Hey! I love you... escrita por Lilissantana1


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Quem está confusa e perdida faz muitas besteiras. As besteiras de Lizzie apenas estão no começo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/734635/chapter/2

 

A aula de literatura foi um completo desastre como imaginei que seria. Mal consegui acompanhar os debates da turma ou as explicações da professora. O que deixou a senhorita Ross bastante perturbada. Isso nunca aconteceu antes. Pelo menos não comigo. Mas como evitar? Minha mente girava sobre Richard, sobre suas poucas palavras sem sentido no corredor, sobre seu olhar vago e distante. Sobre meu coração partido.

Morgana estava lá, eu cheguei a contar de maneira sucinta o que estava acontecendo, mas isso em pouco ajudou. Não havia como conversar abertamente, especialmente porque eu sentia que todos me olhavam. Eu sentia que todos me examinavam. Era como se cada um deles soubesse o que estava acontecendo entre mim e Richard.

Porém, como seria possível? Só podia ser neura minha. Ele e eu nos falamos tão rapidamente, ninguém poderia ter ouvido. Ou presenciado o rompimento. Rompimento... nem conseguia pensar naquela palavra sem sentir meu estômago se revirar.

E assim os minutos passaram e quando a tortura poética se encerrou pude enfim conversar com Morgana. Mas não contar tudo. Ainda teríamos uma última aula e só então encontraríamos Jéssica e Savana. Eu com certeza precisava de todas elas juntas para me apoiar. Para me dar uma direção. Para me dizer o que fazer. Para me abraçar em grupo.

A última e derradeira aula seria na sala de arte, onde eu sempre encontrava com o insuportável do Fred, e tinha de aturar ele me chamando de Beth, falando mal dos meus desenhos, das minhas pinturas, das minhas esculturas. Ah! Como eu detestava o Frederic! Como costumava chamá-lo para devolver a provocação. Pois ele não gostava do próprio nome. Só que como o restante do dia, não foi como pensei que seria.

Sentamos longe um do outro. Ele não me olhou ou me deu atenção no início da aula, parecia compenetrado desenhando. Ele desenha bem o desgraçado. E apesar de estar sempre conversando e bagunçando nas aulas, tem ótimas notas. Queria saber como isso acontece. Deve ser algum acordo da família dele com a escola. Pagam para que o filhinho se saia bem. Dinheiro para isso eles possuem.

De qualquer forma, tinha quase esquecido que ele estava ali quando senti alguém atrás de mim e logo depois ouvi a voz dele perto do meu ouvido dizer:

— Sem inspiração Beth?

Fechei os olhos querendo fugir da sala, respirei profundamente e me virei pronta para rebater quando percebi que aquele maldito sorriso não estava estampado nos olhos nem nos lábios dele. E ele me olhava sério com as mãos enfiadas nos bolsos do jeans. Mas não deixei por menos.

— E você Frederic? Não tem um desenho para completar?

Ele olhou de relance para a prancheta dele, ignorando completamente o “Frederic” e finalmente sorriu.

— Já terminei o esboço...

Olhou o meu.

— Em compensação você, nem começou.

Também olhei na mesma direção constatando que era verdade. Havia meia duzia de riscos sem sentido ali. E o pior era perceber que me sentia exatamente assim, perdida. Totalmente perdida.

A professora que auxiliava uma menina daquelas que leva as aulas de artes tão a sério que se por acaso não conseguir realizar a tarefa quase surta, nem nos olhou, não éramos assim tão criativos ou habilidosos para atrair sua atenção. Apenas mais dois num grupo de doze alunos.

— Mas é isso que quero. Fazer algo abstratamente abstrato. - retruquei, nunca me daria por vencida.

— Está abstratamente sem nada nisso daí. - ele concluiu com ar intelectual, como se compreendesse muito de “arte”.

— Você é algum critico de arte por acaso? - perguntei me acomodando na cadeira evitando a mão que ele estendia em direção ao meu desenho virando a folha. Se aproximando mais do que deveria de mim.

— Por acaso sou. - ele concordou contrariando o que pensei que faria. Normalmente Fred largaria um comentário provocante que levaria a outro vindo de minha parte e a mais outro até que o sinal tocasse. - E acho que esse trabalho está querendo dizer que você está... perdida.

Quando ouvi aquela palavra não pude deixar de encarar o rosto dele. Nem mesmo Morgana percebera isso! Apertei os olhos levemente, ele estava jogando comigo. Estava querendo me provocar. Fred continuou a avaliação:

— Foi o que falei, você está sem inspiração. Não sabe o que fazer, está perdida.

Droga!Garoto infernal!

— E com você aqui será ainda mais complicado chegar a alguma inspiração. - retruquei de imediato segurando o lápis e balançando ele no ar.

— Pensei que minha presença poderia servir de inspiração. - ele moveu as sobrancelhas para mim quando o observei boquiaberta e completou: - Muitas garotas pensam assim.

— Certamente não eu. - estiquei os lábios em um sorriso idiota, que era tudo o que ele merecia.

— Senhor Price... pode por favor retornar ao seu lugar?

Ouvi a professora falar e em poucos segundos Fred se sentava diante do desenho dele para retomar a atividade onde parara. De onde estava podia ver apenas uma parte do que estava traçado, era uma pessoa. Alguém que eu não conhecia. Nem parecia um esboço, parecia completo. Tentei me lembrar da proposta... o que era mesmo? Desenhar algo que nos faz falta? Algo que gostaríamos de ser ou de possuir? Droga! Definitivamente não lembrava da motivação oferecida para aquele maldito trabalho.

