Hey! I love you... escrita por Lilissantana1


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Vamos aproximar, aproximar, aproximar, até que seja impossível separar.



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Na manhã seguinte, a fofoca não se alastrou na escola com a rapidez que eu esperava. Mas na hora do almoço já corria o boca a boca de que Fred estava frequentando minha casa. E o interrogatório de minhas amigas foi a parte mais complicada dessa falação.

— Como isso aconteceu e você não nos contou? - Savana foi a primeira a comentar, e parecia zangada por ter sabido da notícia por terceiros, nesse momento até me lembrou Jéssica.

— Não pretendia levá-lo a minha casa. - afirmei sem medo.

— Mas ele foi! - Morgana emendou. - Héric está contando para todos que Fred Price não só esteve na casa dele como também jantou lá. Até parece que são velhos amigos!

Savana reclamou, interrompendo minha possível resposta.

— O que sua mãe falou sobre isso? - Savana veio com uma nova pergunta.

— Ela não reclamou. - fui sucinta. Jamais contaria a elas o tanto de elogios que Rebeca teceu a Fred antes, durante e depois do jantar.

— Isso era mesmo para acontecer? - Morgana questionou - Vocês planejaram isso?

— Claro que não! - exclamei com toda a certeza que a razão me dava. Deus era testemunha que fiz o que pude para evitar a presença de Fred dentro da minha casa.

— Você não deveria ter levado ele lá! - essa foi a critica mais direta que recebi e veio diretamente de Jess. Quem mais a faria?

— Sim... - confirmei cabisbaixa. - Não deveria ter acontecido. Mas aconteceu.

Seria melhor que aceitassem o fato sem tanto drama. Nada mais havia que fazer para reverter. Só me restava esperar, que saber disso, conduzisse Rich ao fim daquele namoro com Brenda e o trouxesse para mim.

Paradas diante de mim o trio me olhava com mil perguntas estampadas nos rostos. E elas nem sabiam que eu passei a tarde no apartamento dele. Que cozinhei para e com ele. Que nós dois transamos. Oh céus! Fred e eu transamos. Sempre que lembrava disso meu coração disparava.

Definitivamente passamos a outro nível.

— Ainda não compreendi como isso aconteceu... - Morgana falou afastando a imagem de Fred e eu nos enroscando naquele sofá.

Suspirei movendo os ombros em um gesto de desanimo.

— Simples. Ele me levou em casa, mamãe estava lá...– menti descaradamente.

— Sua mãe? - Jéssica questionou certamente por não acreditar em mim – Então você ficou com ele a tarde toda?

— A gente saiu para conversar. - menti novamente. Estava mentindo direto para as minhas amigas. Droga! - E quando chegamos ela convidou o Fred para entrar.

— Por quê? Pensei que ela era contra o relacionamento de vocês! - Jéssica como sempre lembrou de tudo o que falo. Pois contara a elas sobre a conversa que mamãe e eu tivemos durante o feriado.

— Sim, ela é, mas ela queria contar sobre a mudança de Charles.

Enfiei um assunto real no meio da mentira para que a história tivesse um q de verdade.

— Que mudança? - foi Savana quem perguntou desta vez, Jess estava surpreendentemente calada.

— O namorado de Rebeca vem morar aqui, e ela usou o Fred como escudo para nos contar.

Todas elas se calaram naquele momento. Sabiam da implicância que me consumia quando o assunto era Charles, por isso minha resposta parecia ter, de certa forma atingido seu objetivo, justificando a presença de Fred na minha casa. Ah! Elas jamais compreenderiam, assim como eu não compreendi, o motivo que levou Frederic a se apresentar para mamãe e puxar o saco dela.

Como que atraído pela nossa conversa, lá estava ele. Frederic. Vindo para a nossa mesa. Meu estômago vibrou. Claro que elas não fariam qualquer pergunta diante de mim. Claro que ele não tocaria no assunto diante delas. E é claro que se fizessem comentários, provavelmente Fred responderia daquele jeito dele, com brincadeiras e gozações como quem não leva nada a sério. E o assunto estaria resolvido. Ou não. Talvez ainda tivesse que dar mais explicações nas próximas horas.

