Ao seu lado escrita por nanacfabreti


Capítulo 5
Reencontro




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—Gosta de vir aqui? –Perguntei enquanto descia da moto, era um parte mais reservada da praia,  por isso não haviam muitas pessoas ali.

—Na verdade passei a frequentar aqui nos últimos dias, eu sento e fico horas vendo o mar. –Ele sorriu amargurado. –Você deve estar me achando louco. –Começou a caminhar pela areia.

O segui.

—Para ser sincera eu o entendo. –Sentei-me depois dele.

Ian fixou os olhos em uma pequena moita de grama.

—Eu acabei criando uma espécie de vinculo com este lugar, foi aqui que abri meu exame e me deparei com verdade mais amarga da minha vida. –Ele começou a narrar enquanto acendia um cigarro.

Não sabia o que dizer.

—Você estava sozinho? –Indaguei num tom bem baixo, estava com medo de sua reação.

—Sim, eu peguei o resultado e não tive coragem de abri-lo no mesmo instante, subi em minha moto e percorri acidade inteira até vir parar aqui. –Ele continuava com os olhos fixos no mesmo ponto. –Depois de algumas horas pensando em toda a minha vida e o quanto eu queria que estivesse escrito negativo naquela droga de papel, eu o abri.

—Eu imagino o que deve ter sentido. –Limitei-me a dizer.

Nesse mesmo momento Ian me olhou. Eu não saberia descrever o que tinha em seus olhos, não era magoa, nem raiva, nem qualquer outro sentimento descritível ou conhecido para mim até então.

—Eu estava com a sentença de morte em minhas mãos. –Ele deu um trago demorado. –Queria que tudo acabasse naquela hora.

—Sei que vai me achar uma chata por estar repetindo isso, mas, hoje em dia as coisas não são assim, você pode viver mais do que...eu por exemplo. –Tossi por causa da fumaça. –Ainda mais se eu continuar sendo fumante passiva.

Ele me encarou desconfiado.

—Não está querendo começar uma campanha para que eu pare de fumar, está?

—Sabe que não seria má idéia. –Assenti.

Um pouco zangado Ian apagou o cigarro.

—Qual sua teoria para o meu contagio? –Ele me perguntou pegando-me de surpresa.

Franzi a testa e pensei por um instante.

—Eu não tenho teoria nenhuma. –Fui sincera. –Eu não parei para pensar sobre isso.

—Hoje eu ouvi um monte de coisas no colégio e fiquei pensando...

—Acha que eu quero saber? –Estiquei minhas pernas e apoiei minhas mãos na areia.

—Acho que todos querem. –Ele sorriu com o canto dos lábios.

—Eu não me importo com isso.Que diferença faz? –Fiquei curiosa com suas últimas frases, não sabia onde ele estava querendo chegar.

Ian balançou a cabeça como se alguma coisa estivesse o incomodando.

—Quando eu ouvia sobre alguém que tinha o vírus, imaginava as piores coisas sobre a pessoa. Drogado, promiscuo, marginal...Hoje são os outros que pensam isso de mim.

—Não, toquei levemente seu ombro, eu não penso nada disso. –Tentei ponderar as coisas.

—Suellen e eu éramos namorados, na verdade ela foi minha primeira garota, e você sabe o que namorados fazem... –Ele pareceu meio desconfortável em certo ponto da conversa.

—Não precisa me dar detalhes, não sou tão ingênua. –Preferi adiantar as coisas.

Ele riu novamente.

—Ficamos juntos por um tempo, eu era inexperiente e ela já tinha tido outros caras.Havíamos nos separado há poucos dias atrás quando ela veio com a noticia bombástica. –Ian passou a mão pelos cabelos nitidamente relembrando os momentos em que soube de sua doença.

—Suellen é a garota loira? – Lembrei-me do meu encontro com ela no colégio.

Ele fez que sim com a cabeça.

—Ela soube que um ex-namorado dela estava morrendo de AIDS, fez o exame, deu positivo, então ela me procurou para contar que eu poderia estar com o vírus também.

Mais uma vez meu estomago revirou.

—Ela procurou por você no colégio, e acho que no prédio também...

