele jeito que me olhava antes de ficarmos pela primeira vez. Ele achava que estava fazendo aquilo porque Rich assistia ao jogo. Mas não era por isso.

Quando tudo se terminou eles se abraçaram, patinaram pela pista em movimentos circulares de vitória. Me senti invadida por aquele clima e gritei, saltei, bati palmas em comemoração a atuação de meu... ficante. Ele era mesmo o cara do hóquei.

Quando os garotos começaram a se afastar e tomar a direção do vestiário Fred veio em sentido oposto, veio para mim, abriu a porta que dividia a pista das arquibancadas, e subiu os degraus que nos separaram. Quando chegou perto me puxou pela cintura e me beijou. Estava úmido, suado e feliz. Apertei meus braços nos ombros estufados dele e me deixei ficar ali pelo tempo que Frederic quis.

— Parabéns! - falei quando ele me soltou.

— Foi um bom jogo. Joguei bem?

— Sim. - falei passando a mão pelo fio de sangue que ainda não secara por causa do suor.

— Isso é normal. - ele falou percebendo para o que eu olhava.

Encarei o supercílio, o machucado mal aparecia. Mas estava inchado. Provavelmente ficaria roxo.

— Vou cuidar disso depois. - informei como uma namorada faria.

— Vou querer outra coisa depois... - ele falou sério.

Achei que sabia do que ele falava e esse fora nosso trato não fora? Então? Então deveria seguir com o plano. E aceitar.

— Está bem. - falei sorrindo antes de soltar um selinho nos lábios dele.

Mas estava enganada. Ele precisava de uma massagem no ombro. Um ombro forte, marcado. Fomos para a festa da vitória na casa de Michael e nos enfiamos em um dos quartos, Fred estava visivelmente cansado. Enquanto afagava a pele vermelha com um creme forte e com cheiro de cânfora comentei sinceramente:

— Achei que você queria outra coisa.

Ele virou o rosto de forma que eu via apenas a lateral da face dele antes de me surpreender:

— Sexo com hora marcada não é bom Beth... - ele ainda não deixara de me chamar de Beth. - paciência, a hora que acontecer será mais gostoso.

Gostoso? Sexo não era gostoso. Era algo perfeito, sublime, entre duas pessoas que se amavam. Que se queriam. Mas não retruquei. Para mim estava ótimo. Pelo comportamento de Rich talvez acabasse voltando comigo antes que Frederic e eu tivéssemos a chance de fazer um sexo gostoso. Naquela noite, quando saíamos do ginásio vi meu ex parado no estacionamento olhando para nós. Fingi que não o vira e ajustei meu braço na cintura de Fred. Quanto mais provocação, mais rápido aquela situação mudaria. E todos poderiam voltar a sua vida normal.

— Você nunca teve namorada? - questionei massageando o ombro com minha mão carregada de creme.

— Não. Dá muito trabalho.

Ri do comentário.

— Então nunca gostou de ninguém a sério?

Ele se voltou completamente para mim com os olhos levemente apertados.

— O que significa gostar de alguém Beth? O que é isso? Se sentir bem com alguém? Gostar de fazer sexo com uma pessoa? Se for isso, sim, já gostei de alguém. Agora, se for outra coisa. Não. Nunca gostei de ninguém.

Ignorei o comentário e tentei explicar como via o “gostar”.

— Gostar é mais do que se sentir bem com alguém ou querer fazer sexo com ela. É desejar estar perto. É querer o bem da pessoa. É pensar em alguém mais do que pensamos em nós.

Ele sorriu, o sorriso de lado. Aquele de deboche.

— É isso o que você sente pelo Richard?

— Sim. - por que mentir?

Ele se voltou de costas para mim novamente, se afastou da minha mão, pegou a camiseta do chão e ficou em pé para colocá-la.

— Mas ele obviamente não sente o mesmo por você ou não estaria com a Brenda.

— Ele está perdido. - falei em tom de defesa.

Ele riu.

— Acredite no que quiser Beth.

