Nós escrita por Graciela Pettrov


Capítulo 11
Encontros


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos comentários ❤

Boa leitura, xuxus



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Sakura estava deitada em sua cama encarando o teto há vinte minutos.

O cenho encontrava-se franzido, demonstrando pensamentos preocupantes. Morar sozinha estava sendo mais difícil do que ela imaginava, principalmente depois do dia anterior, quando chegaram as contas de aluguel (que incluíam água, luz e gás).

O subemprego na loja de música não estava dando conta do recado. Ela precisava de outro. Já havia feito pesquisas na internet e mandando alguns currículos online, e também imprimira alguns para entregar pessoalmente.

Era sexta-feira e ela decidiu que não iria às aulas naquele dia; o usaria para entregar os CV e de lá já iria direto para o teatro.

A Haruno sentou na cama quando sentiu seu celular vibrar ao seu lado, o nome de Gaara piscava na tela. Sakura sorriu, ela havia salvo seu contato como "MEU RUIVO"; era uma mensagem de voz:

"Hey, já que você não vem hoje, avisei para aquela sua colega que tem quase todas as aulas com você para pegar o conteúdo. Não sei se já falou com ela, mas fiz assim mesmo, talvez você estivesse esquecido, sei lá... Hmm, é isso, boa sorte com os currículos."

Sakura ouviu a mensagem pelo menos quatro vezes, as sobrancelhas erguidas em todas as três. Seu namorado andava assim ultimamente, todo prestativo, há três dias.

Na noite em que se atrasara por causa da monitoria com Sasuke, Sakura chegou em casa pensando que eles discutiriam, mas encontrou um Gaara calmo e romântico. Ele havia até pedido comido japonesa, em vez de pizza, e preparara tudo na mesinha de centro dela enquanto esperava sua chegada.

Eles conversaram bastante enquanto comiam e, ao final do jantar, o Sabaku pediu desculpas por estar sendo grosso e dissera ser o estresse de final do período.

Aquele sim era o Gaara com quem ela começou a namorar.

Claro que ele não era o cara mais perfeito do mundo, nem o namorado mais carinhoso, mas ele sempre foi gentil e atencioso com ela.

Ele nem mesmo insistiu em querer dormir lá. Logo pela meia noite, o ruivo lhe deu um beijo de boa noite e foi embora.

Em suma, o dia da Haruno terminara ótimo... até a manhã seguinte, quando acordou e se deparou com as contas.

Suspirando, ela escreveu uma resposta para o namorado:

"Obrigada, eu realmente tinha esquecido! Voc acabou de salvar meu dia. Bjos"

Enviou, seguido de um emoji de coração e outro mandando beijinho. Saiu da conversa e aproveitou para silenciar os grupos dos quais participava, não queria nada a distraindo hoje.

A mensagem de Gaara a lembrou que tinha que avisar a Ino sobre sua falta, e precisou olhar seus contatos para iniciar uma nova conversa, pois seu celular vivia com a memória cheia e ela sempre tinha que periodicamente apagar algumas informações de alguns apps. O que incluía suas conversas antigas naquele aplicativo.

Na área de contatos, Sakura digitou a letra I e rapidamente o contato da Yamanka apareceu em sua tela. A Haruno clicou no mesmo e digitou rapidamente:

"Oi, não vou poder ir hj, ok? Depois a gente conversa, bjos."

Como a loira não estava online, Sakura não esperou por uma resposta imediata, saiu da conversa e acabou voltando para a lista de contatos conectados. Foi aí que ela notou o primeiro da lista:

[Sasuke Monitoria]

De cenho franzido, ela clicou no perfil sem foto. Imaginava que Sasuke não usasse aquele app, pois seu perfil não aparecera no dia em que salvou seu número, coisa que deveria acontecer logo que ela atualizasse a lista de contatos. E ele também sempre a mandava SMS's diretos.

