É um fato curioso, mas não inteiramente incomum, que as pessoas acreditem que um marco específico no tempo possa determinar mudanças tão radicais no espírito e comportamento delas mesmas, como se o cosmos se realinhasse neste ponto exato e todos os seus desejos estivessem a uma contagem regressiva de distância.

"10". O coro animado de vozes cortara os pensamentos turbulentos de Sansa Stark na mesma medida que a respiração cálida da morena que a prendia em seus braços o fazia. A visão poderia ser assimétrica para alguns, mas a sintonia dos corpos era tudo menos imperceptível.

"9". O coro ecoava mais uma vez e Margaery sem se importar com a diferença de altura entre elas, apertara o abraço e beijara o ombro da  ruiva. As mãos da morena tateavam com leveza a pele alva do abdômen de Sansa, provocando-a.

"8". Sansa sentira outro beijo, desta vez mais demorado, atingindo suas costas. A ação causara-lhe arrepios por toda a extensão de seu corpo, era um formigamento delicioso de se sentir tão à vontade com alguém, como se nada mais existisse além delas duas naquele lugar.

"7". A ruiva rira com o óbvio esforço dispendido pela morena para beijar sua nuca. Sansa sentiu-se estremecer com o contato, ainda que breve, mas tenro e finalmente se virara para a Tyrell, levando seus braços ao pescoço dela em um perfeito enlace.

"6". Margaery sorriu e pressionou seu corpo junto ao de Sansa, abraçando sua cintura novamente. A morena depositara, então, mais um beijo na jovem Stark, agora na maçã de seu rosto, aproveitando o movimento para estalar o som de outro beijo no ouvido desta.

"5". A Tyrell se levantava na ponta dos pés em uma postura digna do balé russo e mordiscara o lóbulo direito de Sansa. Esta, por sua vez, engasgada com um gemido baixo, escondera seu rosto na curvatura do pescoço de Margaery. As bochechas da ruiva brilhavam em um escarlate profundo.

"4". Margaery embrenhou os dedos nos cabelos rubros e inalara o aroma doce característico de sua amada. Cada partícula de seu ser alimentava o conflito entre a satisfação por ter tal anjo em seus braços e a ansiedade e o desejo por mais.

"3". As duas recuavam relutantes apenas para se enfrentar em um duelo de encaradas intensas. A atmosfera era eletrizante entre as duas, o ar da respiração de ambas pesava e os corpos doíam por mais contato.

"2". Sansa direcionava seu olhar à vermelhidão nos lábios convidativos da Tyrell. A nortenha nunca vira obra de arte tão bela em toda a sua ínfima existência. A morena refletia suas ações e, num minuto que parecia se estender por uma eternidade inteira, seus olhares se transformaram em sorrisos que almejavam as mesmas expectativas e intenções.

"1". Ambas se aproximaram com vontade e o choque entre elas dispensava a descrição clássica do romantismo. Afinal, como descrever perfeitamente um paradoxo tão singular e tão próprio delas mesmas?

Sansa segurava o rosto de Margaery com tamanha delicadeza em contraste à violência com a qual as mãos nervosas e ansiosas da morena invadiam a pela da nortenha, levantando o tecido da blusa desta.

"Feliz Ano Novo". Os gritos eram abafados, submersos em outra realidade, impossíveis de penetrar a bolha na qual as duas faziam morada por enquanto.

Os fogos explodiam tanto nos céus quanto nos lábios das duas mulheres, que se encontravam em um frenesi, alheias dos urros de felicitações dos amigos ao seu redor. Ou, pelo menos, pretendiam estar alheias a eles.

"Margaery, deixa a Sansa respirar. Vocês tem o ano inteiro pela frente para darem seus amassos sáficos", a voz irritantemente feliz de um Loras embriagado separara as duas. No entanto, ainda ofegantes, riram em cumplicidade e mostraram o dedo médio ao rapaz, retornando ao ponto que estavam antes de terem sido rudemente interrompidas.

Sansa não acreditava muito no poder de que um único momento pudesse influenciar o resto de um ano inteiro, mas agora esperava que aquilo fosse verdade e desejou que pudesse beijar Margaery assim por todos os dias do ano que se iniciava.

Os pensamentos e desejos da morena deveriam ir muito mais além, pois na segunda vez que foram interrompidas por Loras, ela direcionara o seu melhor olhar predatório à ruiva, puxando-lhe pela gola da camisa para seguir o conselho do irmão. De fato, Loras havia lhes comandado que achassem um quarto e elas o fizeram.