Hey! I love you... escrita por Lilissantana1


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Segura as emoções Lízzie e toma a decisão certa.



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Jéssica e eu subimos para o meu quarto. Ela estava silenciosa, mais silenciosa do que gostaria que estivesse. Héric, depois daquele dia, era a única pessoa que sabia que eu estava com Fred e já contara isso a ela. Então, tudo, toda a conversa da qual tentei escapar acabaria acontecendo de qualquer forma.

Larguei minha mochila no lugar de sempre, sobre a cadeira. Jess caminhou pelo meu quarto, olhou minhas fotos com Rich ainda presas nos mesmos lugares . Os presentes que ele me deu espalhados pelos quatro cantos do cômodo. Todas as nossas lembranças que permaneciam em seus espaços até que tudo voltasse ao que era.

Talvez isso informasse a minha amiga que minhas intenções não mudaram apesar de conviver cada vez mais com Fred.

Ela se virou para mim, me encarou com aquele ar de quem sabe o que é melhor para todos, o que me fez lembrar de Fred. Esnobe ele dissera. Se eu agia como Jess com certeza aparentava ser esnobe. E perguntou:

— Por que você não me contou que ia para a casa de Fred?

— Não contei a Morgana ou Savana também. - respondi me sentando na cama como se aquilo fosse uma informação sem importância qualquer.

— Achou que eu não compreenderia? - ela perguntou ignorando minha resposta.

— Achei. - falei sinceramente. - Você está sempre contra minhas decisões.

— Sou sua amiga Lízzie. - ela se mostrava magoada e eu me senti mais culpada. - Mas parece que agora Fred merece mais a sua consideração do que nós, que somos suas amigas há anos.

Ela queria provocar ainda mais culpa.

— Isso não é verdade! - retruquei abraçando uma almofada.

— Como não? Nós mal nos falamos, tanto na escola quanto fora dela. Seu tempo é todo dedicado a ele...

Respirei fundo.

— Na escola é preciso que sejamos um casal normal. E um casal normal permanece o tempo livre junto. E quanto ao resto... - a encarei, havia uma resposta justa para isso - Estou em dívida com ele Jess. Nós fizemos uma troca quando ele aceitou bancar o meu namorado.

Aquela era a mesma, e única, justificativa que oferecia a mim mesma para toda a dedicação que andava oferecendo a Frederic Price. Só esperava que ela aceitasse tanto quanto eu aceitava.

Mas... em se tratando de Jess...

— É só isso mesmo? - perguntou alterando drasticamente a postura e eu logo desconfiei. Jéssica não se deixa enganar tão rapidamente. E logo compreendi isso.

— Sim. - confirmei tentando passar segurança.

— E quando ele cobrar a dívida? Como será? Está disposta a pagar o preço Liz?

Mal sabia ela que o preço fora pago e que não me causara tanto estrago assim cumprir com o acordado.

— Acho que se aceitei o preço, terei de pagar caso Fred o cobre.

Ela sorriu como se eu estivesse bancando a inocente.

— E você acha que ele não cobrará?

— Talvez Rich e eu voltemos antes que ele cobre. - sugeri com a maior e mais estúpida cara de pau que era capaz de mostrar. Mentindo descaradamente.

Algo a fez silenciar por alguns segundos. Jess voltou a falar, desta vez usando um tom mais agradável. Parecia ter lembrado de algo.

— Eu vim até aqui para lhe contar algo que descobri...

— O que você descobriu? - perguntei enquanto retirava os tênis.

— Rich e Brenda não estão mais juntos.

Encarei minha amiga percebendo que aquela notícia não me atingia tanto quanto esperava que atingisse.

— Como você soube?

— Gabriel contou alguma coisa para a Morgana e ela me contou e eu vim correndo para lhe contar e... e você está com o Fred.

Novamente o tom ofendido.

— Quer dizer que finalmente Rich se deu conta de que fez merda? - falei sem me preocupar muito em parecer debochada.

Jéssica estava animada.

— Parece que sim... o que acha? Será que ligar para ele não seria uma boa?

Ligar?

Não!

Ele terminara comigo. Ele deveria me procurar. Não eu a ele. Quando disse isso a ela, imediatamente fui criticada. Jéssica garantiu que eu estava disposta a agir de forma diferente quando Rich pediu um tempo e agora me comportava de maneira quase desinteressada por uma notícia que esperei por quase dois meses para ouvir.