Curiosa, a Haruno clicou nas informações e foi lá que sanou sua dúvida. Segundo as informações, aquele perfil tinha sido criado apenas dois dias atrás. Ele ficara online há mais de uma hora.

Já havia se passado três dias desde sua primeira aula de Língua de Sinais e ela ainda não mandara nenhuma mensagem de retorno qual o prometera. Sasuke, em contrapartida, também não mandara nenhuma perguntando sobre isso. Ela duvidava que ele o faria.

A verdade é que Sakura andara preocupada à procura de vagas de emprego e também com o namorado; que começou a fazer visitinhas surpresa mais que bem-vindas em seu apartamento.

Saindo das informações, ela fechou o perfil e o app. Infelizmente não podia marcar nada naquele momento, pois teria um dia cheio.

Deixou o celular sobre a cama e seguiu para o banheiro. Seria um longo dia!

[...]

Sasuke tentava dividir sua atenção entre o irmão e o caminho que guiava o carrinho de compras no grande supermercado. Na verdade, ele não estava prestando tanta atenção em Itachi.

Tanto que não notou que seu irmão havia parado na seção de higiene pessoal até levar uma cutucada na costela. Encarou-o de forma interrogativa e Itachi começou a gesticular.

— Convidei a Hinata para um jantar lá em casa, nada demais, só para nós nos familiarizarmos, já que ela será minha secretária pessoal.

— Quem?

Itachi suspirou, sabia que ele não estava prestando atenção.

— H-I-N-A-T-A — ele datilografou. — A nova estagiária da companhia, eu te falei sobre ela outro dia.

Sim, Sasuke lembrava-se, pois seu irmão parecia obcecado que Hinata e ele se conhecessem. Até insinuou que desse um sinal para ela, pois estava cansado de usar datilologia toda vez que citava-a; coisa que o Uchiha mais novo ignorou, ele nem mesmo sabia como Hinata era!

— Sim, eu lembro, mas por que eu tenho que estar junto?

— Para se socializar...? — Itachi respondeu, uma expressão de obviedade.

Sasuke bufou e voltou a caminha pelo grande corredor.

Itachi o seguiu e voltou a gesticular quando o irmão parou na área de produtos para o cabelo.

— Você nunca me falou sobre nosso último jantar com as garotas da sua faculdade.

Ignorando totalmente o irmão, Sasuke contornou o carrinho e se abaixou para ficar na altura dos produtos da prateleira mais baixa. Aquele desastre era a última coisa de que queria discutir naquele momento.

Ele obviamente não ouviu, mas, atrás de si, Itachi bufou. Discussão encerrada.

...

Sakura entregou seus currículos em cinco estabelecimentos, todos próximos de seu bairro. Decidiu que, como não tinha carro, seria mais fácil manter os dois empregos se um deles fosse perto de casa.

Estava agora no maior supermercado das redondezas, sempre abriam vagas lá e ela pretendia conseguir ao menos como caixa. Já havia conversado com alguém do RH que um dos seguranças a indicou, e entregado seu CV. O homem fora bem gentil e lhe prometeu retorno se necessário.

A Haruno logo aproveitou para comprar alguma besteira para comer. Não havia parado desde que saíra de casa e estava faminta. Acabava de sair do corredor de salgados com um pacote de batatinhas em mãos quando avistou uma cabeleira negra e muito familiar quatro corredores à frente, entrando na seção de produtos de higiene.

Ela seguiu pra lá, afim de confirmar suas suspeitas. Confirmadas. Era mesmo Sasuke e ele não estava sozinho.

O Uchiha empurrava um carrinho de compras, enquanto o homem que estava com ele pegava alguns produtos nas prateleiras e os colocava no carro.

Eles se demoraram na prateleira de produtos para o cabelo e Sakura parou um pouco antes da entrada do corredor e observou de longe, ainda fora de vista deles.

Não era difícil imaginar o porquê daquela vontade repentina de beijá-lo outro dia.

Sasuke era bonito. Bonito de um jeito diferente.