Entretanto, naquele momento o assunto era passado, e eu agradecia por isso.

Fred chegou, não consegui desviar os olhos do rosto dele. Do modo como sorria para mim. De seu jeito tranquilo. Era já um hábito ele se sentar ao meu lado, passar a mão pela minha cintura, me fazer deslizar no banco até que nossos corpos se encontrassem e depois me beijar. As vezes com mais delicadeza. Outras com mais firmeza. Outras com intensidade.

Mas, sempre fazendo meu corpo se arrepiar.

— Olá garotas. - cumprimentou enquanto remexia na caixa de suco.

— Oi... - elas responderam em coro, ele estava realmente tranquilo.

Ele ignorava Jess e sua postura descontente. Ou parecia ignorar. Mas, quando reclamou que minha amiga o detestava, parecia muito ciente de como ela o via e da importância da opinião dela sobre mim.

Após o lanche, como sempre, nos reunimos para conversar um pouco. Depois, cada um foi para sua respectiva sala. Fred e eu não nos separamos, tínhamos aula juntos. E apesar de no começo as professoras nos olharem com estranheza, afinal não havia mais provocações, piadinhas, risadas ou brincadeiras, no final eles apenas esperavam que nosso comportamento não descambasse para os beijos, sorrisos e olhares apaixonados.

Eu também esperava que assim fosse. Na verdade eu acreditava piamente que desse mal nenhum deles iria morrer. Entretanto, naquele dia Fred se sentou atrás de mim, passou a aula a mexer no meu cabelo, o que literalmente tirou minha atenção das palavras da professora.

— Senhor Price! - ouvi e imediatamente ergui o olhar em direção a senhora Simpson ficando totalmente ereta.

— Sim, senhora Simpson! - ele falou atrás de mim e eu tive vontade de rir. Como podia ser assim tão cínico? Fred sabia bem o que a mulher queria.

— Pode, por favor, mudar de lugar com a senhorita Chase?

Olhei Leslie Chase do outro lado da sala. Ficava a duas fileiras de mim.

— Se a senhora acha que é necessário. - ouvi e imediatamente as risadinhas baixas começaram a borbulhar aqui e ali.

— O senhor está brincando comigo senhor Price?

— Não senhora, professora. - ouvi a mesa atrás de mim se mover – Já estou mudando de lugar.

Ele passou ao meu lado, deslizou o dedo pelo meu rosto aproveitando que a senhora Simpson observava Leslie e se foi. Me senti magnetizada por aquele movimento bobo. O que me fez automaticamente lembrar que nós sairíamos da escola direto para o apartamento dele. Fred tinha programado uma sessão de cinema para nós. Segundo ele, um filme que eu adoraria assistir.

Evitei olhar para meu “ficante” no que restava da aula. Não queria me meter em confusão, mas também não queria vê-lo em confusão por minha causa.

****************

Quando o sinal tocou naquela tarde, escapei da escola sem falar com as garotas. O que diria a elas? Como contaria que estava indo para o apartamento de Fred? Que nós ficaríamos sozinhos lá. E que talvez acabássemos como no dia anterior?.

Ah! estava me afundando em mentiras e omissões. Depois desta, talvez nunca fosse perdoada. Pensando bem, sei que não perdoaria qualquer uma delas que fizesse o mesmo comigo.

E enquanto ele dirigia para o prédio que eu já conhecia, me sentia terrivel e completamente culpada. Nunca deixei de compartilhar com elas o que fazia ou o que pensava fazer. E agora, quase tudo o que tinha relação com Fred se transformara em meu mais bem guardado segredo.

— Você está calada. - ele falou sem me olhar – Qual é o problema Beth?