Tentei argumentar:

— Nem sei se essa noticia é verdadeira! - não sabia mesmo, era apenas um disse me disse - Vou esperar sim.

— Não creio que seja fofoca. - Jess se sentia segura.

— Pode ser que não. Só quero que Rich perceba a burrada que aprontou e faça o que deve, porque quer estar comigo, não porque estou correndo atrás dele.

Ela sorriu de leve, o lado feminista de Jéssica aceitando meu argumento.

— Então... se é mesmo como está falando, este final de semana poderíamos passar juntas lá em casa. Você, eu, Morgana e Savana. Meus pais farão uma viagem rápida. Teremos a casa apenas para nós.

— Como fazíamos antes? - perguntei sorrindo.

— Sim. Como antes. - ela disse se sentando ao meu lado.

— Será ótimo! - era verdade. Só esperava que nesse dia elas não fizessem uma inquisição comigo. Não me colocassem no banco dos réus e me obrigassem a contar tudo o que eu e Fred andávamos fazendo nos últimos dias.

*********************

Na manhã de quinta-feira Fred estacionou o carro diante de casa e eu corri para entrar. No dia anterior não considerei necessário falar sobre a novidade descoberta por Jess, tampouco perguntei a ele se ouvira alguma fofoca a respeito de Rich e Brenda. Para mim tudo parecia igual. Eu os via juntos, conversando como acontecia desde que começaram a ficar. E agradeci aos céus por não ter ligado e bancado a idiota mais uma vez.

Fazia muito frio naquela manhã, me enrolei na jaqueta enquanto ele destravava a porta. O clima gelado parecia não querer nos dar uma trégua. Estava pronta para me acomodar no banco e sentir o ar quentinho do carro mas fui impedida de sentar ao lado dele por uma caixa enorme enfeitada com tope vermelho que repousava sobre o banco do carona.

— Oi Beth... - ele disse sorrindo. - Não vai sentar?

Olhei aquele rosto maroto percebendo que ele estava brincando comigo. E logo continuou:

— Claro que se preferir pode abrir esse pacote antes. Teremos mais espaço depois que você desembrulhar.

Aquele embrulo era para mim? Me perguntei olhando diretamente para ele. Para seu sorriso brincalhão. Para seus olhos estreitos.

O que Fred pretendia com aquilo?

Era brincadeira?

— O que é isto Fred? - perguntei me acocando diante do banco para fazer o que ele ordenara.

— É para você. - ele confirmou.

Joguei a mochila para o banco de trás do carro e me sentei com a caixa no colo. Adoro receber presentes! Só não via motivos para que Fred me desse algo. Na verdade ele não deveria fazer isso. Nossa relação não era do tipo normal. Quando se troca presentes, mimos, lembranças, e outras coisas.

De qualquer forma... a curiosidade me invadiu.

Puxei a fita e o tope se desfez, a tampa da caixa era fácil de retirar, e dentro dela, hermeticamente embalado em saco bolha havia um par de patins, um capacete, joelheiras e cotoveleiras. Quase não acreditei no que via.

Ele estava falando a sério quando disse que pretendia me ensinar a patinar? Me perguntei sem conseguir olhar o rosto dele. O ar de vitória que com certeza estava estampada nas íris cor de mel.

Em lugar disso remexi na caixa e ele me surpreendeu novamente falando:

— Hoje, depois da aula e antes do meu treino, nós vamos ao ringue de patinação.

Encarei o rosto dele. Eu não iria a nenhum ringue de patinação. Ele contestou minha negativa:

— Depois de todo o trabalho que tive para descobrir o tamanho do seu pé. Sem falar na irritação que foi arrastar Morgana e Gabriel pelas lojas até encontrar algo que ela acreditava que você gostaria... acho que vocẽ vai sim.

Morgana e Gabriel participaram disso e não me falaram nada? Quando? Que horas isso aconteceu? E como Fred conseguiu a proeza de manter a boca de Morgana fechada?

— Você não vai me fazer sentir culpada. - informei. - Nunca patinei na vida e não será hoje o dia em que isso acontecerá.

Ele balançou os ombros com ar tranquilo. Não havia cobrança no jeito dele.

