Um passo errado escrita por nanacfabreti


Capítulo 21
Perdas e danos




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 —Quanta felicidade...não sabe como é bom receber minha primeira visita... claro, tirando os policiais. —Ele revirou os olhos. — É bom saber que alguém realmente se importa comigo. —Alison exibia no rosto inchado, um sorriso sarcástico.

David olhou para ele e sua vontade era de terminar o que Erick começara, no entanto, ele era covarde de mais para qualquer coisa além do que fizera.

—Eu falei para não tocar um dedo na Alicia... —Ele caminhou aproximando-se da cama onde Alison repousava. —Você é um desgraçado, machucou a garota e ao que me consta estava disposto a mata-la.

Ele encarou o irmão de Erick e balançou a cabeça, sentiu o pescoço doer.

—Você me pagou para fazer isso...acha mesmo playboyzinho, que se a coisa ficar feia pro meu lado, eu não vou entregar você?

David sentiu seu corpo gelar, estava em pânico, aliás, sentiu seu pânico aumentar, já que desde a noite em que tudo aconteceu e que ele percebeu o quão estupido fora trazendo Alison para Santo Valle, não conseguia ter paz.

—Fizemos um trato, você não vai nem ser louco de tocar em meu nome... —David usou um tom ameaçador.

Alison gargalhou, um riso alto e desmedido.

—Acha mesmo que eu tenho medo de você? Cara, você é um covarde, um corno ressentido...

David deu mais três passos e ficou bem perto do rapaz que caçoava dele.

—Veja bem como fala comigo, ou —Ele colocou o dedo em riste.

—Ou o quê? Vai contratar alguém para acabar comigo? Sim, porque o senhor chifrudo aí, não é homem o bastante para honrar nem as calças que veste.

—Alison...não me provoque. —David grunhiu, estava mesmo ofendido.

—Sabe que se não fossem os meus problemas com o Erick, eu teria pego sua grana e desaparecido sem fazer nada do que me pediu...A garota, Alicia, não é? Bem, devo admitir, ela fez uma ótima troca, apesar de odiá-lo, o Erick e muito melhor do que você...o cara estava lá dando a vida pela namorada, eles são tão apaixonados que quase me comoveram....

—Chega! —David gritou. —Não diga mais nenhuma palavra sequer. —Voltou a baixar o tom ao se lembrar que estava num hospital.

—Bom, eu pedi para que viesse aqui porque você vai pagar o melhor advogado para me tirar dessa...eu já fiz meu papel de vítima, agora é com você...quero seu irmão atrás das grades... —Alison dizia com tanta naturalidade que parecia mesmo ser a grande vítima de tudo aquilo.

—Você só pode estar brincando comigo, não é? Eu cumpri com minha parte do trato, quem fez merda foi você...tem a grana, contrate um advogado. —David preparava-se para sair.

—Acha mesmo que as coisas funcionam assim? —Ele aumentou o tom. —Você vai pagar meu advogado, o melhor, do contrario, quem vai precisar de uma boa defesa será você...Seu pai vai adorar saber que o filho caçula deu um jeito de me tirar da cadeia e que me pagou uma grana alta para da cabo da vida do irmão mais velho.

—Eu não...não era para você... —David voltou a sentir-se amedrontado, tanto que nem conseguia completar uma frase. —Era só para dar um susto neles e fazer com que a Alicia percebesse no que estava se metendo.

—Ah...acho que entendi errado então...bom de qualquer jeito, agora amigo, temos esse segredinho em comum e acho bom que se empenhe para manter minha boca fechada, do contrario, eu me ferro e levo você comigo.

David fechou os olhos, ele estava percebendo onde se metera e sabia que aquele rapaz não tinha nada a perder.

—Vou fazer o que está pedindo, —David nem conseguiu encará-lo —mas saiba que estou arrependido de ter me envolvido com uma pessoa como você.

Alisson balançou a cabeça.

—Ops, tarde de mais... —Ele falou antes de David bater a porta.

*******

Erick estava com o telefone nas mãos, na dúvida se ligava para o pai ou para seu advogado, antes que pudesse se decidir, o aparelho vibrou.

—Eu estava prestes a ligar para o senhor...

—Tenho duas notícias para te dar. —Dr.Siqueira manteve um tom formal.

—Já sei... uma boa e uma ruim... —Erick estava resignado.

— É, acho que isso é bem previsível.

—Pode dizer, estou começando a me acostumar com esses altos e baixos.

—Bom, o agressor, Alison, ele já está bem, foi para o quarto e deve receber alta em breve. —Ele fez uma pausa. —Agora, não sei como, nem com que recursos, soube há pouco que ele está pronto para brigar mesmo, contratou um excelente advogado e Erick, se prepare, vem chumbo grosso por aí.