—Eu não quero falar com ela, pode parecer estúpido da minha parte mas, eu a culpo, estou consciente da minha participação mas ainda assim eu a culpo. –Ele desabafou.

Pensei em dizer o que ela havia designado a mim, não achei uma boa hora.

Permanecemos em silencio depois de todas as coisas que ele havia me contado, fiquei surpresa diante de tanta sinceridade. Ian estava contado as coisas para mim como se fossemos grandes amigos.Eu estava admirada com sua braveza, em momento algum sua voz ficou embriagada, em momento algum ele se emocionou.

—E então, me fale um pouco sobre você. –Ele abraçou as pernas e virou seu rosto diretamente para mim.

—Não tenho muito a dizer. –Senti meu rosto queimar.

—Impossível. –Ele insistiu.

—Bem, você sabe onde eu moro, onde estudo, quem são meus pais. Acho que não tenho nada novo para contar. –Relatei o marasmo da minha vida.

—Eu sei sobre seu presente, mas e seu futuro? –Ele parecia mesmo interessado.

—Não sei se você sabe mas, meus pais são separados e desde então eles divergem muito sobre meu futuro. –Comecei a falar mesmo achando um assunto desinteressante. –Minha mãe quer que eu me forme, siga uma carreira, de preferência a mesma que ela.

—Advogada. –Ele completou.

Me surpreendi por ele saber aquilo.

—Meu pai quer que eu viaje, conheça o mundo, culturas e povos como ele, só depois de um ou dois anos fazendo isso que eu me decida sobre o que quero ser.

—E você, o que quer? –Ele me desafiou.

Ian me encarou.

Olhei em seus olhos como se eles pudessem me dar aquela resposta. Por um segundo me vi refletida neles.

—Por enquanto nenhuma das alternativas me seduz. –Admiti.

O sol estava cada vez mais forte, meu estomago começava a roncar de fome.

—É melhor irmos, sua mãe não vai gostar de saber que esteve comigo. –Ele se levantou.

Eu não queria ir embora, queria passar mais tempo com Ian, saber mais sobre quem ele realmente era.

—O que acha de irmos comer alguma coisa?Você deve estar com fome também. –Sugeri antes que ele resolvesse realmente me levar para casa.

—Gosta de MC Donalds? –Ele perguntou depois de algum tempo pensando.

—Perfeito. –Concordei enquanto pegava meu celular para dar uma desculpa esfarrapada ao meu pai.

Haviam varias daquelas lanchonetes espalhadas pela cidade, ele passou por duas ou três, preferiu ir a mais afastada delas, demorei um pouco para entender que ele estava querendo evitar que algum conhecido nos visse juntos.

Pedi fritas e refrigerante, Ian um lanche dos maiores.Sentamos de frente um para o outro.

—Fazia tempo que eu não comia um desses. –Ele falou antes de morder seu lanche.

—Eu também. –Concordei sentindo meu estomago revirar de uma forma estranha. De repente eu estava envergonhada de comer diante de Ian.

—Você é filha única, não é?

—Sou, e acho isso um peso. –Reclamei entes de tentar enfiar em minha boca uma batata.

Ian balançou a cabeça resignado.

—Eu entendo você Livia, apesar de ter uma irmã, as cobranças sempre se voltaram à mim.

—Irmã? –Me surpreendi, eu sempre achei que ele fosse filho único.

—Marla é filha do primeiro casamento de meu pai, ela mora em Londres, foi estudar e acabou se casando por lá. –Ele me contou.

—Pelo menos você tem um lugar garantido para passar as férias. –Deduzi.

Ian apenas riu.

Continuamos conversando sobre os mais diversos assuntos, menos sua doença.Era incrível como ele mostrou-se diferente de tudo o que eu imaginava. Muitas das coisas que eu ouvia falar sobre ele não passavam de boatos.

Tudo estava fluindo tão bem que já estava escurecendo quando resolvemos voltar.

—Bem acho que eu já ocupei você de mais. –Falei meio sem jeito enquanto ele tirava o capacete da minha cabeça.

Ian piscou lentamente .

—Para ser sincero, foi o melhor dia que eu tive depois que minha vida virou de cabeça para baixo. –Ele afirmou sério. –Eu nunca havia conversado dessa forma com ninguém.