O sinal tocou, ele enfiou o “esboço” na pasta, a colocou no lugar na prateleira e saímos todos, ele sumiu no corredor. Sequer voltou a falar comigo e eu agradeci por ter sido esquecida tão rápido quanto ele foi.

Encontrei Jéssica e logo depois Savana no corredor. Elas me abraçaram com um ímpeto estranho e eu soube que elas sabiam o que estava acontecendo.

— Lizzie! - Savana falou baixo em tom de choramingo e eu revirei os olhos, ela era uma manteiga derretida, ia me fazer chorar ali no corredor mesmo e dessa forma acabaria definitivamente sendo o motivo das fofocas que se espalhariam pela escola por no mínimo uma semana.

— Onde está a Morgana? - perguntei sentindo as mãos de Jéssica passando pelos meus cabelos longos.

— Ela está vindo... lembra que a sala de aula do último período fica no terceiro piso hoje?

— É verdade... - concordei vendo Richard passar pela porta principal junto com Jake, eles iriam para o estacionamento, geralmente ele me esperaria ali para finalmente sair. Entretanto naquele dia não seria assim.

Suspirei. Felizmente as garotas não viram o que eu vi, mas logo Savana perguntou:

— Como você está?

Morgana que chegava naquele momento foi direta:

— Como ela pode estar Savana? - colocando as mãos na cintura encarou Savana - Mal! O Richard terminou com ela depois de todo esse tempo. Sem um motivo justo.

Era verdade. Ele não tivera um motivo justo. Ao menos não me oferecera um motivo justo. Apenas dissera que não dava mais. O que isso quer dizer? Que não dá mais!

— Sinto muito Lizzie, mas acho que quer dizer que ele deixou de gostar de você. - Jéssica concluiu quando eu fiz a pergunta a caminho do estacionamento.

Mesmo sendo difícil de ouvir, eu precisava encarar a realidade. Talvez fosse isso mesmo. Ele não gostava mais de mim.

— É verdade. - Morgana concordou – Eles sempre vem com essa de não está dando certo quando querem nos dar um pé na bunda.

Suspirei. Era um milagre não ter me desmanchado em lágrimas ainda. Mas sabia que isso aconteceria quando chegasse no meu quarto. E ficasse sozinha naquelas quatro paredes que tinham muitas lembranças nossas.

— Foi horrível! Não consegui falar nada. Mal pronunciei palavras soltas como uma dessas animadoras acéfalas...simplesmente travei.

— Não é para menos! - Morgana tentou me apoiar – A surpresa foi tão grande que você travou. Eu faria o mesmo se Gabriel fizesse isso comigo.

Ela e Gabriel estavam namorando há pouco mais de quatro meses. E o namoro deles é daqueles grudentos, melosos e cheios de beijinhos, afagos e afins.

— O que você vai fazer no feriado? - Savana perguntou antes de entrar no carro de Jéssica.

— Vou ficar com mamãe e com Héric. - expliquei revirando os olhos - Acho que o namorado dela vem para completar a desgraça.

Estava pensando em passar com Richard. Mas depois da conversa daquele dia não seria mais possível.

— Eu convidaria você para a nossa casa. Mas meus avós virão e você sabe como a minha mãe fica quando eles aparecem. - Savana comentou me olhando daquele jeito chateado por não poder ajudar tanto quanto gostaria.

— Tudo bem... - falei ainda segurando as lágrimas vendo Gabriel acenar para Morgana do outro lado do estacionamento.

— Preciso ir – ela me disse ainda afagando meu cabelo. Nos falamos não é? Você vai me ligar se precisar de companhia?

— Claro! - menti. Sabia que elas estariam ocupadas. Não queria perturbar a vida de ninguém mais do que deveria. Mesmo e porque elas eram as melhores amigas do mundo.

Gabriel assobiou e Morgana fez uma careta.

— Vai... - falei já com a chave do meu carro na mão.

E assim, com aquela conversa amena, sem que eu tivesse colocado para fora tudo o que sentia o dia terminou. Elas se foram, eu tomei a direção de casa. Ainda pretendia falar com Richard, precisava de mais explicações. Ele me devia mais explicações.

Só que nossa conversa, aquela que ele me prometeu não aconteceu. Ao menos não face a face. Rich não atendeu as minhas ligações. E quando atendeu disse que não poderia conversar naquele momento. Havia visitas em casa.

Desculpa esfarrapada! Disse para mim mesma. Ele nunca fez isso comigo. O que acontecera para que ele mudasse tanto? Algo definitivamente se colocara entre nós transformando alguém que eu conhecia num completo desconhecido.

Ele me ligou no dia seguinte, tentou usar as mesmas desculpas esfarrapadas: não dá mais. Estamos diferentes. Nada é mais como antes. Eu perguntei abertamente se ele ainda gostava de mim. Não recebi resposta. E esse silêncio de certa forma manteve as esperanças vivas dentro de mim.

Mas, durante a semana seguinte, após o feriado, fui terminantemente ignorada. E resolvi, depois de me aconselhar com as garotas a deixar a poeira sentar. E esperar um pouco. Talvez Rich estivesse mesmo passando por algum problema e não quisesse me contar.

Afinal, ele continuava sozinho. Não o vi com outras garotas em momento algum. E sabia que havia quem quisesse o meu namorado. Se havia!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada pelos comentários! Estou pulando de felicidade em ter vcs aqui comigo. OBRIGADA! BJOOOOOO
Já estou apaixonada pelo Fred! Q droga isso!