Você é meu destino -Quileutes -pós Saga Crepúsculo escrita por Karina Lima


Capítulo 24
Happy... But incomplete




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PDV Seth.

Dois.
Esse número está me matando. Está me fazendo delirar.
Dois dias que Lavine se foi. Que eu não tenho notícias dela, que eu não a vejo.
Claro, foi por uma boa causa. Ainda mais para ela, para recuperar uma das partes vazias em seu peito. A pequena Emma seria muito bem vinda aqui nessa casa.
— Seth, me ajude aqui, por favor?
Pisquei os olhos, tentando parar de pensar nela e me focar em outra coisa. Minha mãe estava fazendo uma faxina na casa, ansiosa pela chegada da nova moradora.
Entrei na cozinha, me deparando com as cadeiras de ponta cabeça, em cima da mesa. Coisa que eu nunca tinha visto antes.
— Mamãe?
— Eu sei, eu sei. Mesmo que exista a possibilidade de não termos uma pessoa nova aqui, quero acreditar que sim.
— Lembrando que eu não disse nada. – fui até ela e lhe dei um beijo na testa. – Precisa de ajuda no que?
— Preciso que pegue o macarrão e o ponha no molho, que está esquentando naquela panela.
— É comigo mesmo!
Fui fazer os afazeres, orgulhoso de que minha mãe me ensinou muitos truques culinários. Assim dificilmente passava fome quando ela e Charlie resolviam sair.
— Hmm... querido?
— Oi? – minha cabeça se virou em sua direção, distraído.
— Não está sabendo que hoje eles estão de volta?
Senti meus lábios entreabertos.
— Oh. N-não sabia.
Voltei a me concentrar a mexer na panela a minha frente. Droga. Quem diabos fica nervoso até por demais ao saber que a menina que ama perdidamente está de volta em algumas horas? Ou dentro de uma hora? Ou minutos? E que irá estupidamente derreter seu coração ao ver seu imenso sorriso com a vinda da pequena irmã? Ahh, claro. Eu. Eu não deveria ficar assim. Aliás, ela está com Jackson. Ou pelo menos o escolheu.
Meus sentimentos nunca mudarão. Estou condenado a sofrer por ela quantas vezes ela quiser, ou quantas vezes o destino quiser.
— Querido? Está bom de mexer. Pode desligar o fogo.
Girei o botão e cobri a panela com a tampa.
— Agora quero que desça as cadeiras, por gentileza.
Seguindo suas ordens, fiquei confuso quando ela se sentou em uma, e me chamou para sentar na outra. E eu sabia que a ajuda era apenas um pretexto para iniciar uma conversa.
— O que está acontecendo entre você e ela?
— Do que está falando, mamãe?
— Só tem duas opções. – ela continuou como se eu não tivesse falado. – Ou vocês brigaram, ou vocês terminaram. E eu sinceramente espero com todas as minhas forças que tenha sido a primeira.
— Como você sabe, mamãe? – ri, sem graça.
— Eu convivo com os lobos há bastante tempo, Seth. Sei como funciona o imprinting. Sei que algo está errado entre vocês dois. Vocês pareciam... distantes, tímidos um com o outro. Vocês nem ao menos se beijaram.
Suspirei, sentindo um vazio no peito ao lembrar da cena. Da nossa última vez. A última vez que ela foi tão minha, nua em meus braços. Sua pele macia e suada contra a minha... e depois de tudo, ela acariciou meu rosto, e eu jurava ter visto uma lágrima rolando sua bochecha antes de ela se virar no escuro, pegar suas roupas e ir para seu quarto. Eu queria entender o motivo de tudo isso.
— Ela terminou comigo, mãe.
Saiu tão automático por causa dos meus pensamentos, que eu fiquei agradecido por não ter gaguejado ou vacilado na voz.
Sua respiração se interrompeu, enquanto suas mãos voaram para cobrir sua boca, incrédula.
— Seth, meu filho, mas o imprinting...?
— Ahhh, mãe! – me levantei da cadeira, prestes a citar o óbvio. – Desde quando a pessoa alvo do imprinting tem a obrigação de ficar com o lobo? Só porquê ele é perdidamente apaixonado pelo alvo?
— Não, meu querido. – ela se recompôs, de repente com uma expressão serena no rosto. – Só que parece que você esquece que eu sei tanto quanto você sobre ser um metamorfo, e o imprinting é como magia: a pessoa alvo sente uma conexão com vocês. Não é simplesmente ela querer. É o que ela sente. Mas claro, cabe a ela decidir.
Dei de ombros.
— Ela decidiu não sentir isso. – sussurrei, sabendo que se falasse mais alto, choraria. E eu não iria parecer um bebê chorão na frente da minha mãe. – Mamãe, fez almôndegas? Lavine gosta de macarrão com almôndegas bem temperadas, do jeitinho que você faz. – sorri e me levantei, indo varrer o resto de sujeira no canto do cômodo.
— Eu fiz, Seth. – ela disse.
O alívio me bateu por ela não insistir no assunto.
Depois de termos tudo limpo e arrumado, Jacob chegou para esperar Nessie.