— Estava pensando... - respondi olhando a rua.

O carro entrou na garagem.

— Em quê? - ele insistiu e eu o observei .

— Não me despedi das garotas.– falei meia verdade.

— Quer ligar para elas? - ele perguntou sério cruzando rapidamente o olhar com o meu.

— Não... - falei a verdade confessando: - Não saberia o que dizer.

— Você não disse a elas que estaria comigo?

— Ninguém sabe que viria para o seu apartamento... - ao menos alguém estava ouvindo a verdade.

— Você também não contou que nós...

— Não! - o interrompi rapidamente.

Ele se calou por alguns segundos e finalmente estacionou na vaga que eu também já conhecia. Mas não saiu do carro, apenas se voltou para mim.

— Se quiser, eu a levo para sua casa.

O pior de tudo era saber que estava ali porque queria. E se contasse a Savana e Morgana sobre o fato elas compreenderiam, até aplaudiriam o fato de estar tendo novas experiências. Mas como enfrentar a racionalidade de Jéssica? Ela me diria todos os contras do que estava fazendo. Jogaria na minha cara todos os pontos negativos dos meus atos.

Não estava preparada para eles.

— Está arrependida? - ele perguntou de repente percebendo meu impasse.

Como explicar?

Não sabia o que dizer, por isso tomei o caminho que me pareceu mais seguro.

— Quando você aceitou me ajudar, eu aceitei sua cobrança.

Fred remexeu no descanso de copo distraidamente.

— De repente é melhor você ir para sua casa... evita ter de dar explicações que não deseja.

— Não quero ir para casa.

Falei decidida, ele me olhou novamente e eu travei. Parei de respirar. Permanecemos encarando os olhos um do outro por vários segundos. Com um movimento lento Fred se aproximou um pouco, reduzi a distância mostrando que aceitava o beijo que ele estava pronto a oferecer. Nossos lábios se encontraram com firmeza, segurei o rosto dele com as duas mãos, sentindo a barba macia sob as palmas. Fred me puxou, fui parar no banco dele pressionada pelo corpo firme e a direção.

— Não podemos... ficar aqui... - ele disse depois de alguns, ou muitos, beijos.

Concordei recostando a cabeça no ombro dele, com a respiração ofegante. Fred afagou meus cabelos, do mesmo jeito que fazia durante a aula. Apertando minha cintura contra ele.

— Vamos subir... prometo que vamos assistir ao filme.

Naquele momento não estava lembrando do filme. Mas seria bom me agarrar aquela promessa. Talvez fosse a melhor garantia de que não colocaria mais segredos na conta pendente relacionada a Frederic William Price lll.

Descemos do carro, entramos no elevador de mãos dadas mas com uma distância segura entre nossos corpos. Saímos dentro do apartamento dele. Fred foi em direção a cozinha depois de largar a mochila no chão, no mesmo lugar da tarde anterior. O segui. O que ele pretendia fazer?

Havia um pacote de compras sobre o balcão. Ele revisou o conteúdo. E logo retirou de dentro sacos de pipoca.

— Qual sabor você quer?– perguntou como se há poucos minutos não estivéssemos nos agarrando dentro do carro dele. Como se eu não estivesse me sentindo culpada por mentir. Como se tudo ainda fosse como antes entre nós.

— Com manteiga. - falei me aproximando dele, compactuando com aquele fingimento. Na verdade eu não queria pensar em nada. Apenas queria levar o plano adiante.

— Ok... eu fico com queijo... - ele respondeu se movendo em direção ao balcão - assim a gente troca se tiver vontade.

Sorriu para mim, um sorriso límpido e destituído de segundas intenções avisando:

— Primeiro vou preparar as coisas na sala de cinema. Quando tudo estiver organizado a gente põe a pipoca no micro-ondas.

— Qual o filme? - perguntei quando ele passou por mim em passos longos.

— Surpresa... - falou com ar de mistério.

— Fred! - chamei caminhando atrás dele.