Ele fechou os olhos, sabia o que aquilo significava.

—Quero fazer uma pergunta técnica. —Respirou fundo. —Qual a possibilidade de eu me ausentar do país em meio a tudo isso?

—Nula...eu preciso ser honesto com você.

Erick sentiu o golpe, e depois de fazer mais uma meia dúzia de questionamentos ao advogado, finalizou a ligação sentindo-se pior que antes dela.

—Filho...seu pai está lá fora, ele trouxe um carro para que você use até que tenha seu jipe de volta. —Laura entrou na edícula animada.

Erick continuava sentado, o telefone ainda estava em suas mãos.

— Que bom...eu vou mesmo precisar de um carro. Agora. —Ele respirou fundo e evitou encarar a mãe.

—Aconteceu alguma coisa? —Laura percebeu algo estranho em seus olhos.

—Na verdade estão acontecendo coisas o tempo todo em minha vida, só que eu não vou deixar que isso influencie a vida de mais ninguém. —Ele tirou a camiseta velha que usava e vestiu uma camisa branca que a mãe deixara sobre a cômoda.

—Do que está falando? —Laura sentiu seu coração pulsar, era seu sexto sentido despertando.

—Mãe, se Alicia desistir de Londres por minha causa, então eu vou abrir mão dela... —Ele baixou a cabeça sentindo as palavras amargarem sua boca quando aquilo deixou de ser apenas um pensamento.

Laura fechou os olhos e balançou a cabeça, acabava de ficar muito preocupada.

—Erick, não faça nada que possa se arrepender depois, essa menina, ela tem direito de escolher o que quer para si, e se a ama não pode sair da vida dela porque acha que é isso é o melhor para ela.

—Eu não acho...isso é mesmo o melhor para ela, e eu não estou dizendo que vou sair da vida dela. —Ele passou as mãos pelos cabelos. —Se Alicia fizer essa viagem, eu vou esperá-la, eu vou estar aqui quando ela voltar e podemos...

—Erick, sabe que ela não vai...ela colocou você em primeiro lugar, Alicia deixou claro que não fica longe de você. —Laura parecia saber mais do que o filho. — Eu conversei com ela, e falei exatamente isso que está me dizendo, só que ela não quer nem pensar em se afastar.

—Droga! —Ele se desesperou. —Isso...ela não devia ser tão teimosa.

Laura aproximou-se do filho e tocou com uma das mãos o seu rosto.

—Vocês se amam de um jeito que chega a ser assustador...e confesso que isso já chegou a me preocupar, eu costumo me assustar com esse tipo de dependência, só que é reciproco, eu vejo que a entrega é na mesma proporção, então não estrague isso.

Erick balançou a cabeça.

—Exato, eu a amo de mais para permitir que ela perca essa oportunidade única...eu não conseguiria conviver com isso, e vou fazer o que for necessário para que Alicia estude no Royal Ballet.

Laura sabia que tinha muito a dizer para o filho e de certa forma estava se vendo nele, lembrou-se de que também abrira mão de Cássio no passado. Tudo bem que fora num contexto diferente, mas ainda assim, não dava para deixar de notar as coincidências.

Erick saiu e ela permaneceu ali, angustiada com o que estava por vir.

Ele estava acostumado com o jeito robusto e até mesmo pouco confortável de seu jipe, tanto que estava estranhando a maciez e o silencio do motor da SUV, que o pai tinha o emprestado. Erick não perdeu muito tempo agradecendo Cássio, tinha medo de que Alicia já tivesse comunicado a desistência da bolsa de estudos, por isso acelerou rumo ao estúdio de ballet.

Estacionou o carro e entrou como uma ventania, Regina estava na recepção.

—Oi Erick...tudo bem? —Ela perguntou docemente, no rosto mantinha uma expressão triste.

—Oi Regina, digamos que eu esteja digerindo tudo o que vem acontecendo. —Ele deu de ombros. —A Alicia, ela está aqui?

—Ela foi até a padaria, foi buscar um lanche pra mim...

—Sabe me dizer se ela já comunicou a desistência ao Royal Ballet?

Regina estalou a boca.

—Vou fazer isso agora, estou digitando o e-mail. —Ela mostrou toda sua decepção. —É tão triste tudo isso, é uma pena que o destino tenha nos pregado essa peça.

— Regina, vou pedir que adie esse e-mail... eu vou conversar com a Alicia, e acho que você não vai precisar enviá-lo. — Erick mostrou-se objetivo.

—Como assim? —Ela surpreendeu-se. —Alicia pareceu-me tão certa de sua decisão.