O cara do seu lado, por exemplo, também era bonito, no entanto, era aquele tipo de beleza que todos os caras pareciam ter. Como uma espécie de imagem toda calculada, desde roupas até o jeito de andar e falar.

Gaara também tinha aquele tipo de beleza. O ruivo era bonito e sabia disso e usava isso.

Mas Sasuke... Bem, Sasuke parecia tão alheio à sua beleza quanto aos olhares que recebia quando gesticulava com o outro cara no corredor de higiene pessoal.

Os dois pareciam discutir algo, mas, infelizmente, Sakura ainda não sabia quase nada de Língua de Sinais para entender do que se tratava.

Resolveu, enfim, se aproximar.

O primeiro a avistá-la foi Itachi. O Uchiha mais velho a observou de cima abaixo, o cenho ligeiramente franzido. Ele reconhecia aquela garota de algum lugar, só não conseguia lembrar de onde...

Pensando que ela iria pegar algo na prateleira, Itachi se afastou para abrir caminho para a mesma, mas, para sua surpresa, ela parou ao lado de seu irmão (que estava agachado procurando seu xampu preferido) e tocou-lhe no ombro.

Já Sasuke, pensando se tratar do irmão, apenas gesticulou rapidamente com a mão aberta para que o mesmo esperasse enquanto pegava o xampu e o condicionador e se levantava. O rapaz quase derrubara os frascos quando se viu cara a cara com Sakura.

Ele ficou sem ação até a Haruno sorrir e gesticular rapidamente um Oi, então voltar sua atenção para os frascos em suas mãos e sorrir mais ainda. Se soubesse sinalizar teria dito a ele que eles usavam a mesma marca de produtos para o cabelo.

Sasuke colocou rapidamente os produtos no carrinho e sinalizou um Oi de volta.

A última pessoa que pensou que encontraria ali seria Sakura Haruno com seu sempre sorriso radiante. E pensar que ele quase fechara a porta na cara de Itachi quando o mesmo o chamou bem cedo para avisar que fariam compras à tarde.

O Uchiha agora tinha algumas aulas já finalizadas e não precisava comparecer à faculdade durantes as mesmas, como àquela da manhã, por exemplo. Ele queria gesticular para ela, conversar sobre os três dias que ficara sem notícias da mesma, mas, infelizmente não poderia. Ele não tinha um papel e uma caneta como das outras vezes. Então apenas ficou a olhando, os ombros encolhidos como que se desculpando por não poder falar.

Enquanto isso, Itachi observava os dois à sua frente. Sim, agora ele lembrava de onde conhecia aquela pessoa. Tratava-se nada menos que a patricinha do cabelo rosa.

Era possível que seu irmãozinho estivesse mesmo saindo com ela? E, era impressão dele, ou ela havia sinalizado para Sasuke?

O homem quebrou a troca de olhares tocando o ombro do irmão, a sobrancelha erguida, como quem pedia explicações.

Sasuke rapidamente pareceu lembrar de sua existência e respondeu ao seu olhar questionador.

— Ela S-A-K-U-R-A. Sakura — Ele primeiro datilografou o nome da Haruno, pois Itachi não tinha conhecimento do sinal que ele havia dado a ela para simbolizar seu nome. E depois fez o sinal, demonstrando-o. — Ela não sabe Língua de Sinais, ainda.

'Ele já tinha um sinal para o nome dela?', Itachi observou, surpreso.

— Vocês estão namorando? — Não havia um sinal para a palavra "saindo" no sentindo de "ficando com outra pessoa", então o sinal do verbo 'namorar' servia para ambos os sentidos.

Sasuke negou rapidamente.

— Não. Sou monitor de Sakura.

— Monitor de...?

— Matemática.

— Há quanto tempo?

— Uma semana. Quase.

— E você já deu um sinal para ela? — Uma sobrancelha erguida.

Sasuke suspirou, seu irmão era tão curioso! E pensar que ele já estava tão acostumado com os interrogatórios de Itachi que os respondia automaticamente.