— Só quero que você experimente algo diferente... só isso... talvez você goste.

Continuei a observar a caixa e seu conteúdo. Fred voltou a falar sem cobrança, era apenas um pedido.

— Uma hora apenas... é tudo o que teremos – ele insistiu – depois eu tenho treino... e você estará livre da tortura.

Olhei para ele. Fred estava sério a espera da minha resposta. Mas não parecia que se eu negasse ele se sentiria incomodado.

— Vou pensar no caso. - falei, relembrando o que ele me disse há alguns dias.

Fred sorriu, se aproximou e soltou um selinho nos meus lábios.

— Pense com carinho... - concluiu antes de dar a partida no carro e nos levar para a escola.

Mas, aquela não seria a única surpresa do dia. Logo depois da troca de sala no terceiro período, estava indo sozinha para o terceiro andar quando encontrei Rich no corredor, também sozinho, sem a loira pendurada no braço. Bem, eu também não estava com Fred.

— Lízzie... - ele me chamou quando passei e dei um oi rápido.

Imediatamente parei e o encarei, me sentindo mais segura do que achei que me sentiria na nossa terceira conversa depois do rompimento.

— Há alguns dias queria falar com você. - ele começou parando bem na minha frente. - Mas você está sempre com Frederic.

— Poderia ter me ligado. - sugeri, meu número não mudara, era o mesmo de quando namorávamos.

— Achei que Fred poderia não gostar se eu ligasse pra você.

Dei um passo para trás me afastando dele.

— Se Fred fosse esse tipo de garoto também não gostaria que você me interpelasse no meio do corredor vazio para conversar. Não acha?

Rich pouco ou nenhum sentimento demonstrou quando defendi Fred abertamente.

— O que você queria falar comigo? - perguntei, se ele não falasse rapidamente acabaria me atrasando para a próxima aula.

— Meu avô não está bem... ele teve outro AVC... - e essa parte da conversa realmente me atingiu - e tem perguntado por você. - ele concluiu.

Sempre que Rich ia a casa dos avós dele eu o acompanhava. Eles eram pessoas muito agradáveis. Eu gostava deles.

— Sinto muito. - falei sinceramente – Assim que puder irei visitá-los.

— Eles ficarão felizes. - Rich concordou com um breve sorriso.

— Então está certo... - falei já dando um passo em direção ao último lance de escada.

— Nós podemos ir juntos. - ele sugeriu antes que eu tivesse me afastado.

Parei, e pela primeira vez desde nosso rompimento percebi que talvez meu plano estivesse surtindo o efeito desejado.

— Quando? - perguntei de imediato sem questionar o fato de Brenda ser a namorada dele e não eu.

— Hoje a tarde...

Hoje? Pensei desvaindo o olhar. Fred e eu iríamos patinar. Mas certamente Frederic compreenderia se eu dissesse a ele que iria com Rich ver o avô dele. Afinal, essa era intenção da nossa relação. Fazer Richard voltar comigo.

Mas... estava num impasse... eu queria, sim, eu queria patinar com Fred. Droga! Mas Rich estava ali, diante de mim pedindo que fosse com ele visitar os avós.

— Que horas? - perguntei com a respiração quase suspensa.

— Por volta das cinco.

Cinco?

Oras. As cinco horas eu estaria livre. Fred iria para o treino. Nós já teríamos patinado. Seria perfeito!

— Ok... - confirmei tentando não mostrar muito entusiasmo.

— Pego você na sua casa. - ele sugeriu e eu recusei.

— Não é necessário, nos encontramos na casa do seu avô, às cinco.

Imediatamente Rich aceitou a condição. Agradeceu pela gentileza e se foi, eu continuei subindo os degraus em direção a aula. Lembrando da conversa que tivera com Jéssica e sobre a qual ainda tinha sérias dúvidas. Mas, talvez estivesse enganada e só talvez em breve tudo pudesse realmente voltar ao que era há três meses.

Suspirei longamente querendo não ir à sala de aula. Precisava ficar sozinha. Não... não queria ficar sozinha, queria falar com Fred.

Mas só foi possível vê-lo no almoço. Fred estava animado com nossa tarde patinando. Morgana e Gabriel estariam conosco. Savana também se ofereceu para ir. Até Jéssica foi convidada. Pelo jeito meus tombos teriam uma plateia grande.