—Ela se esforçou muito por isso, e até onde sei, esse sempre foi um grande sonho, não é? —Erick debruçou-se no balcão, como se buscasse argumentos para embasar sua decisão.

—Esse é o sonho de praticamente todas as bailarinas, e na idade dela, é como ganhar na loteria, sem contar que desde que a conheço, o Royal Ballet sempre esteve em sua lista de desejos, literalmente. —Regina parecia acabar de revelar um segredo.

—Lista? — Erick sorriu.

Regina deu a volta no balcão e caminhou pelo corredor do estúdio.

—Vem, ela vai me matar, mas... —Regina sinalizou com as mãos.

Erick seguiu atrás dela, juntos eles foram até os fundos do prédio, Regina abriu aporta de um cómodo que parecia um camarim improvisado, ou um quarto de bagunças.

Haviam figurinos pendurados em cabides, e uma penteadeira branca repleta de maquiagens sobre ela.

No espelho um papel amarelado estava pendurado, e nele, com letras redondinhas e bem escritas, uma lista enumerada, haviam treze itens dispostos ali.

—Fique á vontade, tenho que voltar para a frente do estúdio. —Regina saiu deixando Erick sozinho com a lista de desejos de Alicia.

Ele correu os olhos pelos manuscritos em caneta azul enquanto sorria ao fim cada desejo. Listados ali, desde bobagens de garota como: "pintar meu quarto de cor de rosa, ou ganhar o gramofone da minha avó e ainda, conhecer o Leonardo di Caprio, à coisas mais sérias, como: "ter um abrigo para animais abandonados, ter meu próprio estúdio de ballet e lá, no topo da lista com letras grifadas, estudar no Royal Ballet.

Aquilo acabou com Erick, no entanto a lista serviu como um impulso para fazer a coisa, que ele tinha certeza, era a mais certa.

Sentou-se na cadeira em frente à penteadeira e permaneceu ali, encarando o papel.

—Erick, eu mal acreditei quando a Regina me disse que estaria aqui. —Alicia correu até ele, e mesmo fazendo poucas horas que não o via, já estava com saudades.

Ele nada respondeu, estava com o coração na boca, sabia por onde começar, mas tinha medo de como seria o final daquela conversa. Levantou-se e respirou fundo, precisava de forças.

—Sabe que eu amo você, não sabe? —Ele indagou segurando-a pelos braços.

—Claro que sei, mas...aconteceu alguma coisa? —Alicia franziu a testa, estava preocupada.

—Aconteceu. —Erick foi convicto. —Você vai para Londres e vai estudar no Royal Ballet.

Alicia não entendeu, mesmo assim sentiu seu coração acelerar com a afirmação do namorado.

—Eu perdi alguma coisa... e quanto toda essa história do processo? —Ela teve medo de sentir-se feliz antes da hora.

Erick baixou a cabeça, não sabia como dizer aquilo, enquanto apenas ensaiava parecia menos dorido que naquele momento, a hora da verdade.

—Alicia, ao que tudo indica as coisas vão se complicar para mim...e eu não quero você no meio de tudo isso. —Ele a encarou finalmente, tentava se manter firme, era preciso.

Ela fez uma careta e balançou a cabeça de forma negativa e involuntária.

—O que está dizendo Erick? —Ela cruzou os braços. —Acha mesmo que vou deixa-lo sozinho, no momento em que mais vai precisar de mim?

—Alicia, você não vai poder fazer nada por mim, nada que não possa fazer de longe...

Ela ergueu as mãos, estava irritada, mais do que isso, estava decepcionada.

—Não sei como pode pensar que vou me ausentar enquanto meu namorado está sendo acusado injustamente, enquanto corre o risco até de... —Alicia começou a chorar. —Não fala mais isso, não vamos mais tocar nesse assunto. —Ela afundou o rosto no peito de Erick.

—Alicia...por favor, sou eu quem pede a você —ele delicadamente a segurou pelos ombros — eu não vou conseguir continuar com você, sabendo que por minha causa abandou um grande, ou melhor, o maior sonho de sua vida.

Alicia arregalou os olhos, ela começava a entender onde Erick estava pretendendo chegar.

—Erick, você não está querendo me dizer que...não está pensando em terminar comigo por conta disso? —Ela explicitou todo seu pavor em cada uma das palavras da pergunta.

Erick manteve os olhos nela, firmes, só não conteve as lágrimas que começaram a escorrer silenciosas por sua face.

—Se não me der outra alternativa...Alicia, nós podemos fazer isso funcionar, você vai e eu , assim que puder vou também. —Ele tentou ponderar, estava enlouquecendo com a hipótese dada por ele mesmo.