Senti um frio percorrer meu corpo, me senti estranha novamente.

—Bem... vou subir antes que alguém sinta minha falta. –Estava toda embaraçada. –Te vejo amanhã?

—Acho que sim. –Ele foi vago.

Eu podia ter ido com ele até a garagem para então subirmos juntos, no entanto estava nervosa de mais para pensar nisso.

Antes mesmo de abrir a porta da sala já sabia que minha mãe estaria lá, a TV estava ligada, tive de pensar rapidamente numa desculpa caso precisasse.

Sabia que não poderia dizer que havia passado o dia todo com Ian, estava certa de que sua reação não seria boa.

—Até que enfim Livia, já estava começando a me preocupar. –Ela se levantou e veio ao meu encontro.

A casa estava cheirando fortemente a molho de tomate, imaginei que ela havia cozinhado algo para nós.

—Estava com um meus amigos, a hora voou. –Menti enquanto beijava seu rosto.

—Achei que fosse passar a tarde com seu pai. –Ela começou a arrumar os pratos na mesa.

—Vou amanhã. –Afirmei sem ter certeza.

—Estava com Leonardo? –Ela mudou seu tom, parecia curiosa.

Fiz uma careta e sentei-me a mesa.

—Não quero falar sobre isso. –Tentei me desvencilhar.

Quando ela destampou a travessa o cheiro de cebola e alho do molho me fez enjoar.As batatas teriam me feito mal?

—Estou sem fome. –Reclamei mesmo sendo ignorada, minha mãe encheu meu prato de macarronada.

—Está uma delícia. –Ela se gabou.

—Eu sei. –Concordei, afinal, macarronada era sua especialidade.

—No colégio tudo bem? –Ela indagou sem parecer interessada em algo específico.

—Ian voltou a estudar. –Falei propositalmente, precisava saber sua opinião.

—Serio? –Ela ficou boquiaberta. –E... como foi?

Permaneci com a postura mais indiferente possível, não podia deixar que ela desconfiasse de nossa proximidade.

—Acho que foi normal, dentro do esperado. –Dei com os ombros.

Ela arregalou os olhos.

—As pessoas o trataram normalmente?Digo, não esboçaram preconceito algum?

—Foi um dia de muito blá blá blá, mas acho que todos sabem que preconceito é crime. –Fiz questão de mostrar que eu estava muito bem informada.

Ela deu mais uma garfada no macarrão e depois voltou-se a mim.

—Você tem razão mas, todos ali são jovens de mais para entender essas questões burocráticas.

—Ian tem o mesmo direito de estudar que qualquer outra pessoa. –Defendi-o.

—Está certa, fico feliz que pense assim. –Ela pareceu-me dúbia.

Estava cansada e por isso não me estendi, tomei um banho rápido e depois deitei-me, não conseguia deixar de pensar na tarde que passara com Ian.

Eu fechava os olhos e seu sorriso me vinha à mente, ele parecia ter esquecido de seus problemas, sua guarda estava baixa e Ian estava sendo apenas ele mesmo.

Eu não sabia ao certo o que era, no entanto meu jeito de agir era novidade para mim.

No dia seguinte nada havia mudado, eu permanecia com aqueles sintomas desconhecidos, minha aflição só foi amenizada quando na entrada avistei a moto preta estacionada no pátio da escola.

Mal sentei em meu lugar e já estava contando os segundos para o intervalo. Evitei conversas com quem quer que fosse, não consegui me concentrar em aula nenhuma, eu não estava me reconhecido e isso me parecia assustador.

—Você está estranha, Livia. –Julia reclamou.

Apenas balancei a cabeça.

Antes mesmo do sinal tocar eu já arrumava minhas coisas, no amontoado de pessoas, a única que enxerguei foi Ian.Ele estava no fim do corredor, movimentava a cabeça como se procurasse por alguém, senti meu coração disparar.

Caminhei em sua direção, ele ainda não tinha me visto, tive medo de que ele me ignorasse. Seu rosto parecia mais leve, embora seus olhos estivessem ansiosos.

Ele sorriu quando parei em sua frente.

—Olá. –Falei com dificuldade, meus lábios estavam trêmulos.