— O que é? - nem se dignou a me olhar.

— Me diga o filme... não quero terror...

Ele parou na porta e me olhou fazendo uma careta.

— Não gosta de terror Beth?– provocação.

— Não Frederic! Não gosto...– coloquei as mãos na cintura na tentativa de mostrar que estava falando sério.

Até gostava, mas não estava com a menor vontade de assistir algo que não me ajudaria a relaxar.

— Que pena. - ele falou ainda com aquele ar de mistério, sem levar em conta minha posição contrária e entrou. O segui.

— Fred... - falei novamente vendo ele se aproximar da prateleira, passar o dedo por uma lista de filmes e parar sobre um. - Deixe ver... - pedi - Qual é? - me aproximei mesmo sabendo que se ele simplesmente erguesse a caixa acima da cabeça já seria praticamente impossível ver o título.

Mas, ele escondeu a caixa nas costas. Riu de mim, das minhas frustradas tentativas de pegá-la e me beijou quando recostei totalmente o corpo no dele na busca de alcançar as mãos nas costas.

— Fred... diga...– pedi. Quase implorei.

Ele me beijou de novo, passou as mãos por mim, contornando meu corpo, me prendendo em um abraço justo.

— Gosta de filmes antigos Beth?

Será que assistiríamos a algum daqueles trashs antigos? Me perguntei.

— Depende.

— De comédias, você gosta?

— Gosto. - seria perfeito para aquele dia.

— Então... será isso.

Me beijou outra vez e caminhou me carregando junto, entre seus braços. Me agarrei a ele, tinha a sensação de que já ia cair.

— Frederic! - gritei apertando o casaco de malha entre os dedos.

Ele riu alto, parou de caminhar e finalmente me mostrou o que pretendia passar na nossa sessão de cinema. Não conhecia aquele filme.

— Como não!? É um clássico! - ele retrucou quando eu afirmei categoricamente que nunca tinha visto.

Remexi a caixa de um lado para o outro.

— Pode ser um clássico. Mas nunca vi.

— Pensei que seu “ficante” fosse um cara esperto e já tivesse lhe apresentado a graça do cinema antigo.

— Meu “ficante” não é um cara esperto, ele é um cara excêntrico.

Fred apertou os olhos.

— Eu sou excêntrico?

— É! Nunca lhe disseram isso antes?

— Não! - respondeu se aproximando para tirar a caixa das minhas mãos e me oferecer um novo selinho antes de concluir a organização do aparato cinematográfico.

Em alguns minutos esfregou as mãos como se estivesse satisfeito consigo mesmo..

— Agora a pipoca Beth...

Corremos em direção a cozinha, preparamos a pipoca, colocamos em potes que foram previamente trazidos pela faxineira junto com as compras e nos acomodamos em almofadas gigantescas sobre um tapete macio e felpudo.

Quer saber qual era o filme?

Esses homens maravilhosos e suas máquinas voadoras. De 1965. Um clássico que eu nunca tinha visto. Ri tanto que quase engasguei com a pipoca por mais de uma vez.

Quando o filme acabou Fred me levou para casa. Havia cumprido o que me prometeu. Apenas assistimos ao filme. Nada de amassos. Nada de beijos como aqueles que trocamos na tarde anterior ou dentro do carro na garagem. Nada demais. Apenas um filme com pipoca e muita risada. Estava me sentindo tranquila e leve enquanto ele dirigia pelas ruas silenciosas do final de tarde. Mas a tranquilidade se foi quando cheguei em casa e topei com Jéssica a minha espera.


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Notas finais do capítulo

Não creio q eles, ou melhor, não creio que Lizzie terá descanso enquanto não deixar Fred e voltar com Rich.
Obrigada pelos reviews maravilhosos. Obrigada a todas q estão acompanhando e a quem favoritou a fic também. BJO
Próximo capítulo só segunda, mas, se conseguir adiantar o texto postarei antes.