Alicia sentiu seu copo inteiro se enrijecer, ela estava certa de que não faria aquela viagem e esperava que Erick estivesse blefando.

—Eu não vou. —Ela bradou, queria fazer com que Erick voltasse a si, sim, para Alicia ele estava se deixando influenciar novamente pelo que tinham passado dias atrás. —Espero que essa conversa acabe aqui, eu estou cheia de me sentir assim, insegura.

Erick não esperava por aquilo, embora soubesse que Alicia não cederia tão facilmente. Ele fechou os olhos e quando os abriu, a primeira coisa que viu foi o bendito papel.

—Se for assim...nosso namoro termina aqui, porque se vai colocar seu futuro a perder, não vai ser com a minha ajuda! —Erick insistiu e parecia mesmo decidido.

—Está sendo tão estúpido Erick, fala como se sem essa droga de bolsa minha vida estivesse terminada. —Ela colocou o dedo em riste. —Você me subestima...

—A verdade é que você me superestima, vem me colocando antes de você e eu não vou aceitar isso! Eu não vou ser seu motivo, nem sua desculpa, não vou conviver com o peso de ter tirado isso de você, muito menos vou aguentar se um dia esse fato vier a tona, numa briga , numa discussão. —Erick passou a externar seus fantasmas, seu tom já era mais alterado.

Alicia levou as mãos á cabeça.

—Cala a boca Erick, você só está falando besteiras! —Ela gritou. —Você não sabe mesmo nada sobre mim, sobre meus sonhos... —Ela sentou-se no chão, exausta.

—Pense no quanto se esforçou, em todas as horas de ensaio, em todas as feridas em seus pés, em tudo que deixou de fazer para se dedicar a dança e tudo com um único objetivo. Vai desistir agora? —Erick abaixou-se próximo a Alicia e ela não se conformava com suas colocações.

Alicia e Erick silenciaram, por alguns minutos ficaram apenas se olhando, Alicia estendeu a mão e segurou a gola da camisa de Erick, puxou-a para mais perto e quando poucos centímetros separavam seus rostos, ela sorriu.

—É tão difícil entender que tudo na vida está em constante mudança? As expectativas, os desejos e os sonhos, principalmente os sonhos...antes tudo o que eu queria, era estudar em Londres, hoje meu maior sonho é estar com você, é ser amada por você... —Ela sussurrou.

—E não pode ter os dois? —Erick acariciou seus cabelos. —Pode viajar e continuar tendo meu amor...

Alicia balançou a cabeça.

—Prefiro ter o seu amor assim, —ela puxou mais a gola da camisa e seus lábios se tocaram levemente — pessoalmente, e desista, eu não vou a lugar nenhum.

Reunindo toda a força que lhe restava, Erick que adorava quando Alicia fazia aquilo, acabou por se afastar, ele sabia que se sucumbisse ao seu desejo, ou melhor, ao seu amor, que gritava para que ele esquecesse aquela ideia de terminar, ele não o faria, nem naquela hora, nem nunca.

—Eu estou falando sério Alicia... —Erick colocou-se em pé, ele sofria, nitidamente ele sofria.

—Ah! Que ótimo! —Alicia levantou-se também. —Quer saber Erick? Termine comigo, acabe com nosso namoro afinal, você nem sabe se vai mesmo ser processado e já está aí, como se tivesse sido condenado! —Alicia perdeu a linha e começou a gritar com o rapaz.

—Alicia, —Erick também se desesperou. —as coisas não precisam ser assim...

Ela estreitou os olhos e permitiu que toda sua raiva a dominasse, não tentava neutralizar seus pensamentos, estava irada e pretendia resolver aquela situação em imediato.

—Eu vou dar a você apenas uma chance Erick, e embora ame ficar na ponta dos pés, não nasci para ficar numa corda bamba, então escute bem o que vou dizer... —Alicia posicionou-se em sua frente e para Erick, ela parecia ter dobrado de tamanho. — se eu for para essa maldita escola de ballet sozinha, eu vou so-zi-nha, não vou nem querer ouvir falar seu nome, agora se me quiser do seu lado, pro que der e vier, esqueça essa viagem, e seja meu sonho Erick. É isso eu nada!

Erick ouviu e se pudesse atender o que seu coração pedia, teria escolhido a segunda opção, no entanto ele estava convicto de que em algum momento Alicia atribuiria um possível fracasso pessoal ao fato de ter preferido estar com ele, e só de imaginar algo assim ele enlouquecia.

A decisão foi difícil e extremamente dolorosa, dois minutos depois de Alicia ter dado a ele aquelas duas opções, Erick passava pela porta do estúdio, aos prantos. Entrou no carro emprestado e acelerou sem destino, se pudesse mudaria de planeta.


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