Você é meu destino -Quileutes -pós Saga Crepúsculo escrita por Karina Lima


Capítulo 23
Now or never




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Acordei sentindo um vazio em mim, mesmo sabendo que hoje veria a minha irmã. Dei uma olhada lá fora. O clima de hoje estava perfeitamente moderado: apesar de haver sol, estava ventando.
Alguém bateu na porta.
— Entre.
A cabeça de Charlie apareceu na porta.
— Vejo que já acordou também. Vista-se. Tenho outra coisa para te contar.
— Ok. – sorri.
Me levantei, apesar de com muita preguiça, estava disposta por dentro. Hoje era o grande dia! Tomei um rápido banho e me dirigi a cozinha, onde todos me esperavam. Até Seth estava acordado.
Nossos olhares se cruzaram, e me limitei a apenas isso. Sorrir depois do que houve ontem seria uma tremenda cara de pau.
— Diga, Charlie. – falei, me sentando a mesa, ficando de frente com o meu ex.
— Bem, Edward disponibilizou, não apenas duas, mas três passagens de avião. – esclareceu, arrastando uma xícara de café em minha direção na mesa. – Então pode escolher alguém para ir conosco.
Não sei se ele estava na expectativa de eu levar alguém que ele tinha em mente. Minha automática resposta quase foi “Seth”, se eu não tivesse pensado duas vezes. Sue não seria lá essas coisas. Quero dizer, ela é uma mulher bondosa e gentil, mas eu não me sentiria confortável, sinceramente. Não sei se Jacob ou Billy dariam uma companhia aconchegante, até que a pessoa perfeita veio a minha mente.
— Eu quero que Renesmee venha junto. – respondi, prontificada.
Ele me olhou surpreso. Ah. Com certeza esperava que eu fosse escolher seu enteado. Se não fosse trágico em minha vida pessoal – em sua também – eu teria rido. Outra coisa bastante indiscreta que não me passou despercebido – nem por outro ali – foi o olhar de Seth queimar em mim. Outro cujo não esperava, ou de certa forma sim, a minha resposta.
— Bem... – ainda possuía o seu olhar de “Por essa eu não esperava”. – Vou ligar para Edward e comunicar isso. Se ele permitir, passaremos lá no caminho do aeroporto.
Sem dizer uma palavra sequer, apenas com uma concordância discreta, tomei um gole de meu café da manhã.
Se dependesse da confiança em que Edward depositava em mim em relação a sua filha, nós já estaríamos em Nova Jérsei num pulo. Talvez eu inspirasse ser uma pessoa muito legal e confiável, pois não via outra forma de explicar como um pai extremamente protetor encarregaria sua única e querida filha numa garota que conhecia nem a meio ano. De qualquer jeito, me sentia agradecida. Minha segunda opção seria Daniela, mas me sinto melhor com a híbrida.
Terminei de comer o delicioso café preparado pelas mãos habilidosas de Sue, e fui pegar a minha mochila no quarto. Charlie já estava a minha espera, com a porta aberta.
— Espero que logo tenhamos uma nova pequena moradora nesta casa. – Sue me abraçou, sorrindo.
— Obrigada.
Ah, droga. Por que Seth tinha que me dar tanto apoio? Por que ele apenas não deu meia volta em seus calcanhares e se dirigiu para o quarto, afim de não me ver? Ao invés disso, estava parado a minha frente quando sua mãe me soltou.
— Espero que consiga trazê-la, Lav. – sorriu verdadeiro, me enchendo de alegria e surpresa. Afinal, esperava que ele ainda estivesse com o mar de tristeza em seus olhos. Mas não. Estava aqui, me passando a maior confiança através de um simples abraço. Um simples abraço que destruiria barreiras.
A quem estava tentando enganar? Sabia que não seria mais o mesmo depois da última noite. Eu não seria mais a mesma.
Os dias daquele menino estavam contados.
Funguei e me afastei de seu corpo quente. Peguei a mochila e coloquei a alça sobre o ombro. Iríamos no carro de Sue. Era menos chamativo do que uma viatura.