— Edward não tinha pedido para levá-la para casa?
— Assim que eles chegarem aqui. – Jacob confirmou, com um sorriso esperto de lado.
Claro que ele não perderia uma oportunidade de ficar com Renesmee por um instante longe de seu pai.
Pelo menos ele podia ficar com a sua namorada. Eu nem ao menos tinha a minha.
— Sue, está maravilhoso o cheiro. – Jake, como sempre, elogiou a comida da minha mãe.
— Depois que começou a namorar Ness, nunca mais veio aqui comer dos meus pratos, uh? – ela se fingiu de chateada.
— Não seja por isso, mulher. – ele abriu um sorriso imenso. – Vou trazer ela aqui sempre, porque você e Esme são as melhores cozinheiras que existem.
Sem perceber, um sorriso cresceu no canto do lábio. Uma das melhores coisas que há em fazer parte disso tudo, é que somos uma família. Mamãe sempre cozinhando – Charlie já aprendeu muitos pratos com ela, e quando ela não está, o chefe da polícia quem faz a comida – para os lobos e para visitas (depois que Emily teve Jaiden, os lobos deram um sossego a ela). E tem esse carinho grande por essa parte mágica que há entre nós, metamorfos.
— Aposto que Edward iria adorar que você viesse aqui com mais frequência. – cutuquei.
— Aposto que Edward iria adorar que eu fosse a qualquer lugar aonde sua filha não estivesse. – revirou os olhos e desabou na cadeira mais próxima. – Aliás, que horas o pessoal chega?
Eu já lhe contei sobre o término. E disse que se ele viesse com pena para cima de mim, fincaria meus dentes de lobo em seu pescoço. É claro que ficou sentido por mim, já que ambos sabemos sobre o sentimento. Mas falei para deixar em off.
— Eles chegam em, no máximo, duas horas.
Enquanto isso, Jake e eu fomos para o Xbox. Mamãe veio se juntar a nós. Só para assistir, pois não curtia muito videogames.
— Ahh, qual é, Sue? Só uma vez. Veja como é legal.
Jacob tentava empurrar o controle para minha mãe, que relutava até o último minuto.
— Ok, Black. – ela se rendeu, me deixando surpresa. – Somente uma vez.
E essa vez virou duas. Três. Quatro, cinco, e algumas a mais.
— Eu arrebento nesse jogo! – ela gritou para a tela, empolgada. – Ahá! Perdeu para a novata outra vez, meu filho. – ela beijou meu cabelo e entregou o controle para Jake. – Até que esse jogo é legal. Não quero ver Emma assistindo esse jogo nunca. Muito violento.
— Mamãe. – revirei os olhos. – Jogos não deixam a pessoa violenta. Dê uma olhada em mim!
Oops.
— Claro. – seus olhos rodaram, e eu bufei com a imitação. – Quem chegava em casa com advertências e recados que bateu outra vez nos meninos da escola? Só Lavine mesmo para chegar e colocar juízo nessa sua cabeça, Seth.
Antes que ela se sentisse culpada por dizer isso, eu ri.
— Só ela mesmo, mãe. – sorri forçado, e acho que consegui disfarçar.
Me calei ao ouvir sons de pneus ao longe. Era para Jacob ter ido buscá-los no aeroporto. Mas o que Edward fez? Alugou um carro gigante para que trouxesse os dois para cá. Enquanto pessoas normais viriam de taxi, o vampiro fez questão de trazê-los no conforto.
Meu coração acelerou imediatamente, e eu tentei não desfocar meus olhos da tela. Argh, quem se importa?
Pausei o jogo e me levantei, sendo seguido pelos dois presentes ali. Os segundos mais demorados e épicos da minha vida. Talvez não fosse tão importante para mim quanto para Lavine, só que eu não conseguia deixar de ficar ansioso. Mesmo que eu tivesse levado um pé na bunda, eu jamais deixaria de me importar com algo vindo dela.
Sem saber o que fazer, fiquei apenas parado em frente a porta. Meu coração batia acelerado em meu peito, parecendo que seria esmagado a qualquer momento. Tentava acalmar minha respiração, que sem perceber se tornava quase fora de controle.
Ahh, qual é, Seth? Se acostume que não é mais nada de Lavine.
Engoli em seco ao ouvir eles pegando as malas, e ouvia a voz de Lavine, de Charlie, Renesmee... só? Tive que lutar contra as minhas pernas que queriam muito abrir a porta e ver se a Lavine estava com o buraco que há muito era aberto, tampado em seu peito.
— Eles devem estar exatamente do outro lado da porta nos esperando. – Nessie riu. – E provavelmente nos ouvindo. Bisbilhoteiros.
Escurei Jake rir atrás de mim, e imaginei uma Sue confusa. Ela odiava quando ouvíamos as coisas e ela ficava de fora.
— Vamos, eu levo essa. – a voz de Charlie. – Podem ir na frente, meninas.
Tum, tum. Tum, tum. Tum, tum. Eu escutava meu coração ridiculamente batendo rápido.
Será que não conseguiram? Lavine e Charlie não conseguiram trazer a pequena Emma?