— Você queria que  eu desse um para alguém que nem mesmo conheço!

Itachi ergueu as sobrancelhas, havia perdido aquela discussão.

Sasuke suspirou e gesticulou novamente:

— Seja educado, por favor.

A Haruno novamente observava aquela troca incrivelmente rápida de sinais entre eles. Ela realmente não se importava de ter sido ligeiramente deixada de lado. Já havia entendido que, em uma conversação, Sasuke tendia a dar sua total atenção para a pessoa com quem gesticulava no momento. Não era como alguém que começava uma conversa com uma pessoa e ignorava a outra de propósito. Era simplesmente o jeito dele e ela entendia. Por isso esperou pacientemente que terminassem suas trocas de sinais frenéticos.

Terminada a conversa silenciosa, o homem virou-se para ela e lhe estendeu a mão direita.

— Sou Itachi, irmão do Sasuke. — Ele lhe apertou a mão, sorrindo.

Agora ela sabia de onde Sasuke havia herdado o bom gosto para roupas.

— Sakura. Eu não sabia que Sasuke tinha um irmão. — Comentou, mesmo que por dentro se perguntasse: 'Mas o que eu realmente sei sobre ele?'

A Haruno observou o homem à sua frente e concluiu o que já havia notado enquanto os olhava de longe: que mesmo sendo incrivelmente parecidos, os dois conseguiam, ao mesmo tempo, serem totalmente diferentes.

Itachi tinha um sorriso brilhante e aberto, de um cara que sempre teve ciência de sua aparência e dos efeitos causados por ela. Ele com certeza não se deixava intimidar por encaradas indiscretas.

Já Sasuke, bem, seu sorriso era mais contido, quase tímido, como se o simples fato de alguém se dignar a olhar para ele fosse algo surpreendente. Algo com o qual ele não sabia lidar.

Sakura agora entendia isso perfeitamente, pois ela mesma nunca tinha parado para observá-lo; sua atenção estava sempre voltada para suas mãos.

Mas ela também sabia, desde três dias atrás, no ônibus, que depois de notá-lo não se conseguia mais parar de encarar.

Falando em encarar, a Haruno tirou sua atenção de Itachi e voltou-a para Sasuke, afinal ele era o motivo de sua ida até ali. Era claro que eles não conseguiriam conversar ali do jeito que faziam, e estava fora de cogitação pedir ao seu irmão intimidador para servir de tradutor.

Também não tomaria muito o tempo dos dois, Itachi não estava sendo lá a pessoa mais amistosa, e a Haruno sabia quando não era bem-vinda.

Ela rapidamente vasculhou sua bolsa e catou o caderninho que sempre carregava consigo, apoiou o mesmo na mão e escreveu algo, depois destacou a folha.

— Foi um prazer conhecê-lo, Itachi, mas eu realmente preciso ir agora.

Depois se virou para Sasuke e lhe entregou a folha, dando de ombros, gesticulou um tchau e se afastou em direção ao caixa de 10 volumes.

O Uchiha a observou se afastar, desamparado. Queria poder perguntar o porquê de ter ela sumido e não remarcado a monitoria, ou se algo ruim havia acontecido para ela estar tão apressada.

Ele queria... O que não podia ter.

Quando o cabelo rosa sumiu de vista, ele desdobrou a folha para ler o que estava escrito: "Teatro Municipal, 21:00 horas, sala 4".

Acima de seu ombro, Itachi tentava ler também, mas Sasuke rapidamente dobrou o papel e o guardou em seu bolso. Ele se virou para o irmão, que nem mesmo tentou disfarçar sua curiosidade.

Na verdade, a expressão em seu rosto indicava que Sasuke seria bombardeado de perguntas sobre o que acabara de acontecer.

Então, para evitar o interrogatório o Uchiha mais novo rapidamente gesticulou.

— Vou descer para o seu jantar, mas ficarei só até as vinte e uma horas.


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