— Eu conheço Rich. Eu sei como ele se sente. Seus atos demonstram o quanto ele está perdido. E a maior prova disso é que ele ainda se importa comigo. Ele está com ciumes de você.

Fred terminou de vestir a camiseta e enfiou a jaqueta sobre o corpo.

— Ele falou isso?

— Ele acha que você está brincando comigo. Que vai me magoar.

— Mas nós sabemos que isso não vai acontecer. - ele me disse sério. - Nós vamos nos divertir até que seu namorado desista da aventura dele e volte pra você.

— Sim... já estamos nos divertindo. Ao menos eu estou. - confessei. - Nunca pensei que diria isso, mas tenho me divertido com você Frederic.

Ele se esticou mexendo o ombro e o braço num movimento circular. Parecia desinteressado em saber do meu divertimento.

— Ainda falta uma coisa para mim. - retrucou mudando de posição, se aproximando perigosamente, espalmei a mão no peito dele antes que seus lábios tocassem os meus.

— Aqui não! - determinei.

— Onde? - perguntou firme.

Saltei da cama falando:

— Oras... sexo com hora marcada é menos gostoso não é?

— Não estou tentando conquistar você. - ele retrucou imediatamente e a frase soou estranha aos meus ouvidos.

— Na minha casa... ou na sua... - sugeri. - se tinha que acontecer, que fosse logo.

— Sua mãe não vai se importar? - ele perguntou ficando ereto novamente.

— Ela passa pouco tempo em casa. Mas há meu irmão. - lembrei – talvez seja melhor a sua quando seus pais não estiverem em casa.

— Então pode ser a qualquer hora. - ele informou se afastando – Vamos descer? - perguntou estendendo a mão para mim.

A comemoração da vitória seguiu por mais agumas horas. Passamos algum tempo com os jogadores e nesse tempo descobri que eles não eram exatamente o que pensei que fossem. Alguns eram bem legais. Simpáticos, divertidos, amigáveis. E o fato de estar ficando com Fred ajudava bastante. Mesmo assim me sentia exausta. Fora muita emoção para um dia só. E logo pedi a ele que me levasse para casa. Tinha um longo trabalho para concluir, precisava acordar cedo. E se não durmo o suficiente meu humor fica horrível, dessa forma o trabalho não renderia..

Sem reclamar ele me colocou no seu carro confortavelmente aquecido e deslizou até minha casa. Ao abrir a porta para descer ouvi um tchau. Sem beijo ou afago. Não havia plateia para que o teatrinho continuasse.

Estava a caminho da entrada quando ele arrancou acelerando e sumiu na esquina. Apenas o som do motor ficou no ar por alguns segundos enquanto Fred se afastava cada vez mais.

Me senti solitária, vazia. Entrei em casa e me deparei com a escuridão da sala de estar. No fundo a cozinha também estava no escuro. Subi os degraus lentamente em direção ao meu quarto. Héric dormia. Mamãe não estava. Assim que acendi o abajur me joguei na cama. E fiquei a olhar o teto.

Quando Richard perceberia que ainda gostava de mim? Quanto tempo ainda teria de fingir estar com Fred? Aquela história poderia acabar mal se de repente eu acabasse gostando mais do que devia de Frederic.

Sentei na cama assustada com meus próprios pensamentos. Há poucos dias não teria nem aceitado imaginar que um hipotético dia meus sentimentos por ele poderiam ir além de nojo, aversão, repulsa. Agora já o considerava quase como um amigo. Ao menos nos momentos em que ele agia como uma pessoa normal. Agora gostar... não! Gostar não! Isso seria demais!

Suspirei enfiando o rosto na almofada.

Ah! minha vida não estava mais fácil. Ao contrário, parecia mais complicada do que antes.

 


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Notas finais do capítulo

O maior capítulo até agora. Estou literalmente d quatro... kkkkkkkkkkkkkkkk, não me deixem na mão, estou a espera de vcs. BJO obrigada pelos maravilhosos reviews. amo vcs garotas! próximo só sexta.

Lizzie perceba q estás mexendo onde não deves. estás brincando com fogo. e quem brinca com fogo sai... kkkkkkkkkkkkkkkkk