—Olá. –Ele respondeu como um garotinho tímido.

—Então... como foi hoje? –Perguntei me referindo quanto a reação das pessoas.

—Acho que vão se acostumar, já notei que umas duas ou três pessoas param de me olhar com freqüência. –Ele foi escárnio.

—Acho que é um avanço. –Entrei no seu ritmo.

Caminhamos até o gramado, lá sempre era mais vazio que o restante dos lugares.

—Sua mãe brigou com você? –Ian perguntou-me ao se sentar.

—Não, consegui me safar dessa vez. –Também me sentei.

Ian calou-se e permaneceu me encarando de uma forma estranha, senti meu rosto queimar.

—O que foi? –Questionei intrigada.

Ele ergueu uma das sobrancelhas e sorriu com o canto dos lábios.

—Você é uma feiticeira ou coisa do gênero?

—O quê disse? –Fiquei totalmente perdida com a pergunta.

Ele riu deliberadamente.

—Não me leve a mal, eu só perguntei porque, desde ontem depois do seu sermão sobre cigarros, eu não consigo colocar um sequer na boca. Eu acendo e no mesmo instante vem a sua imagem me dizendo para não fumar. –Ele me contou de forma seria.

Não consegui deixar de rir.

—Você não pode estar falando sério. –Duvidei.

—O pior é que é verdade. –Ele estreitou os olhos. –Eu juro.

—Olha que nem eu sabia sobre esse meu poder de persuasão. –Me gabei.

Ele riu mais uma vez e antes de retomarmos nossa conversa percebi que Leo estava parado me olhando á distancia.

—O filho do juiz não parou de olhar para você um minuto sequer, desde que nos sentamos aqui. –Ian percebeu para onde eu havia voltado minha atenção.

—Leo e eu somos amigos e...sei lá, ele está meio diferente ultimamente. –Senti uma necessidade grande de frisar qual era nossa relação.

—Bem, eu só espero que esse mal estar não seja por minha causa. –Ele cruzou os braços.

—Não, claro que não. –Esclareci sabendo muito bem qual era o motivo de nosso afastamento.

Ficamos em silencio por meio segundo, e então tudo voltou ao normal.

—Vai querer carona hoje? –Ele me perguntou tentando parecer desinteressado.

—Se não tiver problemas para você... –Me animei mesmo sentindo que estava fazendo algo errado.

—Estou com um capacete extra. –Ele sorriu como se tivesse deixado escapar um segredo.

Senti-me feliz.

—Estou com fome, acho que vou compara algo para beber.

—Vou com você, preciso mastigar alguma coisa. –Ele se levantou. –A falta de nicotina tem aumentado meu apetite.

Ri deliberadamente enquanto caminhávamos novamente seguidos por dezenas de olhos.

—Não faz nem um dia que parou de fumar.

—Nossa!Parece que faz muito mais. –Ele fez uma expressão de sofrimento.

As poucas pessoas que estava em volta do balcão da cantina se afastaram com a nossa chegada.

—Viu só? Eu agora nem preciso pegar fila, tenho atendimento preferencial. –Ele brincou com a situação, mas senti uma ponta de amargura em sua voz.

—Uma coca-cola. –Pedi para a mulher de meia idade que me olhava de forma estranha.

—Duas. –Ian corrigiu.

Ela seguiu para a geladeira sem nada dizer e logo voltou com as duas latas na mão, colocou-as sobre o balcão.

Enfiei a mão em um dos meus bolsos procurando por dinheiro, no mesmo instante Ian esticou o braço oferecendo um nota de dez à mulher.

—Pode deixar, eu pago. –Ele olhou para mim.

Aquilo não poderia ter sido mais constrangedor, ela simplesmente não quis pegar o dinheiro da mão de Ian, era nítido que ela tinha medo de qualquer contato físico com ele.

Irritado ele jogou a nota sobre o balcão e saiu.

—Pode ficar com o troco. –Ele disse ríspido.

Peguei as latas e fui atrás dele.

—Ian, não ligue para isso. –Tentei confortá-lo.

Ele respirou fundo.

—Você tem razão, eu estava ciente de que passaria por isso. –Ele balançou a cabeça.