Passamos na casa de Jacob – ele dirigiria o carro de volta. Ficou surpreso ao não ver Seth por ali, porém decidiu não tocar no assunto.
— Vai estar vendo Renesmee mais uma vez fora da casa dos Cullen, e por minha causa, hein, irmãozinho.
O apelido estava mais do que acostumado, acontece que eu gostava de zoar com ele. Apesar de que até Jake já deveria estar acostumado.
— Tem muito que me agradecer. - continuei.
— Tem razão. – ele disse. – Muito obrigada, irmãzinha.
Charlie lançou um olhar estranho para cada um de nós.
— Conheço Jake desde cedo, e vai ser estranho lembrar que ele tem outra irmã.
— Acho que vai ser difícil ele se acostumar também. – falei, num tom de brincadeira, porém conformada com isso. Era a mesma situação para mim. Seria egoísmo da minha parte ficar brava com ele por tal coisa.
— Nem tanto. – ele levantou seus ombros, e os soltou depois de um segundo. Dei-lhe um soco de brincadeira. – É sério. Você não é tão chata a ponto de não querer te ter como irmã.
Dei outro soco, um pouco mais forte no ombro.
— Ai! – ele reclamou, massageando a parte. – Eu te faço um elogio e você me bate?
Arqueei minha sobrancelha automaticamente.
— Se isso é o seu elogio, não quero te ver xingando.
— De qualquer jeito, você bate forte, garota!
— Vantagem de ser sua irmã loba, querido.
O que aconteceu a seguir foi rápido, de repente e me deixou com o coração na boca.
A rapidez em que o pé de Charlie afundou no pedal do freio foi a mesma em que minha cabeça voou para frente, quase por bater na cabeça do banco passageiro se não fosse a coisa preciosa que é o cinto de segurança.
Meu Deus, obrigada por estarmos na estrada dos Cullen onde não passa ninguém e não fazer alguém como Charlie causar um acidente.
E fiquei estática. Não sabia o motivo de Charlie ter parado, e isso me deixou meio apavorada por dentro pela falta de informação.
Eu me senti tão estranha com as trocas de olhares de todos: Jacob olhava para Charlie, em buscas de resposta que talvez nem ele mesmo sabia as perguntas. Charlie virou a cabeça para mim, com um olhar tão espantado que eu me perguntei desesperada por dentro o que eu tinha feito ou dito.
— Você-você é uma loba?!
Franzi a testa, não entendendo.
— Você não sabia, Charlie?
Ah, que bela pergunta. Pelos últimos minutos, obviamente não.
Ele se virou, encostando-se ao banco com as mãos firmes no volante.
— Acho que Sue me contou. Céus, como eu ainda não me acostumei?
Com a mão no coração, fechei os olhos por um momento, me permitindo desfrutar da bela sensação de estar fora de perigo e a adrenalina repentina já ter pego sua passagem de volta.
— Charlie, meu bom e velho policial, não faça isso nunca mais, está bem? Por favor, não queremos morrer ainda! Gosto da vida que você está me dando como sua filha. Concorda, Jake?
— Absolutamente.
— Lavine, querida, eu nunca cheguei a te perguntar. Desde que descobriu que é filha de Billy... sente vontade de morar com ele? Porque eu não vejo problemas em...
— Não, não. - o cortei imediatamente. - Estou bem com você e Sue. Além do mais, Billy e Jake não iam querer sua privacidade arrancada assim, não é?
Ri, e percebi pelo semblante dele que ficou aliviado com minha recusa. Não um aliviado egoísta. Só que, bem, a casa dos Black é pequena demais para três. Charlie e Sue tinham Seth e a mim perfeitamente acomodados em sua humilde casa.
— Se tivéssemos um quarto a mais, com certeza você poderia ficar. Mas sabe que é bem-vinda para dormir. Posso ter o sofá.
— Obrigada, mas quem sabe um dia. - dei um peteleco em seu ombro de brincadeira. - Por agora podemos ficar nas visitas. Gosto da minha cama. E da minha privacidade.
Ele riu de mim.
Depois de tudo se acalmar e de Charlie relembrar de que sou uma transfiguradora, assim como o garoto ao seu lado, fomos o resto da viagem a casa dos Cullen com conversas agradáveis. Até me surpreendeu.