— Eles são seus amigos. - Fred falou perto do meu rosto – Ninguém vai rir de você...

— Ninguém mesmo? - perguntei me voltando para ele. Se havia um debochado naquela mesa era ele. E era dali que eu esperava a gozação e as risadas.

— Prometo que vou me conter. - ele respondeu imediatamente – E você sabe que costumo cumprir o que prometo.

Nos olhamos direta e firmemente fazendo meu coração se agitar. Eu sabia.

A risada na mesa atraiu minha atenção. Eles não acreditavam em Fred, estava pronta a contestar a certeza deles quando vi Rich e Brenda. Lembrei na mesma hora o que prometera ao meu ex e pedi para conversar com Frederic em outro lugar.

Ele aceitou, nós saímos do refeitório e nos sentamos num banco de madeira que ficava no corredor que levava para o ginásio. Fred sentou e estendeu o braço sobre o encosto do banco esperando que eu me acomodasse a ele. Não pensei duas vezes, me encaixei ali.

— O que é? - perguntou de imediato, o ar quente dos lábios dele cruzando perto do meu rosto.

— Rich veio falar comigo hoje. - informei.

— E o que ele queria?

— O avô dele está doente. - contei a verdade – Tem perguntado por mim...

— E?

— Fiquei de ir até a casa dele hoje. Ele e a esposa são pessoas legais. Gosto muito deles.

— Quer que vá com você?

Sem me voltar, evitando olhar o rosto de Frederic continuei:

— Vou com Rich depois da aula de patinação. - tentei usar um tom tranquilo para a frase, mas sei que soou apreensiva.

— Parece que seu plano começou a dar certo. - ele comentou.

— Será?

— Acho que sim...

Eu esperava mais. Esperava que ele perguntasse como estava me sentindo sobre o assunto. Esperava ter de oferecer maiores explicações. Esperava... não sei o que esperava. Talvez que ele dissesse que não queria que eu fosse. Ou que insistisse em me levar. Ir comigo.

Engasguei com essa sensação dentro de mim, e ela não se desfez nem quando estávamos patinando. Algo que é bem mais complicado do que os jogadores de hóquei ou qualquer outro patinador faz parecer. Caí algumas vezes, fui o motivo de risada de Gabriel, de minhas amigas, mas, nenhuma vez vi Frederic rir ou ouvi um deboche vindo dele. Foi gentil e com paciência me ajudou a vencer o medo e a falta de equilíbrio.

Mas, havia algo entre nós. Talvez a lembrança do compromisso que me esperava. Ou ainda aquela angústia que apertava meu peito todas as vezes que pensava no que aconteceria quando e se Rich decidisse me pedir perdão.

Meia hora antes das cinco Fred estacionava o carro diante da minha casa.

— Obrigada... - falei sinceramente – Você tinha razão, foi bom experimentar algo diferente.

— Podemos fazer isso no sábado outra vez. - ele sugeriu.

Tive o ímpeto insano de dizer que sim. Mas já fizera uma promessa anterior. Precisava recusar.

— Desculpe... mas os pais de Jéssica estarão viajando este final de semana e nós combinamos de nos reunir na casa dela.

— Fim de semana das garotas. - ele brincou passando a mão na direção.

— Sim. - confirmei com aquela sensação se ampliando dentro de mim. Como se tivesse mais a dizer para ele.

— Nos vemos amanhã... - ele falou me olhando.

— Sim, nos vemos amanhã... - confirmei sorrindo de leve e me aproximando para selar os lábios dele com um beijo rápido.

Fred aceitou o gesto afagando minha nuca com carinho. E o selinho se transformou em um beijo mais longo e demorado. Quando nos afastamos senti que havia mesmo coisas que “eu” precisava dizer a ele. Palavras que estavam trancadas na minha garganta. E que não saiam, ou não queriam sair.

— Tchau Frederic. - falei segurando os patins e o capacete destravando a porta do carro.

— Tchau Beth.


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Notas finais do capítulo

Ficou pronto, então resolvi postar.
Opiniões por favor. kkkkkk BJOOOOOOOOOOO garotas pelos reviews, me ajudam muito.
E agora Lizzie? para que lado vc vai correr? eu correria para o fred.