Não sabia o que dizer, estava irada, a ignorância das pessoas me afetava.

—Nos vemos daqui a pouco. –Falei quando o sinal soou.

—Livia, me espere no ponto de ônibus, eu acho melhor. –Ele pediu.

— Tudo bem. –Concordei por entender seus motivos.

Ele estava de alguma forma tentando me preservar.

Apesar de estarmos em setembro, nossas ultimas aulas foram usadas para discutirmos sobre os cartões de natal.Aquele era um projeto criado há alguns anos pelo colégio.

Os alunos se reuniam e criavam cartões de natal artesanais, os materiais usados para a confecção deles vinham em sua grande maioria de doações de empresas, e depois de prontos eram distribuídos no comercio local para serem vendidos.

Uma parte do valor arrecadado era doado para uma instituição de caridade, essa por sua vez era escolhida por sorteio, a outra parte era usada para a festa de final de ano do colégio.

Nem todos os alunos participavam, era um serviço voluntario, já que fazíamos isso após as aulas, a cada ano a quantidade de pessoas ajudando era menor..

Eu confirmei minha presença.

—Vai participar da confecção dos cartões de natal? –Perguntei a Ian assim que nos sentamos na areia bem perto do mar.

Saímos do colégio e novamente não fomos direto para casa.

—Acho que não sou bom com essas coisas manuais. –Ele afirmou olhando para meus pés que estavam descalços.

—Acho que deveria ir, este ano Julia não vai e gostaria de ter alguém para conversar enquanto produzo. –Argumentei tentando convencê-lo.

—Você está querendo que eu acabe com a produção dos cartões, não é? –Ian me encarou fazendo sombra com a mão sobre seus olhos.

—Por quê? –Sorri.

— Se eu participar disso a evasão dos alunos vai ser em massa, ficaremos apenas você eu confeccionando cartões. –Ele ironizou os fatos.

—Não seja exagerado. –Repreendi-o. –Vamos, precisamos de voluntários, toda ajuda é valida.

Ele franziu o cenho e cerrou os pulsos.

—Parece um político. –Ele acusou.

—Acho que isso é um sim... –Conjecturei.

Ian passou as mãos pelo rosto como se estivesse cansado.

—Estou dizendo, você é perigosamente persuasiva. –Ele decretou.

Estiquei um pouco minhas pernas, queria que a água os molhasse sutilmente.

—Minha garganta está seca. –Ele reclamou pigarreando.

—Tenho uma lata de coca-cola quente dentro da minha bolsa, se quiser... –Encolhi os ombros.

—Não deve ser tão ruim. – Ele ironizou já abrindo-a.

Fiquei observando enquanto ele bebia uma gole demorado. Ian fez uma careta.

—Deve estar uma delícia considerando sua cara. – Ri dele.

—Como eu disse... –Ele tomou mais um pouco. –Não é tão ruim.

Peguei a lata de sua mão.

—Deixa eu ver. –Tomei um pouco e mal consegui engolir, estava com gosto de xarope. –Isso está horrível!

Ian olhou-me assustado, num primeiro momento não entendi o porquê daqueles olhos arregalados.

—Você é muito estranha, Lívia. –Ele jogou um punhado de areia em um dos meus pés que logo foi banhado pela água do mar.

—Devo tomar como uma crítica? –Indaguei.

—Não, na verdade é um elogio. –Ele afirmou convicto. –Eu gostaria de tê-la conhecido assim, antes.

—Discordo. –Me impus. –Eu acho que nossa aproximação foi no momento certo.

—Sabe que só você consegue isso? –Ele começou depois de pensar um pouco.

—Isso...? –Quis saber já me sentindo estranha.

—Livia, só você me faz esquecer minha doença, com você eu me sinto normal. –Ele confessou.

Eu queria dizer tantas coisas à ele, e melhor, eu sabia o que dizer, mas na hora minha voz falhou, meu coração estava batendo tão rápido que obstruiu minha voz.Tudo o que consegui foi segurar sua mão.

Ian não relutou, ele entrelaçou seus dedos nos meus e permanecemos daquela forma até que o sol pusesse.Não dissemos nada um ao outro, também não soltamos nossas mãos.


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