Eu honestamente estava esperando que fosse criar um clima ruim por causa desse equivoco do chefe Swan.
Chegando em frente a mansão dos Cullen, foi engraçado, e um pouco chata a cena.
Renesmee estava com uma mochila de lado em seu quintal, com a cara emburrada. Logo concluí uma coisa: Edward.
Edward também estava do lado de fora, sua expressão não muito diferente da de Renesmee, para falar a verdade. Isso me confundiu drasticamente.
Bem, Bella estava com eles, com seus braços rodeando a cintura de seu marido. Com esse pequeno tempo que os conheço, eu os conheço, e fiquei surpresa de Edward estar com essa cara mesmo com a Bella ali, com ele.
Todos estavam do lado de fora da casa, menos Esme e Carlisle.
— Nessie! – gritei, já correndo para fora, doida para lhe dar um abraço apertado. Num segundo depois, sua cara murchada se foi, dando espaço para um lindo sorriso, típico de Renesmee, e me abraçou de volta.
— Fico feliz que me escolheu para ir, Lav.
— Obrigada por aceitar.
Obrigada, Edward. Soube que ele tinha ouvido quando assentiu uma vez, sem sorrir.
Me afastei, observando a cena, que agora me parecia engraçada.
Me arrisquei.
— Algo errado?
Ela bufou.
— Papai, como sempre.
Olhei para Edward, que enfim sorriu inocente. Arqueei uma sobrancelha, sorrindo de volta.
Soube o que era quando Jacob também foi abraçar Nessie. Seu pai definitivamente exagerava quando se tratava da mestiça.
Vi seu olhar disparar para mim.
... ou não. Nessie era jovem demais para um relacionamento adulto. Ele assentiu, satisfeito. Contudo, ela é apaixonada. E visitas, beijos a abraços têm de ser relevados.
Balançou a cabeça para mim, decepcionado. Soltei um risinho.
Nessie disparou o olhar entre nós dois, desconfiada. Sorri amarelo.
Esme saiu entre as portas com uma mala nas mãos, como se fosse uma folha de papel, tão leve quanto uma pena. Carlisle caminhava elegantemente logo atrás dela.
— Sua mala está pronta, querida. Olá, Lavine. – Esme me deu um abraço caloroso. Edward riu do meu termo.
Pare de ler minha mente!, brinquei, recebendo um sorriso.
— Como está, Lav? – depois veio Alice, gentil como sempre.
— Estou ótima. – sorri, sentindo até os músculos da minha bochecha se pronunciarem. – Ainda mais agora, que estou a poucas horas de pegar minha irmã de volta.
— Torcemos para que dê tudo certo. – Jazz disse, simpático.
Sorri, indo murmurar um “obrigada”. E fui ligeiramente interrompida por um barulho de motor de moto. Estava distante, vago. E como eu reconhecia? Seth tem uma, e do tanto de vezes que já andei na sua...
Seth!
Congelei.
Não, claro que não era ele. Não tinha a menor chance disso.
Olhei para Edward, a procura de respostas. E ele me lançou um olhar que eu não consegui explicar, mas eu tive certeza de que sim, era Seth subindo a estrada dos Cullen. Em sua moto, sua jaqueta de couro, ficando extremamente sexy...
Fechei os olhos, me obrigando a parar de pensar nisso. Além de ter um vampiro leitor de mentes que deve estar confuso agora com o rumo dos meus pensamentos, eu não posso ficar me torturando com esse tipo de coisa.
Como não deixar meu coração acelerar quando finalmente ele entrou em minha vista? Como sempre, sem capacete. Não que ele fosse precisar. E como se não bastasse, isso o deixava mais maravilhoso.
Meus olhos arderam. Tratei de empurrar as lágrimas para dentro. Não, não e não! Não iria chorar na frente de todos, ainda mais do Clearwater. Ele ficaria todo desesperado por eu estar chorando, e mais ainda quando eu dissesse que não contaria o motivo. Ou caso mentisse, e ele sacasse na hora. Sou um livro aberto para ele agora.