Tranquei a respiração quando meus ouvidos detectaram passos vindo para a porta. Não conseguia dintinguir se haviam apenas dois. E logo o as pisadas duras do sapato de Charlie mascararam o resto.
E chegaram na porta. A maçaneta foi girada, e enfim ela foi aberta.
Meu coração se apertou de uma forma que nunca fez antes. Engoli em seco, contendo a vontade de correr até ela e abraçá-la.
E...
Uma criança morena com cabelos cacheados se encontrava grudada ao amor da minha vida, tão tímida quando a mesma quando chegou aqui. Seus olhos arregalados pareciam divididos entre assustados e impressionados com a casa.
E Lavine... bem. Uau. Ela voltou outra. Fez outro corte de cabelo, e usava um batom vermelho vivo. Seus olhos marcados por um fino traço preto acima dos cílios e os mesmos curvados. Usava uma saia listrada que ia até a metade da coxa, com um top cinza que lhe caia perfeitamente. Uma meia calça preta e uma bota com um salto nela. E para finalizar um tipo de casaco de zíper cinza escuro.
Ao me notar a encarando, tirou o chapéu, parecendo envergonhada. E de imediato notei as mechas coloridas em seu cabelo. Lilás e azul...
— Amor, - ela disse se abaixando, e a criança voltou sua atenção a ela. – esses são o tio Seth – sorri ao ser lembrado tão carinhosamente. – e tio Jake. Lembra que eu falei desses bobalhões?
A pequena riu, nos olhando acanhada.
— E não podemos esquecer da mulher da casa! – falou, se levantando e pegando na mão da irmã. – Essa é Sue, nossa mãe.
— Ownn, minha querida. – mamãe foi até ela e a abraçou, e tentou fazer a Emma falar com ela. O que não foi nada difícil.
Jogando seu cabelo para trás, seu sorriso direcionado a mim não me deixou outra escolha – ou vontade – de sorrir de volta. E me surpreendi quando seus passos foram direcionados a mim.
— Enfim, consegui. – sussurrou ao mesmo tempo que seus braços se encaixavam de uma forma aconchegante ao redor do meu pescoço. – Minha pequena está comigo outra vez.
— Eu falei que conseguiria. – sussurrei de volta, a trazendo para mim pela sua cintura.
Depois de uns segundos sentindo seu delicioso aroma, ela se afastou para abraçar Jacob.
— Tô ligada que sentiu minha falta, moço.
— Moço? – Jake tirou sarro.
— Ou prefere meu doce tom sarcástico te chamando de irmãozinho?
Ele, receoso, olhou para Emma, e depois voltou para a irmã.
— Ahh, ela é madura. – deu de ombros. – Já contei a ela que sou adotada, e que você é meu irmão. Não sou de ficar de mimimi por esse tipo de coisa. Uma hora ou outra elas vêm a tona, qual o sentido esconder?
Ele sorriu.
— Tem razão.
— Oh, os quartos que Edward hospedaram a todos nós eram simplesmente... luxuosos demais. Não consigo acreditar em como a família de Nessie é tão rica. Eu me senti mal por ficar lá, com eles pagando tudo. Mas também sei que não deixariam sua filha em um quarto qualquer de hotel. Seth, você ia pirar com o Jacuzzi. Era fabuloso.
Nessie riu, parecendo lembrar de uma piada interna. Lavine corou.
Fiquei extremamente curioso, e fiz uma nota mental de perguntar depois.
Estava feliz que, apesar de tudo, rolava um clima tão leve entre nós dois. Ela, pelo visto, lembrou de mim nessa viagem. Gostei demais.
— Nossa, que cheiro delicioso! – falou de repente, seu olhar se direcionando à cozinha. – Sue, fez almondegas?
— Ideia de Seth. – mentiu.
— Uau, Clearwater. Já me conhece a esse ponto? – sorriu, e chamou Emma para a cozinha. As malas ficariam para mais tarde.
— Pintou o cabelo, querida. – mamãe notou. – Está diferente.
— Obrigada. – agradeceu, sorrindo. O que mais seus lábios sabem fazer hoje é se esticar de orelha em orelha. E eu não conseguia ficar mais feliz por ela. – Diferente num modo bom ou ruim? Emma, cuidado. Vai sujar a roupa que ganhou de Ness.
A pequena não estava numa posição muito boa, visando que estava sentada no chão da sala. Muita gente para pouca cadeira, então nos juntamos em outro canto. E muitos de nós prefere o chão. E Emma estava com a boca longe demais do prato, pois ele estava no chão.
Apesar de todo o luxo que Ness era acostumada, ela parecia ficar a vontade de comer fora de uma mesa ao lado de Jake.
— Ponha em cima da mesa de centro... isso, meu anjo.
— Está diferente no sentido de ter ficado lindo em você.
Ela sorriu. Outra vez.
E seu olhar parou em mim. Por um momento, apenas um segundo, senti que, apesar de a coisa mais preciosa de sua vida estar com ela, não me parecia cem por cento completa como deveria estar. Afinal, terminou comigo – que era o que queria -, estava com sua irmã e muito bem aqui em casa.
O que essa mulher precisava para se tornar completa?


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