Ele parou na calçada de pedras, colocou o descanso lateral para baixo e desceu. Seus olhos não desviaram dos meus em todo esse pequeno trajeto, fazendo minha respiração se alterar por um momento. Quando foi verificar algo em seu bolso, por uns três segundos, foi tempo suficiente de eu conseguir finalmente fingir que estava tudo bem. Ou pelo menos tentar.
— Lavine que tem amnésia. – Seth sorriu doce ao levantar o olhar para mim, com seus passos em minha direção. – Você iria ficar, dona Esquecida.
Ao ver minha passagem em sua mão, minha boca se abriu num O.
— C-como eu esqueci logo disso?!
— Lavine, eu não havia te lembrado disso? – Charlie questionou, num tom um pouco repreensor.
— Mas eu tinha pegado! – exclamei, na minha defesa. – Eu peguei de cima da minha cômoda e fui para a sala...
— E você deixou em cima do rack para amarrar seu cadarço.
Completou Seth.
Franzi os lábios, me lembrando disso.
— Enfim, assim que vi que isso ainda estava lá, tentei vir o mais rápido possível.
— Puxa! Muito obrigada, Seth, sério, nem sei como te agradecer...
— Que isso, não tem de que. – sorriu feliz por ter feito algo certo para mim, e deu de ombros.
— Ahh, você salvou minha vida! – pulei em seu pescoço, sinceramente agradecida por isso. E adorando quando ele segurou minha cintura, me abraçando de volta.
Imagina a situação: eu realizando, já no aeroporto, que eu não estava com a minha passagem. Perderia os horários dos compromissos, passo a passo, para resgatar minha irmã, e assim seria adiado, e Charlie teria mais trabalho por minha causa, Edward gastado tanto dinheiro em vão. Sem contar que eu não conseguiria pegar Emma de volta.
— Vou te dever o resto da minha vida. – falei perto de seu ouvido. Parte de mim querendo que isso fizesse algum efeito em seu consciente, e passasse para o seu corpo. Como um arrepio.
— Já sou seu escravo para sempre, se lembra? Acho que isso faz parte do pacote.
Ri, me separando. Me lembrava direitinho do dia em que ele me implorou para eu acompanhá-lo até a pequena festa na fogueira, aonde Billy contaria as histórias quileutes. E ele disse que seria meu escravo, caso eu aceitasse.
— Eu realmente espero que em breve, a gente tenha alguém correndo pela casa enquanto você manda parar de fazer bagunça.
Por um segundo, quero dizer, por vários segundos, eu pensei que ele estivesse imaginando... um futuro para nós. Imaginando Emma como minha irmã e uma filha para ele, e os três morando em uma casa simples por ali, na reserva. Nos dias bons, Seth e eu observando Emma correr enquanto brinca. Os dois sentados na varanda, felizes como nunca. O ar fresco da manhã nos deixando contente com tudo.
Meu sorriso desapareceu aos poucos. Isso seria impossível nas circunstâncias atuais.
Ahhh, como eu queria...
— Então, crianças.
Só saí dos meus pensamentos quando a voz de Charlie irrompeu ali.
Pigarreei.
— Temos que ir agora, se não quisermos perder o avião.
— Obrigada mesmo, Seth. – sorri.
— Sem mais agradecer, é sério. – me puxou inesperadamente para os seus braços, fazendo meu coração perder uma batida. Uma única batida, por um único segundo que, muito provável que tenha me entregado. Entregado que ainda sou louca por esse homem. – Eu te desejo toda sorte do mundo, Lav. Quero o melhor para você, e no momento sei que é tendo sua irmã contigo.
— Eu sei, e fico feliz com isso. – apertei meus braços ao seu redor antes de soltar do abraço. – Seu apoio é muito importante. – sussurrei antes de me afastar de verdade. – Até a minha volta.
— Tchau. – seus lábios se esticaram de leve num sorriso sincero.
Engoli em seco antes de entrar no carro que iria nos levar até o aeroporto.
Parei por um momento e acenei para todos. Se fosse em outros tempos, eu me sentiria uma boba fazendo isso. Mas todos sabem que essa viagem vai me afetar e muito.
Resta saber se para o lado positivo.
Ou negativo.


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